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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e um


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 61 - Capítulo sessenta e um


Estava caminhando em direção há algum lugar desconhecido. Era completamente escuro e o vento gelado parecia cortar a minha pele como lâminas afiadas. Não sabia a onde estava e sentia medo, muito medo. A única coisa que sabia era que estava descalço, pois podia sentir as pedras e folhas secas machucando meus pés. Continuei caminhando devagar, as mãos esticadas a frente a procura de alguma coisa. A onde estava? Será que tinha voltado para a trilha? Por que não enxergava nada? Já estava ficando desesperada quando minha mão encontrou um tipo de tecido pesado. Parecia uma passagem e eu a afastei com dificuldade. Então a claridade machucou meus olhos. Era uma campina no meio de alguma floresta, o céu estava cinzento e havia vários pássaros sobrevoando o local. O vento vergastava meu cabelo e eu percebi que estava usando um vestido branco. Não era qualquer vestido branco, ele arrastava no chão e tinha a manga toda bordada em pedrinhas.

Senti meu coração gelar ao olhar para baixo. Minha barriga! O que havia com a minha barriga? Estava enorme sobre o vestido rodado. Levei as duas mãos até ela e senti algo mexer dentro de mim. Então a compreensão me invadiu. Estava grávida! Oh céus, como isso era possível? Olhei a minha volta a procura de alguma saída, queria entender a onde estava e porque estava vestida daquela forma, então avistei algumas pessoas há alguns metros de mim. Não conseguia identificar quem eram, mas decidi caminhar até eles para pedir ajuda. Apesar do medo que me invadia, eu continuava caminhando, e enquanto me aproximava as imagens iam ficando cada vez mais nítidas.

Parecia ser um grupo de umas vinte pessoas e estavam todas sentadas em duas fileiras de cadeiras enfeitadas, de costas para mim. Elas não se falavam, pareciam inertes em um tipo de encantamento. Quando já estava perto, todos viraram para me olhar e então os rostos se tornaram conhecidos. Congelei no início do corredor entre as duas fileiras e fiquei observando-os cautelosa. Vi Guilherme em um canto me olhando confuso, ao lado dele estava Julia e Marion, Julia não me olhava e Marion apenas ria abertamente.

Desviei o olhar deles e encontrei meus pais, meu irmão e Cristina mais a frente me encarando chocados e minha mãe chorava. O que estava havendo? E então vi Luan parado a minha frente há uns cinco metros de mim, no fim do corredor. Estava lindo como um anjo e ainda vestia o mesmo smoking preto com a gravata borboleta cor-de-rosa. Meu coração deu um solavanco e o meu único desejo era correr e abraçá-lo. Comecei a andar rápido em direção a ele, todo o medo de repente desaparecendo por completo, mas então algo me fez congelar no meio do caminho. Havia dor nos olhos de Luan, ele estava sofrendo. Senti meu coração despedaçar. O que estava havendo? Olhei a minha volta a procura de uma resposta e minhas mãos pousaram na minha barriga, entendendo então o que estava acontecendo.

— Por quê? – Luan perguntou tristemente. Seus lábios não se moviam, mas eu podia ouvir claramente sua voz amargurada na minha cabeça. Senti minha garganta dar um nó e não consegui me mover por nem um centímetro. Eu queria correr até ele, queria dizer que sentia muito, mas só conseguia olhá-lo desesperadamente. Eu não queria causá-lo dor, eu não tinha esse direito e vê-lo daquela forma me matava por dentro. Olhei para as pessoas que ainda me encaravam em silêncio, havia rostos que eu não reconhecia, mas eram os dos meus pais que se destacavam em meios aos olhos curiosos.

— Eu confiei em você Luiza. – Ouvi meu pai dizer com pesar.

— Uma vergonha para a nossa família, uma vergonha… – Minha mãe sibilou entre as lágrimas. Por que eu estava fazendo isso? Por que eu estava causando dor nas pessoas que eu amava? As lágrimas rolaram pelo meu rosto e nada saía pela minha boca.

— Por que você fez isso com a minha vida? – Luan perguntou. Ainda havia dor em seu rosto, dor causada por mim. Não, eu não podia fazer isso com ele, não podia. Eu queria abraçá-lo, queria dizer que ficaria tudo bem, que ele não precisava fazer aquilo, e que eu não queria fazê-lo mal, não queria estragar a sua vida. Mas eu não conseguia me mover, não conseguia falar, conseguia apenas chorar enquanto sentia meu coração despedaçando. Então todos começaram a falar ao mesmo tempo e todo o cenário passou a rodar a minha volta, transformando tudo em um enorme borrão, me deixando tonta.

