História Diário de Uma Roqueira Apaixonada - Jhony Webber

                                                                Leonard

Logo que me mudei pra cá,não imaginei que iria viver tanta coisa em tão pouco tempo. Fiz novas amizades, conheci novas pessoas, tornei-me um novo ser. Jamais cogitei a ideia de me abrir tanto com uma pessoa que eu nem sequer conhecia direito, quem diria que em um acampamento escolar eu iria encontrar um confidente/um diário humano, a quem eu posso contar tudo e pedir ajuda sempre. Acho que ninguém. Mas ele chegou de mansinho, como  quem não quer nada e em tão pouco tempo conquistou minha confiança, quando dei por mim já estávamos rindo e conversando sobre coisas diversas, temos tanto em comum.

Jhony Webber, 15 anos, um emo baixinho, mas com um gene forte/esquentadinho, uma voz doce, rosto delicado, cabelos ruivos, olhos negros como a noite, olhar penetrante, sorriso angelical, branquinho e corpo esbelto sem muitas curvas . Não sei como explicar, no entanto algo que estava dentro de mim acordou quando ele apareceu, ou melhor dizendo, algo nasceu em meu interior. Um misto de felicidade e alegria, mas também uma insegurança que eu não sabia explicar o “Porque” de estar ali, nasceu também um sentimento protetor, oh sim! Eu queria proteger aquele garoto a qualquer custo,ficar longe dele estava fora de questão. Mas espera! Isso é mesmo coisa de amigo? Digo, reparar todas essas coisas é realmente algo que eu devia fazer?

Saio de meus pensamentos com o meu celular tocando , era ele:

“Ligação on”

Jhony: Oi

- Iae

Jhony: Tá fazendo o quê agora?

- Não tô fazendo nada, e você?

Jhony: Nada também

- Hum, tem um parque para skatistas lá no centro, acho que vou lá, quer vir comigo?

 Jhony: Não sei andar de skate

- Eu te ensino

Jhony: Tá bom então

- Qual seu endereço?

Jhony: Quer saber pra quê?

- Pra poder ir te buscar, anda fala

Jhony: Eu posso ir sozinho...

- Deixa de ser chato

Jhony: Tá, anota ai: Rua xxx xxxx nº 69

- Olha só, eu moro algumas quadras daí

Jhony: Legal

- Vou me arrumar,até mais

Jhony: Também,até

“Ligação off”

Levantei da minha cama, tomei um bom banho, escolhi uma roupa confortável, peguei meu skate e saí.

...

Andava tranquilamente pelas ruas, era perto, então não precisei pedir a meu tio pra emprestar o motorista e nem pegar um ônibus. Algumas quadras depois, cheguei ao endereço prescrito.  Era uma bela casa, toquei a campainha e algum tempo depois uma senhora muito simpática atendeu a porta.

Xx: Olá meu belo jovem_falou parada na porta

- Olá senhora, o Jhony está?_sorri para ela

Xx: Está sim, qual o seu nome?_ retribuiu o sorriso

- Que falta de educação a minha, me chamo Leonard Smith!_cocei a nuca,era um hábito já

Xx: Prazer Leonard, me chamo Anastácia Webber, sou avó de Jhony_deu passagem para que eu entrasse_sente-se!

- Obrigado

Vó de Jhony: Você e Jhony são o quê?_falou me analisando

- Amigos

Vó de Jhony: Onde vocês se conheceram?

- Acampamento escolar

Vó de Jhony: Humm, ele não é de trazer amigos aqui!

- Mesmo!? Por quê?_fiquei curioso

Vó de Jhony: Ele não tem muitos amigos, e os que tem não são tão próximos...

- Entendi_que bom,pensei

Vó de Jhony: Posso te pedir uma coisa,garoto?_ela ficou séria

- Pode sim

Vó de Jhony: Se não for ficar, não se aproxime. Meu neto já sofreu muito, não precisa que mais um o abandone_ao terminar a frase,virou-se para as escadas_ olá meu amor!

- Jamais faria isso senhora!_virei-me também sorrindo_Pronto?

Jhony: Sobre o que estavam falando?_foi até D.Anny_ Olá vovó!_deu um  beijo na senhora_ Tô pronto sim!_deu um mini sorriso

- Vamos?_perguntei , enquanto me despedia de D.Anny

Jhony: Vamos!

...

Fomos conversando sobre coisas aleatórias durante todo o caminho e em menos de 30min, chegamos ao parque.

Jhony: Tem bastante gente aqui_falou olhando em volta

- Pois é

Jhony: Acho que mudei de ideia

- Sobre o quê?_arqueei uma sobrancelha

Jhony: Não quero mais aprender a andar de skate...

- Por que?

Jhony: Se eu cair, todo mundo vai ver e provavelmente vão rir de mim_ele ta fazendo bico, é isso mesmo?

