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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 60 - Capítulo sessenta


As placas de transito já indicavam Paulínia há poucos quilômetros quando Luan sorriu de canto para mim, provavelmente estava olhando-o com cara de boba, como sempre fazia na sua presença. Em minha defesa devo dizer que isso era totalmente culpa dele, por ser tão incrivelmente perfeito a ponto de não conseguir olhá-lo sem me perder por completo. O silencio pairava no ar, mas ao contrário de antes, não era mais incomodo.

Acho que tínhamos ficado calados há pouco menos de cinco minutos, quando finalmente chagamos a um consenso que havia um coração alado em uma das nuvens. O que isso significava? Um coração que possuía asas, penso que era uma coisa boa, mas o que tinha incomum com nós dois? Foi exatamente isso que nos deixou calados. A primeira vista imagina-se que um coração alado seja um coração livre, mas eu discordo, penso que seja um coração capaz de voar, voar de encontro aos sonhos, voar atrás da felicidade. E meu coração era alado, pois voava até Luan, e o dele voava até milhares de pessoas espalhados por todo o mundo.

— Você viaja muito? – Luan perguntou quebrando o silêncio.

— Não, viajava mais quando meus pais eram casados. Sempre era meu pai que planejava as viagens.

— E vocês iam para onde? – Ele perguntou e eu sorri. – Estou fazendo perguntas demais?

— Não, não é isso. – Ele me olhou confuso. – É engraçado você ainda fazer perguntas sobre a minha vida, ela não é muito interessante.

— É interessante para mim.

— E eu me pergunto por quê. – Disse olhando-o profundamente, deixando aparente que tudo aquilo ainda parecia impossível para a minha realidade.

— Não sei se é por ser realmente fascinante ou pelo fato de ser a sua vida. – Ele disse ternamente, fazendo meu coração dar cambalhotas no meu peito. Eu sabia que Luan seria o único a causar tais sensações em mim. Essa vontade constante de querer sorrir e chorar ao mesmo tempo. De continuar em pé mesmo que as pernas tremam terrivelmente, continuar gritando mesmo que não tenha mais voz, de voar ainda que não tenha asas, mas principalmente de continuar seguindo em frente, mesmo sem saber se a cada passo a diante o chão será capaz de te segurar caso os obstáculos impostos pela vida te faça cair.

— Geralmente para a praia. – Disse afastando os pensamentos e respondendo a sua pergunta. Luan me analisou de uma forma engraçada.

— O que foi? – Perguntei confusa.

— Nada, só estou imaginando você na praia. – Eu corei levemente.

— Não brinco de construir castelos na areia se é o que quer saber. – Zombei.

— Juro que não cogitei essa possibilidade. – Ele disse rindo. – O fato de eu dizer que você é a minha menina não significa que eu te veja como uma criança Luly. – Ele disse calmamente.

— Tudo bem se achar, eu sei que sou.

— Não é Lu, já te disse que você não se vê com muita clareza. Você tem a doçura de uma menina, mas tem pensamentos e atitudes muito maduros. – Um arrepio percorreu por todo o meu corpo assim que ele me chamou de Lu. Já haviam me chamado assim antes, mas dessa vez havia sido tão particular, que confesso não ter ouvido quase nenhuma palavra depois daquelas duas letras tão maravilhosas na sua voz.

— E você me vê com clareza? – Perguntei com certo receio. Eu sabia que me enxergava exatamente como era, uma garota normal com nenhum atrativo em especial para chamar a atenção do cara mais incrível do mundo.

— Acho que sim. Você para mim foi uma descoberta, uma linda descoberta, da qual eu não pensei que pudesse existir.

— Como assim? – Senti meu coração dar pulos de ansiedade, mas penso que se ele não tivesse batendo feito louco a cada atitude de Luan, com certeza a cena não estaria tão completa.

— Eu te disse que você era diferente de tudo que eu conhecia. – Senti as tão conhecidas borboletas no estômago e a sensação de que devia estar sonhando, pois Luan me fazia sonhar até mesmo de olhos abertos. – Como é mesmo aquela música que fala mais ou menos assim “Quem jamais poderia imaginar que um mundo tão triste e sem cor brotaria uma flor inocente…”?

