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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e cinco


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 65 - Capítulo sessenta e cinco


Acordei naquela segunda-feira um pouco atordoada, mal havia conseguido dormir de ansiedade e preocupação. Mesmo estando completamente cansado, Luan havia ficado bastante tempo comigo na praça no dia anterior, e de alguma forma eu me sentia mais segura. Olhei no relógio, ainda faltavam duas horas para ir para a escola, mas não conseguiria ficar mais nem um segundo na cama.  Decidi tomar banho antes, talvez a água lavasse todo o medo que me assombrava e me desse coragem para encarar o resultado que tanto temia. Mas não resolveu, apesar de deixar a água correr pelo máximo que podia, meus pensamentos ainda continuavam a me perturbar e minha aflição se mantinha intacta.

Assim que saí do banheiro fui direto a última gaveta do guarda-roupa, a onde havia escondido o teste de gravidez. Não podia mais adiar, eu saberia cedo ou tarde, e preferia que fosse cedo. Abri a caixa encontrando uma bula, um recipiente pequeno e um palitinho. Não fazia a menor ideia de como começar, então li a bula cuidadosamente. Pelo que percebi era muito simples e o resultado saía em cinco minutos.

Caminhei até o banheiro repetindo as palavras “Uma listra azul, negativo. Duas listras vermelhas, positivo” a fim de decorá-las. Minhas mãos tremiam e meu coração batia violentamente enquanto eu fazia o recomendado. Cinco minutos! Agora teria que esperar cinco minutos para decidir o que seria da minha vida daquele momento em diante! 

Sentei na cama encarando o relógio, tentando reprimir o desespero que estava me sufocando. Foram os piores cinco minutos de toda a minha vida, os mais longos e agonizantes. Enquanto esperava comecei a pensar no que seria da minha vida se o resultado fosse positivo, por mais que eu soubesse que meus pais enlouqueceriam e tudo viraria um caos, o que mais me perturbava era o que causaria a Luan. Eu não podia, não tinha o direito de estragar a sua vida. Tudo ficaria estranho, tudo ficaria errado. Ele estava no auge do seu sucesso e eu não queria que ele perdesse absolutamente nada por mim. Mas então poderia estar gerando dentro de mim uma criaturinha frágil e indefesa, um pedacinho de Luan, que não tinha culpa de nada disso. Eu não sabia o que seria de mim, mas sabia que se o resultado fosse positivo, eu amaria essa criança acima de qualquer coisa, por ser parte de mim, mas principalmente por ser parte dele também.

Seis minutos, se passaram seis longos minutos, o resultado já deveria ter aparecido. Me aproximei da pia do banheiro com o coração na mão, sentindo as pernas tremerem. Seria agora, era agora que teria certeza. Que acabarei de uma vez com essa dúvida que me sufocava e me dilacerava por dentro. 

Respirei fundo e espiei o potinho temendo encontrar duas listras vermelhas. Senti meu coração gelar e as lágrimas escorrerem desesperadamente ao olhar o resultado. Azul! Azul! Havia uma listra azul! Azul é negativo, não é? Conferi a bula para ter certeza absoluta. Sim, era negativo, não estava grávida. Encostei na parede sentindo o alívio percorrer por todo o meu corpo. Negativo, negativo! Minhas pernas cederam e eu escorreguei pela parede, caindo sentada no piso do banheiro.

As lágrimas escorriam sem parar enquanto eu mal conseguia respirar. Não estava grávida, não iria estragar a vida de Luan! Luan, ah Luan… ele precisa saber, precisa saber o quanto antes! Ele não precisava mais se preocupar, não ia mais estragar a sua vida! A felicidade me invadia naquele momento em pensar que não veria mais dor no rosto de Luan e que tudo havia se resolvido, tudo ficaria bem!

Levantei do chão com muito esforço, as lagrimas não me deixavam enxergar direito, mas me joguei na cama pegando o celular e digitando rapidamente a mensagem; “Me liga assim que acordar!”. Aquilo não era algo que eu queria dizer por mensagem, eu queria ver sua reação ou pelo menos ouvir o som da sua risada. Eu estava radiante, tudo havia se resolvido, não precisávamos mais ter medo, e tinha certeza que ele também ficaria. Não demorou nem dois minutos para meu telefone tocar, era ele. Senti meu peito inflar e atendi animada.

