História Diário de uma Garota em Seul - Por que, Kim Taehyung?

         ~ Hanzel falando~

Em um piscar de olhos, acordei ofegante, ainda tentando entender quem era aquela pessoa em meu sonho. Aquela voz era feminina, parecia desesperada por minha ajuda. Me desprendi dos braços de Jungkook e me levantei da cama, fazendo o possível para não acordá-lo. Naquele momento só precisava de uma coisa: ver Taehyung.

Fui em direção ao quarto de Taehyung, já nervosa e somente Jimin e Hoseok estavam ali. A cama de Tae estava desocupada, só conseguia pensar no pior. Tranquei a porta e vi que a luz do banheiro estava aberta. Pude ouvir pequenos gemidos de dor vindo lá de dentro que pareciam ser de Taehyung. Abri a porta sem mesmo pensar em bater.

      ~Taehyung falando~

Alguém abre a porta com rapidez.

- T-tae...o q-que tá fazendo?!

Falou Hanzel chocada, vendo que eu estava com cortes profundos nos meus braços que havia feito com uma lâmina que permanecia mas minhas mãos.

Ela se aproximou de mim lentamente ainda tentando processar tudo aquilo. Tirou a lâmina das minhas mãos em um gesto delicado. Hanzel observava meus ferimentos sem acreditar no que eu acabara de fazer.

- P-por que f-fez isso, Taehyung?

Pergunta Hanzel, com seus olhos úmidos, enquanto gotas do meu sangue escorria pelo piso do banheiro.

- É minha única forma de alívio.

Falei, encarando um ponto fixo no chão.

- Tae, a dor nunca trás alívio. A única coisa que está fazendo é se destruindo aos poucos.

Disse ela, me encarando com tristeza em seu olhar e um pouco decepcionada pelo que acabo de dizer.

- Mas Hanzel, não conviver mais com minha irmã é uma dor que me tortura a cada instante. Não se lembrar dela é uma coisa quase impossível pra mim. Quando era adolescente, sofria com problemas na escola e me cortava frequentemente. Eunjin sempre me dava conselhos para me sentir melhor e nunca contava pros nossos pais. Isso era só mais um dos nossos diversos segredos. Agora que ela se foi, meu problema de automutilação voltou. Eu só queria que ela estivesse aqui para me dizer " Está tudo bem, estou aqui com você, irmão."

Falei, não contendo mais minhas lágrimas. Não resisti e deixei elas caírem sobre minha face.

Abaixei minha cabeça, não querendo que Hanzel me visse daquele estado, quando ela simplesmente veio até mim e me abraçou.

Não exitei, e correspondi seu abraço. Eu precisa daquilo, então derramei minhas lágrima em seu ombro, deixando minha dor transparecer por completo.

- Eu sou tão fraco...

Falei, me culpando por estar agindo daquela maneira.

- Tae, você não é fraco! Muito pelo contrário. Passar por tudo o que você passou e ainda por cima sem alguém para compartilhar o que sente, são poucos os que conseguem.

Falou Hanzel, cortando nosso abraço e enxugando minhas lágrimas.

- Mas eu nem ao menos consigo me desfazer dessa lâmina. Não consigo controlar o que sinto, eu sou um completo idiota.

Falei olhando para meus pulsos que insistiam em arder.

-Tae, se culpar por isso não vai te fazer seguir em frente. Escute, automutilação não é a resposta. Já imaginou o que Eunjin diria se te encontrasse assim? E seus pais? Amigos? Nós te amamos Tae! Você nunca vai estar sozinho. Não se destrua assim!

Falou Hanzel, que olhava com sinceridade em meus olhos.

Aquelas palavras ecoavam na minha mente. Acho que se Eunjin estivesse aqui, com certeza diria coisas parecidas pra mim. Em uma coisa tenho que concordar com aquele miserável do Seung, Hanzel se parece muito com Eunjin, sua forma de conversar com as pessoas e motivá-las a seguir em frente. As duas me faziam enxergar alguma esperança.

Abracei a moça em um gesto rápido. Ela ficou um pouco surpresa mas correspondeu meu abraço.

- E então, isso é o seu "obrigado"?

Perguntou Hanzel, o que fez arrancar um sorriso meu.

- É sim, muito obrigado mesmo.

Falei, agradecendo a suas palavras.

-De nada, é muito bom ver seu sorrisso novamente.

Falou ela, também mostrando seu sorriso.

Por um momento pude esquecer todo aquele vazio que estava preso em mim e pude sorrir novamente. A dor da perda ainda continuava, mas dessa vez é diferente. Hanzel me fez perceber o quanto estamos rodeados por pessoas que nos amam.

"Uma estrela nunca está sozinha em meio a uma galáxia, por mais que ela pareça escura e vazia."

       ~ Hanzel falando~

Parece que fiz Tae melhorar, era ótimo vê-lo com seu semblante alegre outra vez.

- Hanzel, você pode dar um jeito nesses cortes?

Perguntou Tae me mostrando os pulsos, aquilo parecia arder bastante.

- Vou ver o que posso fazer, mas confesso que não sou a melhor enfermeira do mundo.

Descemos até o andar de baixo, se dirigindo até a cozinha. Liguei a torneira e comecei a lavar seus pulsos delicadamente. Pude ver com mais clareza que seus ferimentos eram realmente intensos. Com certeza se eu não tivesse chegado para impedi-lo ele causaria sua morte. "Por que fez isso consigo mesmo Tae?", Isso era a única coisa que se passava na minha cabeça. Que bom que agora tudo se tranquilizou.

Peguei uma toalha para secar seus braços.

- Onde posso encontrar uma caixa de primeiros socorros?

- Despensa.

Falou Ele.

Fui até o lugar onde estava uma caixa com alguns esparadrapos e remédios. Peguei tudo aquilo e voltei para a cozinha onde Tae me esperava sentado. Passei um remédio para que aquilo não inflamasse e em seguida cobri com o esparadrapo.

- Prontinho TaeTae.

- Obrigado, Hanzel.

Ouvi passos de alguém descendo as escadas, era Jungkook.

- Então aí está você, Hanzel!

Falou Jungkook, sorrindo por me encontrar, descendo as escadas e indo em direção a cozinha, onde eu estava. Ele dava passos lentos, pois ainda não tinha se recuperado completamente.

- O que está fazen....

Jungkook parou no meio do caminho, a expressão de felicidade tinha sumido.

- T-taehyung...?

Perguntou Kookie. Não pude reparar de como Jungkook ainda se culpava por ter mentido pra ele.

Tae o encarava com certa dificuldade, pois ainda estava magoado.

- T-tae, a gente pode conversar um minuto?