1. Spirit Fanfics >
  2. Diário de uma fã (versão Luan Santana) >
  3. Capítulo oitenta e três

História Diário de uma fã (versão Luan Santana) - Capítulo oitenta e três


Escrita por: ThataBernachi

Capítulo 83 - Capítulo oitenta e três


Não havia praticamente ninguém naquele local, pois a entrada do camarim era do outro lado. Wellington já estava me esperando quando cheguei e abriu a grade para que eu pudesse passar.

- Oi. – Ele disse me cumprimentando.

- Oi. – Disse timidamente. O acompanhei por um pequeno espaço entre o palco e o camarim, mas ele passou reto, abrindo uma outra grade. Pude ver a escada por onde Luan subia e algumas pessoas da equipe passando com instrumentos. Então Wellington entrou pelo que parecia ser um pequeno corredor improvisado e saiu a onde estavam estacionadas as carretas, dois carros e a van de Luan. E parado ao lado dela estava ele, tão lindo quanto só um anjo poderia ser. 

Ele havia trocado de roupa, colocando uma camiseta preta e estava enxugando o rosto com uma toalha. Wellington parou há alguns metros de distancia, mas eu continuei andando, queria chegar até ele. Ao me ver ele sorriu, aquele sorriso lindo que me tirava o fôlego e meu coração pareceu dar cambalhotas no meu peito. Fiquei parada a sua frente sentindo minhas pernas tremerem, e então ele abriu os braços, e eu não pensei duas vezes antes de me jogar neles. 

O apertei o máximo que podia, encostando a cabeça no seu peito e aspirando seu perfume tão bom que tanto me causava vertigens. Luan também me apertou contra ele e parecia que todos os problemas haviam desaparecido naquele momento. Como havia sentido falta do seu abraço, e como havia sido difícil ficar todo aquele tempo sem ele.

- Nossa, que saudades do cheiro do seu cabelo. – Ele disse enroscando os dedos na minha nuca. Meu coração batia cada vez mais rápido e eu tinha certeza de que ele podia sentir. Então ele me afastou contra a minha vontade, e me segurando pelos ombros ele me olhava como se não acreditasse realmente que eu estava ali. – Achei que nunca mais fosse te ver. – Ele disse ao me soltar.

- Eu também. – Falei com a voz ainda tremula.

- Por que não me avisou que vinha?

- Eu também não sabia.

- Fiquei muito feliz que você tenha vindo.

- Eu não poderia perder. Foi maravilhoso o show! – Disse sinceramente e ele sorriu novamente, me tirando o ar. Seus olhos castanhos queimavam nos meus, e era como se entre eles estivesse havendo um diálogo em que nossas bocas nunca seriam capazes de dizer.

- E como você está?

- Bem e você?

- Também.

- Como passou as festas de fim de ano? – Perguntei.

- Bem. Eu viajei.

- Eu soube. – Por mais estranha que soasse aquela conversa nos meus ouvidos, nada explicava a felicidade de vê-lo ali.

- Recebeu meu presente?

- Recebi. É… linda! – Eu disse não encontrando a palavra que descreveria adequadamente o quão linda era a caixinha de música.

- Eu sabia que você iria gostar.

- Eu adorei. – Disse sorrindo timidamente. – E você recebeu o meu?

- Claro. – Ele disse e então de dentro da camiseta ele tirou um colar que estava pendurado no seu pescoço e logo reconheci o pingente prateado que havia escolhido para ele. – Vai ficar sempre comigo. – Fiquei surpresa em saber que ele havia recebido, e feliz por ver que ele havia gostado e estava usando. 

Ficamos alguns segundos em um silêncio constrangedor, então ele olhou para o meu braço, em que ainda estava pendurada a minha câmera e a pegou, ligando-a.

- Saíram todas tremidas. – Eu disse me referindo as fotos do show.

- Estão lindas. – Ele falou olhando-as. – Só está faltando uma.

- Qual? – Perguntei confusa. Ele me puxou, me abraçando com apenas um dos braços e tirando uma foto nossa de cima. Senti aquela corrente de eletricidade que eu tanto conhecia passar por todo o meu corpo e fazer meu coração palpitar. Me afastei dele contrariada, com medo de fazer alguma loucura e ele me devolveu a câmera sorrindo.

- E como estão os preparativos para a viagem? – Ele perguntou.

- Já está tudo pronto.

- E quando você vai?

- Segunda-feira de manhã.

- Segunda-feira já? Eu achei… – Ele não terminou de falar, e pareceu que um choque de realidade havia se passado por nós dois. 

Ficamos em silencio por algum tempo, apenas nos olhando intensamente, até que Wellington se aproximou, nos tirando daquele transe.

- Nós precisamos ir. – Ele disse a Luan, que balançou a cabeça.

