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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo cinquenta


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 50 - Capítulo cinquenta


Girei o cartão na mão, era elegante, branco escrito de preto e dourado, e o passei na fechadura com medo de travar a porta. Afinal, para quem travava caixas eletrônicos, o que era uma porta? Mas felizmente ela abriu facilmente. Fiquei alguns segundos estática, impressionada com o quarto. Era menor que o do hotel em São Paulo, mas ainda assim três vezes maior que o meu. Mas o que me chamou a atenção não foi o seu tamanho, mas a sua beleza, ele era magnífico. Também decorado em cores claras – oscilando do creme ao vermelho vivo – com uma enorme cama encostada na única parede de cor escura a onde havia um quadro com várias flores pintadas. De cada lado da cama havia um abajur que aparentava ser de porcelana, um grande espelho na parede lateral, duas poltronas, uma mesa de quatro lugares e a porta inteira de vidros que dava para a sacada estava com as cortinas abertas.

Entrei fechando a porta, ainda olhando o resto da decoração. Vi a minha mala próxima a mesa e notei um embrulho preto em cima da cama, uma caixa de sapato e um pequeno papel branco em cima. Passei a alça da minha bolsa pelo pescoço, soltando-a na cama e peguei o papel. E na caligrafia torta e já bastante conhecida eu pude ler as seguintes palavras:

“Não é porque eu não posso te levar ao baile do colégio que não podemos fazer o nosso! Espero que goste do vestido. Te encontro as oito.

Saudades, Luan.”

Li o bilhete por três vezes quase não acreditando no que estava escrito. Fiquei alguns segundos parada sem saber o que pensar, sentia meu coração bater violentamente e minha pernas tremerem. Ele estava mesmo falando sério? Peguei o embrulho e o abri delicadamente, e perdi o ar ao notar um lindo vestido rosa nas minhas mãos. O recostei sobre meu corpo, olhando para o grande espelho na parede. Parecia que eu estava vivenciando uma cena de um filme, daqueles que te emociona do início ao fim e te faz sorrir sem ao menos perceber. O vestido era magnífico, tomara-que-caia e cinturado, no busto havia algumas pedrinhas e na cintura um laço curto. Era rodado, um pouco acima do joelho e a sua saia parecia feita de tule, do tipo que você só encontra nos contos de fadas.

O virei de costas e vi que havia uma fita que transpassava toda a parte de cima, como em um espartilho. Fiquei olhando maravilhada e feliz por não ter que dizer nada, pois sabia que não conseguiria esboçar nenhuma palavra naquele momento. Coloquei o vestido com cuidado sobre a cama e abri a caixa de sapato, fazendo o meu queixo cair. Se havia ficado maravilhada ao ver o vestido, nada explicava o que havia sentido ao ver os sapatos. Peguei um deles na mão admirando-o. Era um peep toe prateado brilhoso, como se estivesse revestido por pequeninos cristais ou diamantes, mas sua superfície era lisa como seda. Seu salto deveria ter uns doze centímetros e era preto também brilhoso, mas era um brilho diferente, como glitter.

Não resisti ao impulso de experimentá-lo. Tirei a sandália rasteira e o calcei fascinada com a sua beleza, e fiquei admirando-o no meu pé. Dizer que era lindo seria muito injusto, era magnífico. Coloquei-os de volta na caixa cuidadosamente ainda sem acreditar em tudo aquilo. Ainda que eu soubesse que era real, quando se tratava de Luan tudo parecia um sonho. Procurei o celular na minha bolsa e digitei a mensagem.

“É algum tipo de conto de fadas? É lindo!” E em pouco tempo ele me respondeu.

“É parecido, mas eu não sou um príncipe num cavalo branco.”

“É melhor, muito melhor.” Respondi sorrindo. Cai para trás na cama tampando o meu rosto com o travesseiro. A felicidade exalava por todos os meus poros, e eu mal conseguia me conter. Luan podia não ter um cavalo branco, mas ele seria sempre o príncipe encantado da minha vida, o dono de todos os meus sorrisos e do meu coração, que havia me tirado da realidade e me levado para o melhor conto de fadas já escrito por Deus.

Passei grande parte da tarde fazendo as unhas e arrumando o cabelo enquanto assistia TV, havia trazido esmaltes e o secador, pois sabia que minha mãe iria desconfiar se eu não chegasse pelo menos com a unha pintada. Para não ficar tudo muito rosa, resolvi fazer francesinha com florzinhas, e após refazer três vezes a mão direita, havia ficado bom. Infelizmente tinha terminado tudo muito cedo, dando espaço para a ansiedade tomar conta de mim novamente. Não parava de pensar em Luan, nas coisas que ele estava planejando e nesse tal baile particular. Precisava me distrair para não roer as unhas que havia acabado de pintar e não ficar pensando sobre o que aconteceria a noite, me deixaria ser surpreendida, e isso Luan sabia fazer muito bem.

Desliguei a televisão, pois o filme da sessão da tarde não estava me ajudando em nada e fui para a sacada, abrindo a porta de vidro. Encostei no parapeito e percebi que a vista dava para a grande piscina retangular, cuja a água dali de cima parecia ser de um lindo azul. Fiquei olhando as quatro pessoas se divertindo na água. Havia também mais duas sentadas em uma das mesinhas com guarda-sol e outra em uma das cadeiras de praia.