- Você não vai cair, eu te seguro!_estendi a mão para ele

Jhony: Promete?

- Prometo!

Jhony: Então tá bom_pegou a mão oferecida

Ajudei ele a subir no skate e empurrei de leve, ele segurou firme em minha mão  aos poucos foi se soltando. Quando vi, ele já andava sozinho e um sorriso brotava em seu rosto. Depois foi a minha vez de andar e ele me acompanhavam sorrindo. Por fim nos cansamos e fomos sentar em um banco próximo. 

- Viu só como não foi difícil? 

Jhony: Vi sim , foi bem legal !

  - Que bom que gostou_sorri

Jhony: Eu tô com fome_falou meio sem graça

- Eu também_tão fofo_ vamos a uma lanchonete então?

Jhony: Esqueci minha carteira_disse cabisbaixo

- Eu pago

Jhony: Não acho justo

- Deixa vai, se te deixa mais a vontade, você pode pagar algo pra mim em uma outra ocasião

Jhony: Tá bom então

E lá fomos nós, ao adentrarmos o local o pequeno número de pessoas que haviam ali pararam o que faziam e começaram a nos encarar, o Jhony se encolheu atrás de mim. Seguimos até uma mesa ao fundo e nela nos sentamos, não demorou e uma garçonete veio até nós, anotou nossos pedidos e saiu, notei que ela olhava estranho pro Jhony e tamém notei que ele não falava nada desde que chegamos.

- Você está bem?_falei preocupado

Jhony: Unhum..._não me encarava

- Por que está quieto?_não me convenceu

Jhony: Você viu como eles nos olharam...como me olharam?_disse cabisbaixo

- Não, como?

Jhony: Com repulsa Léo, as pessoas me acham estranho , parecem até que tem nojo de mim!

- Mas porque?

Jhony: Pelo meu estilo, não é o aceito pelos padrões corretos ,sabe...e além do mais, eu não gosto de gar..._foi interrompido pela garota que trouxe nossos lanches

- Não gosta de quê?_comecei a comer

Jhony: Deixa pra lá_começou a comer

- Me conta vai_fiz biquinho

Jhony: Não quero que também tenha nojo de mim...

- Nojo de você? Eu jamais teria isso!_parei de comer

Jhony: É assunto delicado Léo, não quero tocar nele agora.

- Tudo bem, vou esperar quando quiser me contar.

Jhony: Obrigado!

Após isso, terminamos de comer em silêncio, era como se toda a alegria que estávamos sentindo lá na pista de skates houvesse sumido.

...

Estávamos agora a caminho de casa(da casa dele na verdade), ele não falava nada. Era como se tivesse perdido em seus próprios pensamentos, tanto que nem notou quando chegamos a frente de sua casa.

- Chegamos_ele pareceu acordar

Jhony: Ah...obrigado por hoje_fitava o chão

- Por nada, você tá mesmo bem?_segurei em seu rosto e o ergui

Jhony: Tô sim_olhava agora em meus olhos

- Não acredito muito não,mas ok. É seu direito não querer falar_ por que esses olhos me atraiam tanto? Não sei

Jhony: ..._sorriu sem humor

- ..._continuei a encara-lo , meus olhos foram descendo por seu rosto e pousou em seus lábios, tão finos e parecem ser tão macios. Como que por instinto, passei meu polegar levemente sobre os seus lábios, e como são macios! Mas, me veio uma vontade estranha, eu desejava toca-los sim e não apenas com o polegar, desejava toca-los com os meus próprios lábios. Nem notei quando me aproximei dele, me aproximei tanto que os nossos rostos estavam quase colados e nossas bocas quase que tocando uma na outra. Ele permanecia ali, estático, seus olhos arregalados, não movia um musculo sequer, tão vulnerável! Minha mão direita agora passeava por seu rosto, a esquerda alcançou sua cintura e ali permaneceu, apertando levemente o local_Não sei qual vai ser sua reação,mas eu realmente quero te beijar agora_disse por fim

Jhony: E-então b-b-beija_suas mãos estavam tremulas , e seu rosto parecia um tomate de tão vermelho. Ele então fechou os olhos, me dando permissão.

Me aproximei lentamente,mas quando finalmente ia concluir o ato, sua avó abriu a porta e pediu que ele entrasse. No susto, desvencilhou-se dos meus braços e saiu correndo, quando já estava longe me deu tchau e entrou. Sua vó apenas me olhou séria e fechou a porta, eu fiquei ali parado, olhando a porta recentemente fechada, a sensação do corpo dele entre meus braços desaparecendo aos poucos, e por fim me fazendo sentir-se vazio.

“ O que está acontecendo comigo!? “       

  “ Por quê quase beijei meu amigo? “

Não termos nos beijado não deveria ter me afetado tanto,mas me afetou e como afetou.

Pensando nisso rumei pra casa, precisava dormir e por meus pensamentos em ordem.