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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo trinta e nove


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 39 - Capítulo trinta e nove


Estava com os olhos fechados, apenas sentindo a presença de Luan, quando ele quebrou o silêncio.

— Estou com fome.

— Eu também. — Não havia percebido até àquela hora, mas estava faminta.

— Nossa! – Ele disse se sentando subitamente.

— O que foi? – Perguntei assustada, enquanto me sentava também.

— Esquecemos as nossas coisas no tablado.

— É verdade. – Disse perplexa, mal acreditando em como havíamos esquecido a bolsa e os sapatos. Mas não era preciso ter uma bola de cristal para adivinhar o motivo disso. Quando estava com Luan, todo o resto parecia nem existir.

— Vou lá pegar, espera aqui. – Ele disse se levantando.

— OK. – Disse. Não haveria outro lugar do qual eu quisesse ir. Observei enquanto Luan caminhava pela areia em direção ao tablado, e mesmo de costa ele continuava incrivelmente perfeito. Chegava até ser engraçado, mas não havia nenhum ângulo em que Luan não ficasse perturbadoramente lindo. Não demorou muito até ele voltar, colocando os objetos ao meu lado e pegando algo dentro do tênis que não consegui ver o que era.

— Vou ali comprar alguma coisa e já volto.

— Tudo bem. – E fiquei sentada olhando a beleza e a imensidão do mar, até que percebi que o celular de Luan ainda estava dentro do tênis. Não resisti ao impulso de pegá-lo, e o segurei na mão por algum tempo pensando se deveria mesmo mexer em algo que não me dizia respeito. Relei sem querer na tela e ele ascendeu me assustando, e eu sorri involuntariamente ao ver a foto que estampava o plano de fundo.

Era um garoto vestido de zorro carregando no rosto um sorriso resplandecente e uma garota com nariz e peruca de palhaço, igualmente feliz. Era incrível como a cada segundo Luan me surpreendia um pouco mais, e quando pensava que não poderia estar mais feliz, vinha ele e me provava o contrário. Passei o dedo destravando o celular, e então comecei a mexer, até que achei as fotos. A cada foto que passava, era um sorriso cada vez maior que aparecia no meu rosto. A maioria delas era de shows, lugares por onde ele passou ou fotos dele sozinho.

Se para mim ver aquelas pessoas vibrando enquanto Luan estava no palco já era emocionante, imagina para ele que estava vivenciando aquilo. Meu ídolo possuía um dom de arrastar multidões por onde quer que ele passasse. Ele contagiava as pessoas com seu carisma e o seu talento. O timbre da sua voz era como o canto dos anjos, pois entrava pelos ouvidos e chegava ao coração. Acho que nunca teria palavras para descrevê-lo perfeitamente, e somente quem teve a sorte de conhecê-lo entenderia o que eu estou falando. Ele era diferente de tudo que eu já havia encontrado, e eu não acreditava que ele poderia ser humano. Pois toda aquela magia que o cercava estava muito além das dimensões desse mundo. Eu só pedia a Deus constantemente para que o sorriso no rosto daquele garoto nunca se apagasse, e que muitas outras garotas pudessem ter a oportunidade de vê-lo, de sentir a luz que ele irradiava e compartilhar daquele sentimento tão forte que só ele era capaz de despertar.

— Estava tocando? – Luan perguntou ao se sentar ao meu lado, me assustando.

— Não, só estava olhando as fotos. – Disse envergonhada.

— Ah, são fotos dos shows, eu tiro em todos eles.

— Eu sei. – Disse sorrindo. Não havia nada que eu não soubesse sobre Luan ou que não tentasse saber. É claro que todo mundo tem segredos escondidos em si mesmo do qual não dividem com ninguém, mas eu sabia que nele só havia luz e eu queria poder desvendar todos os seus mistérios, para poder amá-los também assim como amava cada um dos seus defeitos, pois era isso que o tornava único. – O que é isso? – Perguntei enquanto ele me passava um coco com um canudo.

— Água de coco. – Ele disse rindo.

— Isso eu sei. Estou perguntando do resto.

— Ah ta. Isso aqui eu não sei direito o que é, mas tem morango. – Ele disse apontando para o potinho de isopor que parecia um creme com pedaços de morango. – Isso é batata frita e refrigerante.

