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História Dirty - Are you just dying or killing too?


Escrita por: sonnyssi

Notas do Autor


Eu morri. Quase. Contudo, eu não podia morrer. Só estou tentando viver. Então Feliz Ano Novo! E que nada seja como antes.

Capítulo 8 - Are you just dying or killing too?


Yoongi correu como imaginou que teria de correr na vida. Lágrimas rolavam pelas bochechas cortadas pelo vento gélido enquanto todos os seus esforços estavam voltados para o caminho que fazia, evitando a todo custo pensar no pior. O que era difícil, uma vez que não conseguia tirar da cabeça aquela vez, há muito agora, que Seokjin o ligara para informar que Namjoon havia tomado uma surra por possivelmente estar envolvido com drogas. Yoongi não sabia muito sobre o assunto, mas sabia que pessoas matavam e morriam por aquele tipo de coisa. Pegou-se pedindo aos céus que Namjoon não estivesse metido com aquilo.

O endereço nas mensagens de seu celular o levou até uma rua sem saída, muito longe de onde moravam. Aquele canto do bairro era deserto, formado apenas por casas em construção. Yoongi correu os olhos pelos arredores, mas não podia encontrar câmeras, que pudessem, em alguma emergência, ajudar a identificar quem fizera mal a Namjoon. Quando seus passos se acalmaram, sua respiração ruidosa e agitada se fez presente. As mãos tremiam muito e todo o corpo seguiu esse ritmo quando encontrou duas pessoas de pé ao final da rua, fitando algo no chão. E Yoongi sabia que era Namjoon ali. Lá vinham as lágrimas de novo.

― Namjoon! ― Gritou involuntariamente, atraindo a atenção para si.

Entretanto, não estava nada preocupado com aquele fato. Só tinha uma coisa em mente quando reuniu suas últimas forças para correr até o corpo caído no chão e virá-lo para si. Tão claro quanto a luz do único poste naquela rua podia lhe informar, Yoongi soube que eles haviam sido muito cruéis com Namjoon. O sangue correndo de seu nariz e boca para seu pescoço em uma quantidade absurda assustaram o mais velho, bem como a quantidade de machucados que iam aparecendo conforme seus olhos desciam pelo corpo alheio. Sangue, muito sangue.

Repetidamente o nome de Namjoon deixava os lábios do mais velho, em chamados desesperados enquanto tentava acordá-lo. A todo momento checava sua respiração e seus batimentos cardíacos. Seu pulso estava fraco demais em comparação ao de Yoongi e isso só serviu para deixa-lo ainda mais desesperado. Por isso Yoongi sequer percebeu quando foi deixado sozinho com Namjoon ali. Assim, sem nenhuma palavra ou ameaça depois de simplesmente assustá-lo até a morte.

― Hospital... Eu preciso te levar para um hosp.... Namjoon, por favor, não me deixa. Não me deixa! ― Chorava enquanto puxava o celular do bolso, sujando o aparelho com o sangue de Namjoon. Digitar o número da emergência foi difícil. Lembrar de sua localização também. Esperar a ambulância foi simplesmente um mártir. Parecia que nada aconteceria, que cada batida do coração fraco de Namjoon era a última. E ele só sabia chorar e chamar o nome do mais novo enquanto o sacudia veementemente.

 

 

 

 

Enquanto Namjoon recebia atendimento na emergência do hospital, Yoongi precisou ser atendido também, tomou calmantes e recebeu alguns lenços para ajudar em seu choro compulsivo.

Cerca de duas horas mais tarde que recebeu informações sobre o estado de Namjoon. Apesar de muitas escoriações, nada grave tinha acontecido, nenhuma fratura que precisasse de intervenção cirúrgica, só medicamentos e paciência. Contudo, ele precisaria ficar de observação e ser submetido a exames mais detalhados, para garantir. Yoongi precisou explicar o que tinha acontecido, mas depois de seus insistentes gritos de “eu não sei!” o deixaram em paz. Se não tivesse tão desesperado, saberia que conduzir Namjoon para um hospital não era a melhor ideia depois de tudo o que tinha de levar em consideração.

Ele dormiu na cadeira ao lado da cama de Namjoon, sem perceber. E quando acordou, Namjoon estava o olhando, em completo silêncio.

