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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e dois


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 62 - Capítulo sessenta e dois


Devolvi o cartão para o senhor de bigodes na portaria e ele me indicou o motorista que já estava me esperando. Não era o mesmo que havia me levado, mas fazia parte da mesma companhia de táxi. Ele era bem mais silencioso, então permanecemos quietos por todo o trajeto. Por mais que dissesse que não era necessário, ele carregou a minha mala até dentro do aeroporto, e conversou com uma das atendentes para autorizar a minha entrada na pista de pouso. Enquanto esperava, decidi procurar pela lanchonete, pois estava com fome. Em pouco tempo o motorista já estava me alcançando, perguntando a onde eu estava indo.

- Até a lanchonete. – Respondi como se fosse óbvio, sem entender o porquê de ele ter me perguntado daquela maneira. Então ele não me disse nada, apenas me acompanhou como se fosse meu guarda-costas, me deixando completamente incomodada. Isso não poderia ser ordem de Luan, não fazia o menor sentido, mas resolvi não questionar e fingir que ele não estava me seguindo. Não achei nada que quisesse na lanchonete, então comprei um refrigerante e algumas balas. Resolvi ligar para Cris e pedir desculpas pelo atraso enquanto voltava para as poltronas do aeroporto.

- Até que enfim deu notícias. – Ela disse atendendo no primeiro toque.

- Desculpa Cris, é que houve alguns…

- Não precisa se desculpar. – Ela me interrompeu calmamente. – Está tudo bem.

- O Fred apareceu? – Perguntei confusa.

- Não. Seu irmão resolveu passar o dia inteiro jogando bola. Provavelmente para se vingar da noite das garotas. – Ela disse rindo.

- Isso é bem a cara dele.

- Homens! Quem os entende? – Sabia que era uma pergunta retórica, por isso apenas dei risada. E mesmo se não fosse, não saberia responder. Mas estava feliz com Luan dessa forma, mesmo sem entendê-lo algumas vezes. Penso que essa seja uma característica própria dos seres humanos, ninguém é igual, portanto não pensam, nem agem igual e temos que aprender a lidar com as diferenças. E eu gostava da forma que Luan era e não queria mudá-lo em nada, assim como sabia que Cristina estava com Fred exatamente pelo que ele era, com todas as suas infantilidades e imperfeições.

- Cris, você poderia me buscar na pista de pouso?

- Você já está aqui?

- Não, mas não demoro.

- Então me liga assim que chegar e eu vou sem problemas.

- Obrigada Cris, você é um anjo. – Disse sinceramente.

- Exagerada. – Ela disse rindo do outro lado da linha. Assim que desliguei o telefone o motorista avisou que eu iria entrar pelo portão de desembarque e me levou até lá. O jato de Luan era o que estava mais próximo e o primeiro que eu avistei. Agradeci ao rapaz, peguei minha mala, e caminhei depressa até lá. Avistei Lucas já na cabine da aeronave, enquanto Nilton pegava alguma coisa na parte de trás, pelo lado de fora.

- Boa tarde. – Ele disse animado. – Pronta para ir para casa?

- Claro. – Disse sorrindo educadamente, mesmo sabendo que na verdade gostaria de ficar e poder assistir ao show de Luan. Ele me deu espaço para passar e me desejou uma boa viagem, enquanto Lucas me cumprimentava. Durante a decolagem deixei meus pensamentos vagarem, era mais fácil driblar o medo com a cabeça ocupada. Me perguntava quando seria o próximo show de Luan que eu poderia ir. Era tão difícil não ter uma certeza, uma data em que eu pudesse depositar todas as minhas esperanças. Só Deus sabe o quanto sentia falta de vê-lo em cima de um palco levando alegria a todo o seu público. O quanto sentia falta de estar na primeira fileira, gritando e sendo empurrada na multidão sem nem ao menos sentir, pois ele estava na minha frente e nada mais importava.

Eu precisava daquilo, eu precisava sentir meu coração bater descompassadamente a cada nota musical, sentir minhas pernas tremerem e as lágrimas rolarem pelo meu rosto de emoção pelo timbre da sua voz. Eu precisava senti-lo não só como homem, mas como ídolo, que é o que ele seria pelo resto da minha vida. Como havia prometido, passei o resto da viagem escrevendo no diário e contando detalhadamente tudo que havia acontecido nas últimas vinte e quatro horas. Assim que o jato pousou, Nilton me ajudou com a mala, eu agradeci aos dois e liguei para Cristina, que não demorou a chegar.

