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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo setenta e três


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 73 - Capítulo setenta e três


Comecei a folhear a revista que Celeste me indicara, era uma matéria falando de um show particular que Luan havia feito para amigos e artistas, ele havia me falado sobre ele. Olhei as fotos por algum tempo e resolvi procurar por vídeos do show na internet. Após algum tempo vendo vídeos, abri um site sem querer e me deparei com uma matéria recente de Luan. 

O título da matéria era “Luan Santana briga com a namorada e é atropelado.” Eu sabia que o melhor a se fazer era não ler, mais meus olhos já estavam correndo pela matéria antes mesmo que meu cérebro pudesse protestar.

O cantor Luan Santana sofreu um acidente na madrugada dessa segunda-feira na cidade de Três Lagoas, interior do Mato Grosso do Sul. Testemunhas afirmam que ele estava acompanhado de uma jovem e que os dois estavam brigando minutos antes do ocorrido. Há especulações de que a garota seja menor de idade e esteja grávida de Luan, e que o motivo da briga se deu ao fato do sertanejo não querer assumir a criança ou duvidar da paternidade. A assessoria de impressa do cantor nega qualquer tipo de informação sobre a garota e afirma que o jovem está bem e logo retornará aos palcos.

Estava bufando de raiva quando terminei a última linha. O que eles pretendiam inventando essas mentiras? Acabar com a carreira de Luan? Só podia ser. Não conseguia entender, não conseguia ao menos aceitar. 

Já estava fechando bruscamente o site quando algo me chamou atenção. Logo abaixo havia duas fotos minhas, uma que eu usava no perfil do twitter e a outra da saída do hospital na terça-feira, onde Frederico estava com os braços a minha volta, tanto afastar os fotógrafos. Embaixo da foto havia a legenda; “Luiza Villar, a suposta namorada de Luan Santana.” 

Fechei o site de uma vez, já havia visto demais. Sentia as lágrimas parando nas pálpebras, mas tentava reprimi-las. Precisava ser forte, precisava ser forte por Luan. Não me conformava como as pessoas podiam invadir a sua vida daquela maneira, roubar a sua privacidade e inventar coisas sobre você. Isso era muito injusto com Luan, ele que nunca se envolvia em escândalos e sempre fora um exemplo para se seguir. Nada me tirava da cabeça que a culpa era minha, eu havia causado aquele tumultuo na vida dele e eu teria que consertar. 

Ainda estava revoltada quando minha mãe entrou na sala.

- Oi filha, não foi para a escola por quê?

- Ia visitar o Luan no hospital, mas ele foi transferido hoje cedo.

- Sabe que não pode ficar faltando às aulas Luiza. – Ela disse colocando algumas pastas em cima da mesa.

- Eu sei mãe, amanhã eu vou.

- Vai almoçar comigo hoje?

- Pode ser. – Dei com os ombros.

- Aconteceu alguma coisa? – Ela perguntou me analisando.

- Não, só estava entediada. - Eu sempre disfarcei muito mal o meu humor, mas me obriguei a dar um meio sorriso a ela.

- Eu tenho alguns minutos, podemos dar uma volta no centro.

- Está bem. – Disse me levantando, precisava mesmo me distrair. 

Minha mãe adorava passear pelas lojas de Três Lagoas quando tinha tempo e eu a acompanhava algumas vezes.

- O que você vai querer de natal meu bem? – Ela disse olhando alguns manequins.

- Ainda falta praticamente dois meses mãe.

- Mesmo assim, já vamos aproveitar e ir escolhendo.

- Qualquer coisa está bom. – Dei com os ombros.

- Tem certeza que não aconteceu nada Luiza?

- Tenho mãe. O que acha desse vestido? – Tentei disfarçar pegando o primeiro vestido que vi pendurado no cabide. Mas ela ficou me olhando com aquela expressão que sempre fazia quando não acreditava em algo. 

Olhamos mais umas duas lojas, mas eu não tinha cabeça para me interessar por nada, até que finalmente chegamos no restaurante. Pela primeira vez minha mãe não havia levado trabalho para o almoço e nem estava lendo nada, ao invés disso ela tagarelava sem parar sobre as festas de fim de ano. Eu já sabia que passaríamos o natal na minha casa e o ano novo na casa da minha vó em Dourados, ou ao contrário, como em todos os anos. Assim que terminamos de almoçar eu fui comprar sorvete e ela me deixou há dois quarteirões da minha casa. 

