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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e três


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 63 - Capítulo sessenta e três


A semana passou devagar, os oito dias de espera pareciam nunca acabar. Os quatro primeiros foram os mais fáceis. Na sexta-feira levantei para ir para a escola e descobri que não haveria aula ao chegar lá. Voltei para casa bufando, brava com Frederico por não ter me falado nada. Ele me disse que foi dito na quarta-feira, mas não me lembrava de ter ouvido, provavelmente por não estar prestando atenção em absolutamente nada naquele dia. O final de semana passou como qualquer outro, a diferença foi que dessa vez minha mãe insistiu para que todos fossem para o shopping em Andradina no sábado a noite, e isso incluía Bortolotto.

Ela insistiu para que eu chamasse Guilherme para não ter que ficar sozinha entre dois casais, e eu inventei que ele estava viajando. Estava completamente incomodada com minha mãe tentando me arrumar um namorado, não sabia se apresentava Guilherme a ela para mostrar que éramos apenas amigos ou se isso iria piorar ainda mais a situação. Não havia mais ninguém que eu pudesse chamar, mas resolvi não protestar e ir do mesmo jeito.

Sair com os quatro não foi tão ruim quanto eu imaginava, eles não ficaram tão grudados para me lembrar o quanto Luan estava longe de mim e tentaram puxar assunto comigo a noite inteira. Eu nunca fui muito de ter assuntos, a não ser que falassem de Luan, então eu poderia passar a noite inteira falando sem parar. Dizem que a boca fala daquilo que a mente está cheia, e tudo que há em mim estava completamente cheio dele.

Luan me ligou no domingo perguntando como eu estava, eu senti seu tom de voz preocupado, disse a ele que não havia nenhuma novidade, mas que estava esperançosa, iria dar tudo certo. Eu sabia que estava fazendo aquilo somente para tranquilizá-lo, quando na verdade estava completamente desesperada por dentro. Guilherme já me esperava no portão na segunda-feira quando cheguei na escola.

— Bom dia. – Ela disse animado ao me rodopiar.

— Quem é você e o que fez com o meu amigo? – Eu perguntei divertida.

— Não posso ficar feliz?

— Pode, e pode também me contar o motivo.

— Pode dar parabéns para o futuro engenheiro químico. – Ele disse radiante a caminho da sala de aula.

— Como assim?

— Lembra daquela empresa de fertilizante que te falei? – Eu assenti. – Vou começar como aprendiz lá, mas eles me disseram que se eu me sair bem eles vão pagar os meus estudos para trabalhar com eles.

— Nossa Gui, que ótimo! – Disse animada. – Mas Três Lagoas não tem Engenharia química.

— Por isso eu vou fazer na PUCPR.

— Londrina? – Perguntei parando subitamente.

— É, por quê?

— Nada, só gosto da cidade. – Na verdade tinha fascínio por Londrina sem ao menos conhecê-la, somente por ser a cidade onde Luan morava. – Então você vai morar lá? – Perguntei voltando a andar.

— Parece que sim, isso se eu conseguir passar no vestibular.

— Isso é moleza para você.

— Eu espero. Mas você pode ir me visitar sempre que quiser.

— Quem sabe eu não vá estudar com você?

— Sério?

— Estou pensando em prestar vestibular na UEL, o que acha?

— Acho ótimo, é uma excelente universidade.

— É, meu pai me disse. – Der repente uma esperança se formara em mim, eu poderia ir estudar em Londrina e ficar mais perto de Luan.

— Mas há outra novidade.

— Qual?

— Eu conheci alguém.

— Sério Gui? – Perguntei surpresa. Ele assentiu. – E quem é ela?

— O nome dela é Daniela, ela é prima do meu vizinho e acabou de se mudar para Três Lagoas. – Ele disse sorrindo.

— Que lindo!

— Não é lindo Luiza, isso é horrível!

— Por quê?

— Eu que sempre abominei o amor, agora estou aqui parecendo um idiota por uma garota.

— Eu sabia que o mosquitinho do amor ainda iria te picar.

