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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo setenta e sete


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 77 - Capítulo setenta e sete


Os dias que se passaram após a minha conversa com Luan praticamente se arrastaram, eu já não via mais motivos para sorrir e chorava todas as noites ao me deitar, na esperança que as lágrimas levassem embora a angústia que sentia dentro do meu coração.

Querido diário,

Hoje é mais um dia que sobrevivo sem o seu abraço, e eu não sei mais quantos ainda eu serei capaz de aguentar.

A viagem para França, que sempre foi um sonho, estava sendo encarada como uma fuga dolorosa do meu coração, e eu me esforçava ao máximo para tentar parecer animada.

Querido diário,

Hoje eu estive pensando em Luan, como sempre faço. Sei que não deveria, mas é inevitável. Eu me pego pensando no que ele pode estar fazendo a essa hora, no que ele deve estar pensando, se está feliz, se pensa em mim, e se sente tantas saudades como eu sinto. E as vezes quando meu telefone toca, eu desejo que seja o nome dele que apareça no visor. 

Eu sei que é egoísta demais que eu fique pensando nisso, que eu queira isso, pois uma parte de mim não me deixa esquecer que fui eu quem quis assim, fui eu quem pediu para ele não me procurar mais, e assim ele fez. Mas eu não consigo controlar a dor, não consigo impedir que doa, pois a ausência dele parece me mutilar por dentro. 

Sabe aqueles dias em que não importa o que você faça, nada parece certo? Nada parece bom para você? Em que você se pega olhando para o nada e reprimindo as lágrimas que não deveria estar ali? Você às vezes nem entende o porquê de doer tanto, simplesmente dói, simplesmente te sufoca, te rouba o sorriso e no lugar dele só te deixa lágrimas e pensamentos confusos e nebulosos. 

Essa tem sido a minha vida sem Luan, uma versão estendida de um mau dia, algo que deveria passar, mas que continua aumentando e machucando cada vez mais meu coração. Não posso dizer que vivo, pois se ainda vivo é unicamente por ele, é por saber que mesmo longe ele está bem, por saber que ele está feliz, e que Deus está sempre cuidando dele por mim.

Para ter algo em que me ocupar, eu estava passando quase todo o meu tempo livre estudando, assim conseguindo fechar a média em todas as matérias na escola com facilidade. Até mesmo na de Bortolotto, que por mais incrível que parecesse, estava sendo maleável comigo. Penso que tenha sido por pedido da minha mãe, ou era mesmo eu que havia parado de implicar com ele, pois não tinha mais ânimo para nada. 

Eu já conhecia a família que me receberia na França e estávamos trocando correspondências. Era um casal de senhores, do qual eu já havia nutrido um grande carinho e eles pareciam animados com a minha chegada, me mandando várias fotos de Provença. Em uma delas estavam os dois sorridentes ao lado de um jovem e uma menina, ambos loiros e de feições bonitas, posando em frente ao uma linda casa, modelo daquelas que você geralmente vê pela televisão. 

Não podia negar que as fotos me encantavam, principalmente a de um lindo café Francês que eles haviam tirado apenas para me mandar. E essa era a única parte boa de tudo aquilo. 

No curso de Francês havia conhecido duas garotas, Makelly e Larissa, que também iriam fazer intercâmbio para a França, mas para cidades diferentes. E por mais que as conhecesse há pouco tempo, sentia meus olhos se enxerem de lágrimas só em pensar em ter que deixá-las dali a alguns dias. 

Frederico, Guilherme, Cristina e Julia, ainda não haviam aceitado muito bem a minha ideia de partir, por mais que eu dissesse que era um sonho, eles não acreditavam e diziam ser desnecessário que eu fugisse daquela maneira. 

Eu não julgava ninguém por não me entender, sendo que era difícil até para mim mesma. Mas então eles pararam de discutir comigo, sabiam o quanto eu era teimosa e que nada adiantava ficar falando e apenas se silenciaram, tornando as coisas ainda mais dolorosas. 

Alguns dias antes do Natal tirei meu passaporte junto com a Makelly e a Larissa, e minha mãe nos acompanhou até São Paulo, para conseguirmos o nosso visto de estudante no Consulado Francês. 

Ficamos dois dias na cidade, pois havia toda uma burocracia a ser resolvida, e eu estava feliz por minha mãe ser advogada e resolver isso para mim. Quanto mais se aproximava o dia da viagem, menos minha mente assimilava o que eu estava fazendo. Era como se eu estivesse assistindo a minha vida pelo lado de fora, sentada de camarote observando todas as decisões sendo tomadas automaticamente e sem emoção. 

Era como se a minha vontade não tivesse mais importância, e eu estivesse sendo arrastada pela gravidade, como um pequeno objeto que cai no mar e é arrebatado pelas ondas, que o jogam de um lado para o outro, sem dizer o seu destino, e sem dar sequer o direito de se defender. 