- Nós não nos veremos mais? – Ele perguntou, pegando uma mecha do meu cabelo que voava com o vento e colocando atrás da orelha.

- Um dia quem sabe. – Eu disse sentindo a cratera no meu peito arder em chamas novamente. Como era possível que eu pudesse passar de felicidade a tristeza em tão pouco tempo?

- Até algum dia então. – Ele disse me puxando num abraço. Encostei a cabeça no seu peito e o apertei sentindo as lágrimas paralisarem nas minhas pálpebras. – Eu… – Ele começou a dizer, mas parou.

- Você? – Perguntei levantando a cabeça.

- Eu ia dizer que iria sentir sua falta. Mas eu já sinto, todos os dias.

- Eu também. – Disse baixinho, escondendo o rosto na sua camiseta.

- Boa viagem minha menina. – Ele disse me dando um beijo na testa ao me soltar, e eu fechei os olhos sentindo as lágrimas escorrerem por eles. Fiquei na ponta dos pés e beijei seu rosto, o olhando novamente e segurando a sua mão.

- Eu amo você. – Sussurrei, antes de me virar, soltando a sua mão. 

Senti minhas pernas falharem enquanto andava, e uma dor dilacerar meu coração. Me perguntava quantas vezes teria que me despedir de Luan, sendo que em todas elas parecia doer um poucos mais. 

Me virei novamente para olhá-lo e ele ainda estava parado lá, imóvel e com uma expressão dolorosa no rosto. Respirei fundo, me acabando em lágrimas e senti a mão de Wellington nas minhas costas, me guiando até a saída.

Assim que saí por aquela mesma grade do lado esquerdo do palco, Wellington se despediu de mim e eu continuei caminhando, sentindo meu coração despedaçado por deixar Luan mais uma vez. Por mais que aquela dor acabasse comigo, vê-lo mesmo que por poucos minutos, abraçá-lo e sentir o seu cheiro doce havia sido maravilhoso, e eram sensações que eu nunca esqueceria. 

Peguei a minha câmera e olhei pela primeira vez a nossa foto. Havia pouco de mim nela, na verdade eu estava escolhida no seu abraço, abraço aquele que já me fazia tanta falta. Mas o seu sorriso brilhava como pequenos cristais reluzentes, era como se um arco-íris estivesse se formado no meio da noite, colorindo e iluminando tudo ao seu redor. 

E então as lágrimas que já molhavam todo o meu rosto, pareceram me sufocar um pouco mais. Mesmo assim não parava de olhá-la, parecia ser parte de um sonho tão lindo, eu já não me importava mais com as nossas diferenças e o quão sem graça ficava ao seu lado. Eu apenas o olhava, sentindo meu coração doer, mas sabia que era aquele rosto tão perfeitamente delineado que eu carregaria nos pensamentos por cada segundo da minha vida, a onde quer que eu estivesse. 

E em meio as lágrimas, a saudade já tão recente e a dor, senti algo se chocar contra mim, fazendo minha câmera escorregar da minha mão. Olhei para frente e percebi ter esbarrado em uma menina de cabelos pretos, que usava uma camiseta com o nome de Luan.

- Me desculpa. – Ela disse se abaixando para pegar a minha câmera que estava caída na grama.

- Não foi nada, eu que estava distraída. – Falei tentando disfarçar as lágrimas. E então antes de me entregar a câmera ela olhou a foto que ainda estava aparecendo no visor e depois me analisou por alguns segundos.

- Você é a Luiza, não é? Luiza Villar.

- Sou. – Respondi assustada. – Nós nos conhecemos?

- Não, ainda não. Meu nome é Letícia. – Ela disse me estendendo a mão, da qual eu apertei ainda um pouco desconfiada, mas seu sorriso parecia acolhedor. – Eu te reconheci das fotos, da… – Ela pareceu ter ficado sem graça em continuar, mas eu já havia entendido.

- Sites de fofocas. – Eu disse baixinho, deixando-a vermelha. – Tudo bem. – Falei, não fazia mais diferença naquele momento.

- Você é uma garota de sorte.

- Por quê? – Perguntei sem entender o que de bom aquilo poderia ter.

- Tem o coração dele. – Ela respondeu me devolvendo a câmera. 

Senti algo fisgar o meu peito, e reprimi novamente as lágrimas. Como aquilo doía dentro de mim! Ela pareceu perceber e me olhou preocupadamente.

- Eu sei que você sofreu muitas críticas, e posso imaginar o quanto foram difíceis. Mas a única coisa que nós fãs queremos é que ele seja feliz. E se a felicidade dele for ao seu lado, nós iremos respeitar isso. Eu só te peço de todo o coração, não o faça sofrer. – As palavras dela eram como laminas em chamas transpassando cada pequeno pedaço do meu corpo, e sem que ao menos pudesse perceber, já estava em prantos novamente.