— … “Chegaria esse amor de repente e somente um vazio sem fim se encheria de cores assim.” – Completei surpresa. – Vinícius de Moraes.

— Você sempre sabe!

— Nem sempre. – Disse modestamente. Adorava a poesia e a literatura, era como se já fizessem parte de mim há muito tempo.

— Sabe, eu queria poder te falar coisas tão bonitas quanto você me fala, mas acho que não sou muito poético.

— Mas eu gosto desse seu jeito simples, é natural. – Ele sorriu de canto.

— Eu posso não saber recitar um monte de poesia ou falar coisas tão bonitas, mas eu posso fazer do meu jeito.

— Qual?

— Eu posso cantar.

— Sua música é a sua poesia. – Concluí.

— Exatamente. – Ele disse radiante.

— A música é a forma mais linda de se falar de amor.

— A música é a minha vida, meus fãs são a minha vida, e agora você faz parte dela. – Nada poderia medir e nem ao menos explicar a felicidade que sentia naquele momento ao ouvir aquelas palavras, e todo aquele medo que senti há poucos minutos atrás parecia completamente insignificantes perto do quanto Luan me fazia bem.

— É lindo saber que estou na sua vida duas vezes.

— Duas vezes? – Ele perguntou confuso.

— Como fã e como… – Percebi que não conseguia achar a palavra certa para definir o que era para Luan.

— Como a dona do meu coração? – Ele sugeriu, fazendo com que meus olhos se enchessem de água, aquilo era muito mais do que eu poderia sonhar.

— Parece bom. – Disse sorrindo, e ele retribuiu aquecendo meu coração. – Mas e a música?

— Que música?

— Você disse que poderia cantar, quero saber qual você cantaria.

— Ah. – Ele disse pensativo. – Mais tarde. Agora imagino que você queira conhecer a cidade.

— Paulínia? – Perguntei surpresa, olhando pelas janelas e notando que já havíamos chegado.

— Sim. Vou te levar em um pequeno tour pela cidade e você descobrirá por que a chamam de Hollywood brasileira.

— Hum. – Disse aparentemente mais interessada na música do que na cidade, mas sentindo uma pontada de felicidade por ainda haver um “mais tarde” para estar com Luan. Paulínia era incrível, e aos poucos fui entendendo o que Luan me dissera. Ele me mostrou parte do Jardim Botânico, o sambódromo, o teatro municipal e todo o polo cinematográfico da cidade. Não deu para ver muito bem, pois não havíamos saído do carro, mas estava encantada pelo pouco que vi. Ele dizia que ainda havia muitos outros pontos turísticos, mas não sabia a onde ficavam.

Perguntei se ele ia muito a Paulínia e ele me respondeu que sempre ia menos do que gostaria em todas as cidades do Brasil. Mas no caso de Paulínia ele sabia que havia mais atrações, pois o tinham levado para esse mesmo tour um dia antes, e eram poucas os lugares que ele lembrava o caminho. Por fim ele me mostrou a praça a onde iria ser o show. Apesar de parecer que havíamos passado horas na cachoeira, ainda estava muito cedo e não havia ninguém ali. Como o local era fechado havia um segurança na portaria, mas que nos deixou entrar facilmente. Luan estacionou em um canto e eu me recusei a sair do carro pelas condições que me encontrava.

— Luly não tem ninguém aqui. – Ele dizia com a porta do carro aberta para que eu saísse.

— Olha a minha situação Luan! – Apontei para as minhas roupas que estavam úmidas e o meu cabelo que deveria estar todo embaraçado.

— Ninguém vai te ver. Vem. – Ele disse me puxando para fora do carro pelo braço e fechando a porta em seguida. O local não era bem uma praça como aquela em Três Lagoas que guardava tantas lembranças nossas, era mais como uma arena ou um recinto de exposição. O palco já estava praticamente montado, mas não havia nada em cima, e assim que nos aproximamos Luan fez uma careta.

— O que foi? – Perguntei e ele balançou a cabeça. Tentei olhar ao redor, mas não havia nada de errado. Franzi a testa para ele, ainda a procura de uma resposta.