Constantemente eu me perguntava quem era eu, quem era aquela pessoa que eu havia me tornado, alguém que havia passado a viver sob uma constante nuvem de tristeza e chorava pelos cantos. Mas eu não sabia me responder.

Querido diário,

É meu último dia aqui em São Paulo e eu não consigo sequer levantar da cama para abrir a janela. Tudo nessa cidade me deprime. Não por ela em si, até porque nunca conheci cidade mais fabulosa, mas pelas lembranças que ela me trás. 

Lembranças de sorrisos, de olhares, de dias felizes que eu sei que nunca mais irão se repetir, e isso dói lá no fundo da alma. Por que não podia ser mais fácil? Por que a dor não podia desaparecer no momento em que ele cruzou aquele portão? Mas em vez disso, ela vem aumentando cada vez mais a cada segundo que passa. 

Hoje eu posso dizer que está doendo mais do que o normal, parece que eu não vou aguentar e meu peito vai se estraçalhar a qualquer minuto. Eu sei que você deve estar se perguntando o motivo, apesar de já imaginar a resposta. Sim, é ele. Tudo na minha vida será por ele ou para ele, sem porquês, sem pra quês. 

Hoje mais cedo estava olhando meu twitter como de costume, até que vi algo que me deixou completamente perturbada. Luan está em São Paulo, está por aí na mesma cidade que eu, e saber disso é torturante. Saber que o seu anjo está na mesma cidade que você e não poder vê-lo. Saber que ele pode estar mais perto do que você imagina, e não poder ao menos abraçá-lo, é uma dor inexplicável. 

É como quando você o vê em cima de um palco há um ou dois metros de distancia, às vezes até centímetros e não poder sentir o calor da sua pele, saber que a sua vida está ali a sua frente e não poder agarrá-la. Vê-lo tão perto e ao mesmo tempo tão longe. 

Dizem que a distância fere, mas hoje eu posso dizer que em alguns casos, a falta dela fere ainda mais. Mas ao mesmo tempo é como naquelas vezes em que você sabe que mesmo se não conseguir aquele abraço tão desejado, estar na sua presença já valerá a pena, já recompensará todo aquele sofrimento e a angustia que você sentiu na sua falta. E era isso que me torturava, por mais que eu não pudesse encontrar Luan, uma parte de mim queria desesperadamente poder vê-lo, mesmo que seja de longe, mesmo que seja somente vê-lo e nada mais. 

Senti as lagrimas lutando para sair, então fechei meu diário e respirei fundo, não aguentava mais chorar. Precisava ser forte, eu estava entrando em uma nova fase da minha vida, e as lágrimas não eram bem vindas, por mais que elas me forçassem a ceder. 

Resolvi não ficar me torturando e pensando que Luan estava por ali em algum lugar, São Paulo era grande, seria quase impossível eu encontrá-lo. 

Após algum tempo encarando a parede branca daquele quarto de hotel, resolvi ligar a televisão para tentar me distrair, mas assim que apertei o botão, a porta se abriu e Makelly e Larissa se jogaram na minha cama, tentando me arrastar para fora dela.

- Não Má, não estou com ânimo para sair. – Disse sinceramente, e me sentindo uma velha por isso.

- Ah Luiza, por favor, nós estamos em São Paulo! – Makelly gesticulou. Ela sem dúvidas era a mais animada entre nós.

- Eu sei, mas eu estou um pouco cansada. – Disse sem vontade, enquanto mexia no controle remoto.

- Cansada de que? Você não fez nada o dia inteiro! – Ela zombou e eu mostrei a língua em protesto.

- Levanta daí Luiza, e vamos fazer alguma coisa, eu não aguento mais ficar trancada nesse hotel. – Larissa disse autoritariamente e eu fiz uma careta, sabia que não adiantaria discutir. 

Apesar do fato de Luan também estar em São Paulo me deixar inquieta, resolvi que colocaria nas mãos de Deus e seria o que ele quisesse. A probabilidade de encontrá-lo era praticamente inexistente, mas resolvi não temê-la.

- Mas como três garotas de dezesseis e dezessete anos vão sair sozinhas em São Paulo? – Questionei.

- A sua mãe não leva a gente no shopping? – Makelly perguntou.

- Que shopping?

- Qualquer um aqui perto.

- Nós podemos perguntar na recepção. – Larissa sugeriu.

- Ok, vou ligar para ela primeiro então. – Disse derrotada e elas sorriram satisfeitas. Peguei o celular e liguei para minha mãe, que já estava a caminho de casa e concordou em nos levar ao shopping. 