Yoongi esquadrinhou toda a figura de Namjoon. Dos fios que monitoravam seus sinais vitais, aos que lhe davam remédios diretamente na veia. Viu seu peito subindo e descendo vagarosamente, como se lhe doesse respirar. Seu rosto estava horrível, manchado por feios hematomas e cortes. Havia um em sua testa que necessitara de pontos, também. Seus fios estavam bagunçados. E aquilo era a única coisa que Yoongi tinha coragem de tocar. Estava com muito medo de trazê-lo dor física também.

― Como se sente? ― Perguntou enquanto lhe afagava os cabelos.

Não era hora para deixar as coisas entre eles interferir. Yoongi estava tão preocupado, tão assustado ainda.

― Por que você está aqui? ― Namjoon rebateu, ao que tinha os olhos fechados, aproveitando o carinho do qual tanto sentia falta.

― Por que você estava com aqueles caras? Quem eram eles? Por que fizeram isso com você? Eu tenho mais perguntas, então só responda a mais simples delas, por favor.

― Com fome. ― Namjoon se rendeu.

Yoongi foi buscar algo para ele comer. E passou todo o resto da madrugada no hospital, cuidando de Namjoon que seguia alegando que ele deveria ir embora. Mas Yoongi não queria, se fosse para casa, teria que explicar coisas não queria. Teria que lidar com a preocupação de não saber a quantas Namjoon andava e também não queria isso.

Assim como Yoongi desistira, eventualmente, de saber o que tinha acontecido (por ora), Namjoon desistira de manda-lo embora. Entretanto, não havia assunto, por isso passaram muito tempo fitando a televisão, sem muito interesse no que acontecia na tela, de toda forma. Em certo momento, Namjoon ajeitou-se na cama e convidou Yoongi para deitar-se ao seu lado, já que a cadeira parecia incrivelmente desconfortável. Yoongi aceitou. E quando Namjoon dormiu devido ao efeito colateral de seus remédios, ele aproveitou para acaricia-lo uma vez mais.

De tudo o que já haviam passado juntos, aquela era a pior de todas, Yoongi podia dizer com certeza. Podia dizer pela expressão que Namjoon sustentara durante todo o dia que tinha algo muito errado. E, pior que isso, havia algo o assustando também. E aquela maldita surra era um aviso de algo maior. Então, estar por perto, cuidar dele e dar tanto carinho quanto podia, era a forma que Yoongi tinha de dizer que não deixaria que nada mais o perturbasse daquele jeito. Ainda que não fizesse ideia do que teria de enfrentar.

 

 

 

Dois dias haviam se passado desde a última vez que alguém tinha tido notícias de Yoongi e Namjoon, já que nenhum dos dois parecia interessado em explicar coisas e com ambos celulares descarregados, foi fácil fingir que não havia ninguém os procurando. Por isso foi uma comoção geral quando os dois cruzaram o batente da porta. Namjoon usava Yoongi de apoio, porque ainda estava muito dolorido.

Foi difícil acalmar todo mundo. Principalmente Seokjin e Hoseok.

Aquela noite, quando Yoongi ajudava Namjoon a se vestir depois do banho, encurralou-o no cômodo, recostando na porta. Namjoon o olhou com o cenho franzido.

― Você vai me contar o que está acontecendo? ― Perguntou pouco mais alto que um sussurro, ciente que Seokjin estava no cômodo ao lado, esperando. Desde que chegaram que o mais velho entre os três simplesmente não desgrudava. Sempre perguntando, sempre tentando ajudar. Yoongi sabia que ele não fazia por mal, que também estava preocupado, principalmente por já ter presenciado aquilo antes, mas ele estava ficando verdadeiramente aborrecido com tudo aquilo. Porque, para o loiro, era como voltar ao que era antes, quando não tinha paz por causa de Seokjin que só sabia fazer ficar em cima de Namjoon.

Namjoon, por sua vez, hesitou e desviou o olhar.

― Meu pai. ― Respondeu tão logo que percebeu que o mais velho insistiria. ― Ele continuou jogando e... ― Cortou-se para liberar aquele suspiro pesado.

O pai de Namjoon tinha dívidas de jogos. Perdera muito do dinheiro da família em todo tipo de jogo, com gente que você não deveria mexer, a menos que pudesse arcar financeiramente com as consequências. E o pai de Namjoon não podia. Contudo, quando as coisas ficaram realmente perigosas e eles tiveram que dar a casa como pagamento, passando a morar de favor na casa da avó de Namjoon, seu pai prometera não jogar mais. E era só até aí que Yoongi sabia.

