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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo quarenta e oito


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 48 - Capítulo quarenta e oito


Cristina já estava me esperando no carro, então entrei rapidamente, colocando a mala no banco de trás.

— Está ansiosa? – Ela perguntou assim que o carro começou a andar.

— Não. – Menti, mas meu tom de voz me traiu e ela me lançou um olhar descrente. – Só um pouco.

— Tem certeza? – Respirei fundo e então falei sem nem pensar.

— Não. Eu estou… tão ansiosa que mal consigo respirar. – Admiti envergonhada.

— Eu sabia. Você não para quieta. – Sorri. – Como é vê-lo de pertinho? – Olhei pela janela a procura de alguma resposta para dar a ela, mas as casas passando lentamente não me ajudavam a encontrar as palavras. A verdade era que nada que eu dissesse conseguiria descrever com perfeição como era estar na presença de Luan. Eu poderia dizer que era maravilhoso, mas não seria suficiente.

— É… mágico! – Disse por fim. Foi o máximo que conseguir dizer, pois só de pensar em Luan, em vê-lo de perto, já sentia um nó na garganta que me incapacitava de falar. Ela não fez mais perguntas durante o caminho e eu fiquei agradecida por isso. Em vez disso, começou a tagarelar alguma coisa sobre o Frederico e a faculdade, enquanto eu apenas sorria e balançava a cabeça. Mas meus pensamentos já estavam muito longe dali. Assim que o carro parou no caminho de pedras que ficava do lado de fora da pista de pouso, eu agradeci a ela e abri a porta do carro.

— Toma. – Ela disse me estendendo seus óculos escuros.

— Não precisa Cris.

— Coloca logo Luiza.

— Obrigada. – Disse abraçando-a brevemente e saindo do carro.

— Divirta-se. – Ela disse um pouco antes de eu fechar a porta ao pegar a mala e eu apenas acenei enquanto observava ela sair com o carro. Coloquei os óculos escuros como se fosse uma armadura e me encaminhei para o escritório que havia lá, carregando a mala nas mãos até chegar no concreto. Não era bem um escritório, eram duas salas antigas divididas ao meio por um corredor que dava acesso a pista. As paredes eram de um branco descascado e havia alguns bancos no corredor. Parei em frente ao grande vidro que havia em uma das salas, a onde estavam dois homens de meia idade conversando. Um deles mexia em um velho computador e o outro comia em outra mesa. Eles me olharam assim que parei.

— Boa tarde. Eu estou procurando o Lucas. – Disse assim como Luan havia me instruído. Ele me fez repetir todo o esquema três vezes para ter certeza de que eu não iria esquecer. Eu deveria procurar o Lucas assim que chegasse à pista de pouso. Iria seguir de avião até o aeroporto de Viracopos e lá o Douglas estaria me esperando para me levar até o hotel em Paulínia, a onde eu deveria procurar a Marla. Já estava tudo memorizado.

— Você é a Luiza? – O homem que estava comendo perguntou ao se levantar. Reparei que ele vestia camisa social e gravata. Eu assenti um pouco surpresa por ele saber meu nome, mas eu já deveria esperar por isso. – Já estamos indo, eu só… – Ele começou a dizer.

— Pode terminar de comer. – Eu disse sem graça.

— Obrigado. – Ele balbuciou ao se sentar novamente. – Se quiser já ir para a pista, o Nilton está lá. – Ele disse e seus olhos caíram automaticamente para a minha camiseta. Tentei analisar a sua expressão, parecia surpreso com uma leve pontada de curiosidade, mas logo voltou a prestar atenção no prato descartável a sua frente.

— Ah, vou sim. – Eu disse ao sair. Seria melhor do que ficar encarando-os, e isso me daria mais tempo para pensar. Não podia negar que me sentia feliz em ter acertado na escolha da camiseta, mas não entendia por que isso havia me preocupado. Talvez por que quisesse ser aceita pelas pessoas que cercavam Luan, não sabia dizer, tudo aquilo era muito novo para mim. Mas de certa forma havia causado uma impressão melhor do que se tivesse aparecido com a minha camiseta do Mickey.

