História Digimon NEW Adventure - Dados roubados

Após Gennai desligar, Izzy saiu ligando para todo mundo que pudesse ajudar. No fim das contas, somente Yolei, Kari, Yuu, Shuichi e Mimi tinham como ir naquela hora. O ruivo da sabedoria pediu ao grupo que fossem para o castelo de ShogunGekomon assim que estivessem prontos. Algum tempo depois, os cinco estavam reunidos com seus digimons no lar do grande sapo. Dirigiram-se até a sala do trono, Mimi e Kari tinham sentimentos mistos com as lembranças sobre o lugar. Pararam em frente a ShogunGekomon.

- Olá, digiescolhidos.

- Oi, grandão! – Mimi disse, animada. O digimon riu.

- É bom vê-la outra vez, Mimi. Ainda sinto muito sobre os acontecimentos há alguns anos.

- Ah, deixa disso. Águas passadas.

- Bom, por que nos chamou mesmo? – Shuichi perguntou

- Certo. Há uma vila descendo a montanha, formada por meus súditos Gekomons, Otamamons e os recém-chegados Betamons, que vieram do litoral. Há algumas horas, LadyDevimon apareceu aqui com uma horda de Vilemons e começou a ataca-los. Infelizmente, eu não posso sair do castelo e devo me reunir com os outros líderes de região em breve. Por isso, pedi a Gennai para chama-los, para que cuidem disso. Podem fazer isso?

- Com certeza. – Kari disse

- Vamos dar uma lição nela. – Tailmon falou, erguendo o punho. – Não é a primeira LadyDevimon que enfrentamos não é, Hawkmon?

- Isso aí. Aí, Yolei, vamos logo!

- Certo.

- Há um caminho logo a frente que desce a montanha e vai direto para a vila. Conto com vocês, agora preciso ir.

- Sem problemas, ShogunGekomon, a gente resolve. – Yuu disse

O grupo saiu do grande castelo e desceu a montanha. Estavam numa parte da vila que ainda não fora atacada, na base da montanha. Havia um riacho passando perto. As casas eram todas de pedra com tetos de folhas. Havia barricadas de madeira separando a parte segura da perigosa. Um dos Gekomons foi até os digiescolhidos.

- Vocês são os digiescolhidos?

- Sim. – Mimi respondeu

- LadyDevimon está ali. Estamos tentando nos defender, mas os Vilemons são muitos.

- Deixa isso com a gente. – Bearmon disse

Todos assentiram e seguiram para a parte atacada. Muitas das casas haviam sido destruídas e os telhados estavam pegando fogo. Era praticamente uma cena de guerra. Pararam em meio a destroços a pedido de Shuichi.

- O que houve, Shuichi? – Yuu perguntou

O albino olhava para os lados, inquieto.

- Não está um pouco... quieto demais?

Os outros perceberam e começaram a olhar ao redor. Shuichi maquinava possibilidades.

Nada deste lado, nada daquele. Será que...

- EM CIMA!

- Todos olharam para cima e viram dezenas de Vilemons caindo.

- Pessoal, hora de digivolver. – Palmon disse

- Entendido! – os digimons concordaram

Palmon digivolve para... Togemon!

Togemon superdigivolve para... Lilymon!

Bearmon digivolve para… Grizzlymon!

Grizzlymon superdigivolve para… Pandamon!

Elecmon digivolve para… Leomon!

Hawkmon digivolve para… Aquilamon!

Aquilamon… Tailmon… Digievolução de DNA… Silphymon!

Lilymon e Silphymon levantaram voo e foram atacando os Vilemons que conseguiam, deletando-os.

- Canhão Flor! – Lilymon apontou seu canhão e disparou contra um grupo de Vilemons, que foram deletados.

- Raio Final! – Silphymon fez o mesmo, acabando com vários dos pequenos digimaus.

No chão, Pandamon e Leomon protegiam os digiescolhidos do restante do pelotão de digimons sombrios.

