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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo sessenta e sete


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 67 - Capítulo sessenta e sete


Atravessei o cruzamento meio atordoada, e no momento em que alcancei à calçada, escutei o barulho de pneus derrapando no asfalto. Meu coração deu um salto, Luan ainda estaria atrás de mim. Ao me virar tudo parecia estar em câmera lenta. Um carro cinza que vinha da rua esquerda do cruzamento estava derrapando, atingindo Luan, que foi jogado para cima do capô, caindo do outro lado do carro. Minha primeira reação foi ficar paralisada, congelada no lugar, tentando captar aquelas imagens e digeri-las. Levou um pouco mais de três segundos, que mais pareceram horas, para associar na minha cabeça o que estava acontecendo, e gritar o quanto meus pulmões aguentassem.

Sem pensar, corri em direção a ele, Luan estava no chão desacordado. Caí de joelhos ao seu lado e segurei seu rosto entre as minhas mãos.

— Luan… Luan, pelo amor de Deus… acorda…. Fala comigo… – Minhas lágrimas caiam sobre ele. – Me desculpa, foi minha culpa! Me desculpa por ser tão infantil… Mas, por favor, acorda! – As palavras saiam desesperadamente, uma atropelando as outras.

O motorista do carro, que havia descido, estava vindo na nossa direção desesperado gritando alguma coisa, mas eu não conseguia olhá-lo, muito menos ouvi-lo.

Luan tinha sangue por várias partes do corpo, e havia rasgos na sua camiseta branca e no lado esquerdo da sua calça jeans. E eu sentia meu peito doer um pouco mais cada vez que o olhava naquele estado.

— Me deixa verificar o pulso dele. – Disse o motorista.

— Você é médico? – Eu não queria me afastar de Luan.

— Não, mas me deixa apenas ver se ele está vivo. – Meu coração congelou ao ouvir aquela frase.

— É claro que ele está vivo… Ele não seria nem doido de ter … – Não consegui dizer a última palavra, não queria nem pensar nessa possibilidade que já sentia cada pequena parte de mim se desesperando por completo.

Enquanto o motorista do carro se abaixava e pegava o pulso de Luan, eu encostei a cabeça no seu peito, e as batidas do seu coração deram novamente vida ao meu, e aquela dor cortante que eu estava sentindo foi amenizada.

— Precisamos pedir ajuda. – Disse o motorista. Nesse momento lembrei que Luan era uma pessoa pública, e pela primeira vez olhei para aquele homem. Ele era jovem, tinha o rosto bonito e estava vestindo roupas esportivas. Ele evidentemente não havia reconhecido Luan, mas seu semblante era de grande preocupação.

— Chama só uma ambulância, tudo bem? – Ele concordou e rapidamente pegou o celular.

Fiquei debruçada sobre Luan, com a cabeça encostada em seu peito, até que a ambulância chegasse, aquelas batidas eram música para meus ouvidos, a prova de que Luan ainda estava ali, e eu poderia contar cada uma delas. Minhas lágrimas molhavam sua camiseta branca e o buraco no meu peito parecia poder me devorar. Eu não podia ter feito isso com o meu menino, não podia.

Demorou um pouco mais de dez minutos para a ambulância chegar, que mais pareceram uma eternidade. E eu não tirei o ouvido do coração de Luan por um só segundo, ele ainda estava desacordado, e isso me preocupava. Rapidamente os paramédicos desceram da ambulância, e me afastaram bruscamente do corpo de Luan no chão, mas eu não protestei. Foi quando percebi que havia várias pessoas a nossa volta olhando a cena.

Avistei o boné de Luan caído ao lado do carro cinza, e fui pegá-lo, enquanto colocavam Luan na maca. O boné ainda estava com o cheiro doce de Luan, e eu o apertei contra meu peito o máximo que pude. Nesse momento eles já haviam colocado Luan na ambulância, e eu já estava me preparando para ir junto quando fui barrada por um paramédico.