É claro que todo mundo conhecia os Beatles. Pelo que via na TV e pelo que minha mãe me contava, o sucesso da Beatlemania era algo indiscutível, e vem se propagando até hoje, quarenta anos após a sua dissolução. Apesar dos gêneros musicais completamente distintos, eles me lembravam muito Luan. O sucesso assustador, a euforia que causavam, levando milhares de fãs ao delírio por onde quer que passassem. Era exatamente isso que acontecia com o meu ídolo. Luan era um verdadeiro fenômeno no Brasil, e até fora dele. Suas músicas estavam em todas as rádios e seu rosto estampado na parede de milhares de quartos espalhados por todos os lugares do país.

Alguns o chamavam de febre, mas eu preferia chamá-lo de paixão nacional. Pois febre é algo que dá e passa, e paixão é um sentimento que te envolve, te domina, capaz de se concretizar em algo tão sublime como o amor. E o meu ídolo estava provando a cada dia que seu talento e seu carisma existiam para se tornar permanentes em nossas vidas. Não havia nenhum lugar a onde não conhecessem o seu nome, ou que sua música não estivesse na ponta da língua. Há centenas de artistas que surgem e em um piscar de olhos e desaparecem da mídia sem deixar rastro. Mas Luan era diferente, e não era preciso um conhecimento musical buscado em anos de estudos para compreender isso. A cada dia que passava ele conquistava uma multidão de pessoas com a sua voz, assim fixando cada vez mais o seu nome na história da música brasileira em todos os cantos do mundo. Não era exagero, nem mesmo otimismo, era algo destinado. Seria uma questão de tempo até o talento de Luan ultrapassar as fronteiras nacionais e se tornar um sucesso mundial, conhecido e reconhecido em todos os continentes existentes na face da Terra.

Assim que entrei na pista pude ver bicuço parado há uns quinze metros. O nome do seu dono escrito em letras grandes e pretas, em contraste com a sua pintura impecavelmente branca. Percebi que não havia reparado o quanto ele era bonito. Clássico e convencional, mas ainda assim muito elegante. Caminhei até ele arrastando a minha mala e pude notar o homem também de meia idade – um pouco mais baixo e vestido igualmente Lucas – verificando alguma coisa nas rodas da aeronave. Aquele deveria ser o Nilton, o copiloto.

— Oi. – Disse timidamente ao parar próxima a ele.

— Ah, Olá. – Ele disse como se acabasse de ser interrompido em meio a algum pensamento. – Você deve ser a garota.

— Sim. – Assenti ainda um pouco envergonhada. – Luiza

— Eu sou o Nilton. – Ele disse sorrindo cordialmente. – Essa é a sua mala?

— Sim. – Estava me sentindo uma idiota apenas concordando com tudo, mas reprimi a risada. De quem mais poderia ser?

— Já vou colocar ela lá dentro então. – Ele pegou a pequena mala e guardou dentro do avião. – Se quiser já pode entrar, decolaremos daqui a pouco. – Ele disse olhando o relógio. Senti um arrepio na espinha com as palavras dele, mas resolvi entrar.

Subi os degraus e me sentei na poltrona acolchoada próxima a porta enquanto retirava os óculos. Agora que não tinha o rosto incrivelmente lindo de Luan para me tomar a atenção podia ver o interior do bicuço com mais clareza. Tudo ali era completamente elegante – decorado em cores claras, oscilando entre o creme e o laranja – e extremamente impecável. Até mesmo o tapete que revestia todo o chão era minimamente limpo e primoroso. Estava observando cada detalhe do bicuço – as luzes no teto, as janelas arredondadas, a cabine a onde ficavam os pilotos – quando Nilton passou por mim recolhendo alguns papeis em cima da poltrona a minha frente.

— Você é a mesma garota daquele dia em Itatiaia, não é? – Ele perguntou parando em frente à porta. Assenti um pouco surpresa. Não havia reparado nele naquele dia. Na verdade, não havia reparado em nada além de Luan. – Não estava reconhecendo por causa dos óculos.

— Ah sim. – Não conseguia pensar em mais nada para dizer.

— Esse Luan… – Ele disse sorrindo de alguma piada interna enquanto olhava os papéis.

— Ele faz muito isso? – Perguntei sem pensar. Fiquei em dúvida se ele entenderia a pergunta, mas a expressão dele ao me olhar me mostrara que sim.

— Na verdade ele nunca fez isso. – Ele disse como se achasse aquilo engraçado.

— Ah! – Senti o choque passar pela minha voz. Eu nunca havia pensado em Luan com outras garotas fazendo tudo aquilo que fazíamos, mas também não cogitava a possibilidade de ter sido a única. Senti meu coração dar um salto no meu peito com meus novos pensamentos e as tão familiares borboletas invadirem o meu estômago.