— Te acordei?

— Não, não consegui dormir.

— Eu só tenho uma palavra para você. – Disse fazendo suspense.

— Qual? – Ele perguntou receoso.

— Negativo! – Disse destacando cada sílaba.

— Negativo?

— Sim.

— Nossa, isso é… ótimo! – Ele parecia não conseguir falar.

— É maravilhoso Luan, eu fiquei com tanto medo.

— Eu não queria estragar a sua vida.

— Luan, o problema não seria estragar a minha vida e sim a sua.

— Luly, você tem dezessete anos e um futuro brilhante pela frente. Eu não conseguiria conviver comigo mesmo se você tivesse que interromper os seus sonhos por minha causa.

— Meu sonho é você. – Disse sinceramente.

— E você já me tem.

— Sem nenhum problema agora. — Me sentia completamente aliviada em dizer essas palavras.

— Sabe, agora que a preocupação passou, aconteceu algo estranho e engraçado.

— O que?

— Acho que estava tão convencido de que o resultado seria positivo que uma parte de mim ficou um pouco decepcionada.

— Decepcionada? – Perguntei confusa.

— Eu passei a noite pensando sobre o assunto e me peguei imaginando com uma criança no colo me chamando de papai.

— Eu acho que você ficou louco. – No fundo eu sabia o que ele queria dizer, havia me pegado várias vezes me imaginando ao lado de Luan brincando com um bebezinho sorridente. Imaginando se a primeira palavra dele seria papai ou mamãe, ou quando desse os primeiros passinhos em direção ao Luan, que mais tarde seria o seu super-herói. Mas a parte que se preocupava piamente em tudo que poderia causar a ele se sobressaía a qualquer outra.

— Talvez. É mais fácil enxergar o lado bom agora que não há mais o que se preocupar.

— Tudo sempre tem um lado bom. – Disse mais para mim mesma do que para ele.

— Uma pessoa me disse uma vez que tudo na vida é como uma pilha. – Ele disse divertidamente.

— Que pessoa louca.

— Completamente. – Ele disse me fazendo sorrir.

— Acho que eu deveria te deixar dormir. – Disse sem a menor vontade de desligar.

— Não, fica mais um pouco. Daqui a pouco tenho que levantar e ir procurar a Dag, ela deve estar enlouquecendo.

— Eu sinto muito por isso.

— Não se preocupa Luly, vai ficar tudo bem.

— Eu sei que vai. – Disse confiante.

Ficamos mais alguns minutos conversando, Luan me contou tudo sobre os últimos shows, coisas que já fazia algum tempo que ele não falava com tanta empolgação, me falou sobre as músicas novas e até cantarolou um pedacinho da melodia que estava compondo, do qual ainda faltava a letra. Até que ele ficou com sono o suficiente para dormir. Me pediu para que eu ficasse falando até ele adormecer.

Não gostava de falar sozinha e nem sabia que assunto escolher. Então comecei a falar coisas aleatórias que vinham na minha cabeça, que variavam desde a escola e a faculdade, até o que pretendia fazer quando tivesse dezoito anos. Por algum tempo ele resmungou alguma coisa para dizer que estava ouvindo, mas então tudo ficou mudo, concluí que já estava dormindo. Ainda conseguia ouvir sua respiração e fiquei algum tempo calada apenas escutando-a, imaginando o quão lindo ele estaria dormindo, com as suas feições perfeitas de anjo, repousando tranquilamente em um mundo a onde nada o perturbava. Mas as horas que antes pareciam se arrastar, nesse momento passavam voando, e eu teria que desligar e ir para a escola.

— Tenha bons sonhos meu menino, eu amo você. – Disse baixinho e encerrei a ligação. Sentia o sorriso constante no meu rosto enquanto meus pensamentos ainda estavam distantes. De repente toda aquela aflição que me rondou pelas últimas semanas havia evaporado como fumaça. Meu coração transbordava de felicidade em saber que agora poderia ser feliz com Luan, sem bagunçar todo o seu mundo. Eu aceitava todas as condições, todas as regras contanto que ele estivesse comigo. Não me importava em tê-lo em segredo, contanto que eu o tivesse. Levantei radiante, pelo visto aquela seria uma bela manhã, como se o sol aparecesse depois de longos dias nublados. E naquele momento eu sentia que tudo enfim ficaria bem.

