História Diga que eu, sou seu! - Cartas na mesa

   Despertei com dificuldade hoje.

Meu corpo doia muito, fui direto no armário procurar um analgésico.

Me higienizei e fui andando devagar ate a escola, já queria férias, não suportava mais olhar para a cara daquelas mesmas pessoas de sempre.

Entrei na sala, e esperei uns 10 minutos, ate que Pamela veio me buscar para o ensaio.

Hoje alem da turma de dança, havia um pessoal de outra turma que iria apresentar um recital, com varias poesias.

Eles ficaram no canto do salão decorando os versos de cada um, tivemos que passar por 5 vezes a coreografia sem música, para que não atrapalha - se a atenção deles.

" Mais de que adianta, se eles não desgrudam os olhos de nós?"

Pamela usou a mesma ordem de pares de ontem, e eu agradeci por não ter de tocar na nojenta da Júlia. Ela me olhava com um olhar sínico, me dava vontades de voar na garganta dela.

_ Vinícius! Presta atenção, você ta indo para o lado errado, se fizer isso amanha eu te mato!

_ Foi mal Pãh.

_ Mal não, foi péssimo! Vamos começar do início. E Carol cadê a animação? - Carol abriu um longo bocejo.

Passamos e repassamos tudo. Eu já havia decorado toda a coreografia, agora dançava meio forçado mesmo. Amanha será o grande dia, e todos estavam com os nervos à flor da pele.

O sinal do recreio tocou, e eu corri junto com Matheus para o vestiário. Quando ele foi se trocar, o fecho das costas da roupa travou no pano, e eu tive de ajuda - lo a abrir.

Ficamos rindo da situação, ele teve de ficar nú na minha frente, mais nos tratava - mos com respeito.

Subi para a cantina, queria comer uma coisa qualquer, pois meu estômago roncava muito.

Quando cheguei no balcão peguei um sanduíche e um suco com as cantineiras, procurei por Brenda, mais não a vi. Então desci para a sala, na esperança de poder falar só um pouquinho com Harry.

Cheguei na sala e ele não estava la, perguntei às meninas que estavam na sala, se o tinham visto, elas me disseram que ele saiu com alguem rumo à quadra de esportes.

Corri ate la, já estava preocupado. Meu coração acelerou.

Ao entrar na quadra, vi os garotos que jogavam bola, muitas meninas sentadas nas arquibancadas, e nada de Harry.

" Mais onde diabos, esse garoto se enfiou?" .

Desci novamente, olhando em cada cantinho. Mas quando passava perto da biblioteca, vi a porta encostada, e resolvi abrir... Foi certeiro.

Harry estava sentado em uma cadeira, Júlia debruçada em cima dele, se apoiando nas pernas de Harry, e mais ao canto, Brenda que logo me viu e passou correndo por mim...

Harry e Julia me olharam na hora que Brenda saiu. Eles congelaram.

_ Harry? O que diabos esta acontecendo aqui? - Ele ficou em silêncio, e Julia havia travado em cima dele.

Um calor subiu em minhas veias, não sei o que era, mais era ruim. Enfureci... Era perturbador ver tudo aquilo, então impulsionado agi.

Fui andando ate Julia, e a agarrei pelos cabelos, ela começou a gritar de dor, e eu a arrastava pelo chão da biblioteca.

Não sabia porque estava sendo tão agressivo, mais também não me preocupei em ser lógico no momento.

_ Vamos vagabunda! Grita! Cachorra!!!

Harry começou a gritar para eu parar, e quanto mais ele pedia para eu parar, mais meu sangue fervia de ódio!

Coloquei ela de pé na minha frente e perguntei apenas uma vez.

_ Harry, me diz agora o que você tem com essa vagabunda, se não eu vou enfiar um tapa na cara dela, e mostrar pra ela o seu devido lugar!

_ Calma, Vinícius você está nervoso! Solta o braço dela!?

_ 1, 2...

_ Calma Vinícius, eu vou dizer!

_ Então vai! Fala agora!

_ Fica calmo, solta ela primeiro...

Eu olhei bem para a cara daquela nojenta, e joguei ela em cima de uma cadeira perto de mim, ela sentou com força, e chorava muito.

_ Vai porra! Não vai dizer não? Ta esperando eu quebrar o nariz dela?

_ Calma Vinícius! Eu vou falar... Olha, eu e a Júlia, agente estava ficando a um tempo atrás...

_ Estava... O que!? - Meu mundo parou.

_ Estava, cara isso foi antes de eu te conhecer...

_ Ta! Mais eu quero saber o que esta acontecendo, aqui agora! Vocês... Ela nunca me disse que vocês já ficaram, mais isso não me importa.

_ Pois então, eu estava quase namorando ela, quando você apareceu...

_ O que? Você está dizendo que...?

_ Sim. Eu larguei ela, para ficar com você.

Fiquei tão surpreso que minha raiva ate passou... Eu olhava para ela e para ele, não via nenhum laço que pudesse uni - los, não havia química alguma... Como se fosse eu quem ditasse isso.

_ Você me disse que só havia ficado, com duas garotas... E não tinha sido nada intenso, e porque você me esconderia isso, Júlia?

_ Ela me pediu para não contar à você.

_ Tudo bem, tudo bem... - Eu já nem sabia o que fazer... _ Mas, e o que estava acontecendo aqui hoje? Porque discutiram ontem? Eu preciso de respostas, meu deus!

Harry se calou, e eu me voltei para Júlia que me olhava com cara de ódio agora.

_ Júlia, sua falsa! Seja mulher pelo menos uma vez, e me diga a verdade.

Ela se levantou, olhou bem em meus olhos, e me respondeu, limpando as lágrimas.

_ Sabe o que esta acontecendo, Vinícius? - Ela falou meu nome em tom de deboche. _ Já que seu namoradinho não é homem o suficiente para contar eu conto! Ele te traiu, comigo!

_ O que?

_ Isso mesmo, seu ridículo! Ele ficou comigo enquanto você enquanto você estava la, cuidando daquela doida mental da sua mãe!

Me senti atacado por um soco potente no estômago.

_ Harry?

Ele não me respondeu, apenas chorava em seu canto...

Eu senti o chão desmoronando embaixo dos meus pés... Não conseguia crer que aquilo estava mesmo acontecendo.

Abaixei a cabeça e fui saindo pela porta.

Passei por Brenda em um corredor, ela me chamou, mais eu segui reto, sem nem olhar para o lado.

" Harry dizia ontem mesmo que me amava, e hoje descubro isso..."

Minha cabeça começou a doer, entrei em minha sala, peguei minha mochila, e fui saindo da escola. Uma secretária veio me gritando para voltar, mais continuei andando de cabeça baixa, tentando me encontrar no mundo.

Doia tanto meu peito, doia mais que todas as dores que já senti ate hoje.

Fui andando sem rumo... Não queria que minha mãe me visse assim, ela não aguentaria, " Doente mental"...

O sol queimava a minha pele, mais tudo que eu queria era derreter de uma vez, "Porque eles fizeram isso comigo?"...

Olhei as horas no celular, e já era 12:40, já devia estar em casa, mais não queria voltar, eu andei bastante e me enfiei em um bairro desconhecido, e desconhecido eu queria ser.