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História Dirty Work - Tropeço


Escrita por: vessels

Notas do Autor


GENTE! Muito obrigada pelos reviews do capítulo passado!
Muito obrigada pelos favoritos também! Eu não imaginava que a história fosse agradar a tanta gente, e é com o maior ânimo do mundo que venho hoje postar mais um. Ainda não respondi aos comentários, e peço desculpas, pois estou dependendo de 3g e tudo mais, mas logo respondo!
Mais uma vez, muito obrigada. Espero que gostem do capítulo, foi feito com muito amor e alegria ;-; <3

Capítulo 2 - Tropeço


— O-o que... — gaguejei, dando institivamente um passo para trás, hesitante.

Encarei meus pés, em uma tentativa desesperada de fugir de seus olhos analíticos e repletos de surpresa. O que raios estava acontecendo ali? Por acaso era uma piada?

Em um movimento rápido, procurei lembrar o nome do rapaz à minha frente. Sem muito sucesso, olhei de soslaio para a placa que jazia em sua mesa de mármore. Os dizeres “Vice-presidente Uchiha Sasuke” estavam bordados em letras negras, acima da imagem de um leque de papel. Respirando fundo, fechei os olhos e tentei me lembrar de onde conhecia o sobrenome incrustado na placa.

A família Uchiha era amiga dos Senju e dona de acordos comerciais milionários com a empresa de minha madrinha. Aquele rapaz de pele pálida e olhos escuros era o pródigo caçula da família, Uchiha Sasuke. O mesmo que, em um lapso de memória, lembrei ter estudado comigo no jardim de infância, enquanto eu ainda morava em Tóquio. Agora ele estava ali, em todo o seu cargo de vice-presidente de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, encarando-me como se eu fosse uma peça à exposição.

Senti minhas bochechas esquentarem quando voltei a encará-lo, definitivamente era o mesmo cara da noite anterior. Seus olhos negros eram tão familiares, como não havia notado? Definitivamente era o mesmo cara que, após alguns vários drinks, havia me convidado gentilmente para ir ao seu apartamento.

Sufoquei uma risada incrédula. Mas que puta ironia do destino!

Ele era o herdeiro de todo aquele império, meu ex-colega de classe, o cara com que dormi na noite passada e agora, provavelmente também seria o meu... O meu...

Meu chefe.

Ele piscou algumas vezes, e me perguntei se ele estava tão desnorteado quanto eu. Sinceramente não sabia se continuava ali de pé ou se colocava o rabo entre as pernas e voltava para a Srta. Água de Salsicha. Observei-o desviar o olhar para algum ponto fixo atrás de mim, evitando me olhar diretamente quando voltou a falar.

— Quero dizer... Haruno Sakura, não é? Mas é claro, deveria ter reconhecido seus cabelos rosados quando os vi. É uma cor incomum...

— S-sim — gaguejei de novo, sem muito ânimo para a conversa. Tentei puxar algum fio do que havia encenado anteriormente para uma conversa casual, mas não conseguia me recordar direito — Minha madrinha é amiga de longa data dos Uchiha, e o presidente Uchiha Itachi havia analisado meu currículo e solicitado minha presença.

Por algum motivo, minha última frase pareceu tê-lo irritado. Não entendi exatamente o quê aquilo quis dizer, e tratei de rapidamente evitar seus olhos, enrolando uma mecha solta do meu cabelo. A todo momento, eu só conseguia pensar no quão ferrada estava por me encontrar ali, naquela situação e naquelas circunstâncias. O arrependimento me invadiu como uma faca afiada atravessa um pedaço de carne, e eu me arrependi de não ter seguido a orientação de Ino para ficar em casa.

Voltei a olhá-lo, com cautela. Não sabia o que falar ou o que fazer, se deveria aguardar uma resposta ou se já podia sair correndo porta afora. A expressão de puro desgosto pairou no resto de delicadas feições de Sasuke por um bom tempo, até que seus olhos adquiriram um brilho frio.

— Entendo.

E foi tudo o que ele disse, até que a imensidão do silêncio parecia nos engolir.

_________________________________________________________

 

Dois meses. Este era o tempo em que eu estava trabalhando para a empresa de tecnologia dos Uchiha. Há dois meses eu vivia em um inferno absoluto, sendo alvo de olhares nada amigáveis e uma determinada “perseguição” de cada presença feminina ali.

Tudo bem que eu era a contadora auxiliar e tinha contato direto com o demônio de olhos negros todos os dias, ficando extremamente sem graça inúmeras vezes. Tudo bem que a secretária pessoal me odiava por isso, pois era a ex-namorada ciumenta dele. Tudo bem que eu precisava do emprego e ganhava muito, mas também trabalhava muito.