— Luiza, Luiza. – Alguém me chamava. Mas eu não conseguia distinguir da onde vinha essa voz. Eu apenas chorava e abraçava a minha barriga enquanto as imagens das pessoas que mais amava sofrendo por minha causa pairavam na minha cabeça. – Luiza acorda. Abri os olhos assustava e encontrei Luan me olhando com cautela. – Você estava se debatendo. – Ele disse. Eu sentia meu rosto molhado e meu coração batendo violentamente. Tentei olhar ao redor, ainda estava no mesmo quarto de hotel, sobre a fraca luz que escapava pelas cortinas, com Luan deitado ao meu lado. Havia sido tão real, mas agora ele estava ali, e não havia dor em seus olhos. – Pesadelo? – Luan perguntou limpando as minhas lágrimas com os dedos enquanto eu tentava me acalmar. Eu assenti ainda sem conseguir dizer nada. – Quer me contar? – Ele perguntou.

— Agora não. – Me forcei a dizer, e minha voz saiu falhada. As cenas do sonho passando como um slide na minha cabeça enquanto eu tentava afastá-las. Aquilo não iria acontecer, não iria.

— Tudo bem. – Luan disse me puxando para o seu peito e me abraçando apertado. – Pode dormir, ainda está cedo. – Eu assenti respirando fundo. — Foi só um pesadelo, está tudo bem agora. – Ele disse me dando um beijo na testa e me apertando ainda mais em seus braços. E aos poucos, meu coração foi se aquietando e as imagens sumindo da minha cabeça, enquanto Luan cantarolava baixinho a melodia de Isn’t she lovely até eu adormecer novamente, me sentindo imensamente segura. Fora apenas um sonho ruim.

Acordei com a cabeça doendo, me sentindo um pouco tonta. Provavelmente havia dormido demais, mas felizmente não havia sonhado com mais nada. Levei algum tempo para me lembrar de onde estava e me virei para procurar Luan, encontrando a cama vazia ao meu lado. Levantei confusa, notando o lençol úmido e as roupas jogadas no chão. Na porta do banheiro encontrei um bilhete.

“Luly, tive que sair mais cedo e não queria te acordar. O motorista vai te buscar às duas e meia. Não consegui programar seu celular para despertar, me liga se perder a hora. Foi uma noite incrível, já estou com saudades! Luan.”

Retirei o bilhete da porta, lendo-o por mais duas vezes sem conseguir segurar o sorriso que se formava em meu rosto com aquelas palavras escritas em sua caligrafia torta. Dobrei o bilhete e o guardei dentro da minha bolsa em cima da mesa, encontrando o meu livro azul turquesa de capa de camurça. Ele era tudo o que eu precisava, mas teria que esperar mais alguns momentos. Coloquei o diário sobre a cama e olhei a hora no celular, era uma e quinze da tarde, ainda tinha algum tempo.

Entrei no banheiro me assustando com a bagunça, havia peças de roupas no chão, junto com sabonetes e sais de banho espalhados. Peguei a minha blusa vermelha ainda toda molhada, torcendo e pendurando próxima a pia. Tomei banho rapidamente, dessa vez no chuveiro. Como já era de se esperar meu cabelo estava um emaranhado e eu demorei longos minutos para conseguir desembaraçá-lo. O sequei sem paciência, mas não poderia chegar em casa com o cabelo molhado ou levantaria suspeitas.

Ao abrir a mala encontrei o vestido branco que havia usado na tarde anterior e senti meu estomago revirar pelas imagens do sonho que vieram à tona na minha cabeça, que eu rapidamente tornei a afastá-las, enfiando o vestido no fundo da mala. Não era o mesmo vestido, mas era branco e havia me causado uma sensação ruim. Por fim escolhi um outro florido e em pouco tempo estava pronta, livre para o que tanto queria fazer, escrever sobre o que havia acontecido. Peguei o livro azul turquesa, a caneta que havia trazido e sentei na beirada cama, deixando que as lembranças da noite passada tomassem conta da minha mente. Não era mais noite, mas assim queria chamar.

Querido diário,

Não estava me aguentando de ansiedade para te contar o que aconteceu hoje de manhã. O Luan disse meu nome! Mas não de qualquer forma, ele disse meu nome dormindo! Estou quase flutuando de felicidade! Será que ele estava sonhando comigo? Eu não sabia que ele fala enquanto dorme ou não havia reparado. Mas enfim, vou contar como aconteceu. Vou começar pelo o que houve hoje de manhã e depois explico tudo sobre ontem a noite enquanto estiver no avião a caminho de casa. Por falar nisso, acho que a Cristina vai me matar, preciso pensar em algo caso o Fred tiver aparecido lá e não me encontrado. Hoje de manhã foi mágico, não sei nem como explicar.