— Não viaja Luiza! – Ele disse me empurrando levemente para o lado. Passamos todo o intervalo falando de Daniela, de como seu cabelo ficava dourado a luz do sol e o quanto seu sotaque carioca era adorável.

— E você tem alguma novidade? – Ele perguntou por fim.

— Não, está tudo igual. – Disse me sentindo culpada por não poder dividir com ele o que estava acontecendo comigo.

— Não fez nenhuma tatuagem e nem vai sair de casa?

— Definitivamente não.

— Sua vida é muito sem graça. – Ele zombou.

— Você nem faz ideia. – Disse segurando o riso.

Na saída da escola passei na casa dele para buscar o Harry, ele me mostrou todos os ovinhos e disse que a reprodução havia sido um sucesso. Voltei para casa animada, conversando com o peixe pelo vidro e dizendo que agora ele era pai e tinha responsabilidades a cumprir, fazendo quem quer que passasse por mim pensar que eu era louca.

Os próximos dias foram agonizantes, nem mesmo a melhora em história havia me animado. Tudo parecia monótono e sombrio a espera de algo acontecer, a espera de uma certeza. A única coisa boa é que Luan passara a ligar com mais frequência, e ouvir a sua voz por poucos minutos que fossem, era maravilhoso. Quinta-feira era o oitavo dia, e a única coisa que me fez suportá-lo foi ter encontrado uma mensagem de Luan no meu celular ao acordar. Ela dizia; “Estou sem sono, mas se já estiver dormindo espero que sonhe comigo!”.

O dia se passou numa mescla de ansiedade e felicidade pela mensagem. Mas nada aconteceu. Cristina insistiu para procurarmos um médico, mas eu recusei dizendo que minha menstruação atrasava normalmente e que ela ainda iria vir. A mesma coisa disse para Luan, e podia sentir a agonia na sua voz a cada resposta negativa minha. E assim vieram a sexta e o sábado sem nenhuma novidade. Meus Deus, dez dias e nada, o que eu faço agora? Me peguei algumas vezes olhando para o espelho a procura de alguma mudança no meu corpo. Estava apavorada, recusava procurar um médico pois tinha medo da resposta. Não sei como lidaria com a ideia de estar grávida e a reprimia com todas as minhas forças.

No domingo Cristina insistiu para que fossemos fazer strogonoff de frango no almoço e eu concordei, o tempo que passava com Cristina ou Guilherme, além das ligações de Luan, era a única coisa que me fazia esquecer um pouco aquela dúvida, aquele medo. Fred estava dormindo no sofá e minha mãe havia saído, então decidimos comer na cozinha assim que ficou pronto.

— Devo dizer que esse foi o melhor prato que já fizemos. – Eu disse divertidamente.

— Com certeza, bem melhor.

— Mas ainda acho que morreríamos de fome caso abríssemos um restaurante.

— De fome não. Teríamos que comer toda a comida, já que não ia ter cliente nenhum. – Ela disse e nós caímos na risada.

De repente senti algo revirar no meu estomago, e a única reação que tive foi levar a mão a boca e sair correndo em direção ao banheiro do Fred que ficava mais próximo. Avistei o vaso e cai de joelhos no piso branco, ouvi Cristina atrás de mim, e ela segurou meu cabelo enquanto eu colocava para fora o pouco que havia comido do strogonoff.

Levantei do chão me sentindo um pouco tonta, mas completamente desesperada, fui até a pia lavando o rosto enquanto Cristina dava descarga. Saí do banheiro desabando na cama de Fred, estava sufocando. Isso não podia estar acontecendo, não podia. A possibilidade de realmente estar grávida passava pela minha cabeça, me deixando apavorada. Oh céus, o que faria agora? Cristina sentou ao meu lado na cama.

— Luiza, precisamos procurar um médico. – Ela disse cautelosa.

— Não é possível Cris, não é possível. – Disse sentindo as lágrimas rolarem descontroladamente pelo meu rosto. – Eu não posso, não posso.

— Nós só podemos ter certeza se você fizer um teste.

— Acho que foi só um mal-estar Cris, deve ter sido pela comida. Já estou bem melhor. – Disse me sentando, tentando convencer a mim mesma. Não queria ter que fazer um teste, ter certeza me dava medo, o resultado poderia ser o que eu não estava esperando.