— Não! Por favor, eu preciso ir com ele! – Entrei em desespero, não era possível que aquele homem ia me deixar ali.

— Sinto muito, só a vítima. – Ele disse rispidamente.

— Por favor, eu preciso ir com ele! – Eu gritava tentando entrar na ambulância de qualquer jeito, enquanto o homem apenas me empurrava.

Senti alguém me puxar para trás pela cintura enquanto me debatia tentando me soltar. Não podia deixar Luan sozinho, eu precisava ir com ele, precisava segurar a sua mão e dizer que ele ficaria bem.

— Para onde vocês vão levá-lo? – Perguntou o motorista do carro, que estava me segurando.

— Para o hospital Nossa Senhora Auxiliadora. – Disse o paramédico fechando a porta da ambulância.

Assim que a vi partir levando meu coração junto, senti meu mundo todo cair em cima de mim. Como se tudo tivesse ficado pesado demais e grande demais para eu poder suportar. Minhas pernas cederam e eu caí no chão chorando desesperadamente, enquanto o rapaz tentava me segurar.

— Vem, eu te levo. – O motorista disse me puxando. Eu não tinha mais forças para andar, não conseguia sequer me manter em pé. Ele passou meu braço pelo seu pescoço e me guiou até o carro, que estava com o capô amassado e um dos faróis quebrado, enquanto a sirene da ambulância ecoava na minha cabeça. Ao entrar no carro o motorista ligou o som, mas desligou rapidamente ao ver que eu ainda estava chorando.

— Calma, ele vai ficar bem, você vai ver! – As lágrimas pareciam queimar o meu rosto, e eu tentava me apegar ao máximo àquelas palavras. Ele tinha que ficar bem! – A propósito, meu nome é Fábio, e o seu?

— Luiza. – Respondi em meio aos soluços, enquanto o carro começava a andar. Eu olhava as poucas pessoas nas ruas através da janela, pessoa felizes, talvez ali estivesse alguma fã do Luan, que nem sonhava que seu ídolo naquele momento estava em uma ambulância sendo levado às pressas para o hospital, por culpa de alguém tão imatura e irresponsável quanto eu.

Eu não sabia como havia descido do carro ao chegar no hospital, mas quando dei por mim já estava correndo pelas escadas e parando desesperada em frente ao balcão da recepção, implorando por notícias do Luan.

— Só um minuto. – A moça que estava ao telefone disse.

— Senhora, pelo amor de Deus, eu preciso saber se ele está bem. – Eu estava quase gritando. Precisava saber como estava Luan, eu tinha de saber se ele estava bem. A mulher lançou um olhar fulminante para mim e desligou o telefone.

— Pois não. – Ela disse de má vontade.

— Eu preciso saber sobre um paciente que acabou de chegar com a ambulância. – Eu disse tentando manter a calma.

— Vítima do que?

— Atropelamento.

— Acabou de dar entrada do hospital, mas ainda não foi identificado.

— Ele deve estar com algum documento.

— Você é familiar? – Ela perguntou com desdém.

— Não. – Disse sentindo minha voz falhar.

— Então não tenho permissão para dar informações.

— Eu só quero saber se ele está bem. – Disse quase suplicando.

— Não é possível que a menina não pode saber como está o próprio namorado. – Ouvi uma voz falar ao lado e me virei notando que era o motorista do carro.

Tive o impulso de negar que era namorada de Luan, mas desisti logo em seguida. Faria qualquer coisa para obter notícias dele, não importava o que teria que inventar. A mulher olhou para Fábio com o mesmo ar de desdém e depois para o computador a sua frente.

— Ele deu entrada no centro cirúrgico em estado de risco. Para obter mais notícias só aguardando o término da cirurgia – Senti minha cabeça rodar com aquelas palavras, estava sufocando, e me segurei no balcão para não cair novamente. Meu Deus, meu Luan, meu menino em uma cirurgia!

— Vem sentar um pouco. – Fábio me disse pegando no meu braço, mas eu o ignorei.