- Punho de Rei das Feras!

- Super Soco!

Mesmo com tanto esforço, os Vilemons continuavam vindo.

- Caramba, isso não tem fim. – Yuu disse

- O único fim será o de vocês. – uma voz no alto disse, atraindo a atenção dos digiescolhidos. Era LadyDevimon.

- Sua desgraçada. – Shuichi xingou – Pandamon, ataque ela.

- Certo!

Pandamon saltou rápido como um ninja e tentou dar um Super Soco em LadyDevimon, que desviou facilmente e jogou o digimon no chão com seu braço maior.

- Ha! Acha que esse brinquedinho vai me deter?

Mimi prestou atenção aos olhos dela, estavam diferentes.

- Pessoal, tem algo de estranho nela.

- O que, Mimi? – Yolei perguntou

- Não sei dizer, parece uma espécie de raiva, fúria. É como se olhar dela queimasse.

- Tai disse a mesma coisa dos Okuwamons que WarGreymon enfrentou dias atrás. – Kari disse

- Que tal pararem de tagarelar e começarem a gritar? Ondas das Trevas!

Os morcegos flamejantes voaram na direção dos digiescolhidos, que correram para desviar.

- Sua luta é com a gente! – Silphymon disse, dando um soco na digimau, que rosnou.

- Sua piranha maldita! – LadyDevimon atacou com o braço que virara uma lança. Silphymon agarrou-o com as duas mãos em forma de palma, com a ponta a poucos centímetros da sua viseira.

- Canhão Flor! – a energia verde do canhão de Lilymon atingiu LadyDevimon, tirando Silphymon do sufoco.

- Obrigado, Lilymon.

- Disponha.

- Tomem cuidado! – Kari disse

Leomon e Pandamon haviam voltado às suas formas infantis e estavam junto com seus parceiros. Infelizmente, naquela situação, só poderiam observar seus veteranos. LadyDevimon se levantou e voou em alta velocidade, atingindo um forte soco em Lilymon, a jogando ao chão.

- Lilymon! – Mimi correu até a parceira

O olhar de LadyDevimon voltou-se para Silphymon. Seus olhos vermelhos brilharam numa intensidade completamente incomum. Voou em linha, dando um chute em Silphymon e jogando seus morcegos. O impacto foi tamanho que a fusão se desfez.

- Hawkmon!

- Tailmon!

LadyDevimon deu uma risada sinistra.

- Não pensem que tudo será fácil. As coisas não serão as mesmas da floresta.

Tailmon levantou-se, olhando para a digimau com ódio. O mesmo olhar que Myotismon sempre detestou.

- Kari, me faça digivolver para Angewomon!

- O que?

- Angewomon é um digimon sagrado. Será mais que o suficiente contra ela.

- Mas, Tailmon, ela está diferente. Conseguiu derrotar três digimons na fase perfeita.

- Eu tenho que tentar.

- Tudo bem.

LadyDevimon apenas sorriu. Como o mestre Susanoo previu.

Kari ergueu seu digivice.

- É com você, Tailmon!

Tailmon superdigivolve para... Angewomon!

A digimon angelical voou, cercada por sua colorida aura, e atingiu um forte tapa em LadyDevimon, seguido de um chute, afastando-a. Angewomon começou a brilhar.

- Encanto Divino! – Angewomon lançou um grande arco rosado contra LadyDevimon, acertando-a em cheio.

- Ela conseguiu? – Shuichi questionou

A poeira baixou. LadyDevimon continuava ali, com alguns arranhões.

- Impossível. – Angewomon ficou em choque

- Eu já disse que as coisas não são como antes! Ondas das trevas!

Os morcegos envoltos em fogo atingem Angewomon. LadyDevimon avança e usa suas garras para arranha-la e joga-la ao chão. Pousa e pisa sobre Angewomon.

- Angewomon! – Kari se desespera

- Como... como ficou tão poderosa?