― Eles apareceram lá em casa, um tempo depois que você foi embora, e ameaçaram mata-lo se ele não pagasse. E nós não tínhamos nada, Yoongi. Eu não podia deixar! Me comprometi a pagar a dívida. Eu... Passei a trabalhar pra eles, mas olha pra mim, que jeito eu poderia ter pra esse tipo de coisa? Traficar drogas, repassá-las... Eu fui tapeado. Me fizeram de idiota e eu acabei com uma dívida ainda maior. Eu perdi o prazo. Por isso... Eu...

Tão logo que Namjoon começou a se atrapalhar com as palavras, Yoongi deu as costas. O nó em sua garganta era tão grande que ele mal podia respirar. Entretanto, ele tinha uma ideia. Era idiota, mas ele teria que arriscar. Não podia correr o risco e deixar que aqueles caras fossem atrás de Namjoon novamente.

― Aonde você vai? ― O mais novo perguntou assim que a porta foi aberta e Yoongi saiu a passos fortes pelo quarto.

― Pagar a sua dívida. ― Yoongi respondeu antes de bater a porta atrás de si.

Namjoon fez questão de correr atrás do outro, tão rápido quanto seus múltiplos e dolorosos ferimentos o permitiam fazer. Contudo, ao notar suas intenções, Seokjin o conteve. Namjoon protestou, alegou que precisava ir atrás de Yoongi, mas Seokjin não deixou, logo alegando que ele precisava se poupar.

Seokjin acabou tomando a frente e correu atrás de Yoongi, encontrando-o no quarto de Hoseok, vazio àquele horário, já que seus ocupantes eram todos atores da peça de Hoseok e estavam em uma nova apresentação. Inclusive, o primo de Yoongi já estava bom de seu pé e de volta à ativa.

Yoongi revirava cuidadosamente as coisas de Hoseok, tentando bagunçar o menos possível.

― O que você está fazendo? ― Seokjin perguntou alarmado ao ver Yoongi sorrir triunfante segurando um relógio dourado entre os dedos longos.

― Namjoon herdou uma dívida de jogo, essa é a razão para ele ter se comportado estranhamente. ― Yoongi explicou enquanto tentava esconder o objeto no bolso da jeans, mas foi contido pelos dedos do mais velho contendo seu pulso.

― E roubar o Hoseok é a melhor coisa que você consegue pensar para ajudar? Yoongi, você está ficando louco! E quando o dono descobrir quem foi o responsável? Você realmente não tem consideração nenhuma pelo Hoseok, não é? Ele gosta de você!

Yoongi hesitou diante daquelas palavras. Em momento algum esteve pensando em magoar Hoseok, ainda que a ideia de pedir o tal relógio não tivesse passado por sua mente. Tudo o que tinha pensado até então era que o relógio ele podia recuperar, nem que passasse o resto da vida para recuperar a herança de Hoseok. Mas Namjoon não. Se algo acontecesse com ele, e aconteceria novamente uma vez que sua vida estava sob aviso, Yoongi não poderia tê-lo de volta por nada no mundo. Podia viver com a ideia de que ele não era mais seu namorado, mas não podia viver em um mundo em que ele não exista mais. Isso era demais.

― Eu preciso salvar o Namjoon. ― Respondeu sem firmeza alguma, contudo, decidido, desvencilhando seu braço do aperto de Seokjin.

Quando fez questão de sair do quarto, Seokjin não tentou segurá-lo. E isso fez Yoongi olhar por cima do ombro. Ele não sabia dizer se aquele comportamento significava que ele contaria tudo a Hoseok ou se entendera o tamanho do desespero de Yoongi e o ajudaria pelo bem de Namjoon. Fosse como fosse, ele não tinha tempo para ponderar a respeito de suas consequências.

 

Desceu as escadas apressadamente, alcançando a saída com mais rapidez ainda quando notou Namjoon parado à porta, o olhando.

― De quanto dinheiro estamos falando? ― Perguntou ao mais novo, em tom baixo antes de começar a morder o interior das bochechas.

― Muito. ― Namjoon lamentou.

Yoongi puxou-o para fora do prédio, fechando a porta atrás de si. Olhou para ambos os lados, certificando-se que não tinha ninguém por perto e tirou o relógio feito de ouro puro do bolso, mostrando-o rapidamente.

