História Diary of a Dead Girl - Tears

Narrador POV

Ao ouvir aquilo, Maya andou para trás procurando onde se encostar, ao tatear uma pequena escrivaninha naquela sala, a menina caiu no chão. Os olhos da garota indefesa estavam marejados, e ao piscar, varias lágrimas caíram e ela se sentiu sozinha naquela sala.

Kendall ao ver sua amiga caída e totalmente fora de si, se sentou no chão e chorou novamente. Maya não sabia o que falar, não sabia como reagir e preferia assim, ficar sentada, apenas processando – ou tentando – o que acabara de ouvir, aquilo era horrível e a pequena garota nem sabia o que perguntar para a amiga, estava tão vazia e querendo se jogar na ponte mais próxima.

Ao perceber que já estava soluçando, se levantou e rapidamente correu em direção à amiga, Jeremy apenas olhava aquela cena, perplexo.

— Como aconteceu? – perguntou a menina se ajoelhando na frente da amiga.

— Ele estava vindo pra cá e foi atacado por três homens. Ele apanhou até... – Kendall parou, ela não aguentaria continuar.

— O que ele iria fazer aqui? Porque ele saiu sozinho, poderia ter vindo com você ou Camila, porque ele fez isso Kendall?

— Ele iria te pedir em namoro Maya – Kendall parou de falar, e o silêncio se instalou naquele local, então a menina continuou, procurando forças aonde não havia mais –, por isso não me chamou, ele estava há meses pensando nisso. E Camila está viajando com os pais. Ele estava tão feliz Maya, eu ainda não acredito! – falou a garota tentando parar de chorar.

— Me pedir em namoro? Meu Deus, onde ele está? Eu quero vê-lo, me leve até ele, por favor. – Maya pediu.

— Estão fazendo autopsia do corpo dele May, não podemos ir lá e só poderemos ver ele no enterro. – Kendall falava, tentando formar frase inteiras sem começar a chorar novamente.

— Como assim no enterro? Não terá velório Ke? Eu preciso ver ele, ele morreu por minha causa, ele... Eu não quero acreditar, só posso estar tendo um pesadelo Jeremy... – Maya corre até o rapaz, procurando nele algum motivo para acreditar que tudo não passava de um pesadelo.

— Eu sinto muito Maya, eu realmente sinto muito. – comentou o rapaz.

***

O enterro foi calmo, apenas com pessoas de roupas pretas e chorando, o dia estava lindo, céu maravilhosamente azul, com pássaros cantando sem parar. Maya percorreu o olhar pelo espaço em que estava e sentiu uma pontada enorme no coração, suas pernas bambearam e se não fosse Jeremy atrás da menina para segurá-la, ela teria caído no chão e provavelmente desmaiado.

Ela se recuperou começando novamente a chorar, e ela não pararia tão cedo, aquilo duraria dias para acabar, mas só Maya sabia que aquela ferida nunca se curaria.

Depois de dar o adeus, as coisas pioram um pouco. Vêm as lembranças da pessoa, todos os momentos felizes e tristes que passamos com ela e mais mil pensamentos de como seria se ela estivesse aqui. E então vem a grande tristeza: Nunca mais vou vê-la. Todos se sentem assim quando perdem um ente querido, e mesmo as lágrimas um dia parando de cair, aquela ferida, aquele machucado nunca se fecha. E é inevitável não chorar de vez em quando.

Com Maya não era diferente. Logan foi o único homem que fez ela se sentir amada, ele era melhor amigo, companheiro e diversas vezes, até namorado. Logan foi o único homem que também fez Maya sentir prazer, foi o único homem a tocá-la de uma forma que ninguém nunca tocou antes. E pensar que ele iria até a casa da menina, para pedi-la em namoro, só dificultava as coisas na cabeça da pequena, que já tinha seus olhos inchados e vermelhos.

Jeremy levou Maya até sua casa, fez a menina comer qualquer coisa, mas ela não queria, mesmo assim ela acabou comendo algumas bolachas. Ele a levou para o seu quarto e a menina se deitou.

— Seu pai me ligou, e pediu para te dizer que sente muito. Ele te ligará em breve. – comentou o rapaz, com um tom baixo. A menina assentiu, abraçando o travesseiro e afundando a cabeça no mesmo. — Nós estávamos falando dele, antes da sua amiga chegar com a noticia. Não é? – Maya assentiu novamente. — Eu sei como é perder alguém especial, não vou te dizer que tudo ficará bem, porque sabemos que essa ferida nunca se cura. Mas... – ele parou, as palavras sumiram de sua cabeça.