Liguei para Cristina a caminho da escola para contar o resultado do teste e ela ficou tão aliviada quanto eu, mas ainda assim insistiu para que fossemos procurar um médico. Apesar do receio que tinha em consultar com um ginecologista eu concordei, ainda tinha muitas dúvidas sobre por que havia passado mal e a minha menstruação ainda não havia descido. Aproveitei para deixar o teste de gravidez e a caixa da pílula do dia seguinte em uma lixeira no meio do caminho, pois se a minha mãe pegasse qualquer um dos dois eu estaria perdida.

Guilherme não entendeu minha felicidade ao entrar na sala, mas não me fez muitas perguntas, estava meio quieto por conta da tal Daniela e não quis me dizer por que. Nem mesmo esbarrar com Julia havia abalado a minha felicidade, ainda era complicado para mim, ver a minha melhor amiga se tornar uma completa estranha, mas resolvi não ficar me torturando com isso, não naquele momento que estava tão feliz.

Passei toda a tarde arrumando meu quarto, coisa que já não fazia direito há algum tempo. Organizei todos os pôsteres e revistas de Luan, me lembrando de como havia comprado cada um deles, montando minha coleção particular de lembranças e tesouros do meu ídolo. Fiquei na internet vendo coisas aleatórias até Cristina aparecer dizendo que marcou para mim uma consulta em um ginecologista em Andradina no dia seguinte.

— Amanhã? – Perguntei assustada.

— Sim, quanto antes melhor.

— Mas como eu vou fazer para ir?

— Eu vou te levar.

— Mas você trabalha Cris.

— Não se preocupa, eu marquei uma consulta para mim também e já está tudo certo.

— E que horas você marcou?

— Ás três.

— Ah! – Disse ainda em sentindo desconfortável com a ideia de consultar com um ginecologista.

— Então uma e meia no máximo eu passo aqui para te buscar.

— Ok.

— Até amanhã então. – Ele disse ao levantar da minha cama e ir em direção a porta.

— Ah. – Ela virou para me olhar. – Obrigada Cris. – Disse sorrindo.

— Não precisa agradecer. – Ela sorriu de volta ao fechar a porta e sair. Sabia que ela estava fazendo o que era melhor para mim e me sentia eternamente grata por isso.

Deixei meus pensamentos vagarem, e me peguei pensando em Julia, no que ela diria se soubesse de tudo isso que está acontecendo. Eu não sabia, era como se aparecesse um espaço vago e doloroso toda vez que me lembrava dela, e rapidamente eu tentei afastar os pensamentos e sufocar toda a dor que me causava.

Luan me ligou mais tarde naquela noite, me perguntando se havia me deixado falando sozinha por muito tempo e disse que estava indo para uma reunião que o Anderson havia marcado de última hora. Perguntei sobre o que era e novamente ele foi evasivo. A ligação durou cerca de dois minutos, mas foi o suficiente para me fazer sorrir pela noite inteira. Ouvir sua voz era como um remédio para mim, curava todas as dores, todos os problemas e dificuldades, me dava vida e me fazia sonhar cada vez mais. Sua voz era um vício, um tipo de droga poderosa e arrebatadora, da qual eu não poderia mais viver sem. Quando cheguei na escola na terça-feira de manhã vi Guilherme me esperando no portão, mas antes que eu pudesse ir até ele Matheus entrou na minha frente.

— Oi. – Disse sem entender o que ele estava fazendo ali, fazia dias que ele nem ao menos me cumprimentava.

— Lembra que dia é hoje? – Ele disse abrindo os braços animado. Fiquei olhando-o confusa por alguns segundos e concluí que deveria ser seu aniversário.

— Ah, parabéns. – Disse ficando na ponta do pé e lhe dando um rápido beijo na bochecha.

— Luiza meu aniversário é quatro de julho. – Ele disse indignado.

— Então o que é?

— Hoje nós faríamos três anos de namoro. – Ele disse sorrindo. Senti o choque passar pelo meu rosto. Por que ele estava me falando aquilo? Não fazia o menor sentido.

