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História Dipirona - Diagnóstico


Escrita por: CakeBoss

Notas do Autor


Bem, eu estou com esta fanfic pronta faz mais de um mês e só agora a internet me deixou posta-la. Amém.
Eu adoro XiuHun de uma forma poética. É como se os dois fizessem parte de algum poema estranho. Tentei expressar isso de algum jeito – além das minhas diárias dores de cabeça.
Enfim, eu gostei bastante do resultado, e espero que vocês também gostem.

Boa leitura a todos.

Capítulo 1 - Diagnóstico


Um gosto amargo intoxicou a sua boca em segundos. Minseok se sentou na cama e encarou a janela escancarada, sentindo cada traço daquele gosto horrível invadir a sua garganta aos poucos. Estava de noite, a lua não brilhava e muito menos aparecia, deixando o céu somente para as poucas estrelas de brilho intenso.

O vento que envolvia o seu corpo parecia ser a sua única companhia, mesmo que Sehun estivesse deitado ao seu lado na cama. Dormindo ou acordado, nada fazia diferença. Nem mesmo durante ou depois do amor: era monotonia, era amargo. Por mais que se amassem, faziam mal um para o outro. Sehun com seus cigarros, sempre indiferente independente da situação, deixava claro que para ele nada tinha significado, nem mesmo o amor. Já Minseok, deleitando-se sempre de suas dores de cabeça, apenas sentia seu peito ser adocicado por sentimentos vazios.

Depois de tantas idas ao hospital central, Minseok se cansou de sempre ter o mesmo diagnóstico: desamores. Verdade seja dita, ele jamais conseguiu ter – plenamente – quem amava. Ele era um peculiar personagem de romance a procura de um escritor para lhe encontrar o par perfeito. Podia ver em seus olhos o quanto ansiava por amores vívidos e que não trouxessem bagagens pesadas demais. Por isso, Sehun pareceu ser tão qualificado para o cargo.

Os cabelos tingidos de louro e os olhos enigmáticos do rapaz atraíram Minseok de tal forma, que ele jamais encontrou o por quê. Se conheceram num momento ruim e se amaram num pior ainda. Aparentemente, os dois pareciam vazios e amargos juntos. Entretanto, o que ninguém sabia é que também eram rotina. E, Deus, como Minseok odiava rotinas! Esta era uma das suas razões de nunca conseguir ficar no mesmo emprego por mais de quatro semanas.

Mas a partir de um certo momento, quase sem querer, acabou se acostumando ao que mais trazia irritação aos seus dias. Por isso sempre sentia dores de cabeça e vez ou outra estava de cama, ardendo em febre. Fora a falta de carinho de Sehun e toda aquela rudeza que ele insistia em ter. Seguiu mais de um ano se adaptando ao detestável sabor da dipirona, lamentando por tanto sofrer.

E tudo foi por quem ele jamais teve ou teria: Sehun. Estava claro, ele mesmo fez questão de dizê-lo assim que amaram-se pela primeira vez. Minseok estava aninhado ao seu peito, sorridente por enfim ter encontrado o par que procurava, mas Sehun fez questão de acabar com a euforia.

 — Desculpe – disse ele, sussurrando. –, não posso sentir isso.

No instante seguinte, se levantou e se vestiu, deixando o pobre amante aos percalços na cama, à sua espera. Aquilo doeu como o inferno em seu peito. Novamente sentia-se só. Não seria a primeira vez e temia que também não fosse a última. Havia se cansado de chorar por quem nunca esteve de verdade. Mas, de alguma forma, permaneceu ao lado do inexistente; morrendo aos poucos.

Minseok acreditava que podia fazer Sehun sentir aquilo sem medo, mas ele se enganou novamente. Apesar de ter concordado em ficar ao lado de Minseok, era nos braços de outro que sempre pedia abrigo. E com o passar do tempo, não teve mais forças para reclamar das traições.

Ficou. Até quando não havia mais motivos.

— Sehun – Minseok o chamou. O outro rapaz beijava a parte interna da sua coxa, gentilmente. – Até quando vamos continuar com isso?

— Você quer acabar? – perguntou Sehun.

Minseok pensou por um instante, mas relutou.

— É sufocante – concluiu.

Por uma noite, o seu namorado tirou todo e qualquer gosto ruim da sua boca e devolveu-lhe o amor que havia roubado. Foi a sua noite mais inesquecível, e continuou a ficar ali, esperançoso.

Mas isso acabou da forma mais trágica possível.

Foi em uma noite de outono, nada estava bem e o vento fazia companhia para Minseok. Pela terceira vez, tomou o remédio para dor de cabeça e voltou a se deitar. Nada adiantou e resolveu ir até a varanda para tomar um pouco de ar. Parecia que martelavam com algo pesado em sua cabeça e quase não conseguia andar direito. Pensou que fosse apenas uma enxaqueca daquelas – vira e mexe tinha uma dessas – e no início nem se deu ao luxo de voltar ao hospital.

Observou a vista da varanda uma última vez, antes de chamar Sehun aos prantos e cair quase desacordado no chão. Sehun dormia como uma pedra. Minseok chorava com a falta de ar nos pulmões. Sua boca estava inundada com o seu sangue e nada podia fazer. Até ergueu uma das mãos em direção a cama, onde quem amava descansava com as costas viradas para si. Proclamou um último eu te amo e se despediu, desacreditado.

— Eu tentei – sussurrou com a voz falha.

Os seus grandes e redondos olhos se fecharam aos poucos, a mão foi descendo até cair completamente no chão, não havia mais forças para nada. A última visão que o personagem sem história teve foi a do céu noturno sem lua. O vento lhe acariciou como presente de despedida e Minseok partiu para a eternidade isolada.

 

Não eram apenas dores. Não era amor ou desamores. Era um tumor, apenas. Minseok deveria ter lido a bula do remédio antes de experimentar o gosto de uma morte azeda.


Notas Finais


Dedicado a todos os meus desamores e as minhas dores de cabeça frequentes.
Obrigada por ler.


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