- Simplesmente tenho aliados fortes, anjinha. Aliás, mestre Susanoo previu isso. Ele disse que você nunca recusa um desafio e não aceita ser derrotada. Agora... – LadyDevimon materializou um digivice exatamente igual ao de Tankdramon.

- O Digivice Sombrio! – Yolei gritou

- Sai daí Angewomon! – Hawkmon gritou, mas LadyDevimon estava pressionando a digimon sagrada contra o chão.

- Agora eu terei o seu poder! – O Digivice Sombrio brilhou com um tom arroxeado, fazendo Angewomon gritar, estampando um sorriso de satisfação em LadyDevimon. Um círculo de dados surgiu ao redor de Angewomon e começou a ir para o Digivice Sombrio.

- O que é aquilo? – Yuu questionou

- É digicódigo! – Elecmon respondeu – Ela está absorvendo a Angewomon!

O digicódigo terminou de ser sugado e Angewomon voltou a ser Tailmon. LadyDevimon chutou a gata branca e Kari correu até ela.

- Tailmon! – pegou a digimon no colo – Tailmon...

- Ka-Kari.

- Ah, que comovente. – a digimau levantou voo

- Pra que isso? O que você pretende? – Yolei questiona

- Apenas observe, quatro olhos.

O poder iluminado dentro do digivice estava se misturando ao poder sombrio. Uma luz de cor indefinida brilhou e LadyDevimon sorriu.

- Chegou a hora da minha evolução final! – disse, espantando a todos.

LadyDevimon, evolução das trevas para... Mastemon!

Analisador de Digimon

Mastemon

Digimon na fase extrema do tipo anjo caído surgida da combinação dos dados de Angewomon e LadyDevimon. Tem a capacidade de controlar a luz e as trevas ao mesmo tempo. Com sua técnica, Degradação Caótica, cria um portal feito de luz e escuridão para banir o inimigo para sempre.

Todos ficaram de olhos arregalados. Nunca esperariam por aquilo. O inimigo absorver os dados de um de seus digimons e usa-los para evoluir era algo que não lhes entrava na cabeça. Mastemon olhou para os digiescolhidos e deu um sorriso sarcástico.

- Por que essas caras? Não gostaram da minha nova forma?

- Sua... sua... sua vadia maldita! Devolva os dados da Tailmon!

- Ah, pra que essa agressividade, criança da luz? Não precisam ficar irritados, pois logo vocês estarão mortos.

Mastemon materializou duas esferas de energia. Uma de luz, azul, em sua mão direita, e uma de trevas, vermelha, em sua mão esquerda.

- Degradação Caótica! – Mastemon juntou as duas esferas e as lançou. A energia começou a se comprimir, para logo após se expandir de uma única vez, criando um grande portal. – Mandarei todos vocês para um vazio tão grande que irão desejar pela morte. Adeus, digiescolhidos.

O portal começou a sugar o ar ao redor, tentando trazer os digiescolhidos para ele.

- Segurem em alguma coisa! – Mimi disse com Palmon no colo e indo para trás de uma pedra.

Todos tentaram se segurar, mas Yuu tropeçou em uma pedra que estava sendo sugada e o vento o arrastou na direção do portal.

- YUU! – Shuichi e Elecmon disseram ao mesmo tempo.

O moreno tentava se segurar ao chão, mas só conseguiu machucar seus dedos e perder três unhas. Uma pedra pequena atingiu a lente esquerda dos seus óculos, fazendo-a trincar. Olhou para trás e viu o grande portal, ansioso para devorá-lo. Mastemon riu satisfeita.

- Você será o primeiro!

- Nem pensar. Laser Positrônico! – um laser azul atingiu Mastemon, fazendo com que ela perdesse a concentração e o portal fechasse pouco antes de levar Yuu, que respirou aliviado. O grupo olhou para cima e viu Imperialdramon Modo Guerreiro carregando Davis e Ken nos ombros.