— Eu nunca havia vindo tão cedo, e é estranho não ter ninguém te esperando, você se sente… perdido. – Ele falou olhando para o portão.

— Ah. – Disse compreendendo o que ele queria dizer. – Fala dos fãs?

— Sim. Geralmente tem várias pessoas querendo tirar fotos, abraçar, pedir autógrafo, essas coisas. – Ele disse num meio suspiro e eu percebi o quanto aquilo o fazia bem.

— Calma, ninguém te abandonou. Só devem estar dormindo e sonhando com você. – Eu disse sorrindo. Ele riu e balançou a cabeça, me puxando em um abraço apertado e me dando um beijo na bochecha. Luan me conduziu para perto do palco e me mostrou toda a estrutura, explicando tudo que estavam planejando.

Ele me ajudou a subir no palco pela escada na lateral e me mostrou a onde ficaria cada instrumento, o que fariam as luzes e as fumaças e o que haviam preparado de surpresa para o seu público. Ele sorria e gesticulava com as mãos enquanto falava, e até me mostrou entusiasmado a forma como entraria no palco. Eu sabia que aquilo era realmente a vida dele, o que ele amava fazer e a cada minuto que passava eu ficava ainda mais maravilhada. Era meu ídolo me mostrando passo a passo como seria um dos melhores momentos da minha vida, e mesmo que eu não participasse fisicamente, meu coração já estava ali.

— É incrível você olhar o tamanho desse espaço vazio e depois encontrar ele lotado de pessoas a sua espera. – Ele disse olhando para a arena a nossa frente.

— Eu imagino. – Disse realmente imaginando aquele lugar cheio de sorrisos de felicidade para Luan.

— Eu não me vejo fazendo outra coisa além de isso aqui. – Ele disse abrindo os braços, indicando todo o palco.

— Você nasceu para isso Luan. E é isso que os anjos como você fazem, cumprem a sua missa aqui na Terra. – Ele sorriu balançando a cabeça novamente e me puxou para os seus braços, apoiando o queixo na minha cabeça.

— Você me vê bem melhor do que eu sou.

— Não, eu te vejo exatamente como você é. – Disse encostando a cabeça no seu peito e envolvendo a sua cintura num abraço apertado.

Assim que descemos do palco Luan disse que era melhor voltarmos para o hotel, pois ele achava que o Anderson iria precisar do carro logo pela manhã. E assim deixamos aquele recinto, do qual eu queria poder fincar raízes, só para acompanhar de perto mais um espetáculo do meu ídolo. O hotel não pareceu ficar muito longe da praça, mas foi o suficiente para entrarmos na rua errada duas vezes, até finalmente achá-lo.

Luan estacionou no mesmo lugar na garagem do hotel, e retirou todas as coisas de dentro do carro. O ajudei a chacoalhar os tapetes e peguei seu celular no porta luvas, colocando-o cuidadosamente sobre a blusa em cima do carro junto com o meu, enquanto ele devolvia o notebook e os papéis para a mochila. Assim que já estava quase tudo ajeitado, ele parou em frente ao carro analisando-o.

— O Anderson vai me matar se ele precisar mandar lavar. – Ele disse entortando o canto da boca.

— Acho que são só as rodas e as laterais. – Disse parando ao seu lado.

— Mas ele vai ver com certeza.

— O Anderson é muito bravo? – Perguntei. Eu já tinha visto o empresário dele na televisão, ele sempre parecia sério, mas nunca tinha encontrado pessoalmente.

— Que nada. – Ele disse saindo em direção ao canto oposto da garagem, me deixando sem saber se ele estava falando sério ou sendo irônico. Fiquei olhando confusa enquanto ele pegava uma mangueira enrolada na parede, que provavelmente estava ali para limpeza da garagem, e voltava puxando-a até o carro. – Não, ele não é muito bravo, só puxa minha orelha de vez em quando. – Ele disse provavelmente pela minha expressão ainda confusa. Mas dessa vez a minha confusão se dava ao fato de não acreditar que ele iria realmente lavar o carro dentro da garagem. – Mas é só quando eu apronto alguma coisa, como atrasar, esquecer coisas importantes, fugir no meio da madrugada… – Ele disse segurando o riso.