— É, mas não fizemos. – Disse ao sair, deixando-o confuso. Não tinha raiva de Matheus, muito pelo contrário, ele era uma pessoa excelente, mas não queria iludi-lo. Não podia mais corresponder aos seus sentimentos, meu coração era totalmente de Luan, e nele não sobrava espaço para mais ninguém.

— O que ele queria? – Guilherme perguntou assim que cheguei ao portão.

— Me lembrar que hoje faríamos três anos de namoro. — Ele riu e balançou a cabeça.

— Que idiota. Por que ele não vai falar isso para a sua amiguinha ruiva?

— Nem brinca. Está ótimo assim, não quero despertar a fúria da Marion novamente. – Disse me lembrando de que fazia algum tempo que ela não tentava me provocar, ou pelo menos eu não percebia.

— Você não deveria ter medo dela.

— Não tenho, só prefiro evitar. – Não queria ter que lidar com Marion quando achava que finalmente tudo estava bem.

Cheguei em casa morrendo de fome e fui direto para a cozinha, vasculhar entre as caixas de comida congelada que sempre abarrotava o congelador. Não achei nada que quisesse então resolvi optar por um macarrão instantâneo, que sempre me salvava nesses momentos. Enquanto comia pensei seriamente em fazer algumas aulas de culinária. E se algum dia tivesse que preparar alguma coisa para Luan? Tremi só de pensar, mas sabia que no fundo até um miojo grudento ao lado de Luan se tornava maravilhoso.

Quando Cristina chegou eu já estava praticamente pronta, com um vestido rosa e o cabelo preso. A viagem até Andradina duraria cerca de trinta minutos, mas tínhamos que ir mais cedo por causa do fuso horário. Como Andradina ficava no estado de São Paulo, era uma hora a mais que Três lagoas. Peguei o CD de Luan para ouvirmos no caminho, enquanto perguntava a ela como seria a consulta.

— Ah Luiza, é diferente com cada pessoa, não posso te dizer exatamente como vai ser.

— Mas o que ele faz? – Perguntei receosa. Quanto mais perto chegava de Andradina, menos queria ir.

— Ele vai te fazer algumas perguntas, tirar as suas dúvidas e depois te examinar.

— Examinar? – Era exatamente essa parte que estava me deixando inquieta, não queria ter que ser examinada, já estava me corroendo de vergonha antes mesmo de chegar ao consultório.

— Sim Lu, mas é muito tranquilo, você vai ver.

— Ok. – Disse não muito convencida, voltando a olhar pela janela.

Chegamos a clínica com alguns minutos de antecedência, e ficamos na sala de espera lendo algumas revistas enquanto o médico terminava de atender uma paciente. O lugar era pequeno, todo decorado em cores claras e opacas, havia vasinhos de flores pelos cantos, várias poltronas e uma televisão ligada na novela da tarde. Não havia reparado na revista que tinha pego e estava apenas folheando sem prestar a menor atenção, me sentindo receosa e um pouco nervosa pela consulta.

— Luiza Villar. – Chamou a secretária. – Pode entrar.

— Quer que eu vá com você? – Cristina perguntou.

— Eu preciso mesmo ir? – Perguntei pensando seriamente em sair correndo.

— Precisa. Há muita coisa que precisamos saber.

— Mas é tão constrangedor. – Disse fazendo uma careta.

— Luiza ele mexe com isso o dia inteiro, vai saber como tirar todas as suas dúvidas.

— Então vem comigo? – Não queria entrar sozinha, pois não sabia como falar da minha vida pessoal para um desconhecido.

— Vou. – A secretária que ainda segurava a porta pacientemente nos guiou até o consultório no fim do corredor, dando espaço para que passássemos e saindo logo em seguida. Assim que entramos um senhor de cabelos grisalhos que estava lendo alguns papeis nos olhou por cima dos óculos de grau.

— Boa tarde, eu sou o Dr. Raul Vasconcelos, mas pode me chamar só de Raul. – Ele disse sorridente, estendendo a mão para nós duas – Qual de vocês é a Luiza?

— Eu. – Disse timidamente.