— A senhora precisa ligar para os pais dele e avisar, no celular dele deve ter o número.

— Isso já vai ser providenciado. – Ela disse sem olhar para mim.

— Obrigada. – Sussurrei, sendo arrastada por Fábio até as poltronas da sala de espera.

— Que mulher mais grossa. – Ele disse.

— Acho que a culpa foi minha por ter chegado fazendo um escândalo.

— Não era de se esperar menos. – Ele disse revoltado.

Sentei na poltrona que estava encostada na parede e abracei o boné de Luan, que ainda estava segurando, junto ao peito. Senti a cratera ali, ameaçando abrir um pouco mais a cada segundo que passava. Eu pensava em Luan naquela sala de cirurgia sem ninguém para segurar a sua mão, tão frágil, tão vulnerável, e as lágrimas rolavam sem parar pelo meu rosto. Não havia tido tempo ao menos de sofrer pela conversa que havíamos tido mais cedo. Tudo agora parecia sufocado dentro de mim, e a minha única preocupação era que ele ficasse bem, não importava se fosse longe de mim.

Como havia sido tão egoísta em pensar apenas em mim, apenas na minha dor? Luan estava certo, ele não podia mais continuar comigo, eu fazia mal a ele, por culpa minha ele estava em um hospital correndo risco de vida. Risco de vida… Aquelas palavras pareciam acabar comigo, dilacerar cada parte minha que ainda estava inteira, aquelas que a esperança insistia em não deixar desmoronar. Naquele momento chorando baixinho e conversando com Deus, eu prometi a ele que nunca mais machucaria Luan, não importava se custasse a minha felicidade, não importava se eu tivesse que vê-lo apenas a distância, contanto que ele estivesse bem, eu também estaria.

Pedi a Deus do fundo do coração, para ele cuidar e proteger o meu anjo, meu e de milhares de pessoas espalhadas pelo mundo. E então eu agarrei com todas as forças que tinha o pensamento de que os anjos nunca se vão sem antes cumprirem a sua missão na Terra. Sabia que Luan era um anjo e que Deus ainda tinha muitos planos para ele. Apesar do esforço incalculável que estava fazendo apenas para pensar em coisas boas, eu não conseguia me controlar, não conseguia sequer parar de chorar. Fábio já havia ido embora, dizendo que voltava no outro dia cedo e me perguntou se eu queria carona para casa, mas eu me recusei a ir embora. Não podia sair de perto de Luan, não podia deixá-lo ali sem ninguém.

Percebi que ainda usava a blusa de frio cinza de Luan, do qual a mangas e um pedaço da barriga estavam manchados de sangue por eu ter ficado debruçada sobre ele. Mas não me importei, não precisava trocar de roupa, não precisava comer, precisava apenas ficar ali aguardando notícias de Luan. E estava tentando obtê-las de qualquer forma, havia me jogado na frente de todos os médicos que passaram pelo corredor e implorava para a moça da recepção ou até mesmo para alguma enfermeira por qualquer informação que fosse, mas ninguém me dizia absolutamente nada.

Eu não sei quanto tempo demorou para os pais de Luan chegarem ao hospital, pois cada segundo parecia uma eternidade. Mas pude ver claramente quando eles chegaram desesperados na recepção acompanhados pela Dagmar e o Anderson. A mãe dele chorava descontroladamente enquanto o pai conversava com a recepcionista. Fiquei parada apenas olhando a cena, me sentindo imensamente culpada por ocasionar tanta dor na família que eu mal conhecia e já amava tanto. Então a recepcionista apontou em minha direção, e eu pude sentir os olhos da mãe de Luan em mim, neles pude ver tristeza e reprovação. Sabia que naquele momento ela estava me culpando, e com razão, por minha culpa o filho dela estava em um hospital naquele momento.