- Passou perto, mas chegamos a tempo. – Ken disse

Imperialdramon pousou e deixou os dois no chão, partindo pra cima de Mastemon em seguida. Shuichi correu para ajudar o namorado.

- Yuu! Yuu! – o albino se ajoelhou, segurando o moreno com cuidado – Você está bem.

- Sim, mas... as minhas mãos.

Shuichi olhou-as e viu que estavam completamente arranhadas e que Yuu havia perdido as unhas do mindinho e médio esquerdos e do anelar direito. Os dedos estavam sangrando.

- Calma, assim que voltarmos a gente resolve isso. E também os seus óculos.

Imperialdramon tentava dar socos em Mastemon, que revidava. Por fim, a digimau se afastou.

- Hmph, chega disso.

- Como é?

- Já consegui o que eu queria. Não preciso mais ficar aqui. Adeus. – sombras a envolveram e ela sumiu em seguida.

- Droga. Escapou.

Imperialdramon pousou e seus parceiros desceram. O digimon desfez a fusão e Veemon e Wormmon se juntaram a Davis e Ken.

- Obrigado, meninos. – Yolei disse

- Izzy nos chamou e pediu para ajudarmos. Só vimos a mensagem dele agora. Ainda bem que chegamos a tempo. – Ken disse

- Quase que o pobre do Yuu é sugado. – Mimi disse, com Palmon no colo

- O que aconteceu aqui? Que digimon era aquela? O que houve, Kari? – Davis enchia a castanha de perguntas. A portadora da luz estava triste, olhando Tailmon, que desmaiara.

- Aquela... era LadyDevimon.

- Ela usou aquele Digivice Sombrio pra evoluir?

- Não só isso. – Shuichi disse ao chegar perto dos outros, carregando Yuu nas costas. – Ela absorveu os dados de Angewomon e os combinou para virar aquilo.

- O que?! Mas como?

- Digicódigo. – Elecmon disse – Todos os que entram no digimundo têm.

- Como assim, Elecmon? – Yuu perguntou, com a voz rouca

- Melhor perguntarem para Gennai.

- Pessoal, os Vilemons também foram embora. – Bearmon avisou

- Ótimo. Vamos voltar pra casa, então. Temos que conversar com os outros de manhã. Ainda bem que será um sábado, assim contamos pra todos. – Mimi disse

- Yuu, vamos até a minha casa, eu tenho um kit de primeiros socorros lá.

- Tudo bem, Shuichi.

O grupo voltou, bastante abalado, para o castelo de ShogunGekomon, sendo recebido com bastante alegria pelos Gekomons e Otamamons. De lá, foram para casa.

 

Fortaleza Sombria, área do deserto

Mastemon adentrou o imenso castelo. Matadormon estava lá, junto de Susanoo.

- Pelo visto, sua missão foi um sucesso. Estou bastante satisfeito.

- Obrigado, mestre. – Mastemon fez uma reverência – Mas ainda não entendo por que não quis que eu acabasse com eles naquela hora.

- Quero que eles fiquem mais abalados com o que está por vir. Preciso que eles fiquem.

- Por que, mestre? – Matadormon quis saber

- Na hora certa, vocês descobrirão. Quero ver o desespero no rosto daqueles humanos nojentos.

Dizendo isso, Susanoo voltou para a sala do trono e sentou-se no mesmo. Por trás da máscara, seu semblante demonstrava uma alegria doentia.

Falta pouco, logo esse mundo será meu.

 

Área da floresta

Gennai, Meramon, ShogunGekomon e Doumon estavam em círculo no campo em frente à grande árvore em que Gennai morava. Culumon estava no ombro do guardião. Um grande espelho redondo estava no meio deles.

- E esta é toda a situação da minha região. – ShogunGekomon terminou o relato

- Nossas regiões foram recuperadas graças aos digiescolhidos, mas ainda restam outras que não conhecemos a situação. – Doumon disse

- Pedi aos meus Candlemons que viajassem por aí e procurassem TVs para reativar. Na região do deserto, metade delas foi destruída ou desativada.