— Ah sim. Podem se sentar. – Disse indicando as duas cadeiras em frente a mesa. Ele me fez algumas perguntas referente a minha idade, escola, doenças na família e coisas do tipo. Me pesou em uma balança e tirou algumas medidas. Coisas que me lembrava de ser feitas também pelo pediatra que tive até os onze anos, idade que achei que estava velha demais para ir a um pediatra e nova demais para frequentar um ginecologista.

— E então, algum motivo especial para ter vindo? – Ele perguntou. Fiquei olhando receosa, pensando como contaria a ele e por onde começaria, até que Cristina tomou a iniciativa e contou tudo o que estava acontecendo, enquanto eu agradecia mentalmente.

— Além desses enjoos, você sentiu alguma outra coisa como inchaço, dores de cabeça, cansaço, frequência urinária?

— Dor de cabeça só.

— Junto com os enjoos?

— Isso.

— Sentiu isso mais algumas vezes eu só nesse dia?

— Só naquele dia.

— Ok. – Ele disse anotando em um papel. – O teste de gravidez de farmácia, que é obtido pela urina, quando é realizado muito cedo é provável que dê um falso negativo. – Ele disse calmamente, fazendo meu coração gelar. – Porém, eu acredito que esse não seja o seu caso. Vou pedir um exame de sangue para termos certeza.

— Mas e os enjoos?

— Pelos sintomas que você me disse eu acredito que você tenha tido uma intoxicação alimentar. Vômitos e dores de cabeça são muito comuns.

— Mas no caso eu comi a mesma coisa. – Cristina interrompeu.

— Isso porque cada organismo reage de uma forma diferente a determinado alimento. Mas eu vou pedir todos os exames necessários para não sobrar nenhuma dúvida.

— Mas doutor, e a minha menstruação? – Fiz a pergunta que estava me deixando inquieta.

— O contraceptivo de emergência costuma ser muito eficaz se usado até setenta e duas horas, mas como o próprio nome já diz, só deve ser usado em casos de emergência e não como um contraceptivo frequente, pois contém uma alta dosagem de progesterona, que pode causar muitos efeitos colaterais, e um deles é o atraso da menstruação.

— Hum. – Disse compreendendo e me sentindo completamente ingênua, pois havia muitas coisas que se eu soubesse antes não teria sofrido tanto. Ele me mostrou vários cartazes e tabelas me explicando como funciona cada um dos métodos contraceptivo, do tipo que você vê em palestras nas escolas.

— O mais indicado para você que é nova é começar a tomar um anticoncepcional e o uso da camisinha.

— Eu tenho mesmo que tomar?

— Sim. Quando se inicia a vida sexual, é muito importante que se comece a utilizar um método contraceptivo o quanto antes.

— Mas anticoncepcional não engorda? – Me sentia completamente idiota fazendo aquelas perguntas, mas realmente estava com medo disso.

— Depende do organismo de cada pessoa. A pílula não vai te engordar, mas pode ser que venha a causar alguns efeitos colaterais, como a retenção de líquido. Por isso é muito importante fazer todos os exames ginecológicos para saber qual anticoncepcional é o mais adequado para você, que não irá te causar nenhum efeito colateral.

— Mas e só o uso da camisinha?

— O uso do preservativo é sempre muito eficaz, mas há casos que ela pode se romper, ocasionando uma gravidez indesejada ou uma doença sexualmente transmissível.

— Mas se eu… – Comecei a perguntar, mas desisti antes de terminar.

— Não é vergonha nenhuma falar sobre esse assunto Luiza. – Ele disse gentilmente. – Em um mundo evoluído em tantos aspectos, isso não deveria mais ser um tabu. – Sorri timidamente, mas sabia que se quisesse obter as respostar teria que ter coragem para fazer as perguntas.

— Se acaso acontecesse sem camisinha, eu já pegaria uma doença?

— Se caso uma das pessoas for portadora do vírus sim, por isso é muito importante confiar no seu parceiro.

— Ah sim. – Disse me sentindo mais aliviada.

— Outra coisa que é muito importante você saber Luiza, é que não é vergonha nenhuma uma mulher carregar um preservativo na bolsa. É sinal de inteligência e autoproteção.

— Hum. – Disse pensativa. Ele me explicou mais algumas coisas sobre os métodos contraceptivos e sobre as doenças sexualmente transmissíveis, e pediu para eu ir até uma sala que ficava embutida no consultório, para poder me examinar. Olhei para Cristina aflita em busca de ajuda.