— Mas Luiza…

— É isso Cris, foi só um mal-estar pela comida. – Disse me levantando e saindo, na tentativa inútil de convencê-la de que não estava preocupada.

Passei o dia no meu quarto melancólica, pensando em todas as possibilidades e em tudo que poderia acontecer. Cristina foi me ver algumas vezes e em uma delas eu acabei enjoando novamente. Dessa vez abracei o vaso chorando desesperadamente. Meus Deus, isso não podia estar acontecendo. O que vai ser de mim e Luan agora?

Tomei banho conseguindo enfim parar de chorar. Cristina me olhava aflita sem dizer nada enquanto eu me deitava na cama um pouco fraca. Estávamos tentando falar sobre outro assunto quando meu celular tocou, era Luan. Por um momento pensei em não atender, não sabia o que e nem como falar a ele, mas se não atendesse o deixaria preocupado, e isso era tudo que eu menos queria.

— Oi. – Disse tentando disfarçar o desespero na minha voz.

— Está tudo bem? – Ele perguntou provavelmente percebendo.

— Sim e com você?

— Eu estou bem. – Ele disse, e percebi pelo seu tom de voz que ele estava um pouco confuso.

— Você está onde?

— Marília. Fui ver o local em que vai ser o show, é enorme.

— Que legal. – Disse fingindo entusiasmo, mas sempre fui uma péssima atriz.

— O que há de errado Luly? Aconteceu alguma coisa que eu não sei? – Respirei fundo, era muito difícil ter que omitir para ele o que estava acontecendo, mas não queria vê-lo daquela mesma forma que o vi em Paulínia, ou naquele pesadelo horrível que tive.

— Está tudo bem Luan. – Disse e ouvi Cristina resmungar alguma coisa.

— Você parece estar chorando.

— Eu só estava dormido, não precisa se preocupar.

— Me daqui aqui esse celular, Luiza. – Cristina disse irritada.

— Não Cris! – Tentei protestar, mas ela já havia pego de mim.

— Luan. – Ela começou a dizer e eu pude ver sua expressão mudar assim que ouviu a voz do outro lado. Eu senti vontade de rir, sabia o quanto Luan podia ser intimidante até mesmo pelo telefone. – Ela não quer te dizer, mas já passou mal duas vezes hoje! – Ela disse bem mais calma do que tinha a intenção de ser. – Enjoos… Isso… Não… Já tentei, ela não quer… Tudo bem. – Ela me estendeu o celular. – Ele quer falar com você.

— Oi. – Atendi receosa. – Desculpa. – Disse baixinho sentindo novamente as lágrimas rolarem.

— Luiza, assim que eu terminar o show eu vou para aí, tudo bem?

— Não precisa Luan, foi só algo que eu comi.

— Eu vou de qualquer jeito. – Ele disse encerrando o assunto.

— Tudo bem, mas me promete uma coisa?

— Qualquer coisa. – Ele disse deixando a firmeza em sua voz desmoronar.

— Promete que não vai se preocupar.

— Luly, por favor, não se preocupa comigo. Cuida de você que estará cuidando de mim também.

— Eu amo você. – Disse choramingando.

— Eu também amo você. Me espera, ok?

— Ok. – Disse respirando fundo.

— Desculpa, ele tinha que saber. – Cristina disse assim que desliguei o celular.

— Como ele vai fazer o show agora preocupado do jeito que ele está? – Perguntei voltando a chorar.

— Calma, tenho certeza que ele vai conseguir.

— Tomara. – Disse soluçando. Ela ficou mais algum tempo comigo e depois foi embora, pois tinha que acorda cedo no outro dia. Minha mãe apareceu perguntando o que eu tinha, porque o Frederico havia dito que eu estava passando mal. Disse a ela que não era nada de mais, só alguma reação a comida. Ela me mandou descansar um pouco, caso não resolvesse era para chamá-la. Tentei dormir, mas o pensamento constante de como Luan devia estar e o que ele estaria pensando não me deixando nem fechar os olhos. 



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