- Entendo, Meramon. – Gennai disse – Os digiescolhidos me enviaram uma mensagem a pouco. LadyDevimon absorveu o digicódigo de Angewomon para evoluir para Mastemon.

- O que? Como ela poderia saber sobre o digicódigo?

- Não sei, Doumon. O conhecimento sobre os digicódigos é muito antigo. Isso confirma que estamos lidando com um velho inimigo.

- Será mesmo que são eles? – ShogunGekomon questionou

- Acredite, são sim. – uma voz grossa disse por trás deles, atraindo sua atenção. Um grande leão amarelo com listras vermelhas estava ali. Tinha grandes dentes de sabre.

- Você por aqui... SaberLeomon?

- Há quanto tempo, não é?

- Bastante, desde que você decidiu se esconder e deixou a área da floresta desprotegida.

- Você sabe muito bem quem é o guardião da área da floresta, Gennai. Não adianta tentar pôr a culpa em mim somente por ele ser seu amigo.

- Não briguem. – uma voz feminina robótica surgiu do espelho, que brilhou

- Perdoe, minha senhora.

- Essa é...

- Sim, Doumon. É Homeostasis.

- Boas-vindas a vocês, guardiões.

SaberLeomon juntou-se ao restante.

- Temo que seja verdade o que tanto falam por aí, senhora.

- Sim, SaberLeomon. Eles estão de volta.

- Mas como isso é possível? – Gennai questionou – Os códigos-chave estão selados e os dados deles deveriam ficar presos na Área Sombria.

- Tenho a sensação que tiveram ajuda. Afinal, nem todos estão presos. Lembram-se de Demon, não é?

- Ele não está preso no Mar de Dagomon? – ShogunGekomon questionou

- Sim, mas seus poderes são sobrenaturais. Tenho certeza que há um dedo dele disso. Fora que... O líder nunca dormiu por completo.

Todos demonstraram um olhar assustado. Sabiam de quem Homeostasis estava falando. O líder, o traidor, o déspota que causara a grande guerra.

- Yggdrasil sabe disso? – SaberLeomon quis saber

- Claro, mas não quero que ele aja. Os métodos de Yggdrasil são muito antiéticos. Quero tentar dissuadi-lo de ideias estúpidas antes de ele se envolver.

- O que faremos, senhora?

- Gennai, você deve convocar o máximo de líderes de região que puder. De nenhuma forma aquele ser desprezível deve chegar aos códigos-chave.

- Por que não pedimos a ajuda “dele”?

- De quem, SaberLeomon.

- Você sabe, Doumon. Todos sabemos. O Rei da Floresta dos Digimons.

Todos encararam SaberLeomon, notando a ironia em sua voz ao dizer a última frase. Sabiam de quem ele estava falando.

- Onde “ele” está agora? – ShogunGekomon perguntou

- Nas geleiras do norte, em um lugar chamado de Paredes de Gelo Sem Fim.

No norte, uma forte nevasca quase impossibilitava a visão. Dentro de uma montanha, em um grande salão de gelo. Um enorme digimon com um rosto humano envolvido em pele de leão olhava para frente, como se olhasse através das paredes. Uma amargura preenchia seu semblante.

 

Casa de Shuichi, Odaiba

- Ai.

- Desculpa.

- Não, tudo bem.

Shuichi terminou de enfaixar as mãos do moreno. Os óculos quebrados estavam no balcão. Os dois estavam na cozinha.

- Ai, ai, a gente se mete em cada situação.

- Com certeza.

Shuichi olhou bem para o rosto de Yuu. Os cabelos meio repicados formavam uma meia franja. Por causa dos óculos, o albino nunca prestou atenção aos olhos escuros do namorado.

- O que foi? Por que está me encarando?

- Sabia fica muito bonito assim? Alguém com olhos tão belos não devia usar óculos.

Yuu corou com o comentário.