Eu lidaria tranquilamente com tudo isso, se não fosse pelo fato de que transei com o meu chefe após uma noite de bebedeira. E eu lidaria com isso mais tranquilamente se ninguém sequer imaginasse isso – incluindo eu.

Mas não. Karin precisava estar na mesma festa, e também precisava ter me visto saindo de lá com Sasuke ao meu lado. Ela precisava contar isso para seu círculo de amigas, que agora me olhavam agora como se eu fosse a pior vadia do mundo, daquelas que transam com quem precisar por um cargo alto. E o pior de tudo: Sasuke permanecia em silêncio, e me ignorava muitas das vezes em que eu ia procurá-lo por questões unicamente administrativas. Vezes essas em que, na maioria, eu precisava falar com Karin para falar com Sasuke.

Se eu estava sendo dramática? Talvez um pouco. Minha madrinha, Tsunade, sempre dizia que eu exagerava. Mas não fazia mal eu querer um pouco de paz para trabalhar, certo?

Eu estava no limite.

— Ei, Sakura-chan — murmurou uma voz conhecida, após me encontrar deitada sobre a mesa, soterrada de papeis — Sakura-chan!

Levantei-me abruptamente, sentindo uma leve tontura por conta do movimento. Encarei os olhos azuis de Naruto me analisando, repletos de preocupação, e logo me senti extremamente culpada por meu comportamento tão depressivo.

Uzumaki Naruto era o contador, braço direito e melhor amigo de Sasuke. Ficamos amigos rapidamente, e por incrível que pareça, ele era bem diferente do resto dos homens. Eu admirava o fato de sempre o encontrar sorrindo, e pela maneira extremamente gentil com que me tratava, sem resquícios de intenções maliciosas.

Ao invés disso, tudo o que ele me oferecia era uma mão estendida e um abraço apertado todas as vezes em que me encontrava completamente exausta e a ponto de explodir. Apesar de barulheiro e bagunceiro na maior parte do tempo, ele realmente era um rapaz bom. O único grande defeito era ser primo de primeiro grau da nossa queridinha secretária Karin, que o fuzilava com os olhos sempre que nos via juntos.

— Eu estou bem — anunciei, arrumando minha franja na testa — Ainda não cometi suicídio, apesar de pensar sobre isso diariamente.

Ele revirou seus olhos azuis, deixando mais uma pilha de papeis sobre a mesa.

— Não brinca com isso, Sakura-chan — Com um mínimo sorriso, ele soltou a bomba — Preciso que revise isso até amanhã, você consegue?

Encarei o “pequeno” montante de páginas empilhadas. Soltando um suspiro, assenti, completamente derrotada. Eu sequer poderia reclamar, afinal de contas, estava ali para executar meu trabalho. E, em comparação às gigantes pilhas de papeis que Naruto fazia em questão de horas, ele me dava uma pequena colher de chá todas as vezes em que me repassava algum tipo trabalho.

— Vou tentar resolver isso o mais rápido que puder e te entrego.

Ele negou com a cabeça, depositando uma caixinha de donuts em meu colo. Eu sorri com o gesto, mas logo me lembrei de todas as vezes em que ganhei um doce de Naruto e automaticamente murchei a expressão. Sinceramente, aquele loiro era extremamente guloso, e presentear pessoas com comida não fazia parte do cotidiano dele.

— Não me diga que...

— Sim — ele sorriu. Um sorriso amarelo, típico de quando algo pior estava por vir — Estes papéis você irá entregar diretamente para Sasuke. Desculpe por isso, Sakura-chan.

Revirei os olhos. Mas era só o que me faltava!

— Naruto, por favor. Quebra essa pra mim! — fazendo minha melhor expressão de cachorrinho pidão, ele apertou levemente minha bochecha.

— Sakura, ele não é nenhum monstro. Só é um pouco esquisito — seus olhos varreram a pequena sala, como se buscassem por alguém que poderia ouvir nossa conversa. Em seguida, prosseguiu, aproximando-se para poder quase sussurrar — Eu sei que vocês tiveram aquilo... Mas não quer dizer que tenha virado um caso pessoal.

Notei suas bochechas corarem quando fez menção ao sexo sem compromisso que tive com Sasuke, e tive que evitar soltar uma risada. Ele era mesmo muito inocente.

— Tudo bem, tudo bem. Eu faço isso, mas apenas porque você está me pedindo, ok? — Sorri, abrindo a caixinha e pegando um donut — Aqui, pega um e coma depois do almoço.

Seus olhos automaticamente se iluminaram, como os de uma criança que acabava de ganhar um brinquedo extremamente legal. Seus braços fortes rapidamente me envolveram em um abraço apertado, esmagando-me por alguns segundos.

— Obrigado, Sakura-chan!

 

Já era tarde quando terminei com todos os malditos cálculos. Minha cabeça latejava, e eu só queria dormir para que o outro dia chegasse logo, afinal de contas era a tão adorada e esperada sexta-feira.