Eu pensei que Luan nunca mais iria encostar em mim depois do que aconteceu, mas eu estava completamente enganada. É claro que ele tomou os devidos cuidados dessa vez. Ele me deixou esperando aqui alguns minutos e foi até o quarto dele. Acho que a vergonha está me consumindo por falar sobre isso, sem contar os pensamentos e dúvidas que estão na minha cabeça agora. Portanto vou ser breve sobre esse assunto. Já estava quase dormindo quando ele voltou para o quarto, me puxando para o banheiro.

Acho que ele ainda não tinha mexido com água o suficiente, então quis entrar na banheira. É claro que eu me recusei, estava morrendo de vergonha. Mas é claro que não adiantou, ele me jogou de roupa e tudo. O Luan ainda não entendeu que cenas de novelas não dão tão certo com a gente, somos desastrados demais para não torná-la cômica. Apesar da vergonha que foi passando aos pouquinhos, foi realmente incrível. Oh céus, não quero contar detalhes! Mas ele foi complemente carinhoso e delicado comigo. Por que ele é sempre tão perfeito? Isso é constrangedor!

Ficamos conversando sobre música, e eu perguntei a ele qual ele havia dito que cantaria depois. Então ele começou a cantarolar Isn’t she lovely no seu inglês arranhado, dizendo que se lembrava de mim quando a ouvia. Confesso que fiquei um pouco confusa, pois essa música havia sido feita para uma criança. Ele disse que levando em consideração que eu era a sua menina, a música dava certo para mim, tirando algumas partes. Ele citou o pouco que lembrava da tradução, como “Ela não é adorável? Ela não é maravilhosa? Eu nunca pensei que o amor fosse assim.” E eu quase transbordei de emoção.

Acho que um dia Luan ainda me mata de felicidade. O que me faz pensar se é possível morrer de felicidade. Acho que não. Acredito que é possível morrer de amores, mas felicidade não te machuca, nem te leva a loucura total. Luan me perguntou que música eu cantaria para ele, e eu fiquei completamente sem resposta. Não que não houvesse, pelo contrário, haviam várias. Sempre prestei muita atenção em letras de música, pensando em qual delas seria para Luan. Já escrevi muitos refrãos em fotos dele e até mesmo em folhas que eu encontrava. Estou tão acostumada a rabiscar seu nome em qualquer lugar em branco, que até meus professores sabem desse amor enorme que sinto por Luan. Mas é claro que ninguém acredita que um dia poderia se tornar real.

Agora aqui pensando me lembro de várias músicas que poderia ter dito ao Luan, mas na hora apenas uma me veio a cabeça. Eu disse que ele iria rir, mas ele prometeu que não. Então comecei a cantar um pedacinho de Velha infância, morrendo de vergonha. Mas ele conhecia a música e cantou o restante junto comigo, sua voz tão linda se sobressaindo a minha. É incrível como a música ficou ainda mais encantadora no seu timbre de voz. Não é o tipo de música que você vê Luan cantando por aí, então para mim foi duas vezes mais emocionante. Ele sempre tão gentil, sempre tão atencioso, que chega a ser um insulto a qualquer outro ser humano existente no mundo.

Você deve estar pensando que sou exagerada, mas nenhuma palavra descreveria Luan, e qualquer coisa que eu escreva aqui ainda seria muito pouco. Quando as coisas passaram a ficar mais intensas e as roupas começaram a diminuir. As minhas, porque… Oh céus, eu tenho mesmo que dizer que ele já estava sem? Que vergonha. Eu juro que não olhei! Ok, não olhei muito. Não me julgue, a culpa não é minha. A culpa é dele por ser completamente e minuciosamente perfeito. Isso não é justo! Você deve estar se perguntando por que estou escrevendo diferente hoje, acho que estou entusiasmada e envergonhada demais, e não sei como falar nesse assunto, ainda bem que não tenho que dizer em voz alta.

Então, quando as coisas começaram a ficar mais intensas, Luan me pegou com colo e me levou até a cama, molhando todo o chão. Mais tarde disse a ele que pelo tanto de água que havíamos desperdiçado, teríamos que plantar uma floresta para compensar. Ele deu risada, mas disse que concordava que teríamos que compensar de alguma forma e economizar da próxima vez, pelo bem do planeta. Eu me pergunto agora por que sempre quando estou com Luan é como se o resto do mundo não existisse, como se apenas ele me completasse? É um pouco estranho sentir tudo isso, mas estar com ele é a melhor coisa do mundo.

