PARTE I - UM GAROTO PSICÓTICO
- Com licença, garoto? - Toco no ombro de um menino gordinho, de cabelos cacheados. Deve ter uns treze ou quatorze anos. - Qual seu nome?
Ele se vira, olha para mim e seus olhos brilham. - Uau.
- Quê?
- Você é linda, cara! - Ele se ergue rapidamente e vejo que ele tem a altura em meu ombro. Tento não soltar uma risada, vejo Jéssica a distância, gargalhando.
- Ham... Obrigada, eu acho. - Ouço meu estômago roncando. Me desculpa, mas você pode me dar uma dessas barras? Estou faminta.
- Claro, claro, claro!! - Ele dá um sorriso nas orelhas. - Leva, leva tudo!
Ele começou a fuçar na mochila dele, deixou umas coisas caírem no chão, até que desistiu e me deu a mochila toda.
- Ah... Obrigado... - Sorri. - De verdade. - Dou um beijo em sua bochecha e ele fica vermelho. Corro em direção a Jéssica, que já estava atrás de um muro ali próximo, rindo litros.
- Ele gamou em você, Mia, conquistadora dos gordinhos.
- Hey. Isso é bullying! - Eu rio.
- Com você ou com os gordinhos?
PARTE II - UMA NOITE DE CHOCOLATE E HISTÓRIA
- Ah, como eu senti saudade de uma barra de chocolate! - Falo, me deliciando com a barra.
- Um brinde... - Ergo minha barra e bato na dela. - Ao namorado da Mia!
- Ah! - Dou um tapa de leve no ombro da Jéssica, que já estava se afogando de tanto rir. - Cala a boca.
- Qual o problema no garoto? Parece ser gente boa...
- O problema não é ele... É você. Você esconde este segredo de mim, mesmo já estando juntas há quatro anos...
- Que segredo?
- Você sabe muito bem!
- Certo... Vamos fazer um jogo. Eu te faço uma pergunta e depois você me faz outra, ok?
- Ok.
- Hum... - Ela dá um sorriso estranho e bizarro. - Se fosse numa outra situação, você ficaria com aquele garoto?
Eu tenho um ataque de risos. - Sim, que dizer, não sei...
- AAAAAH MIAA... - Jéssica me dá um empurrão. - Sempre soube...
- Cala a boca! Pelo menos ele me daria chocolate todo dia... - Solto uma risada. - Minha vez. - Dou uma mordida na barra. - Quem é Cleo?
Jéssica parou de rir e me encarou. - Mia...
- Nem vem! Pode ir dizendo.
Ela encarou o chão por um momento, depois voltou para mim e começou a falar.
- Cleo... Ela era minha irmã mais nova, tinha uns seis anos na época. Eu descobri de meus poderes quando mandaram um soldado à minha casa, explicou para meus pais sobre o suposto projeto para pessoas como eu, e falou que era a escolha deles eu ir ou não. Eles adoraram a ideia, mas eu sabia que tinha algo errado. Durante a noite, fugi de casa. Me escondi no bosque imenso da cidade. Depois de um tempo, tomei a estrada, mas todo o momento senti que estava sendo seguida. Até que adentrei a floresta que ficava ao lado da estrada. Descobri que era ela quem me seguia. Então o meu primeiro Cyclon nos atacou, eu não tinha ideia do que fazer. Até que vi o Cyclon pegando minha Cleo. Corri para cima dele e fiz sua cabeça tremer até explodir. Mas ele era muito alto, uns três metros. Não tinha diminuído, como a maioria faz. Quando ele explodiu, Cleo caiu no chão e quebrou o pescoço. Eu achei que poderia salvá-la, talvez encontrar alguém como eu, só que pudesse trazer alguém de volta dos mortos. Mas nunca encontrei. Carreguei o corpo morto dela por semanas. Até que desisti.
- Me desculpe. - Dou um meio sorriso para ela e encaro o chão.
- WOW! Vocês são mais interessantes do que eu imaginei!
PARTE III - O GORDINHO PSICÓTICO ATACA NOVAMENTE
- O que você está fazendo aqui? - Me levanto rapidamente e encaro o garoto.
- Olha, me desculpa... Meu nome é... Mark.
- Tá. Agora... O que foi que você ouviu?
- Tu... Tudo. - Ponho minha mão em minha cabeça, ah que droga. - Não... Não se preocupe! Eu tenho um poder também...
Arqueio as sobrancelhas ironicamente. - Ah, tem é?
- Sim... Eu consigo atravessar paredes... As vezes.
- As vezes? - Me seguro para não rir. - Por que não faz de novo? Tipo, agora.
- Tá...
Ele se concentrou e fez uma cara muito engraçada, deu uma mordida na barra e correu em direção a parede, batendo com tudo e fazendo Jéssica rir muito.
- Au. - Ele falou.
- Olha só... Mark, né? Sem querer ofender, mas isso não é...
- Você não acredita em mim, né? Eu vou provar para você!
- Outro dia, tá? Nós precisamos ir antes que amanheça.
- Como assim, Mia? - Jéssica pergunta se levantando, dou um olhar profundo a ela e ela entende. Se levanta, pega as coisas e me segue, saimos do beco. Virando a rua, Mark corre e para atrás de mim, mas eu continuo andando.
- EU VOU TE ENCONTRAR MIA! E eu vou te provar...
Me viro de relance. - Então boa sorte. Não vou ficar neste estado por mais muito tempo.
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