— Ela está com medo do exame. – Ela explicou ao médico.

— É a sua primeira consulta, é normal sentir medo do que não conhece Luiza. Se te colocam num local escuro a onde você não conhece nada você vai ficar com medo. Mas se acaba a luz na sua casa, por exemplo, você vai conseguir se locomover, pois já conhece o local. É a mesma coisa com o exame, você está com medo agora porque não conhece, mas vai ver que é um processo muito tranquilo.

— Tudo bem. – Disse por fim, fazia sentido o que ele estava falando, eu não podia temer o desconhecido.

— Se você não quiser fazer o exame ginecológico hoje, fazemos na próxima consulta. O ginecologista serve para ser seu amigo, não seu inimigo. – Ele explicou calmamente.

— Tudo bem, eu vou. – Era melhor enfrentar de uma vez. Ele me pediu para entrar na sala e esperar até a secretária chegar para me ajudar a deitar na cama. Demorou pouco mais de dois minutos para ela chegar me entregando uma camisola para vestir.

O exame durou poucos minutos, havia sido um pouco constrangedor e vergonhoso, mas tinha imaginado algo muito pior. Após voltar ao consultório ele me explicou mais sobre os exames que eu teria que fazer em um laboratório, e me pediu para marcar um retorno para a próxima semana. Então ele começou a consultar a Cristina e perguntei se ela queria que eu saísse, mas ela respondeu que não. Foi estranho saber sobre a vida amorosa dela com meu irmão, mas fiquei quieta apenas ouvindo e aprendendo algumas coisas a mais.

Assim que saímos da clínica Cristina sugeriu que fossemos ao shopping já que estávamos por lá. Eu concordei, apesar do shopping de Andradina ser pequeno e não ter muitas opções, eu sempre gostava de ir. Andamos pelas lojas olhando as vitrines e por fim paramos na praça de alimentação para comer alguma coisa.

— Não foi o bicho de sete cabeças que você pensou, não é? – Ela perguntou quando voltamos ao carro.

— Não. – Admiti sorrindo.

— Eu disse que ele poderia te aconselhar melhor.

— É verdade. Mas por que você marcou com um médico em Andradina?

— Para não correr o risco de a sua mãe descobrir. – Ela deu com os ombros.

— Ah. – Não havia me lembrado que minha mãe conhecia vários médicos em Três Lagoas. – Obrigada Cris, por tudo. – Disse sinceramente.

— Não precisa agradecer, Luiza, já te disse.

— Precisa sim, precisa muito. – Ela sorriu e balançou a cabeça.

Voltamos para casa cantando as músicas de Luan, ela não conhecia todas as letras, mas sempre prestava atenção para comentar alguma coisa. E eu fui contando para ela quais ele tinha composto.

No dia seguinte ela me levou até o laboratório antes do horário da escola e me trouxe de volta antes mesmo de Frederico acordar. Eu não sabia mais como agradecê-la por tudo que estava fazendo por mim, ela estava sendo muito mais que uma cunhada, estava sendo uma irmã e ficava feliz por Frederico ter encontrado alguém assim.

Não contei para Luan sobre o exame, apesar de não saber o resultado, estava confiante, sabia que os tempos difíceis haviam acabado. Era impressionante como já sentia a falta dele, saudades do seu abraço, de ouvir a sua voz de seda acalmando o meu coração e amenizando todos os problemas. Mas eu sabia que não precisava mais ter medo, enquanto tivesse Luan comigo, mesmo que a distância, tudo estaria bem.


Notas Finais


Oi meninas, tudo bem?
Eu achei essencial colocar esse capítulo na fanfic porque quando eu era mais nova tinha muito receio de ir a um ginecologista. Achava que sera a pior coisa do mundo, mas só quando eu finalmente tomei coragem para ir e vi que não era nada disso.
É normal sentir medo. Mas é muito importante ir, principalmente quando se inicia a vida sexual.
Eu espero que vocês estejam gostando da história e que o capítulo possa tirar algumas das dúvidas de quem ainda não passou por isso.
E as meninas que já passaram, conte aqui nos comentários a sua experiência, para ajudar quem - assim como eu há um tempo atrás - tem medo de ir a uma consulta.

Beijos de luz! <3


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