— Você deve ser importante. – Murmurou Nilton.

— Por que diz isso? – Perguntei e cada centímetro do meu corpo ansiava pela resposta.

— Pela lista de recomendações que ele nos fez. “Vai devagar, ela te medo de avião!”, “Vê se não pousa muito rápido”, “Cuidado com isso, cuidado com aquilo…” – Ele disse numa voz engraçada, provavelmente tentando imitar o tom preocupado de Luan.

— Ah, me desculpa por isso. – Disse rindo ao me lembrar como Luan era irritantemente lindo quando ficava superprotetor.

— Não diga a ele sob hipótese nenhuma que te contei, mas você deveria ter visto o que ele falou depois.

— O que? – Perguntei me inclinando para ele curiosa.

— Eu disse para ele: Relaxa Luan, parece até que vamos carregar uma tonelada de pedras preciosas! Ele me respondeu: Cara, é muito mais do que isso para mim! – Nilton disse rindo, provavelmente achando muito engraçado. Eu sorri também por impulso, mas meu coração dava pulos e martelava sem parar. Mal podia acreditar nas palavras que ele me dissera e meu cérebro ainda não conseguira captar totalmente o que aquilo significava. – Vou lá chamar o Lucas. – Ele disse ao sair, me deixando com a expressão totalmente embasbacada e um sorriso bobo pairando no rosto.

Demorou alguns minutos para Nilton voltar, seguido de Lucas. Eles me falaram alguma coisa, mas não consegui entender — Penso que foi algo parecido com Boa viagem – e então o avião decolou. Provavelmente eu teria sentido muito medo, mas estava com a cabeça cheia de pensamentos que me impediam de sentir qualquer outra coisa. As últimas palavras de Nilton ainda gritavam na minha cabeça junto com milhares de outras perguntas que não conseguia responder. Será que eu significava realmente tudo isso para Luan? Será que ele já havia falado sobre nós para alguém? O que será que ele falava sobre mim? As pessoas como Nilton e Lucas deveriam perguntar. E a pergunta que mais me incomodava não saber a resposta; O que havia feito Luan gostar de mim? Uma garota comum, sem nenhum tipo de atrativos físicos e completamente desastrada.

Luan era perfeito, não havia nada nele que eu quisesse mudar. Encantador e excepcional em tudo o que fazia. Desde quando o vi pela primeira vez soube que ele era diferente de tudo que eu conhecia, pois ele me despertava coisas diferentes e fazia-me sentir diferente. De um jeito bom, de um jeito sublime e especial. E a única coisa que pensava compensar a nossa diferença tão grande era o fato de amá-lo sob qualquer circunstância e de uma maneira tão forte e avassaladora que meu coração mal podia comportar. Talvez ele estivesse certo e o amor realmente pudesse criar pontes entre mundos diferentes, capaz de unir até o sol e a lua. Como alguém que se apaixona por uma estrela no céu sem se importar que pode nunca conseguir alcançá-la. E Luan era a minha estrela.

Há algum tempo atrás eu me sentia exatamente assim, como se nunca pudesse ser capaz de chegar até ele, como se ele estivesse muito além da minha realidade. Mas a vida nos surpreende de tal maneira que mal conseguimos acreditar. Penso que todos os sonhos são capazes de se realizar, mas os obstáculos sempre existirão para ver até onde vai a sua fé. Ao exemplo do que a própria natureza nos ensina, pois é sempre depois da chuva que surge o arco-íris. Como alguém que desiste de seguir em frente sem saber que a felicidade estava na próxima esquina. Eu mal conseguia descrever a sensação que era ter meu sonho realizado, como se eu estivesse completa e não faltasse mais nada no mundo. E me pergunto o que diria para alguém que tenha um sonho como o meu. Talvez tivesse tantas palavras capazes de escrever um livro lindo, mas penso que apenas duas delas resumiria tudo. Tenha fé.

Não é preciso apenas sonhar, é preciso também acreditar que pode se tornar real. O dicionário define fé como a firme opinião de que algo é verdadeiro sem qualquer prova ou critério objetivo de verificação. Penso que a mesma definição se encaixa perfeitamente para o amor de fã, que é verdadeiro e indubitável, dando o melhor de si sem pedir nada em troca, e que existe apenas para fazer feliz aquele que é capaz de arrancar milhares de sorrisos e carregar milhares de sonhos por onde quer que passe.



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