— Jery... Deixe-me sozinha... Por favor. – ela pediu, Jeremy assentiu e deu um beijo na cabeça da menina, e sem seguida saiu de seu quarto, fechando a porta.

Ela queria um tempo para ainda processar o que acabara de acontecer, ver Logan naquele caixão tinha que ser um pesadelo, só ela sabia o quanto queria estar ao lado do menino, comendo pipoca, doces, ou até fazendo qualquer besteira. Ele irá fazer falta, muita falta.

Maya ouviu seu celular apitar, mas não ligou. Ela não queria levantar para conversar com alguém, não queria contato com alguém, na verdade ela não queria ser alguém. E quando Maya pensou que teria longas horas de descanso, ou apenas de reflexão, Jeremy bate na porta, dizendo que a menina teria que descer para dar depoimento a policia, ela levantou mesmo não querendo e desceu, onde estava os policias.

— De onde você conhecia Logan? – um policia perguntou, o outro anotava algumas coisas em um bloco.

— Da escola, ele estudou comigo em praticamente todos os anos. – ela respondeu, lembrando do momento certo que conheceu Logan. Ele foi o primeiro a conversar com a menina.

— Ele tinha inimigos? Ou já brigou com alguém? – perguntou.

— Não, Logan nunca brigou com alguém e jamais teve um inimigo. Na verdade ele era amigo de todos os alunos da escola, se dava bem com todos eles e nunca teve problemas com alguém. Vocês já sabem quem fez isso com ele? – respondeu e depois perguntou. Ela queria saber se eles já conseguiram saber quem fez isso com o amigo dela, mas não era tão fácil assim.

— Entendi, e não. Ainda não sabemos quais foram os agressores. Mas estamos trabalhando nisso. – comentou.

— Ah claro... – sussurrou a menina, não acreditando que eles estavam realmente resolvendo isso.

— Qual era sua relação com ele? – perguntou.

— Eu já disse, éramos amigos desde quando eu entrei na escola. O que mais querem saber? Estou cheia disso e tudo que eu mais quero é descansar. – exclamou a menina, já cansada das perguntas do policial.

— Vocês tiveram algo a mais do que amizade? Tiveram relação? – a menina arregalou os olhos.

— Isso é intimo e chega, eu não quero mais responder essas perguntas. Apenas... – suspirou pesadamente — Me deixem em paz.

Então ela correu até seu quarto, e se trancou no mesmo. Jogou seu corpo na cama e afundou novamente seu rosto no travesseiro, ela queria chorar novamente, mas não o fez. Apenas respirou calmamente por alguns minutos, deitou sua cabeça no travesseiro de forma normal, e fechou os olhos. Tudo que ela mais queria era dormir e acordar só no outro dia, talvez essa dor desaparecesse ao dormir, mas ela estava enganada. Essa dor nunca desaparecerá. E quando finalmente encontrou o sono, ela se assusta com a porta que da visão ao jardim sendo aberta. Ela automaticamente se sentou na cama, e se “escondeu” no canto na mesma, batendo suas costas na parede. Ao ver Zayn na sua frente, ela respirou aliviada.

Ele se sentou na ponta da cama, fitou a menina e se permitiu pegar em uma das mãos de Maya.

— Eu sinto muito. – disse ele, apertando forte a mão da garota.

— Tudo ficará bem. – ela disse em um sussurro tirando sua mão da mão de Zayn e ele assentiu. O celular do rapaz apitou e ele logo tratou de ver quem o chamava. Como Maya estava quase atrás do rapaz, pode observar que era uma mensagem de voz, mas ela não sabia de quem.

Então ele apertou o botão e praticamente se esqueceu que estava no volume alto, pois a menina pode escutar o áudio de um homem com uma voz bem rouca dizendo:

“Trabalho concluído chefe, descartamos ele.”

A menina rapidamente ligou a morte de Logan com o áudio que Zayn recebeu. Será que ele? Não, ele não seria capaz, e também Zayn nem conhecia Logan, não faz sentido, pensou a menina. Após Zayn ouvir o áudio, encarou Maya, e os dois ficaram em silêncio, apenas se olhando. Na cabeça do rapaz, passava os pensamentos que talvez Maya estivesse pensando. E na cabeça da menina, passava Zayn contratando homens para matar Logan.

— Está tudo bem Maya? – ele perguntou, sua voz estava grossa e o modo com que ele pronunciou as falas, fez a menina se encolher ainda mais e seus pêlos arrepiarem.

— O que ele quis dizer com “descartamos ele”? – ela perguntou, sem medo. Ela viu o rapaz suspirar pesadamente, o olhar do mesmo passou por todo quarto da menina e depois parou nos olhos azuis de Maya.

— Eles mataram alguém pra mim.