— Nossa, que saudável! – Zombei.

— Não tinha muitas opções. Ou você queria peixe frito?

— Não mesmo, já comi peixe suficiente para o resto do ano!

— Ah é? Na próxima vez você escolhe o cardápio então! – As palavras “Próxima vez” fizeram meu coração disparar, isso significava que haveria uma próxima vez? Luan possuía essa mania de me deixar sem saber quando e se eu o veria de novo. Por mais que as coisas entre nós estivessem cada vez melhores, ainda havia aquela dúvida que pairava no ar.

— Não, eu confio em você.

— Mas eu não escolho só as coisas erradas? – Ele disse chacoalhando o pacote de batata frita.

— Nem sempre. – Eu disse me lembrando de todos os nossos encontros que envolviam comidas. Ele poderia não escolher as melhores coisas, mas conseguia tornar cada uma delas as melhores lembranças que carregarei por toda a minha vida.

Ficamos ali sentados lado a lado na areia conversando e olhando o mar, enquanto eu tomava a água de coco e Luan comia a batata frita. O creme de morango parecia muito bom, na verdade, nunca encontrei nada de morango que não fosse bom. Assim como nunca encontrei nada em Luan que não fosse perfeito. Mas penso que comparar os dois seria uma grande injustiça, pois por mais que eu gostasse daquela fruta como nenhuma outra, nem se comparava à sensação de vê-lo sorrir.

Luan começou a me mostrar as fotos no celular e a me contar de cada um daqueles shows. Ele falava da energia que o público transmitia, da felicidade que era subir no palco, do carinho das fãs e o quanto elas significavam para ele. Luan dizia que já havia conhecido quase todo o Brasil, mas que cada lugar era único do seu jeito e o marcavam de formas diferentes. Neles havia histórias, crenças e comportamentos que ele nunca esqueceria, coisas que o fizeram crescer como pessoa. Ele havia feito do Brasil a sua casa, e por mais que seu sucesso abrangesse outros continentes, que eu tinha certeza que iria, ele dizia que nunca encontraria tanto amor, apoio e fidelidade quanto no seu próprio território.

Eu penso que Luan ainda não tinha ideia de quantas conquistas a sua música e o seu carisma ainda o reservavam. Eu tinha certeza absoluta que aquele sorriso que estampava o seu rosto ainda iria conquistar o mundo, e podia dizer com convicção que o meu ídolo nasceu para quebrar todos os recordes, pois quando Deus o mandou a Terra com a missão de semear a felicidade e a esperança no coração de quem o ouvisse cantar, também lhe concedeu um poder de transcender todas as barreiras físicas e emocionais e superar quaisquer obstáculos impostos pelo mundo, tornando-o assim um eterno vencedor.

Eu nunca pensei que um dia pudesse ser fã de alguém. Eu me lembro de olhar vários artistas na televisão, e nenhum deles conseguir me encantar ao ponto de me tornar completamente dependente de tal forma que eu mal pudesse entender. Até conhecer aquele garoto. Ele contrariou todos os conceitos que tinha sobre o amor e me mostrou que não há limites para esse sentimento que te faz querer arriscar tudo, mesmo sem ter a certeza de nada.

Ainda estávamos conversando quando o celular de Luan tocou, e o mesmo motorista de antes veio nos buscar, jogamos o resto das coisas no lixo e entramos no carro. Luan disse que ainda estava com fome e pediu para o rapaz parar em uma pequena padaria e comprar pão de queijo, e ele me trouxe um cupcake rosa. A viagem de volta estava mais descontraída, sem aquele clima de mistério, e Luan foi me contando sobre os lugares bonitos a onde ele já esteve. Um pouco antes de entrarmos no carro no campo de pouso de Três Lagoas, Luan me abraçou, grudando os nossos lábios em um beijo profundo.

— Se importa se eu voltar daqui? – Ele perguntou ao me soltar.

— Não. – É claro que eu queria que ele fosse comigo, na verdade eu queria poder nunca me separar dele, mas eu sabia que ele possuía uma vida fora daquele nosso mundinho, da qual eu não podia e nem queria atrapalhar.

— Se cuida. – Ele disse me dando um beijo na testa.

— Você também. Vai direto para casa e me liga quando chegar. – Disse brincando.

— Está bem. Não vou falar com estranhos também.

