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História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo setenta e nove


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 79 - Capítulo setenta e nove


Quando desci as escadas, todos já estavam reunidos na sala, e os vizinhos dona Hortência e senhor Antônio haviam se juntado a nós, pois os seus filhos moravam muito longe e eles ficavam sozinhos. 

O natal na minha casa era bem tradicional, todos ficavam conversando na sala sobre assuntos aleatórios e ouvindo música baixa, e a meia noite nos sentávamos a mesa da cozinha, que havia sido adaptada para caber a todos, fazíamos uma oração e ceávamos. Quando meu avô era vivo, gostava de contar a história de São Nicolau que deu a origem a lenda do papai noel. Sei que depois da sua partida o natal se tornou um pouco mais triste, mas continuamos a fazer tudo da forma como ele gostava. 

A ceia se estendeu por algum tempo enquanto todos conversavam a mesa. Meu pai havia adorado Cristina e estava enchendo-a de perguntas e brincadeiras, deixando-a vermelha, enquanto eu apenas ria. Apesar de minha vó cozinhar maravilhosamente bem, eu não conseguia comer muito, minha cabeça ainda estava no presente de Cristina, que me deixava completamente perturbada. Eu devia ir ao show? Eu não devia ficar com esse tipo de esperança, é errado! Estava confusa demais, então resolvi não ficar me torturando, faria de conta que aquele presente nunca havia existido, não poderia ir aquele show, não poderia. 

Após a ceia voltamos para a sala, Fred pegou o violão e ficou tocando as músicas que ele sabia, que não eram muitas, e terminamos de trocar os presentes que faltavam. Frederico adorou a chuteira como eu havia previsto, e até ficou desfilando com ela antes de entregar o meu presente; uma camiseta escrito I love my brother. E após rir muito, ele me deu o presente original, uma correntinha dourada escrito o meu nome.

- É linda Fred! – Disse surpresa, enquanto Cristina a colocava no meu pescoço.

- Parece que é moda, achei que você iria gostar. – Balancei a cabeça e dei risada do seu senso crítico de moda. Mas já era uma grande evolução que ele conseguisse escolher algo bonito sozinho. Meu pai pareceu gostar da camisa que eu lhe dei e me deu uma câmera digital, me deixando surpresa.

- Pai, eu já tenho uma câmera.

- Mas essa é mais avançada, para você fazer o seu diário de bordo.

- Obrigada. – Disse abraçando-o. Havia ganhado também um casaco de Lílian, pois sabia que na França fazia frio, um best seller da dona Hortência e roupas dos meus tios. 

O resto dos presentes minha mãe havia comprado para mim, pois ela conhecia melhor o gosto da minha família. Eu já havia entregado o presente de Guilherme e Júlia, a ele dei um chaveiro e alguns outros acessórios para seu novo carro, presente por ter tirado a sua carteira de habilitação, e havia ganhado dele uma boneca de porcelana. A ela dei um porta-retrato da amizade e ganhei uma caneca da marca Luan Santana. 

Já no fim da noite, estava sentada no tapete da sala, tomando chocolate quente e mexendo na minha nova câmera digital enquanto todos conversavam entre si, quando minha vó sentou no sofá atrás de mim.

- Me deixa ver? – Ela pediu.

- Claro vó. – Virei para ela e tirei uma foto. Ela piscou com o flash e sorriu.

- Não filha, só queria ver.

- A primeira foto da câmera. – Disse sorrindo e a entregue para ela ver.

- Como mexe nisso? – Ela perguntou olhando-a.

- Aqui você liga, aqui tira a foto. – Fui explicando para ela. – E aqui você aperta para ver como ficou.

- Ah, que legal. Mas eu não entendo essas novas tecnologias. – Ela disse me devolvendo a câmera e eu dei risada. – E quem foi que te mandou aquela caixa bonita?

- Que caixa? – Perguntei confusa.

- Que entregaram hoje de manhã para você, coloquei no seu quarto. Você não viu?

- Não vó, quem entregou?

- Foi um homem, eu perguntei de quem era, e ele disse que não sabia, só o mandaram entregar para a Luiza, na casa de portão amarelo. – Senti um frio na barriga e meu coração acelerar. Seria o que eu estava pensando?

- Obrigada vó. – Disse ao colocar a xícara e a câmera de lado, levantar e sair correndo escada acima. 

Ao entrar no meu quarto olhei para todos os lados e não encontrei nada. Procurei dentro do guarda-roupa, em cima dos criados, na mesa do computador e nada. Até que algo chamou a minha atenção no final de uma das prateleiras da parede, era uma caixa cor-de-rosa cheia de fitas. A peguei rapidamente, notando que era pesada e me sentei na cama com medo de abrir. 

Fiquei olhando-a, não havia nenhum remetente, mas meu coração tinha pressentimentos. Respirei fundo e a abri, puxando as fitas. Então encontrei uma outra caixa, que parecia mais um porta-jóias de porcelana. O peguei na mão, retirando-o da caixa de presente e analisando-o. Era quadrada, rosa claro e nela havia vários desenhos de corações e acabamentos prateados. 