- Me conta tudo. – Ela disse animada enquanto eu entrava no carro.

- O que você quer saber? – Perguntei timidamente.

- Tudo.

- São tantas coisas. – Suspirei.

- Tenho a tarde toda para ouvir. – Ela deu com os ombros.

- A minha mãe não te ligou? – Perguntei confusa, lembrando que talvez meu celular estivesse fora de área.

- Não, parece que ela foi almoçar na casa do professor.

- Hum.

- Esse professor mora sozinho?

- Parece que sim. – Eu disse obviando nenhum pouco interessada em falar sobre Bortolotto.

- O que acha de darmos uma volta pela cidade? É feriado, não vamos ficar enfornadas sozinhas naquela casa. – Ela sugeriu.

- Por mim tudo bem.

- Você aproveita e me conta tudo sobre a viagem.

- Tudo bem. – Disse derrotada, sabia que ela não deixaria passar. Compramos milk shake e chocolate e nos sentamos embaixo de uma arvore na lagoa, um dos principais pontos turísticos da cidade. Havia bastante gente ali, pessoas fazendo piqueniques, crianças brincando no parquinho, até alguns caminhando em volta do grande lago verde, a onde os patos nadavam tranquilamente. Sempre gostei daquele lugar, era muito tranquilo, exceto aos domingos, mas não podia culpar as pessoas de quererem se divertir além do que a cidade proporcionava.

Contei para Cristina quase tudo que havia acontecido, tomando cuidado para não citar o ocorrido na cachoeira, não queria deixar mais alguém preocupado com essa história. Ela ouviu tudo entusiasmada e disse que estava feliz por mim, e que por mais que não me conhecesse antes, podia sentir meu amor por Luan. Voltamos para casa no fim da tarde, e Cristina subiu até meu quarto já que Fred e minha mão ainda não haviam voltado. Ela se sentou na cadeira do computador enquanto eu colocava a mala na cama, iria aproveitar o meu entusiasmo para desfazê-la antes que alguém a visse. Coloquei a bolsa em cima da mesinha e comecei a tirar as roupas de dentro da mala.

Peguei a sacola de roupas molhadas, iria separá-las para levar até a lavanderia, mas assim que fui colocá-las sobre a mesa, esbarrei na minha bolsa, derrubando-a no chão. Cristina que estava falando sobre um projeto na faculdade se abaixou no impulso para pegá-la, antes que eu pudesse impedir, encontrando a caixa da pílula do dia seguinte.

Cristina pegou a caixa na mão analisando-a, enquanto eu desabava na cama abatida. O que faria agora?

- Isso é o que eu estou pensando? – Ela perguntou, seus grandes olhos amendoados me fitando preocupada. Eu assenti desviando o olhar. – Meu Deus Luiza! – Olhei para ela receosa e ela me encarava perplexa, provavelmente ainda sem acreditar. – Como isso aconteceu? – Respirei fundo criando coragem, teria que falar de um jeito ou de outro. Expliquei para ela as partes da viagem que havia omitido e ela ouviu sem interromper, o queixo apoiado sobre a mão, os olhos atentos, mas sem demonstrar nenhuma reação. Assim que terminei de falar me senti aliviada por dividir aquilo com alguém, e ela se sentou ao meu lado na cama. – Você sabe que isso é muito arriscado, não sabe? – Ela disse apontando para a caixa da pílula, mais tranquila do que eu imaginava que ela ficaria.

- Sei. – Disse quase num sussurro. – Eu estou com tanto medo Cris. – Admiti sentindo as lágrimas já rolarem pelo meu rosto.

- Calma, vai ficar tudo bem. – Ela me abraçou um pouco sem jeito. – Precisamos pensar no que fazer agora. – Ela disse ao me soltar. – Acho que você precisa procurar um médico.

- Médico? – Perguntei um pouco confusa.

- Sim, um ginecologista. Ele vai saber te aconselhar melhor.

- Não Cris. – Sempre tive receio em ir a um ginecologista, talvez por medo ou vergonha e não queria ter que ir agora que tantas coisas haviam mudado em mim.