E hoje de manhã tudo foi tão intenso, e de certa forma diferente. Havia sentimentos e sensações novas, que eu nunca havia pensando que pudesse sentir. Não foi como o medo e a adrenalina da cachoeira. Foi mais tranquilo, mas ainda assim forte e intenso. Havia uma ligação muito grande entre nós dois, algo que está além do nosso entendimento. Mas penso que esse tipo de coisa não é preciso entender, é preciso apenas sentir. E Luan foi incrível, literalmente incrível, em todas as partes e em todos os sentidos.

Não conversamos muito depois, ele apenas me abraçou e ficou mexendo no meu cabelo molhado. Estávamos cansados demais para falar qualquer coisa, mas não era preciso dizer nada, tudo estava nas entrelinhas. Luan dormiu primeiro que eu, ele não estava se mexendo tanto, mas dessa vez ele começou a falar. No começo achei que ele estava falando comigo, mas então vi que estava dormindo e provavelmente sonhando. Não resisti a ficar apenas olhando-o dormir, tão lindo e angelical como uma criança, daquelas que te desperta um instinto incomparável, do qual te dá vontade de pegar no colo e proteger para sempre. Luan não tem tamanho e nem idade, mas sempre será o meu menino, e eu poderia fazer qualquer coisa para tentar protegê-lo de quem quer que seja que possa machucá-lo.

Não eram palavras muito claras as que ele dizia, mas era possível entender alguma delas. Parecia que ele estava conversando com a mãe, pois dizia “Não mãe, essa não”. Acho que ele estava sentindo a falta dela. Mas logo começou a falar com a Dagmar, ele dizia algo sobre perguntas e alguma coisa que iria começar, não consegui entender muito bem. Então ele disse o meu nome. Claramente, com todas as letras, ele disse “Luiza”. Eu não sabia se ria ou se chorava. Você não faz ideia da emoção que é. O Luan, o meu Luan disse meu nome enquanto dormia! Acho que poderia sair gritando de felicidade agora, nunca imaginava que algo assim pudesse acontecer. Ele não falou mais nada depois disso, ou pelo menos eu não ouvi. Estava cansada demais para continuar acordada. Então tive um sonho horrível. Estava grávida e me casando com Luan. Parece até uma cena feliz, mas não foi. Foi sombrio e assustador. Luan não estava feliz, e só de lembrar as imagens do seu rosto abatido me dá um aperto no coração.

Eu não sei o que vai acontecer de agora em diante, mas eu não quero que aconteça isso. Não quero estragar a vida do Luan. Ele tem tudo que ele sempre sonhou, tem uma carreira linda, tem milhares de fãs e um sucesso esplendido. Não quero atrapalhar, não quero revirar a sua vida e o dar mais uma preocupação. Eu não sei o que fazer, não sei nem o que pensar. Estou tentando manter a calma e esperar, não posso perder a cabeça, não quero ver o Luan desesperado outra vez. Pelas minhas contas tenho que esperar oito dias para ter certeza de que está tudo certo. Quer dizer, eu acho que são oito dias, minha menstruação sempre foi tão desregulada, mas acho que tem que vir até o dia quinze, ou estou perdida. Nunca desejei tanto esses dias do mês quanto agora.

É melhor não me desesperar ainda e começar a arrumar minhas coisas para voltar para Três Lagoas, ainda preciso ver se encontro a Marla e pensar no que vou falar para Cristina. Escrevo tudo sobre o resto da noite no avião, eu prometo.

Não estava com o mesmo entusiasmo do começo quando escrevi a última linha, mas ele voltou assim que eu reli tudo que havia escrito, e acrescentei logo abaixo: Preciso me lembrar de esconder muito bem esse diário, pois se a minha mãe pegar eu estarei perdida! E o fechei, guardando-o de volta na minha bolsa.

Arrumei todas as coisas, mas não sabia o que fazer com as roupas molhadas. Tive a péssima ideia de tentar secá-las com o secador, mas não resolveu. Guardei tudo em uma sacola e resolvi procurar a Marla antes de levar a mala para o saguão. A encontrei na porta do quarto, ela disse que estava indo para o local a onde seria a coletiva de imprensa. Entreguei para ela o brinco e o colar e a agradeci por tudo. Ela me acompanhou no elevador até o andar debaixo e me abraçou rapidamente, me desejando uma boa viagem.

Voltei para o meu quarto, pegando a minha mala que já estava próxima a porta, algo parecia estar incompleto, não havia me despedido de Luan e já sentia falta do seu abraço. Dei uma última olhada no local, sentindo dó da camareira que fosse limpá-lo, mas era aquele quarto completamente bagunçado que havia me proporcionado uma das melhores lembranças da minha vida.

 



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