A coloquei em cima da cama e a abri cuidadosamente, então pude ver que não era um simples porta-jóias, era uma caixinha de música. Nela havia um grande espelho na tampa, uma superfície de vidro e uma pequena bailarina ao canto vestida de rosa. Era linda, e eu não tinha palavras para descrevê-la. 

Procurei o lugar a onde dava corda e rodei várias vezes, então uma linda e tranquila melodia invadiu o meu quarto. Peguei a bailarina, arrumei o seu vestido e a coloquei sobre a superfície de vidro, observando-a começar a rodopiar por ele. Eu não sabia quem havia mandado-a entregar, mas alguma coisa dentro de mim e o frio constante na barriga me diziam ter vindo de Luan. 

Então olhei para a caixa de presente e no fundo dela vi um envelope cor-de-rosa. O peguei abrindo rapidamente, e a sua caligrafia torta no bilhete me provou que eu estava certa e fez meu coração disparar no peito. 

“Por alguns dias eu fiquei procurando o presente ideal para te dar, queria que fosse algo grande, que te fizesse sempre lembrar de mim. Mas no fundo eu sabia que nada te tocaria tanto quanto algo que fosse significativo. E essa caixinha de música trás muitos significados para mim, e o principal deles é que é tão rara e linda como você. Eu aprendi muitas coisas no tempo em que ficamos juntos, e eu nunca vou esquecê-las. Feliz natal Luly, eu torço para que você possa ser muito feliz nessa sua nova vida. Desculpa por quebrar minha promessa, mas eu não resisti ao espírito natalino. Amo você minha menina.” 

Terminei de ler o bilhete já com lágrimas nos olhos, cada palavra havia feito meu coração disparar um pouco mais. Que saudades eu sentia de Luan, e aquela necessidade constante do seu abraço parecia me devorar por dentro. Seu toque era como uma droga boa que te vicia mesmo antes de prová-la, mas assim que o faz, te torna completamente dependente. 

Dei corda novamente na caixinha, posicionei a bailarina que havia caído de lado, e fechei os olhos, deixando aquela linda melodia invadir os meus ouvidos, enquanto abraçava o bilhete de Luan contra o meu peito. Aos poucos a imagem dele foi se formando na minha mente, seu rosto perfeitamente delineado, seu lindo sorriso, seus olhos, sua mania de mexer no cabelo, de pender a cabeça para o lado. Seu jeito de levantar as sombrancelhas, de franzir a testa e de roer as unhas. Então a imagem ganhou vida, se movimentando graciosamente, e eu tentei tocá-la, mas não consegui senti-la. Mas só de vê-la ali senti um sorriso se formando no meu rosto, que ficou ainda maior em pensar que nós dois havíamos quebrado a promessa, que havíamos deixado o sentimento ser maior que o medo, maior que o orgulho, e isso de certa forma me deixava feliz. 

Deitei devagar na cama, colocando a caixinha do meu lado, e fiquei ouvindo aquela linda melodia, repetindo por muitas vezes, até finalmente adormecer com os pensamentos em Luan. 

O dia de natal passou devagar e sem surpresas, almocei com toda a minha família e passei a tarde conversando com Guilherme na frente de casa, enquanto ele me contava como havia sido seu natal. Na segunda-feira, minha vó e meus tios voltaram para Dourados, dizendo que nos esperavam para o ano novo. Adorava a casa da minha vó, mas como não tinha amizades por lá, sempre acabava ficando sozinha. Então convenci Guilherme a ir conosco, já que meu pai não iria, e Frederico iria conhecer a família de Cristina. 

Gui não estava muito animado em viajar para um lugar a onde não conhecia ninguém, mas aceitou após eu ter insistido muito, alegando que era apenas porque eu iria embora em alguns dias. 

A semana após o natal passou voando, apesar de os dias longe de Luan praticamente se arrastarem, as últimas semanas que ficaria no Brasil pareciam passar cada vez mais rápido. Já estava tudo certo para a minha viagem à França, até mesmo a passagem já estava comprada, o último passo era adaptar meu guarda-roupa ao clima Europeu. 

Eu não queria que minha mãe tivesse que gastar muito comigo, mas como o clima no Mato Grosso do Sul sempre foi muito quente, eu tinha poucas roupas de frio. Então após uma audiência no Fórum, ela tirou a tarde para andar comigo pelas lojas atrás de algumas roupas mais pesadas. 

Na sexta-feira acordei com meu celular tocando, era o Guilherme.

- Oi Gui. – Atendi sonolenta, pois havia ficado até tarde organizando algumas coisas dentro do meu guarda-roupa.

- Passei Luiza, eu passei! – Ele gritava eufórico.

- Passou na onde?

- No vestibular, era hoje que saia o resultado, lembra?