Resolvi então passar na casa de Guilherme que ficava ali perto, ele estava sentado na calçada com um caderno na mão quando eu cheguei.

- Dizem que quem é vivo sempre aparece. – Ele zombou.

- Desculpa Gui, mas parece que minha vida não anda mais tão sem graça assim. – Eu disse me sentando ao seu lado.

- Eu percebi. E aí como você está?

- Estou bem. – A medida que dizia isso para todo mundo, ficava cada vez mais convincente.

- Me conta o que houve. – Ele pediu colocando o caderno de lado. Respirei fundo e comecei a contar resumidamente tudo o que havia acontecido desde o inicio e ele pareceu compreender porque eu escondia de todo mundo. – Já dizia Mário Quintana; “O pior dos nossos problemas é que ninguém tem nada haver com isso.” Ninguém pode te dizer o que fazer Luiza, somente você mesmo pode saber o que é melhor para você!

- Eu não me importo com o que seja melhor para mim Gui, eu quero fazer o que é melhor para ele. – Disse sinceramente.

- Então deixa ele decidir.

- O Luan é a pessoa mais altruísta que eu conheço, sei que a última pessoa em quem ele iria pensar é nele mesmo.

- E você acha que deve tomar a decisão por ele?

- Eu acho que devo tentar protegê-lo a todo custo.

- Isso é loucura.

- Isso é amor Gui. – Ele já ia me contestar quando algo roubou a sua atenção. Uma garota loira saiu da casa a frente e estava indo em nossa direção, andando graciosamente num lindo vestido branco.

- Oi Gui, desculpa a demora. – Ela disse sorridente.

- Sem problemas Dani. Essa é a Luiza.  Ele disse me indicando com a mão.

- Oi. Luiza, prazer em conhecê-la.

- Oi, o prazer é todo meu. – Disse timidamente, nunca fui muito boa em fazer novas amizades.

- Ah, esqueci minha apostila. – Ela disse fazendo uma careta. – Vou lá buscar. – E voltou para dentro da casa. Fiquei olhando para Guilherme, tantando segurar o riso.

- O que? – Ele perguntou rindo. – Só estou ajudando ela com as provas.

- Posso imaginar. – Zombei.

- Falando nisso, a senhora já fez a inscrição para o vestibular?

- Não, nem me lembrava.

- Eu vou fazer a minha amanhã e a senhorita trate de fazer também.

- Nem sei mais se vou fazer vestibular esse ano Gui.

- Claro que vai, nós vamos estudar juntos, lembra?

- Ok. – Resolvi não discutir com Guilherme. – E aí não vai me contar? – Perguntei cutucando ele com o cotovelo.

- O que?

- Você sabe do que eu estou falando. – Disse sorrindo.
- Você não vai sossegar até eu te contar, não é?

- Não mesmo.

- Nós fomos ao cinema ontem a noite.

- Sério? – Ele assentiu envergonhado. – E aí?

- E aí que eu beijei ela.

- Isso é ótimo Gui! – Disse quase o abraçando de felicidade por ele finalmente ter conseguido. – E vocês estão namorando?

- Não Luiza, para tudo tem o seu tempo.

- É verdade. – Disse me lembrando que na vida real as pessoas também esperam antes de dar esse passo adiante, e não só quando se namorava um astro nacional.

- Na verdade, eu nem sei o que vai acontecer, é a primeira vez que nos vemos desde ontem.

- Ah, então eu deveria ir embora e deixar vocês sozinhos.

- Não precisa Luiza.

- Precisa sim. – Disse me levantando. – Quando ela voltar diz que minha mãe veio me buscar, ou inventa qualquer coisa.

- Tudo bem então. – Quando já estava na calçada da casa do vizinho me lembrei o que queria perguntar.

- Ah. – Disse me virando. – Vai ter prova de que amanhã?

- Filosofia, os dois últimos capítulos.