- É que sem eles eu não enxergo nada. Tenho miopia e astigmatismo. Só enxergo de perto.

- De perto, é?

Shuichi aproximou o rosto do de Yuu, ficando a poucos centímetros. O moreno estava vermelho igual um tomate.

- Assim?

Shuichi acabou com o pouco espaço e beijou o garoto. Yuu correspondeu. Seus sentimentos pelo albino eram realmente sinceros, mesmo que Mizuki ainda preenchesse sua mente. Os dois se separaram e ficaram se admirando.

- Você quer dormir aqui?

- Oi?!

- Tem espaço. A cama do Bearmon é grande, o Elecmon cabe. A minha cama é de solteiro, mas deve servir.

- É que... é que...

- Ei. – Shuichi acariciou o rosto de Yuu – Não precisa se envergonhar. Eu sou seu namorado, lembra?

Namorado.

- Tudo bem, então. Mas estou sem pijamas.

- Deve ter uma roupa minha que seja menor, pode procurar lá no guarda-roupa enquanto eu faço a janta.

- Tá bem.

Yuu levantou e foi até o quarto de Shuichi. Enquanto isso, o albino pegou o arroz e a água e pôs numa panela elétrica. Comprara recentemente com um dinheiro que sua mãe enviara a mais. Começou a pensar. Tudo estava acontecendo muito rápido. Em menos de três meses conseguiu amigos, se abrir e alguém para amar. Nunca passara qualquer possibilidade daquilo pela sua cabeça.

- É... Shuichi. Essa foi a menor blusa que eu encontrei.

Shuichi se virou e quase teve um sangramento nasal. Yuu estava com uma blusa preta sua que ainda era bem grande, devido ao fato de o albino ter os ombros largos e Yuu não. As mangas chegavam no meio do braço e a blusa na metade das coxas.

- Que fofo... – disse mais pra si do que pra Yuu

- O que?

- Nada, nada, hehehehe. Hmm, me diz que você está com algo aí embaixo.

- Só as minhas cuecas.

- Yuu...

Shuichi foi até o moreno e o prendeu contra a parede.

- Você não imagina o quanto eu tenho que me controlar pra não atacar você.

Yuu corou violentamente antes de Shuichi lhe arrancar um beijo bastante intenso.

- Shuichi... os digimons. – Yuu falava entre o beijo, fazendo o albino separar-se dele.

- Ah, é.

- Não que eu não queira... é que seria constrangedor eles nos ouvirem.

- Tudo bem. – Shuichi se aproximou do ouvido de Yuu e falou bem baixinho – Mas quando você quiser, estarei disponível. – disse isso e mordeu o lóbulo da orelha do menor.

- É... com licença. – Yuu disse e entrou no banheiro, enquanto Shuichi foi terminar de cozinhar.

No fim das contas, não rolou nada. Os dois simplesmente dormiram agarrados, enquanto Shuichi acariciava delicadamente as mãos de Yuu. Naquela noite, Yuu descobriu que Shuichi tinha um lado bastante pervertido. E ele admitia, queria vê-lo por completo em breve.

 

Colégio de Odaiba

Os dias passaram se arrastando. Tailmon ainda estava triste pelo acontecido, tal qual sua parceira. Yuu já havia tirado as faixas e suas unhas estavam crescendo de novo. Seus óculos também já haviam sido consertados. Mesmo tendo Shuichi ao seu lado, as expressões dele eram tristes. O mês de abril estava chegando ao fim. No dia seguinte, seria 30. Era aquele dia. O moreno estava sentado num banco, já que era aula de educação física com a sala de Chloe. Estava com a fotografia onde estava com Mizuki. A morena de cabelos longos chegou e sentou ao lado dele.

- É amanhã, Chloe. Amanhã vai fazer um ano.

- Yuu... Por favor, não fique assim.

- É inevitável. Não se preocupe com isso.

- Como não vou me preocupar? Você é o meu melhor amigo.

- Não é comum de ver você falando assim.