- Ah, havia me esquecido. Parabéns Gui, eu já sabia que você conseguiria. – Disse sinceramente.

- Obrigado. Minha mãe está querendo até dar uma festa de tão feliz que ficou.

- Eu imagino. Você viu se eu passei em alguma? – Tentei soar despreocupadamente.

- Não, eu fiquei tão eufórico que nem deu tempo de ver. – Ele disse em um tom de voz estranho, me deixando desconfiada.

- Eu vou olhar então.

- Está bem, depois eu te ligo.

- Ok, até mais. E parabéns mais uma vez.

- Obrigado. – Desliguei o telefone e fui direto ligar o computador, e enquanto ele terminava de iniciar, fui para o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. 

Assim que voltei o navegador já estava aberto, abri mais duas abas e digitei o endereço das três universidades em que eu havia me inscrito para o vestibular. Fiquei alguns segundos parada, pensando se valia a pena olhar o resultado, mas apesar do medo de algo me fazer vacilar e desistir da viagem, eu estava curiosa. Resolvi por fim que não importava o resultado, eu iria para a França de qualquer forma, eu já havia tomado aquela decisão e não dava mais para voltar atrás, por mais que tudo estivesse sufocando dentro de mim. 

Olhei primeiro o resultado da UEL, pois era a que eu estava mais curiosa em saber, e após verificar a lista inteira, percebi que meu nome não estava lá. Eu não sabia se ficava decepcionada ou aliviada em não ter passado. Decepcionada por não ter conseguido, e aliviada por ter mais uma prova de que eu estava fazendo a coisa certa em ir para Provença. Meu nome também não estava na lista da PUCPR e desisti de olhar a da Unopar, pois dentre as três, essa era a única que eu não havia escolhido o curso de medicina. 

Respirei fundo, tentando me convencer que era melhor daquela forma e resolvi olhar o resultado da FAI, e me surpreendi ao ver escrito Frederico Henrique Villar em décimo sexto lugar na lista. Já estava saindo a procura de Fred na casa quando me lembrei de olhar o de Júlia, mas assim como o meu, não estava em lugar nenhum. 

Eu sabia que aquele resultado teria mais importância para Julia do que para mim, e já me sentia mal por ela, mas no fundo eu sabia que ela só havia escolhido a FAI por causa do Frederico. Eu torcia para que um dia Julia esquecesse a paixão obsessiva que tinha por meu irmão, ou então que se transformasse em um sentimento mais saudável, pois sabia o quanto aquilo fazia mal a ela e a todos a sua volta. 

Decidi não ficar pensando nisso e desci as escadas correndo para dar a noticia ao Frederico.

- Fred! – Gritei ao ver que ele estava deitado no sofá com um edredom e um travesseiro, assistindo desenho.

- Oi. – Ele respondeu levantando a cabeça assustado.

- Você passou! – Eu disse pulando em cima dele.

- Ai Luiza, não me mata. O que foi? – Ele reclamou.

- Você ouviu o que eu falei? Você passou! – Disse animada.

- Passei onde?

- No vestibular Fred, acorda!

- Pas… passei? – Ele perguntou surpreso e eu dei risada da sua expressão.

- Passou.

- Em odontologia?

- Sim.

- É sério?

- Sério Fred, acabei de ver. – Eu disse rindo.

- Nossa! – Ele parecia não estar acreditando no que estava ouvindo. – E você?

- Eu não, mas isso não importa. – Tentei desconversar.

- É, mas medicina é difícil mesmo, mas tenho certeza que na próxima você consegue.

- Eu vou embora Frederico, não faria de qualquer forma. Mas eu estou feliz por você, a mãe vai ficar tão orgulhosa! – Disse mudando o rumo da conversa.

- Desculpa, mas eu preciso ver isso com os meus próprios olhos. – Ele disse me derrubando no tapete da sala ao se levantar e correr para o seu quarto. 

Levantei resmungando e deitei no lugar dele no sofá, abraçando o edredom e procurando algum canal na televisão. E deitada ali me veio a pergunta constante: O que será que ele está fazendo agora? Eu sempre me perguntava o que Luan deveria estar fazendo. Sabia que em algum lugar do mundo estava o meu anjo, talvez sorrindo, talvez chorando, e eu não podia ao menos chegar até ele. 

A minha vontade era poder sempre observá-lo de longe, saber se ele estava bem, e poder protegê-lo de todas as coisas ruins sempre que ele precisasse. Mas como isso não era possível, pedia todas as noites para que Deus fizesse por mim, que cuidasse e protegesse o meu anjo, como eu não era capaz. 

Alguns minutos depois Fred voltou a sala eufórico, parecia que ele finalmente tinha digerido a idéia de ter passado no vestibular, mas logo saiu atrás de Cristina para contar a novidade. A noite minha mãe chegou do escritório animada e nos levou até uma pizzaria no centro da cidade para comemorar, e Julia apareceu mais tarde um pouco cabisbaixa para parabenizar o Frederico.



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