História Dirty Minds - Família!

Points Of View Lívie Murray 

Família!

Depois de tanto tempo vivendo sozinha, na solidão dos meus próprios pensamentos eu encontrei um caminho, encontrei alguém que apesar de ter causado grande estrago na minha vida, também trouxe a mais pura felicidade, o mais puro de todos os amores. Nossos corações estavam destinados a ficarem juntos, nossas almas mesmo perdidas haviam se encontrado. Era só eu olhar para ele que tudo parecia fazer sentido. Éramos um casal, um casal de amantes. 

Apesar do nosso passado ser sujo e nosso presente nem tão limpo assim, compartilhamos um amor que poucos tem. Um amor que vai além das explicações lógicas, do entendimento de qualquer um. O amor é simples, as pessoas que o deixa complicado, mas eu não queria mais uma vida de complicações, não se tratando do meu coração.

Eu perdi minha mãe, matei meu padastro, perdi Jensen, me apaixonei pelo seu assassino, quase matei Julian, ganhei um pai, minha mãe voltou, e minha família estava novamente junta. Nunca seríamos uma família normal, dava para notar isso a quilometros​ de distância. Mas éramos felizes, é esse o maior objetivo de todos. Felicidade.

Ainda me lembrava de quando Justin me sequestrou e levou para o meio do mapa, dizendo que ia me ensinar uma lição. Pois bem, eu aprendi muita coisa com ele, inclusive que se pode amar alguém tão intensamente que o coração se torna um lugar pequeno para o tamanho do sentimento. Aprendi que a família é uma das coisas mais importantes e devemos sempre prestar atenção a nossa volta. As vezes as perguntas que fazendo são mais importantes do que as responsabilidades. As vezes é melhor prestar bem atenção no passado, pois ele explica muito do presente. Aprendi a nunca questionar o tamanho da minha força, na hora ela aparece e sou capaz de fazer qualquer coisa que eu quiser. Nunca dizer nunca, também foi uma das lições que anotei no meu caderninho mental. 

— Vai ficar só aí parada ou vai ir cumprimentar os convidados? — Justin me abraçou por trás. 

Estávamos dando um jantar especial para comemorar o nosso aniversário de namoro. Ele tinha feito questão de chamar toda a sua família, é claro que a minha também estava reunida em peso, inclusive meus meios irmãos. Meu pai tinha deixado a ex mulher para se casar com a minha mãe. Não sei ao certo a reação a mulher, pouco me importava, eu tinha minha família junta. Pode parecer egoísmo, mas eu também mereço um pouco de felicidade. 

— Não. Eu já vou ir, só estou admirando um pouquinho. Eles estão felizes. 

Justin beijou o meu pescoço e depois me virou para que eu pudesse encara-lo. 

— Eu já disse como amo ter você ao meu lado? — perguntou fazendo uma expressão fofa.

— Hoje não. Mas pode dizer que eu não ligo. 

— Então eu vou dizer. — colocou uma mexa de cabelo para trás da minha orelha e se inclinou para dizer:

— Eu amo você, Lívie. Mais do que eu pensei que pudesse aguentar. 

Nossa. Suas palavras me fizerem parar para refletir sobre o Justin que eu conheci e o Justin com que eu namoro. Mesmo sendo o mesmo corpo, eles eram pessoas bem diferentes.

Selei nossos lábios e sorri. Eu o amava muito, e estava mais do que feliz de tê-lo na minha vida. Fiquei encarando seus olhos acaramelados por alguns segundos e me afastei. Eu estava muito ansiosa para conhecer os irmãos mais novos de Justin. 

— Não liga pra eles — pediu.

— Relaxa — pisquei e comecei a descer as escadas. 

Todos nós cumprimentavam, mas eu queria mesmo era chegar mais perto da família de Justin. Percebi que sua mãe era uma linda mulher, e também vi os meninos secando ela e minha mãe. Ri daquilo.

— Mãe — eles se abraçaram — Essa é minha namorada, Lívie.

— Muito prazer, Lívie, sou Patricia — sorriu, simpática — Até que enfim alguém laçou a fera.

— O prazer é meu — sorri — É... eu tive que usar correntes.

Ela deu uma risada gostosa. Patricia era uma ótima pessoa, muito bem humorada, chique e simpática. Ela me tratou muito bem, e eu estava feliz com isso. Depois de conversamos um pouco, fui até o pai de Justin e às crianças.

— Jeremy! — Justin chamou. Achei estranho ele chamar a Patrícia por "mãe" e o pai por Jeremy, mas decidi deixar para lá.

— Justin — eles apenas fizeram um toque de mão.

— Essa é minha namorada, Lívie — Justin me apresentou. Ele me olhou de cima a baixo.

— Ótima escolha, filhão — deu um tapinha nas costas do meu namorado e me cumprimentou.

— Não liga, ele é assim mesmo — sussurrou em meu ouvido e eu dei de ombros.

As duas crianças surgiram de algum lugar e vieram correndo e se jogaram no colo do Justin. Eu sorri com aquilo; ele brincava com eles, abraçava, beijava... Era muito carinhoso com os pequeninos, e eu nunca vi ele desse jeito.

— Parece que Justin Bieber tem um ponto fraco — comentei.

— Na verdade são dois — ele disse, como se fosse óbvio.