— Fugir?

— Sim, eu ando indo muito há uma cidade chamada Três Lagoas, conhece? – Ele disse divertidamente. – Esqueci de ligar a torneira. – Ele bufou, indo novamente para o lado oposto da garagem. Observei ele ligar a torneira e voltar derramando água por todo o chão.

— Você sai escondido? – Perguntei enquanto ele lavava os pneus.

— Não exatamente, só não aviso. É diferente. – Ele disse e eu revirei os olhos.

— E o Anderson já te pegou alguma vez?

— Mais ou menos, mas já faz tempo.

— Você não deveria sair escondido, é perigoso. – Disse encarando-o séria.

— Você não precisa se preocupar comigo Luly. – Ele disse sorrindo enquanto jogava água no capô do carro.

— Mas eu me preocupo.

— Sem motivos. Eu só não falo para evitar comentários.

— Que comentários?

— Comentários normais. – Percebi que ele estava sendo evasivo novamente, mas dessa vez não deixaria passar.

— Que tipo de comentários Luan? – Mas minha voz acabara saindo mais aguda do que gostaria, se tornando quase uma súplica.

— Só que eu deveria estar descansando para aguentar a correria. – Ele deu com os ombros sem me encarar. Fiquei estática, totalmente perplexa com aquelas palavras. Como eu não havia me tocado antes que Luan sempre ia me ver nos momentos que ele deveria estar dormindo? Ele que sempre se preocupava em ter que me fazer sair no meio da noite para encontrá-lo, estava fazendo um enorme sacrifício só para poder me ver e eu nem sequer reconhecia.

— Você não devia fazer isso Luan, você precisa descansar. – Eu sabia o quanto ficar sem vê-lo era torturante, mas me preocupava demais com a sua saúde. Ele sorriu balançando a cabeça. – É sério.

— Você não entenderia.

— Eu posso tentar. – Disse baixando a guarda.

— Não sei como dizer. – Ele ainda evitava me olhar.

— Por favor. – Pedi baixinho, sabendo que ele poderia me ouvir. Então seus olhos castanhos pousaram nos meus, me envolvendo. Penso que nunca me acostumaria com o brilho dos olhos de Luan, capaz de ofuscar até mesmo o brilho das estrelas e luz de todos os faróis ao porto.

— Já ouviu falar em saudades? – Ele perguntou, e eu assenti rapidamente. – Então, ela não te deixa dormir. – Senti meu coração palpitar de emoção, e apenas o olhava maravilhada enquanto as palavras se embolavam na garganta. Eu não só ouvia falar na saudade, mas a sentia em cada minuto que se passava longe dele. Mas saber que ele também a sentia de tal maneira era muito mais do que eu havia sonhado um dia.

— Mas… – Tentei balbuciar, mas não sabia o que dizer, não sabia o que argumentar. Mas nem precisei, antes que pudesse retomar a fala, Luan me molhou inteira com a mangueira. – Luan! – Gritei. Indignada enquanto ele ria segurando a mangueira. É claro que eu deveria ter previsto que ele faria algo assim, mas havia sido pega totalmente de surpresa.

Avancei para cima dele completamente encharcada, mas ele correu para o carro ao lado e voltou a jogar jatos de água em mim. Continuei correndo atrás dele e ficamos girando em volta do carro feito duas crianças em um parque de diversão, até que a mangueira enroscou e eu consegui alcançá-lo. Tentei tirá-la da sua mão, mas ele continuava segurando-a e rindo, provavelmente por ser muito mais forte que eu. Mas então em um minuto de bobeira consegui mirá-la para o seu rosto, molhando-o por completo. Ele segurou minha mão fazendo a água cair em formato de chuva sobre nós, e eu a puxei, segurando a mangueira contra a minha barriga e me virando de costas para ele, enquanto ele tentava pegá-la com os braços pela minha cintura, molhando os dois.

