História Diário de uma garota comum... - Capítulo 1- "Preciso entender"

Éééé, oi...
Vamos lá, eu sempre achei a ideia de escrever um diário uma tremenda idiotice, mas minha psicóloga insiste em falar que é uma boa idéia e que vai me ajudar a "extravasar os sentimentos" e "aceitar melhor as coisas" . Você se pergunta "por que ela precisa de uma psicóloga?"  Bem, quando meu avô morreu eu virei uma criança transtornada, depressiva e que não tinha amigos. Meus pais acharam que seria bom para mim frequentar um psicólogo, eu sempre  achei  a ideia toda uma grande idiotice, mas como só tinha nove anos tive que aceitar tudo calada.
Nas primeiras consultas eu me recusava a falar qualquer coisa. Achava que ter que pagar alguém para conversar comigo era doentio, sim era, e sim, ainda é, mas fazer o que? Depois de um tempo percebi que meus pais continuariam a me levar para aquele lugar e continuariam pagando para que eu "conversasse" por horas e mais horas  toda semana (eles não sabiam que eu ficava quieta) então tentei começa a aproveitar meu tempo, primeiro falamos sobre interesses pessoais em comum, como música, depois mesmo que eu tentasse evitar ao máximo acabamos falando sobre alguns problemas de minha vida, comecei a crescer e ter mais assuntos, mais problemas e mais crises, e ela sempre esteve do meu lado em tudo então acabei me tornando amiga da doutora Jane, agora faço tudo que ela pede. Inclusive escrever essa merda desse diário idiota.
Preciso falar de mim. Meus principais problemas são:
Tenho muito medo de ser abandonada ou esquecida, tenho  Transtorno Obsessivo Compulsivo (ou TOC como é mais conhecido), sou hiperativa, não posso ficar sozinha muito tempo que começo a me desesperar e infelizmente, esses  são alguns princípios de esquizofrenia, então sim, sou levemente esquizofrênica além de tudo.
Tenho 14 anos, daqui três meses faço 15. Estou indo para o ensino médio e isso está me assustando muito, terei que fazer amigos, terei que conhecer gente nova, não estou pronta para todas essas mudanças, preciso entender isso tudo. Para piorar (ou não, não sei) comecei a namorar recentemente. Eu amo muito meu namorado (sério, ele é uma das melhores coisas que já aconteceram para mim) mas estar com ele torna tudo tão estranho. As sensações que ele provoca em meu corpo e em minha cabeça são muito inovadoras e esquisitas, boas mas confusas. Preciso entender isso também. Por fora sou toda colorida e feliz, então normalmente tento ajudar as pessoas que estão a minha volta, como faço isso se por dentro estou desmoronando? Mais uma coisa para buscar a respostas!
Preciso entender muita coisa ainda e espero que de alguma maneira, esse diário me ajude.
Obrigada por me escutar sem criticar, meu "querido diário". Assinado:
Uma garota comum (ou nem tão comum assim)...