História Diferentes - Salem - 2016

PARTE I - 13 ANOS

- Pst, Mia... - Jéssica me acordou.

Nós estávamos dormindo numa casa perdida no meio do bosque ao lado da estrada. Segundo as placas, chegaremos em Salem daqui uns dois dias, neste ritmo. A casa é pequena, uma sala e um banheiro. Não é usada há, no minimo, cinco anos. A sala está quase vazia, só há as nossas coisas. Em um ano conseguimos muitas coisas. Muitas roubadas, outras roubadas. Não digo que isso é certo, mas estou há dois anos nas ruas, e acredite, sendo honesto, você morre. 

Pelo menos, para nós. 

- Feliz aniversário! - Jéssica falou, estava segurando um cupcake com uma velinha.

- O que? - Pergunto, ainda tentando acordar.

- Hoje é seu aniversário, sua boba. 

- Ah... 13 anos, né?

- Sei que você não gosta de comemorar, mas enquanto você não me disser o porque, vou continuar todos os anos comprando um cupcake e te lembrando. - As vezes, ela consegue ser muito convincente e chantagista.

- ''Comprar'', né? - Eu ri, me levantando. Estou com uma regata e um shorts jeans. Está muito quente. 

- É... Como você quiser chamar. Vamos, faça um pedido. - Ela diz, basicamente jogando o mini bolo na minha cara.

Eu sorri. Meu único pedido é algo que eu jamais vou conseguir. Paz.

Ainda assim, assoprei a vela.

PARTE II - Salem

Estamos desde o final de 2015 andando. Jéssica não queria usar seus poderes para nos trazer mais rápido para cá, pois ela ia se cansar muito mais rápido. 

O engraçado é que Jéssica me acompanhou até aqui, nós nem nos conhecíamos, nunca havíamos dito uma palavra à outra. E mesmo assim, ela veio comigo. 106 km juntas, uma ano basicamente juntas. E eu apenas disse que eu queria ir para Salem.

Não sei o que me aguarda lá, mas algo me diz que eu preciso chegar lá. 

- Por que você veio comigo? - Pergunto à ela, enquanto estamos andando na estrada.

- Como assim? - Ela pergunta.

- Tipo, você veio comigo para Salem. Você mal me conhecia, eu era apenas mais uma garota perdida nas ruas, e você veio comigo. Me salvou de muitos Cyclons, me alimentou, me aqueceu. Por quê?

Ela parou de andar. Olho bem no fundo de seus olhos, vejo uma lágrima escorrer.

- E... Eu falei algo errado?

- Não... É só que eu... - Ela limpa rapidamente a sua lágrima. - Nós chegamos. 

Sua expressão mudou rapidamente, um mistura de dor e de falsa confiança. Decido deixar este assunto baixo.

Olhei adiante. Era uma cidadezinha calma, muitas pessoas nas ruas. 

Conforme passávamos, todos nos encaravam.  Era como se nós não fossemos bem-vindas. Este não é o nosso lugar. Mas afinal, existe um lugar para nós?

- E agora? - Jéssica me pergunta, ainda abalada.

- Não sei.

Ela me encara. - Como assim você não sabe?

- Eu... Não sei. Algo me diz que é aqui que nós devemos estar.

- Algo te diz? - Ela basicamente grita, e muitos nos encaram.

- Pst, não grita. - Sussurrei.

Esta escurecendo rápido de mais. Uma tempestade vem chegando. As pessoas na rua começam a correr, entram em suas casas. Eu paro uma pessoa na rua.

- O que está acontecendo? - Pergunto.

A pessoa se virá, é uma garota, cabelos brancos, uns 17 anos. Usa um óculos escuro, roupas longas, mesmo estando muito calor. Sua pele é bronzeada.

- O monstro da noite está chegando. - Ela sussurra.

- Oi? - Jéssica pergunta.

- Ele é escuro como a noite, e tem olhos vermelhos. São altos, e mortais. - Ela parecia apavorada. Encaro Jéssica.

- Cyclons. - Murmuro.

A garota saiu correndo.

- Ela é uma de nós. - Jéssica afirma. - Se ela acha que pode se esconder, então está enganada.

Ouvi aquele bip estridente novamente. Mas não só um. Diversos.

Olhei adiante. Diversos Cyclons estavam vindo. Dezenas, centenas.

- O seu instinto quer te matar, Mia. - Jéh diz, apavorada.

- Salem está tomada. Não pertence mais a ninguém. Apenas aos Cyclons. - Eu disse.

- CORRE - Ela berrou e começou a correr, não super rápido, apenas correndo.

PARTE III - O ATAQUE

- BEM QUE VOCÊ PODERIA CORRER MAIS RÁPIDO! - Jéssica berrou.

Minha barriga doí, ela tem um poder super poderoso, que poderia nos levar para longe. Mas ela não usa! Não entendo! Ainda que ela se canse rápido, já nos daria muito mais tempo para a fuga.

Mas então eu vi. Bem na nossa frente. Mais dezenas de Cyclons. 

- Nós vamos morrer. - Eu começo a chorar, contra minha vontade.

Jéssica me abraça. Daqui a pouco eles vão chegar, é questão de segundos.

Senti um negocio estranho, como se alguém cutucasse meu ombro. Me virei.

Uma enorme biblioteca estava logo atrás de mim.

Corri para lá, seguida de Jéssica. Quebrei a janela e entrei.

Me perdi nos imensos corredores e vi um livro que brilhava. O peguei e guardei em minha mochila. Subi as escadas e fui para o terceiro andar. Os Cyclons estavam destruindo a biblioteca. Dezenas de Cyclons estavam entrando, não, quebrando tudo e então entrando. Jogando lasers para todos os cantos, cumprindo a tarefa há quais foram designados. Eu subi para o sótão e abri uma janela enorme que havia.

- O que você pensa que está fazendo? - Jéssica gritou. O lugar logo iria desabar.

- Rápido, suba em minhas costas. 

- Você está louca? Eu sou mais velha, você não vai aguentar meu peso!

- CONFIA EM MIM!

Dezenas de Cyclons que estavam do lado de fora nos avistaram e começaram a atirar em nós.

Jéssica subiu em minhas costas. Corri para trás e joguei um disco de força. No mesmo momento em que ele começou a voar e ir em direção a janela, corri o mais rápido que pude e pulei em cima do disco. Jéssica pulou de minhas costas e se agarrou em minha cintura. 

Me concentrei e fiz um campo de força em volta de nós. Os Cyclons jogavam balas e lasers em nós, mas não nos acertavam, o disco estava muito rápido, e se miravam bem, o campo de força não deixa entrar.

Voar é uma coisa muito excitante, mas não prestei muito atenção na paisagem. Apenas voei para o mais longe possível. Senti uma falta de ar e vi que estávamos muito alto. Já longe o suficiente, pousei no meio da estrada. 

Um carro veio em nossa direção, buzinando, nos jogamos para o lado e rolamos morro a baixo.

Senti minha visão falhar.