Sem pensar duas vezes coloquei meu vestido branco, a sandália rasteira, prendi meu cabelo em um coque para não estragar, peguei os óculos escuros e meu antigo exemplar de A hora da estrela na bolsa, que havia trazido para ler no avião, mas havia sido impossível prestar atenção em qualquer coisa com tantos pensamentos gritando na minha cabeça. É claro que eles ainda estavam lá, mas estava fazendo um grande esforço para reprimi-los e aproveitar o tempo que tinha ali.

Desci para o saguão principal, seguindo para a piscina e me sentei em uma das cadeiras de praias embaixo de um guarda-sol, pois estava insuportavelmente quente. Abri o livro, mas me distrai com as pessoas brincando na água. Me lembrei daquele dia na fazenda em que Luan me jogou na piscina, parecia fazer tanto tempo desde então, mas ainda me lembrava perfeitamente de cada sorriso dele fazendo meu coração disparar compulsivamente, de sentir seus olhos intensos nos meus como se pudesse ler a minha alma, e os seus braços tão quentes e confortáveis me envolvendo e me puxando para mais perto de si.

Afastei as lembranças da cabeça ou surtaria de saudades. Só faltava algumas horas e precisava me conter. Mas tentar não pensar em Luan era como tentar não respirar, era involuntário e por mais que se esforçasse em ficar sem, algo te sufocaria lá dentro, e sem que percebesse já estaria fazendo de novo em uma intensidade ainda maior. Pensar em Luan já era um hábito, uma rotina, daquelas que sua mente e seu corpo já não vivem sem. Como se cada pedaço de mim precisasse dele para se manter inteiro. Tentei prestar a atenção no livro, Clarice Lispector era minha musa inspiradora e lia suas obras não tanto pela história, mas pelo seu jeito tão único e surpreendente de escrever. No livro havia vários rabiscos e marcadores nas minhas páginas e citações favoritas e ia direto nelas.

Dessa vez abri na página trinta e nove a onde estava a frase que mais gostava de todo o livro – “Ela acreditava em anjos e porque acreditava eles existiam.” – E eu acreditava em anjos e Luan era a prova concreta de que eles existiam. Luan era um anjo, o meu anjo. Nada mais poderia explicar a sua magnitude e a sua áurea incandescente capaz de ocultar até mesmo seus defeitos, se é que ele os possuía. Nunca conheci alguém capaz de despertar tantos sorrisos, arrancar tantas lágrimas de felicidade e roubar tantos corações por onde passasse quanto o meu ídolo. Ele poderia não ter asas, mas isso não o impedia de voar, e ele voava cada vez mais alto em busca de seus sonhos e voava também entre os corações e a mente de todos os seus fãs, pois ele estava presente em cada pensamento, em cada gestos e palavras, em cada sorriso, cada lágrima, em todas as vozes que cantavam a sua música e naquelas que diziam um “eu te amo” com tanta sinceridade.

Mesmo que eu nunca o tivesse conhecido, sei que ainda me sentiria feliz somente por saber da sua existência. Luan poderia ser comparado ao sol, pois só o fato de existir já iluminava toda a minha vida e a milhares de outras espalhadas pelo mundo. Não era necessário tocá-lo para sentir os seus efeitos e as sensações que ele causava tão inconscientemente. Mas querer tocá-lo era como uma necessidade. Ele possuía uma espécie de ímã, uma atração gravitacional que me puxava cada vez mais em sua direção, como se ter o seu abraço fosse o meu maior objetivo e a minha maior realização. E sabia que a sensação que a sua pele causava sobre a minha seria algo que nunca poderia esquecer, como todas as coisas que vinham dele. Me peguei ainda olhando a página trinta e nove e pensando novamente em Luan. Sorri sozinha por ainda tentar evitar o inevitável, afinal, tudo me lembrava ele e até mesmo no horizonte eu podia ver o seu rosto.

Penso que qualquer pessoa que não entende a complexidade do meu amor chamaria isso de loucura ou obsessão, mas para mim a única coisa que importava era aquele sentimento tão grande e tão singelo que habitava dentro de mim e que não mudaria ou diminuiria por palavras profanadas por boca nenhuma. Pois esse amor que sinto só tende a aumentar e multiplica de tamanho a cada batida do meu coração. Não julgo as pessoas que não são capazes de entender o amor de uma fã, pois ele é tão imenso e tão único que nem mesmo nós que sentimos conseguimos compreender com perfeição. E explicar o amor de uma fã para quem não é fã seria impossível, mas explicá-lo para uma outra fã é totalmente desnecessário, pois compartilhamos os mesmos sentimentos, as mesmas sensações e toda a magia que envolve esse amor, que dispensa qualquer tipo de explicação.

Após ler algumas páginas consultei mais uma vez o relógio, era seis e quarenta, já deveria ser o suficiente para começar a me arrumar. Fechei o livro e levantei da cadeira, a piscina agora estava um pouco mais cheia, mas não prestei muita atenção nas pessoas ali. Respirei fundo e segui para o saguão do hotel.



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