— Claro, são duas crianças — dei um tapinha em minha própria testa, como se estivesse dizendo à mim mesma o quanto eu era burra.

— Não. Eles são um dos pontos fracos — se aproximou do meu ouvido — O outro é você — sussurrou com sua voz rouca, me deixando toda arrepiada.

— Vocês sabiam que o Jaxon arrumou uma namorada? — O pai de Justin perguntou fazendo o menino ficar envergonhado. 

— Eu não sabia disso, Jaxon. Ela é gostosa? — Meu namorado perguntou me fazendo revirar os olhos.

— Ela é gata. — gabou-se o mais novo. 

— Ela é legal? — Questionei. 

Sentei ao lado de Justin na mesa e acabei me empolgando com o assunto. Qual foi, agora eu também fazia parte da família, não não é?

— É a garota mais legal de toda a escola. Eu deixei ela caidinha por mim. 

— Que legal. Espero que você saiba ser um bom namorado Jaxon, meninas legais devem ser tratadas como​ princesas. — Pattie piscou para mim em cumplicidade. 

— Exatamente. Igual meu namorado faz comigo. — Jazzy falou.

De repente um silêncio constrangedor pairou no ar. Jeremy e Justin se entre olharam e depois olharam para Jazzy. Jaxon apenas deu de ombros como de não se importasse com a vida amorosa da irmã. Grande momento.

— Quem é esse menino, Jazmyn? — Jeremy perguntou bravo. Estava na cara que ele não tinha gostado nenhum pouco desse assunto.

— De o Jaxon que é mais novo pode namorar porque a Jazzy não pode? — Taylor se intrometeu fazendo a pergunta que todas nós mulheres queríamos fazer, inclusive a própria Jazzy.

— É verdade, papai. — concordou a menina.

— Porque você é... — Ele calou-se, olhando ao redor. Tinham seis mulheres ali. 

— Menina? — Caitlin perguntou. — Que pensamento machista, tio.

— Eu ia dizer nova. Só isso.

— Jaxon é mais novo que ela. — Pattie defendeu a menina.

— Ninguém tem que namorar agora e ponto final. Vocês são chatos demais. — Justin falou raivoso. Estava morrendo de ciúmes da irmã.

— Que tal se a gente jantar? — Para quebrar o clima meu pai abriu a panela de macarrão e uma fumaça cheirosa saiu da mesma. 

— Bora comer meu povo. — Julian completou. 

A mesa estava repleta de pessoas. Algumas que eu conhecia a anos, outras que eu aprendi amar com o tempo. Um pai, uma mãe, irmãs e irmãos, cunhados pequenos, amigos e até mesmo Julian, que apesar de sempre ter feito parte da minha vida eu nunca havia pensado nele como um membro da família.

Meu pai tinha que voltar para China em breve, ele tinha negócios lá, família lá. Eu havia prometido que iria visita-lo assim que eu pudesse e mamãe iria comigo. Antes que eles pudessem ficar juntos realmente, ele tinha que resolver as coisas com a outra família dele e nós tínhamos que dar esse tempo a ele.

Sorri feliz por ver toda a família reunida. Depois de tanto perder eu tinha ganhado algo mais que valioso.

Após o jantar, as crianças acabaram dormindo, e nós nos reunimos no escritório. Estávamos conversando e bebendo, lembrando de alguns bons momentos e também de alguns ruins. Todos ali já haviam passado por diversas coisas e devemos concordar que nem todas foram boas.

— Lembram quando o Ryan e a Bel ficaram no hospital? — Justin disse.

— Awn, você me chamando de Bel? — ela caçoou — Que fofo!

— Vai à merda, Belinda — todos rimos.

— Foi horrível — comentei, lembrando.

— Ou quando Justin e Lívie transaram no hospital? — Chris riu, e todos fizeram o mesmo. Menos meu pai e minha mãe.

— Calem a boca! — pedi séria, mas não me aguentei e comecei a rir.

— As histórias são boas, e bem memoráveis, mas apesar de tudo o que passamos... O que importa, no fim, são aqueles que importam para nós; aqueles que amamos, e que devemos zelar por eles até o fim — Taylor disse, levantando a taça de champanhe para brindarmos — Um brinde à nossa família, que mesmo não sendo de sangue, são nossos bens mais preciosos.

— Um brinde! — todos dissemos em uníssono e brindamos àquele momento.

O sorriso em meu rosto era indispensável... Eu estava realizada, e nada jamais mudaria isso. Eu tinha uma família de verdade: pai, mãe, irmãos... Pois isso é o que meus amigos são para mim: meus irmãos. Estávamos todos juntos e ninguém atrapalharia nossa união.

Arrastei Justin para fora do escritório, e ele me encarou, confuso. Sorri e beijei seus lábios com um amor surreal. Ele não hesitou em contribuir, e eu o abracei em seguida, com lágrimas nos olhos.

— Eu amo você, Justin Drew Bieber — disse, com toda a sinceridade que existia dentro de mim.

— Eu amo você, Lívie Murray — respondeu, e selamos nossos lábios.

O que eu tomei de lição da vida, é que não importa como ele nasce, se desenvolve, cresce, vive... O amor é o sentimento mais belo de todos, e foi ele que me salvou do meu próprio abismo.