- Luiza é para o seu bem.

- Eu sei, mas eu prefiro esperar mais um pouco. – Ela torceu o canto dos lábios em desaprovação. – Por favor Cris. – Pedi.

- Tudo bem. E você acha que está… – Ela hesitou em terminar a frase.

- Não sei. – Disse tentando esconder o pânico na minha voz.

- Em todo caso é cedo demais para ter qualquer tipo de certeza.

- E quanto tempo demora? – Sempre fui muito boa em biologia, mas não conseguia me lembrar de nada, só sabia que talvez fosse muito cedo.

- Vinte e quatro horas no máximo. – Ela disse pesarosamente.

- Isso significa que eu já posso estar… grávida? – Senti minha voz falhar na última palavra.

- Não. – Ela falou rapidamente. – O processo de divisão celular e de fixação do óvulo no útero demora mais tempo.

- Quanto?

- No máximo uma semana para ter certeza. – Eu respirei fundo, tentando manter a calma.

- Ok. – Disse por fim, não precisava preocupá-la também.

- Vamos esperar os oito dias Luiza, mas se acaso a sua menstruação não vier nós vamos ao médico e eu vou te levar no laboratório para fazer um exame de sangue.

- Ficou louca?  Se o Frederico souber sobre isso eu nem sei o que ele é capaz de fazer! – Disse desesperadamente.

- Calma, é só você ir de manhã. Ele não vai saber, eu prometo.

- O Fred é seu namorado, você não devia ficar mentindo para ele por mim Cris.

- Luiza, te ajudar é o mínimo que eu posso fazer por vocês terem me acolhido tão bem na sua família – Ela disse tocando de leve na minha mão.

- Se depender de mim você já uma Villar. – Disse sinceramente.

- Obrigada. Você tem sido uma grande amiga.

- Eu? A única coisa que eu tenho feito é te pedir favores.

- Você sim. Antes eu não tinha amigas, agora eu tenho você.

- Então somos duas. – Eu disse sorrindo calorosamente.

- O que acha de fazermos alguma coisa para o jantar?

- Acho ótimo! – Disse animada. Não éramos grandes chefes de cozinha, mas eu estava aceitando qualquer coisa que me ocupasse a cabeça. Cristina pegou na internet uma receita de macarrão ao molho rosé e assim que eu terminei de desfazer as malas fomos para a cozinha preparar nosso jantar. Dessa vez não precisamos nos sujar de farinha de trigo, então foi bem mais tranquilo e enquanto cozinhávamos eu fui perguntando a ela tudo sobre o processo de fecundação do óvulo. Minha mãe e Fred chegaram quase na mesma hora, bem a tempo de jantar conosco.

Tudo estava muito bem, minha mãe engoliu a nossa história de termos passado a noite conversando e comendo chocolate, se bem que ela estava mais fácil de digerir do que nosso macarrão grudento. E após tomar banho Fred veio nos contar tudo sobre o jogo numa empolgação exagerada. Até que eu olhei no relógio de relance e quase cai da cadeira ao ver a hora. Saí correndo para o meu quarto sem me importar se alguém acharia isso estranho, peguei meu celular assustada, já havia despertado há uma hora. E agora? Será que teria algum problema?

Peguei a pílula de dentro da caixa já desesperada. Não havia como voltar na cozinha, então fui até o banheiro, abrindo a torneira e pegando um pouco de água com a mão para poder engolir o remédio. Fiquei curvada na pia por algum tempo tentando controlar a respiração, não acreditava que havia esquecido algo tão importante. Passei a mão molhada na testa e na nuca. Não haveria problema e tudo ficaria bem. Eu repetia para mim mesma. Por fim resolvi descer ou levantaria suspeitas. Respirei fundo e voltei para a cozinha, todos estavam conversando novamente, mas me olharam confusos assim que voltei a sentar no meu lugar.

- Achei que estava tocando. – Disse mostrando o celular em minha mão.

- Mas que ligação tão importante é essa que te fez sair tropeçando para atender? – Minha mãe perguntou desconfiada.

- O Guilherme ficou de me ligar para falar sobre o nosso projeto na feira de ciências. – Falei a primeira desculpa que veio a cabeça, sempre fui péssima em improvisar.

- Quem é Guilherme?

- Meu parceiro de laboratório.