- Eu estou indo embora, nunca mais irei machucá-lo. Eu prometo. – Disse aos soluços.

- Não prometa. Você não pode cumprir, não depende de você.

- Eu só não quero vê-lo sofrer ainda mais.

- Você realmente não vai ver se for embora, mas nós veremos. Eu entendo que você queira protegê-lo, mas qualquer um pode perceber que ele não está feliz. E se ele não está feliz, nenhum de nós está, e se dói nele, dói muito mais em nós. – Eu não consegui respondê-la, eu apenas a olhava. Era como se meu cérebro não conseguisse processar o que eu estava ouvindo, mas meu coração captava perfeitamente cada palavra. 

Eu também era fã, eu entendia o que ela estava falando, e eu sabia tudo o que ela sentia. Fãs são como anjos que falam a mesma língua, não por palavras, mas sim por sentimentos. São corações unidos na mesma sintonia, dividindo o mesmo amor, compartilhando os mesmo objetivos, e em busca de um mesmo sonho. 

– Pensa no que eu falei. – Ela disse tocando de leve a minha mão ao sair, me deixando ali, com o coração na mão, uma mente confusa e um rosto cheio de lágrimas. 

Respirei fundo e continuei caminhando a procura de Guilherme e Júlia, mas as palavras daquela garota pairavam na minha cabeça como um eco, se repetindo a cada novo segundo. Os encontrei sentados na mesma calçada em que os havia deixado minutos antes, e enxuguei as lágrimas antes que eles pudessem ver.

- O que houve? – Guilherme perguntou ao se levantar assim que eu me aproximei. Eu sabia que ele iria reparar, mas antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Julia entrou na minha frente, se pendurando no meu pescoço.

- Você falou com ele Luiza? Me conta o que houve! – Ela disse com a voz embargada.

- Julia, você bebeu? – Disse sentindo o cheiro de bebida alcoólica que vinha dela.

- Só um pouquinho. – Ela disse, e começou a rir descontroladamente.

- O que você deu para ela? – Perguntei para Guilherme.

- Vodca.

- Vodca? Você ficou… louco? – Perguntei indignada.

- Ah, ela estava me enchendo o saco. – Ele deu com os ombros.

- Vamos embora. – Falei balançando a cabeça, pegando Julia pelo braço.

- Não, eu quero ficar aqui. – Ela dizia tentando se soltar. – Está vendo aquele garoto de vermelho sentado ali? Eu vou lá falar com ele. – Ela tentava me puxar, e como eu era menor que ela, não conseguia segurá-la.

- Não Julia, você vai embora com a gente. – Eu disse autoritariamente. E então Guilherme a pegou pela cintura, carregando-a. 

O caminho até o carro parecia bem mais longo naquele momento, enquanto Julia resmungava, meus pensamentos estavam distantes. Ainda havia muitas pessoas ali, e automaticamente meus olhos o procuravam, como se por algum milagre eu pudesse vê-lo no meio da multidão, mesmo sabendo que aquilo era completamente improvável. 

Assim que chegamos ao carro, eu só tive tempo de dar um passo para o lado, antes que Julia vomitasse a onde estava o meu pé um segundo antes.

- Quanto de vodca você deu a ela? – Perguntei para Guilherme, enquanto segurava o cabelo dela.

- Uns dois copos.

- Ela nunca bebeu Gui! – Protestei.

- Ela quis beber hoje. – Respirei fundo, eu não iria ficar irritada, não com ele, não naquele momento. 

Guilherme comprou água para ela, e assim que ela parou de passar mal, a colocamos deitada no banco traseiro, e seguimos de volta para Três Lagoas. 

A viagem de volta foi bem mais tranquila, Julia dormiu rapidamente e apesar de todas aquelas emoções contidas dentro de mim, eu liguei o som e comecei a conversar com Guilherme com medo de que ele acabasse ficando com sono. Quando chegamos a Três Lagoas já estava claro, e após guardarmos de volta o carro, Gui me ajudou a colocar Julia na cama de Frederico. Assim que ele foi embora eu subi para o meu quarto, verificando antes se minha mãe havia acordado, mas tudo parecia normal e quieto. 

Tomei banho demoradamente, como se a água pudesse dissolver toda aquela confusão dentro da minha cabeça. Coloquei meu pijama e desci para a cozinha a procura de algo para comer. Sentada a mesa, olhando para a minha tigela de cereais, eu via todas as cenas daquela noite passando pela minha cabeça, e a maioria das lembranças me sufocavam por dentro. 

Era difícil acreditar que havia mesmo feito aquilo, que havia estado lá e o mais importante, que o havia visto, mas todos aqueles sentimentos sufocados, as vozes que se repetiam na minha memória e as batidas do meu coração ainda aceleradas, de certa forma me provavam que todas aquelas imagens não eram apenas mais um sonho lindo e doloroso projetado pela minha cabeça.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...