- Ah sim, obrigada. – Falei voltando a andar, filosofia não era tão ruim. 

Voltei para casa pensando se deveria mesmo prestar vestibular para Londrina, mas quando virei a última esquina algo me fez congelar no lugar. Até mesmo aquela distância era possível ver com clareza as grandes letras pretas pichadas no muro da minha casa, que dizia “Fica longe dele”, seguida de um daqueles palavrões que você até tem vergonha de pronunciar. 

Continuei andando ainda perturbada, pensando em quem poderia ter feito aquilo, só podia ser alguém que sabia onde eu morava, mas não conseguia pensar em ninguém. Quando cheguei ao portão já não me importava mais quem tivesse escrito, pois doeria de qualquer jeito. 

Eu poderia suportar que me xingassem, mas não conseguia admitir que minha mãe ou meu irmão tivesse que presenciar isso, pois sei que eles sofreriam por mim. Não queria mais ficar olhando, entrei em casa já sentindo as lágrimas escorrerem. Tinha raiva de mim por ser fraca e sempre acabar chorando, mas talvez aquela fosse a única forma que eu tinha de aliviar a dor. 

Passei a tarde inteira trancafiada no meu quarto, que sempre fora meu refúgio. Tentei estudar para a prova, mas não conseguia prestar a atenção em nada e a única coisa que fazia era chorar. Fingi que estava dormindo quando minha mãe chegou para ela não ver o quanto meu rosto estava inchado e vermelho, e a ouvi cochichar algo com Frederico, mas coloquei o travesseiro sobre a cabeça para não escutar o que eles conversavam.

Estava caminhando em uma praia, podia sentir novamente a areia sob meus pés e o barulho das ondas do mar. Estava escuro, mas dessa vez o cenário era diferente, eu estava sozinha e ventava bastante. Abracei os meus braços com frio e continuei andando, sob a luz fraca da lua eu avistei uma figura ao longe sentava na areia, na beirada da água e o reconheci rapidamente, era Luan. Corri até ele o mais rápido que podia, ainda sentindo o vento gelado transpassando o fino tecido do meu vestido branco.

- O que está fazendo? – Perguntei assim que o alcancei, me sentando ao seu lado.

- Olhando o mar. – Ele respondeu como se estivesse concentrado em alguma coisa. – Achei que você não viesse. – Ele disse finalmente me olhando.

- Por que eu não viria? – Perguntei confusa.

- Eu não sei. – Ele deu com os ombros e voltou a olhar para frente.

- O que você tem Luan? – Estava começando a ficar preocupada.

- Nada, apenas quero olhar o mar. – Ele respondeu calmamente. – Lindo, não é?

- Muito. – Disse ainda analisando-o.

- Tão grande e tão calmo… calmo como um sussurro. – Ele disse devagar, as últimas palavras saindo quase num assovio.

- Está tudo bem mesmo Luan? – Perguntei mais uma vez, então ele sorriu para mim e pegou na minha mão.

- Está tudo bem. – Ele garantiu e voltou a olhar para frente. Então ficamos quietos, sentados na areia, apenas ouvindo o barulho das ondas do mar se quebrando na beira da praia. 

Acordei atordoada, havia dormindo sem querer, ainda vestindo o short jeans e a camiseta. Olhei no relógio do celular, era quase duas horas da manhã. Estava tudo escuro e havia um lençol sobre mim, provavelmente tinha sido a minha mãe. 

Fiquei pensando sobre o sonho, não conseguia entendê-lo. Por que novamente a praia? E por que Luan olhava tanto o mar? Ainda estava tentando compreender o que havia sonhado quando escutei um barulho embaixo da minha janela, parecia alguma coisa caindo. Levantei assustada e espiei pela cortina, então vi Frederico saindo pelo portão carregando alguma coisa. 

Observei confusa, então ele colocou uma lata no chão e se abaixou, e eu entendi o que ele estava fazendo. Calcei meu chinelo e desci as escadas. Estava frio lá fora, mas não me importei, parei ao lado do portão e vi Frederico com um rolo de tinta, apagando as palavras pichadas no muro. Senti meu coração apertar e as lágrimas paralisarem nas pálpebras, nunca pensei que meu irmão pudesse ter uma atitude como aquela, e aquilo me surpreendeu completamente. 