Eu não conseguia ouvir o que eles falavam, mas podia sentir a dor e a aflição mesmo de longe. A Dagmar tentou acalmá-la, e então ela gesticulou alguma ainda olhando severamente para mim e o Sr. Amarildo, pai de Luan, a abraçou. Não aguentava mais ficar olhando, já estava completamente dilacerada por dentro. Fechei os olhos e encostei a cabeça nos joelhos dobrados sobre a poltrona, e imaginei Luan sorrindo para mim. Aquele sorriso lindo, angelical e arrebatador, me dizendo que tudo iria ficar bem. Sentia as lágrimas escorrendo pelo meu jeans enquanto a figura de Luan sorrindo se tornava cada vez mais distorcida na minha mente. Eu abraçava minhas pernas com medo de que o buraco no meu peito pudesse me partir no meio, pois a dor que sentia me torturava, retalhando meu coração em pedaços.

Estava tentando controlar os soluços quando senti uma mão nas minhas costas. Levantei a cabeça rapidamente e vi o pai de Luan sentado na poltrona ao meu lado.

— Olá. – Ele disse gentilmente.

— Oi. – Respondi fracamente.

— Você é a Luiza?

— Sim.

— É uma pena que tenhamos nos conhecido nessas situações, mas Luan me falou muito sobre você. – Tentei dar um meio sorriso, mas ele se transformou rapidamente em lágrimas, e em vez de felicidade pelas suas palavras, a única coisa que conseguia sentir era culpa.

— Me desculpa, a culpa foi minha. Eu não queria que isso tivesse acontecido, não queria. – Disse desesperadamente em meio aos soluços, sentindo as palavras atropelarem uma as outras.

— Calma, eu sei disso. – Ele disse colocando a mão sobre o meu ombro. – Eu conheço meu filho, se ele se apaixonou por você, é porque você é uma garota maravilhosa.

— Queria que fosse verdade. – Eu disse num suspiro.

— Tenho certeza que é. A propósito, me desculpa pela Mari, ela só está nervosa.

— E com razão. – Sentia a culpa me devorar cada vez mais por dentro. Por que havia sido tão infantil?

— Logo vai passar, ele vai ficar bem.

— Tem notícias dele? – Perguntei rapidamente.

— Luan quebrou a perna esquerda em dois lugares e foi preciso operar. Ele está resistindo, e tudo está correndo bem. – Senti meu peito inflar com aquelas palavras, e me apeguei as esperanças de vê-lo sorrir novamente, como alguém que passou anos vivendo na escuridão e vê o seu primeiro fio de luz surgindo do céu. – Luan é forte, é guerreiro, vai se recuperar rápido. – Ele disse confiante, mas podia ver nos seus olhos a preocupação estampada neles.

— Se Deus quiser. – E ele há de querer, há de querer!

— Quer me contar o que houve? – Ele perguntou gentilmente. Respirei fundo, não havia mais motivos para esconder, pelo menos não do pai de Luan. Contei para ele tudo que havia acontecido, até mesmo aquela que fui tão infantil.

No fundo tinha esperanças de que ele iria começar a gritar e me acusar de todas as coisas que eu merecia ouvir. Mas ele apenas ouviu sem dizer uma palavra, e quando terminei ele me disse que Luan só havia tomado aquela decisão porque gostava muito de mim e tinha medo de me machucar. Eu não consegui dizer absolutamente nada, acho que chorar já havia se tornado reação para tudo. Ele colocou a mão no meu ombro novamente e me disse que tudo iria ficar bem e eu entendi de quem Luan tinha herdado a sua capacidade de transmitir segurança as outras pessoas.

Entreguei para ele o boné de Luan que já estava amassado de tanto que havia apertado contra mim, e ele agradeceu. Me aconselhou a ir para casa e descansar, mas recusei terminantemente a sair dali. Não podia deixar Luan ali sem ao menos saber se ele estava bem, não podia ao menos me mexer sem ter certeza de que havia recuperado meu ar, minha vida e o meu mundo. Ele não insistiu e disse que me manteria informada ao se levantar e ir procurar por mais notícias de Luan.


Notas Finais


Quem também sentiu uma dorzinha no coração só de imaginar algo assim? ;'(


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