- Eu estive com você até agora, Yuu. E assim vai continuar.

- Yuu? O que você tem? – Davis perguntou, aparecendo na frente dos dois, junto de Ken.

- Ahn? Nada, só um pouco... é, como eu explico? – Yuu coçou a cabeça

- É sobre aquele negócio que você evita falar quando a gente pergunta? – Ken questionou

- Hein? Bem... é, é sim.

- Cara, vamos nos animar. Quer saber, vamos todos sair hoje a noite?

- Como?

- Vamos todos ao cinema, nos divertir um pouco. Tá todo mundo precisando abstrair as batalhas. O que acha? – Davis perguntou

- Bem... talvez seja uma boa.

 

De noite, o grupo todo estava no shopping. Deixaram seus digimons com os pais. Elecmon, Renamon e Bearmon ficaram na casa de Davis. Haviam assistido a nova versão de Horror em Amytiville. Agora, estavam na praça de alimentação. O grupo estava composto por Tai, Matt, Sora, Izzy, Mimi, Joe, Davis, Kari, Cody, Yolei, Ken, Shuichi, Yuu e Chloe. Estavam ao redor de uma mesa, conversando. Fazia tempo que o clima nunca ficara tão bom.

- E aí, Yuu, está melhor? – Davis perguntou

- Sim. Obrigado, pessoal, vocês são ótimos amigos.

- Ah, que é isso, você tem que se alegrar, Yuu. – Mimi disse – Se eu tivesse um boy que nem o Shuichi do meu lado diariamente, nunca iria ficar de cara fechada.

Yuu e Shuichi coraram, arrancando risos do restante, até mesmo de Chloe.

- Mimi, não tem problema você estar aqui? Já é de manhã nos Estados Unidos.

- Não se preocupa, Joe. Depois eu me arranjo com o professor pra acertar a minha nota.

- Esse “me arranjo” tá bem suspeito. – Tai disse, com um olhar malicioso

- Ai, Tai, a Mimi também não iria dar pro professor só por causa de nota... iria?

- Até parece que você não conhece a Mimi, Izzy. – Matt falou – Eu nunca vi alguém com tanto fogo.

- Ué, tem o Tai. – a portadora da sinceridade acusou – Tô sabendo que dia sim dia não ele leva as meninas do colégio pra enfermaria. Se bobear, já pegou o colégio inteiro.

- Não exagera, Mimi, não é tanto assim.

- É sim, Mimi. – Kari disse

- Kari, você devia me defender.

- Eu? Defender um marmanjo desse tamanho? Cria vergonha na cara, Tai.

Todos riram do belo corte que a castanha dera no irmão.

- Ai, só vocês pra me fazer rir num dia como hoje.

- Por falar nisso, Yuu, você sempre se refere a esse dia com uma certa tristeza. – Ken falou – O Shuichi já contou a história dele pra gente, só você que não.

- Bem, é que... – Yuu baixou o olhar – Dói tanto lembrar.

- Somos seus amigos, cara. – Izzy falou

- Pode contar, estamos aqui pra te apoiar. – Joe disse

- Pessoal...

Shuichi segurou a mão de Yuu, chamando a atenção dele.

- Conta, eu estou aqui.

Yuu pensou um pouco, olhou todos ao seu redor. Os olhares eram de expectativa e curiosidade. Ele sabia que logo mudariam para pena.

- Tudo bem. – Yuu pegou a fotografia que estava em seu bolso e a virou para os presentes na mesa. – Esse que está comigo... se chama Mizuki Lewis. Mãe japonesa e pai inglês. Ele... ele foi meu namorado durante mais de um ano. Estávamos muito felizes. Éramos jovens entusiasmados, daquele tipo que faz planos para o futuro. Tudo parecia estar correndo bem... até aqueles dias. – Yuu apertou a foto, sentindo uma pontada no peito. Era a primeira vez que iria contar sua história para tanta gente. Respirou fundo e começou.