Assim que ele conseguiu arrancá-la de mim, eu me virei, pegando seu boné molhado e colocando na minha cabeça. Ele sorriu, apoiado as mãos no carro sobre meus ombros, me prendendo em um círculo estreito, mas tomando cuidado para não encostar em mim. Eu sabia que ele estava com medo de que eu tivesse outra reação como aquela ao déja vu um pouco mais cedo. Respirei fundo, aquilo não podia tomar conta de mim, era ridículo. Joguei os braços pelo pescoço de Luan, puxando-o para mais perto, e ele cedeu me prensando contra o carro. As sensações ruins vieram e eu tentei afastá-las fechando os olhos e respirando devagar. Era Luan que estava ali, era o meu Luan.

Seus lábios pousaram no meu pescoço e subiram levemente me causando arrepios até o canto da minha boca, a onde ele beijou devagar, e aos poucos o medo foi sumindo, dando espaço somente ao amor e a felicidade que sentia nos braços de Luan. Um sorriso apareceu no meu rosto quando Luan se afastou. Eu não estava tremendo e isso era um bom sinal. Ele deve ter percebido, pois sorriu também. Mas então sua expressão mudou para surpresa e seus olhos arregalaram.

— A mangueira! – Ele disse pegando-a no chão e correndo para desligá-la, enquanto eu ria. Ele a enrolou novamente na parede e voltou me abraçando novamente contra o carro, depositando praticamente todo o peso em mim. Ele deveria estar cansado.

— Quer ir dormir? – Perguntei.

— Não, eu estou bem.

— Tem certeza?

— Absoluta. Eu ainda poderia vencer você numa corrida fácil. – Ele disse rindo com a cabeça apoiada no meu ombro.

— Duvido. – Disse mesmo sabendo que isso não era difícil.

— Isso é um desafio? – Ele perguntou se afastando.

— Talvez. – Respondi encarando divertidamente e ele me olhou com aquela expressão de garoto travesso que eu tanto adorava.

— Te dou cinco segundos de vantagem. – Ele disse e eu corri antes mesmo de pensar. – 1…2… – Já estava correndo entre os carros enquanto ele contava. Eu sabia que deveria estar muito cansada, mas minha mente estava em êxtase, querendo aproveitar cada segundo com Luan. — …5. – E ele saiu correndo atrás de mim, enquanto eu tentava olhar para trás e não tropeçar ao mesmo tempo. O driblei entre alguns carros correndo em volta deles, mas em pouco tempo Luan já havia me alcançado, nos derrubando no chão ofegantes, atrás de um Civic prata.

— Estamos parecendo duas crianças. – Ele disse retomando o fôlego e encostando no carro, enquanto eu sentava de lado apoiada na sua perna.

— Você se importa? – Perguntei intrigada.

— Nenhum pouco. Não me divirto assim desde aquele dia na praia. – Ele disse tirando o boné da minha cabeça e colocando de lado.

— Já tomou banho de mangueira antes?

— Sem acabar no chão com o Puff me lambendo não. – Ele disse e eu não segurei o riso.

— O Puff te lambendo?

— Puff é o cachorro da minha irmã.

— Eu sei. – Disse ainda surpresa. Eu sabia praticamente tudo sobre o Luan, mas esse não era o tipo de cena que eu costumava imaginar, e saber cada vez mais da sua vida fora dos palcos era incrível. – Só faltou ele aqui então, porque no chão você já está.

— Realmente. Mas tem coisas melhores que você pode fazer.

— O que? – Perguntei desconfiada.

— Me encher de beijos, por exemplo. – Ele sugeriu como quem não quer nada.

— Acho que isso eu posso resolver. – Disse divertidamente. E ele me puxou para ele, enquanto eu colocava as duas mãos em seu rosto molhado e o enchia de curtos beijos estralados. Era inexplicável a sensação que Luan me causava, era felicidade, segurança, amizade, companheirismo, paz, e principalmente amor. Dentre de outros milhares de sentimentos embolados e na mesma intensidade. Eu não me via mais longe dele, era como se ele fosse a bússola que me guiava para o caminho certo, do qual eu ficaria totalmente perdida se acaso perdesse.  Ele era parte de mim e o alicerce que sustentava toda a minha vida, me mantendo em pé. O último lugar onde escolhi beijar Luan foi nos lábios, que apesar de estarmos molhados se mantinham quentes. Lhe dei um longo selinho e me afastei fechando os olhos e tirando as mãos do seu rosto.