— Muito bom. – Ele sorriu e me puxou num último abraço antes de abrir a porta do carro para mim, e eu ter que me separar dolorosamente dele.

Passei o resto do caminho em silêncio, absorta em pensamentos e em lembranças recentes de Luan, sorrindo involuntariamente enquanto o motorista, que pelo que eu me lembrava se chamava Emílio também se mantinha calado.

Dei as coordenadas para ele chegar até a minha casa, e o agradeci antes de sair do carro e entrar em casa. Assim que entrei no meu quarto ouvi o barulho de mensagem de texto vindo do meu celular, o procurei na bolsa e senti faltar o ar ao notar o número que a enviara. Ao abri-la pude ler as palavras: “Já estou com saudades!”. Fazendo com que meu coração transbordasse de alegria.

Me joguei na cama, ainda quase toda molhada, pensando em como o destino, ou melhor dizendo, Deus podia ser tão bom comigo em realizar o meu maior sonho, de uma forma que eu não poderia imaginar ser possível. Quando minha mãe chegou a tarde, me perguntou como havia sido dormir na casa de Cristina, eu respondi apenas que havia sido bom, não gostava de mentir, mas era necessário.

A verdade é que dava para contar nos dedos as pessoas de quem eu não escondia nada recentemente. Contei para ela como Cris e Fred começaram a namorar e ela pareceu se entreter com a história, pois eu sabia que se ela começasse com as perguntas sobre a noite passada, provavelmente eu iria me perder e entrar em contradição. Não era por acaso que ela era tão boa advogada. Ela me perguntou se eu havia ido para a escola, e mais uma vez eu menti, mas dessa vez enquanto retirava os pratos do jantar para não ter que encará-la, dando graças a Deus que não havia aula do Bortolotto na quinta. E então ela me disse que ele me daria uma prova na próxima semana para recuperar a nota, e eu teria que estudar ou nunca mais sairia de casa. Que ótimo! Quando penso que me livrei das provas, eis que elas ressurgem das cinzas para me atormentar.

Estava deitada no meu quarto, enquanto as palavras do livro de história pareciam não fazer o menor sentido, pois em cada palavra eu só enxergava um rosto de olhos profundos e brilhantes e um sorriso lindo e encantador, quando Cristina entrou no quarto trazendo as coisas que havia deixado na casa dela. E eu senti borboletas no estômago ao me lembrar que não havia pensado em uma desculpa para dar sobre a noite passada.

— Me conta tudo. Agora! – Ela disse animada ao se sentar na beirada da cama.

— Contar o que? – Eu perguntei tentando desconversar.

— O que aconteceu.

— Não aconteceu nada.

— Você passou a noite fora…

— Fala baixo. – Eu interrompi.

— … tem que ter acontecido alguma coisa. – Ele terminou a frase diminuindo o tom de voz.

— Não exatamente. – Eu disse esperançosa, mas sem conseguir impedir que um sorriso bobo se formasse no meu rosto ao pensar em tudo que havia acontecido.

— Oh meu Deus! – Ela disse levando a mão na boca. – É o que eu estou pensando? – Eu tranquei os lábios tentando não sorrir novamente e balancei a cabeça negativamente. – É sim!

— Não! – Eu disse quase num grunhido enquanto cobria o rosto com um travesseiro.

— Me conta! – Ela pediu eufórica, e eu balancei a cabeça novamente, ainda com o rosto escondido atrás do travesseiro. – Larga de ser chata, Luiza!

— Tenho vergonha. – Disse com a voz abafada.

— Não precisa ter vergonha.

— Mas eu tenho.

— Tudo bem. Promete que me conta um dia?

— Tudo bem, um dia.

— Agora tira esse travesseiro do rosto. – Ela disse puxando-o. – Foi bom?

— Para! – Disse envergonhada, batendo nela com o travesseiro. Apesar de todos os motivos racionais para não contar a ela o que havia acontecido, eu me sentia bem em dividir pelo menos parte daquilo com alguém que não iria me julgar. Cristina parecia compreender e aceitar os meus limites, e eu me sentia imensamente grata por isso. Ela ficou algum tempo me contando suas poucas experiências, tentando me deixar mais a vontade com o assunto, até ir embora dizendo que voltaria no outro dia quando Frederico chegasse de viagem.



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