Hoseok havia herdado aquela peça de seu avô. Há alguns anos, a família dele era rica, dona de muitas fazendas no interior do país, com diversos tipos de cultivos. Frutas, legumes, grãos. Contudo, uma praga devastou a principal produção e as remanescentes não renderam o necessário para abater as dívidas que ficaram obrigando a família a declarar falência. Dentre as poucas coisas que conseguiram manter, o avô de Hoseok fez questão que aquela peça fosse passada a ele, para que ele pudesse passar para frente assim que formasse uma família. Algo para deixar, a primeira herança de família.

Yoongi soubera daquilo dentre diversas conversas que teve com o mais novo. Era um assunto difícil para ele, era fácil perceber. Exatamente como dava para notar o apego sentimental que aquilo tinha, mais do que financeiro, para seu dono. Todavia, Yoongi estava desesperado.

― De onde você tirou isso? ― Namjoon perguntou evidentemente surpreso com o que vira. Não era especialista, mas era fácil saber que aquela não era uma peça comprada em qualquer loja.

― Não importa. ― Yoongi resmungou com urgência. Queria muito sair dali, na verdade. ― Vai resolver?

― Não. 

― Não alivia nada? Não te consegue mais um tempo?

― Eu já usei todo o tempo que eu tinha...

― E por que diabos você não pediu ajuda antes?! ― Yoongi explodiu. Todo o medo que estivera nutrindo nos últimos dias agora convertidos em desespero puro, raiva. ― Se você sabia que não conseguiria sozinho, se você viu que estava indo para a lama, por que não disse nada? Até onde eu sei, Jin te ofereceu ajuda muitas vezes! Eu podia ter te ajudado! 

Namjoon não disse nada, só baixou os olhos para os próprios pés, sem saber o que pensar. Era tão humilhante dever que ele não conseguia sequer pensar em pedir ajuda. Parecia duas vezes mais humilhante. Queria manter o seu orgulho, ainda que se afundasse até o pescoço por causa dele. Soava sensato em sua mente, mas escutar tal coisa de Yoongi agora o fazia perceber que era, de fato, um tanto idiota ter deixado que as coisas chegassem a tal ponto. De todo modo, o fazia pensar também que não adiantaria em nada entrar em desespero àquela altura do campeonato. Sabia que era o fim para si, que havia se enrolado demais para conseguir se safar.

De repente, quis rir.

Mas teve medo que Yoongi achasse que eram risos de deboche, por isso conteve-se. Só estava achando engraçado que aquilo parecia uma cena de um daqueles filmes de ação que tanto assistira quando mais novo. Maioria deles na companhia de Yoongi, inclusive.

Então quis chorar.

Yoongi, por sua vez, observava todas as emoções que atravessavam as expressões de Namjoon. Diferentemente do mais novo, Yoongi sempre fora muito bom em esconder suas emoções. Ainda que estivesse claramente alterado naquele momento.

― Me diz o que fazer! ― Yoongi exclamou de repente.

Aquele silêncio, a falta de resposta estava matando-o lentamente.

Namjoon custou um momento a mais para erguer o rosto ao que respirava fundo. Sustentou o olhar de Yoongi, ligeiramente desconcertado por vê-lo daquele jeito. Mesmo que o conhecesse tão bem, que talvez fosse a pessoa mais qualificada do mundo para lidar com o menor, ele realmente não sabia o que fazer naquele momento.

Sabia o que queria fazer e estava lutando contra tais vontades; queria abraçá-lo, apertá-lo contra seu corpo e não soltar até que aquele monstro solitário que habitava seu peito, chamado saudade, fosse feito em pedaço pela presença de Yoongi, pelo carinho dele. Queria que o outro percebesse o tamanho de seu desespero e quanto ele seguia sem estruturas emocionais nenhuma para vê-lo ali a sua frente e ter que dizer a si mesmo que não já não se pertencem mais. Queria que pegasse sua mão e o levasse de volta para casa. De volta para a vida simples e o amor inocente que tinham antes. Queria sentar na praia e ver o pôr-do-sol enquanto estavam emaranhados nos braços um do outro. Queria todas as coisas simples de volta. Era difícil viver como estava vivendo agora. Mas não queria que Yoongi soubesse. Não queria que ele sentisse que fora sua culpa, de qualquer forma. Cada ação tinha uma reação, mas perder-se de tal forma nunca havia sido culpa de Yoongi.

― Não faça nada. ― Respondeu por fim.

Yoongi entendeu mais rápido do que deveria o que havia por trás daquelas palavras. E doeu-lhe como uma faca atravessando suas estranhas.

― Eu não vou te deixar morrer, seu ingrato, filho da puta.



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