— O que foi? – Ele perguntou.

— Ainda posso te ver perfeitamente de olhos fechados. – Eu disse sorrindo. Então senti sua mão na minha nuca enquanto a outra abraçava a minha cintura me puxando para mais perto, me beijando novamente em uma intensidade ainda maior. Tentei não pensar em nada naquele momento, apenas senti seus lábios urgentes nos meus, como alguém que finalmente encontrou algo do qual passou a vida inteira procurando. Um barulho vindo do outro lado da garagem nos fez afastarmos bruscamente e olharmos assustados para onde alguém havia derrubado alguma coisa. Luan me puxou para o lado, nos deixando entre o carro e a parede e ficamos espiando. Era um casal que acabara de entrar na garagem carregando uma caixa de papelão e que provavelmente haviam derrubado as chaves no chão nos alertando.

— O que houve aqui? – A mulher perguntou em um tom de voz indignado. Pelo que parecia eles eram donos de um dos carros que eu e Luan havíamos molhado sem querer.

— Você mandou lavar o carro? – O homem perguntou ainda com a caixa nos braços.

— Claro que não. – Ela respondeu impaciente.

— Isso está uma bagunça. – Ele disse colocando a caixa no banco de trás do carro.

— É muita falta de ética. Você deixa seu carro em perfeitas condições em uma garagem e o encontra totalmente molhado, vai saber se também não foi riscado.

— Parece tudo bem. – O homem disse calmamente analisando a pintura. – A onde você vai?

— Reclamar, é claro. – Ela disse saindo, com o homem logo atrás, em direção ao saguão.

— Acho que ela não está num bom dia. – Disse para Luan ainda agachada.

— Com certeza não. Acho melhor irmos pegar as nossas coisas.

— E se eles voltarem e nos encontrarem.

— A gente diz que já estava assim quando chegamos.

— Luan nós estamos completamente molhados. – O lembrei e ele fez uma careta.

— Então só tem um jeito.

— Qual?

— Correr. – Ele disse e por um momento achei que ele estivesse brincando, mas então ele já estava pegando o boné do chão e corremos em direção ao carro. Eu guardei os dois celulares no bolso, Luan pegou o resto das coisas e corremos para área dos fundos, molhando todo o elevador de serviço.

— Você acha que isso pode dar algum problema? – Perguntei.

— Acho que não.

— Mas e se tiver câmera?

— Quando você chegou aqui alguém te falou alguma coisa sobre não molhar os carros da garagem?

— Não. – Respondi confusa.

— Para mim também não. – Ele deu com os ombros e caímos na risada. Assim que o elevador abriu no quinto andar, verificamos se não havia ninguém pelos corredores antes de sair. Não por medo de sermos pego por causa do carro, mas por estamos pingando água e molhando todo o chão. — Então essa é a hora que nos despedimos? – Ele disse enquanto eu parava de costas para a porta de número 215.

— Parece que sim. – Eu disse disfarçando a tristeza em ver aquela noite acabando. – Foi uma ótima noite!

— Foi sim.

— Eu vou te ver hoje ainda?

— Provavelmente não, eu tenho a entrevista na rádio, passagem de som e uma coletiva de imprensa à tarde.

— Para que a coletiva?

— É sobre nosso novo projeto.

— Hum. – Disse pensativa. — Até mais então, vou sentir saudades.

— Eu também vou, muitas mesmo! – Ele disse enquanto me beijava rapidamente.

— Tchau! – Eu disse sorrindo tristemente enquanto abria a porta do quarto. E assim que me virei para entrar, Luan me puxou pelo braço me beijando urgentemente, e me empurrando para dentro do quarto. Ele jogou no chão todas as coisas que segurava e me abraçou pela cintura, enroscando uma das mãos em meus cabelos, e fechando a porta atrás de si com os pés enquanto me levava em direção a cama.

 



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