Me arrumei as pressas e descemos ao saguão. A moça que trabalhava na recepção nos indicou um shopping chamado Anália Franco e ensinou mais ou menos como chegar até lá. Assim que minha mãe estacionou a frente do hotel, entramos rapidamente no carro que ela havia alugado para aqueles dois dias, pois seria mais fácil do que ficar andando de táxi, e seguimos para o shopping, que ficava mais ou menos há uns trinta minutos dali. 

No caminho minha mãe contou que já estava tudo pronto com os vistos e os passaportes, e pediu para que eu arrumasse a minha mala assim que voltasse para o hotel. É claro que ela já imaginava como estaria a situação da minha bagagem naquele momento, certas coisas não mudam nunca. 

Ela nos deixou no estacionamento e disse que voltaria mais tarde para nos buscar. O shopping Anália Franco era enorme comparado ao shopping de Andradina que estávamos acostumadas a ir, então havia muito para se olhar. Ficamos subindo e descendo escadas por algum tempo, até que Larissa sugeriu que fossemos ao cinema, mas felizmente Makelly não gostou de nenhum dos filmes em cartaz, ou eu estaria perdida. 

Não aguentaria entrar novamente em uma sala de cinema e me lembrar de todas as lembranças e toda a emoção que havia sentido da última vez. E eu sabia que mesmo se o filme fosse de comédia, consequentemente eu choraria do início ao fim.

- O que vocês esperam da França? – Perguntei a elas enquanto olhávamos uma vitrine de acessórios.

- Como assim? – Larissa perguntou, provavelmente sendo pega de surpresa.

- O que vocês esperam encontrar lá? O que fazem vocês irem para a França?

- Ah, conhecer um novo país, uma nova cultura, outra língua, é um grande aprendizado.

- Com certeza. Sem contar que o ensino é excelente, e isso para o nosso currículo é ótimo. – Makelly completou enquanto eu tentava me convencer de tudo aquilo. – Mas por quê?

- Por nada, só curiosidade. – Dei com os ombros.

- Mas e você? O que espera da França?

- Não sei, eu nunca pensei muito sobre isso. Não sei o que vou encontrar lá, como são as pessoas, os costumes, se eu vou me adaptar. Mas é normal sentir medo do desconhecido, não é?

- Acho que sim. – Makelly respondeu pensativa.

- Mas sabe, quando penso em um fim de tarde ensolarado, em um pequeno café parisiense, pintado em cores frias e com vista do pôr-do-sol, eu sinto vontade de sorrir. – Disse me lembrando daquela pintura que havia visto com Luan naquela fazenda próximo a Araçatuba, que naquele momento parecia ter acontecido há muito tempo, e sabia que na verdade estava falando mais comigo mesmo do que com elas. – Mas então quando me lembro que por mais que a paisagem seja linda, não faz o menor sentido se eu estiver sozinha nela.

- Mas lá você vai fazer amizades novas. – Larissa disse, quebrando aquele clima fúnebre que tinha se abatido sobre nós.

- É verdade, com tantos franceses lindos, convite para o chá é o que não vai faltar. – Makelly zombou rindo, nos fazendo rir também. 

Já estávamos na praça de alimentação quando minha mãe ligou dizendo que iria nos buscar. Eu havia adorado passar a tarde ali com Larissa e Makelly, havia também sentido falta de Julia roubando todas as minhas batatas fritas e Guilherme pegando o meu refrigerante, mas em nenhum momento Luan havia saído da minha cabeça. 

Era como se eu estivesse sintonizada a ele, como se meus pensamentos fosse uma espécie de rádio em que só pegava uma estação. Não importava o que eu fizesse, ele sempre estava presente em cada ato meu. Em todo lugar que andei naquela tarde, por mais que eu soubesse que não iria encontrá-lo, eu procurava por ele. Olhava para os lados, como se num passe de mágica pudesse vê-lo saindo de alguma loja ou descendo a escada rolante ao meu encontro. Eu me sentia mal por esperar, por ainda alimentar esperanças de algo que eu mesmo havia destruído, mas eu simplesmente não conseguia evitar. 

Era como se me cérebro dissesse uma coisa em que me subconsciente discordasse totalmente. Eu o procurasse mesmo sem perceber, e o via até nas coisas mais improváveis. Mas você não pode dizer ao seu coração o que é certo, coração não mede dificuldades, não olha as diferenças e nem se importa com as probabilidades. Ele apenas ama, ama intenso e incondicionalmente, como se fosse a última e única coisa que fizesse na vida. 

Embarcamos de madrugada para Campo Grande, e como todas as outras coisas, São Paulo havia sido deixado para trás. Mas eu sabia que não importava para onde eu fosse, tudo aquilo que havia vivido e que estava vivendo iriam comigo para qualquer lugar, pois ficariam guardados para sempre dentro do meu coração.



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