História Diga que eu, sou seu! - O carro de churros

   Eu andei por horas, e minhas pernas pediam por um descanso.

Entrei em uma lanchonete próxima e me sentei, comi um salgado, e pedi um copo dágua.

Fiquei uns 20 minutos sentado ali, e quando a dona da lanchonete começou a me olhar estranho, me levantei e andei mais para cima.

Eu já nem pensava mais no que tinha acontecido, ficava olhando as casas bonitas daquele bairro, não próximo ao meu, mais também nunca saia de casa então...

As pessoas me olhavam diferente, com uma curiosidade no olhar, ninguém ali me conhecia, e ninguém parecia querer saber quem eu era. Eles viviam suas vidas e suas preocupações, sem encomodar - se com o vizinho...

O comercio era bem movimentado, e muitos jovens passavam com um uniforme escolar diferente do meu, alem disso, eles eram bonitos, acho que havia mesmo pegado pavor daquelas pessoas que eu convivia no meu dia - a - dia.

Uma mulher veio ate mim e me perguntou as horas, eu retirei o celular do bolso e disse a ela.

_ São, 14:33 hrs senhora.

Ela me agradeceu e saiu correndo até o ponto de ônibus. Todo mundo parecia ser bem ocupado por ali...

Virei em uma rua, ainda no centro, e de longe vi uma mulher, que empurrava um carrinho de churros, ela passava sorrindo perto dos comércios e oferecia para todos na rua. Ate chegar à mim.

_ E ai meu jovem! Vamos comprar um churros, delicioso!?

_ Hoje não senhora, estou com pouco dinheiro...

_ Ora! Me diga quanto tem, e eu te digo quanto é um churros.

Eu ri, mais já não sabia onde estava, se gastasse meu dinheiro iria ficar sem rumo...

_ Mais tarde talvez...

_ Tudo bem, boa tarde!

_ Boa tarde à senhora também. - Falei me sentindo o mais educado do mundo.

Ela se foi e eu continuei andando, e logo na curva avistei uma pracinha cheia de flores lindas, e tinha crianças por toda parte. Sugeri a mim mesmo que fosse um lugar seguro.

Me sentei em um dos bancos sozinho, e fiquei observando as crianças correrem de um lado para o outro.

...

A tarde foi passando, e já apontava algumas estrelas no céu cinzento.

A lua chegou clara e brilhante, senti inveja dela... devia ser bom estar tão distante de toda essa raça humana aqui embaixo, mas porém ver tanta covardia la de cima não me parecia agradável...

20:10 hrs.

A praça já estava vazia... apenas eu continuei la, e meu estômago roncava muito.

Pensei na preocupação em que minha mãe devia estar comigo... mais não tinha crédito para ligar.

Me levantei e fui andando mais ou menos por onde vim.

Os comércios já tinham se fechados todos, e não haviam muitas pessoas na rua. Eu estranhei o fato de elas andarem rápido, desconfiadas... me encaravam, e se eu passasse ao lado delas, logo desviavam como se eu fosse as machucar.

Andei, andei, e não sabia onde estava. Resolvi voltar para a pracinha e pedir ajuda, por sorte quando virei a esquina bati de frente com a mulher dos churros.

_ Ah, oi!

Ela já ia passando direto.

_ Moça, me desculpa, eu estou perdido aqui... - Ela virou - se para mim. _ Sabe para que lado fica o bairro (...) ? - Disse o nome a ela que me olhou surpresa.

_ Olha meu filho, sei sim, mais se quer um conselho saia rápido das ruas, volte para casa!

_ Nossa. Mais o que está acontecendo? Porque tenho que sair da rua?

Ela olhou de um lado para o outro e me disse andando mais um pouco para frente.

_ Você não deve saber, mais hoje morreu um traficante ai... e eles la do morro, - Ela apontou para uma montanha logo ali perto, cheia de casinhas, das quais eu não tinha visto ainda -, pediram para esvaziar as ruas ate as 21:00 hrs.

_ Gente! Um toque de recolher ? Que idiota isso...

_ Idiota vai ser eles te furarem de bala ai ...

Eu me assustei.

_ Meu deus, mais eu estou perdido! Como faço para sair daqui?

Ela me olhou por um tempo, estava pensando...

_ Venha comigo, você pode dormir la hoje, mais amanhã cedo eu te levo embora, ta bom?

Aceitei logo a proposta, estava apavorado com a possibilidade de ser fuzilado apenas por estar andando na rua