Ele deu um meio sorriso sem graça ao me ver parada no portão, e sem dizer nada, eu apenas peguei um pincel que estava ao lado da lata de tinta e o ajudei a pintar.

- Me desculpa por isso. – Disse tristemente quando estávamos quase acabando.

- Não queria que você tivesse visto. – Respirei fundo para que as lágrimas não voltassem a cair, não queria demonstrar ao Frederico o quanto aquilo doía em mim, por mais que ele soubesse. 

Estava concentrada em apagar aquelas palavras, enquanto me perguntava o que Luan deveria estar fazendo aquela hora, se estava dormindo ou se estava sonhando com alguma coisa boa, longe de toda aquela confusão, quando senti algo gelado no meu braço. Olhei para Frederico e ele ainda estava pintando a parte mais alta do muro.

- Fred! – Protestei ao ver meu braço cheio de tinta.

- O que? Ah, desculpa, eu não vi. – Peguei o meu pincel e passei tinta branca no braço dele.

- Não Luiza!

- Eu não vi também. – Zombei.

- Ah é pimentinha? Então vem aqui! – Ele falou colocando as duas mãos dentro da lata de tinta e vindo em minha direção.

- Não Frederico! – Gritei enquanto ele me jogava no ombro com a maior facilidade e me sujava toda de tinta. – Me coloca no chão Fred! – Eu me debatia e ele dava risada. 

Quando ele finalmente me colocou no chão eu estava branca da cabeça aos pés, e estava chorando. Eu chorava não por ele ter me sujado, mas por ele ter me lembrado tanto Luan, que sempre me surpreendia e me fazia rir com as suas brincadeira, e eu não havia conseguido segurar a emoção.

- Por que você está chorando? – Fred perguntou confuso.

- Nada não. – Disse limpando as lágrimas. – São só lembranças.

- Eu sei o que pode melhorar.

- O que?

- Ataque de cócegas! – Ele falou travessamente.

- Não, não, não Fred, por favor! – Tentei recuar, ele conhecia muito bem meu ponto fraco. Mas foi inútil, ele me prendeu com um braço e me fez cócegas até eu cair no chão com as bochechas doendo de tanto rir. – Isso não vale! – Eu protestei me endireitando e sentando na calçada.

- Claro que vale, você não ditou as regras. – Ele disse se sentando ao meu lado.

- Eu queria saber o que fizeram com o meu irmão.

- Como assim?

- Estou cogitando seriamente a possibilidade de extraterrestres terem te abduzido e sugado todo o seu cérebro. – Eu disse e ele deu risada.

- É possível. Mas acho que eu apenas amadureci.

- É notável. – Disse refletindo.

- Tem uma hora que a gente cresce, não é?

- Eu tenho medo dessa parte.

- Qual?

- Crescer.

- Você já cresceu Luiza, você apenas não reparou nisso.

- Não parece nada legal. – Disse fazendo uma careta.

- Mas ninguém disse que ser adulto era fácil.

- Tem razão. – Disse admirada. Ainda não havia me acostumado com essa nova versão do meu irmão. – Sabe, acho que Luan tinha razão quando disse que um dia nós iríamos cansar de implicar um com o outro.

- Mas eu não cansei, apenas estou te dando uma trégua. – Ele disse rindo.

- Ah, bom saber! – Eu também sorri. E ficamos ali sentados em silêncio por algum tempo olhando a lua minguante. Até ele se levantar e voltar a pintar o muro, ajudei-o a terminar, o desejei boa noite e voltei para o meu quarto. 

Liguei o chuveiro e deixei a água cair, não só para tirar a tinta, mas também aquele peso que caiu em cima de mim no momento em que voltei a ficar sozinha. Era como se cada parte de mim sentisse que dias difíceis viriam. Dias sem o seu sorriso, seu a sua voz, sem as suas brincadeiras, e principalmente seu o seu abraço. Eu não sabia como viveria sem Luan, ele era o centro de toda a minha vida, e a única coisa que me confortava era saber que o perderia como o meu grande amor, mas jamais o perderia como ídolo.



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