- E você está preocupada assim com o trabalho para a feira de ciências ou com a ligação desse Guilherme?

- Claro que é com o trabalho mãe. – Protestei.

- Hum. Mas é bom que você se interesse por algum rapaz e esquece um pouco esse Luan Santana.

- Mãe eu não estou interessada em ninguém e deixa o Luan fora disso. – Disse tentando controlar meu tom de voz, não podia abusar com a minha mãe.

- Eu falo para o seu bem Luiza, você vive em função desse menino e isso só vai te fazer mal.

- Mãe, por favor. O Luan não me faz mal. – Fazia tempo que ela não começava com essa história. Eu sabia que ela apenas se preocupava, mas eu tinha o direito de escolher como viveria a minha vida.

- Mas você vai acabar perdendo toda a sua juventude atrás de alguém que não te conhece. – Senti as últimas palavras se sobressaírem no seu tom de voz. Em outros tempos aquelas palavras teriam me machucado muito. Eu sei o quanto é difícil ser fã, sei o que é sofrer por amar uma pessoa e não poder tocá-la e ainda ter alguém te lembrando isso o tempo inteiro. Mas dessa vez era diferente, eu havia conseguido, havia realizado meu sonho. Sabia exatamente como era sentir o brilho dos seus olhos e o calor do seu abraço. Meu ídolo me ensinou que apenas quem sonha consegue alcançar seus objetivos. Só Deus sabe o quanto sonhei para finalmente conseguir alcançar, e aquelas palavras não me machucavam mais.

- Não se preocupa com a minha juventude mãe. – Disse calmamente, me levantando e colocando meu prato na pia, voltaria para lavar depois ou estragaria a minha saída triunfal. Subi as escadas indignada, eu sabia que mesmo se visse Luan todos os dias tendo a certeza que nenhuma das críticas que recebia por amá-lo importava, o impulso de sempre defendê-lo e brigar com quem quer que fosse por sua causa nunca iria passar. Peguei meu diário e me joguei na cama, escrevendo rapidamente com a letra tremida de raiva.

Querido diário,

Eu sonho com o dia em que poderei mostrar ao mundo o quanto o Luan me faz bem, me faz feliz e o quanto ele é essencial para a minha vida. Não preciso que entendam, pois sei que é difícil até para mim entender, preciso apenas que aceitem, e que não tentem mudar ou acabar com o meu amor pelo meu ídolo, pois ele não é do tipo que diminui, ele se multiplica a cada segundo. Sei que as pessoas criticam aquilo que não entendem, e sei também que não é fácil entender como é possível amar tanto alguém que nem ao menos te conhece, do qual você só vê pela tela de uma televisão. Mas aprendi que impossível é uma palavra que não existe para o coração de uma fã, e Deus me ensina a cada dia que tudo é possível para quem tem fé e acredita nos seus sonhos. Penso constantemente que quando tiver uma filha e ela escolher ter um ídolo, darei a ela todo apoio que puder, pois eu saberei o que ela sente e o quanto já é difícil sem ter as pessoas te repreendendo, e principalmente saberei o quanto o mínimo de compreensão e respeito fazem toda a diferença.

Estava apenas olhando para o restante da folha em branco, me perguntando o que Luan deveria estar fazendo naquela hora quando Cristina bateu na porta, abrindo-a.

- Está tudo bem? – Ela perguntou. Eu assenti fechando o diário. – O que houve aquela hora que você saiu correndo? – Expliquei para ela que havia perdido a hora de tomar a segunda pílula e ela me disse que achava que não teria problema. Não sabia se ela estava tentando apenas me animar ou estava sendo sincera, mas me senti bem mais aliviada.

Ela voltou para o quarto de Fred e eu resolvi tomar banho e dormir para esquecer todos os problemas. Um pouquinho antes de pegar no sono meu celular tocou e eu pude ver o nome mais lindo que já apareceu na tela do meu celular. A ligação de Luan foi rápida, mas suficiente para me deixar nas nuvens. Ele disse que estava a caminho do show e que já haviam falado que estava lotado. Me perguntou como tinha sido a viagem e disse que já estava com saudades. Desliguei o telefone ainda sorrindo e deixei que meu corpo adormecesse, pois eu sabia que meus pensamentos e meu coração estavam naquele show vendo a minha estrela brilhar.



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