Subi cuidadosamente as escadas que me levariam à porta do inferno – também conhecida como escritório do Sr. Uchiha.

Nada pessoal contra Sasuke, muito menos contra a fatídica – e prazerosa – noite. O que me irritava nele era a mania de controlar e contornar toda e qualquer situação. Ele escapava pelos dedos como um sabonete, e aquilo era extremamente irritante. Sem contar que quando o assunto era seu irmão e presidente “fantasma” Uchiha Itachi, ele ficava extremamente estranho, capaz de disparar bolas de fogo apenas com os olhos.

Encarei a porta de madeira por alguns segundos, resolvendo se batia ou se deixava para entregar toda aquela papelada no dia seguinte. Muito provavelmente ele já havia ido para casa, de acordo com o horário. Olhei o relógio em meu pulso, passavam das 23h. Definitivamente, ele não estaria lá.

Girei os calcanhares, pronta para voltar por onde havia vindo, mas o som da porta se abrindo atrás de mim me assustou.

— O que quer?

Virei-me para encarar seus olhos, e notei pequenas olheiras em sua pele branca. Ele deveria trabalhar muito, e eu sabia que sempre era o primeiro a chegar na empresa. Engoli em seco, enquanto notava sua expressão beirar à impaciência antes de finalmente soltar, quase num suspiro.

— Os papeis que o Uzumaki me entregou para a revisão... Estão prontos.

Estiquei o envelope pardo para ele, que me encarou com determinada surpresa antes de abri-lo e checar seu conteúdo. Observei meus pés enquanto o esperava analisar tudo aquilo, perguntando-me se estava livre para ir embora ou se deveria esperar. Por fim, optei pela segunda alternativa – por ser mais prático caso necessitasse de alguma correção.

— O prazo era para amanhã — ele murmurou, lendo avidamente as páginas. O tom usado não me fez saber se ele estava me repreendendo ou elogiando, mas quando ele completou seu comentário, finalmente pude entender — Está muito bom.

Senti meu rosto esquentar e agradeci por estar com o rosto virado para o chão. Eu não deveria ficar naquele estado, mas mal conversávamos na empresa e ele nunca antes havia sido gentil ao ponto de elogiar meu trabalho. Torci internamente para que não tivesse notado minhas bochechas coradas enquanto me preparava para elaborar alguma frase não tão entediante.

— Obrigada. É que terminei meu serviço mais cedo e resolvi adiantar essa parte. Há alguma correção a ser feita?

Ergui o olhar, e ele ainda observava os documentos, balançando a cabeça negativamente. Segurei um suspiro, pronta para dar o fora dali o mais rápido possível. Estar perto de Sasuke com todo o seu cargo de vice-presidente e sozinha me causava certos arrepios — principalmente ante à alta probabilidade de Karin surgir das sombras com uma faca para me atacar.

— Tudo bem então, eu vou indo — anunciei, abrindo meu sorriso de alívio.

Seus olhos negros se fixaram em mim por um instante, mas logo ele me deu as costas enquanto entrava novamente a sala e recolhia alguns objetos. Entendi aquilo como uma deixa para que eu me recolhesse, mas sua voz logo voltou a soar pela sala.

— Já passam das onze. Você vai de carro?

Arregalei os olhos por um instante. Ser pobre e depender de transporte público e carona da melhor amiga naquele momento me deu a esmagadora sensação de ser incapaz. Eu definitivamente precisava de um carro.

Fiquei levemente irritada com sua suposição, mas não fazia sentido eu descontar todo o estresse do dia de trabalho e o fato de ainda ter que importunar Ino no meu chefe. Simplesmente não podia fazer aquilo, e também não era algo inteligente.

— Eu moro com uma amiga, ela sempre vem me buscar — disse rapidamente, pegando o celular no bolso da calça — Se não precisar mais de mim, vou para casa.

Ele saiu novamente da sala, trancando a porta atrás de si. Encarei seus ombros largos sob a fina blusa social, e lembrei que eles são bem maiores quando nus. Balancei a cabeça para afastar aquele tipo de pensamento, que merda estava acontecendo? Eu não me dou bem com esse cara, ele é meu chefe e é um imbecil escorregadio.

Um imbecil que transa maravilhosamente bem, por sinal.

Sasuke voltou seus olhos para mim, e por um momento eu poderia jurar que ele lia minha mente e minhas intenções. Todavia, quando falou foi direto e claro, como sempre.

— Cancele. Hoje eu te dou uma carona.

Soltei meu típico sorriso amarelo – muito comum desde que havia começado a trabalhar ali, e neguei rapidamente com a cabeça. Eu odiava quando falavam comigo em tom autoritário, e com Sasuke não havia ressalvas.

— Ah, não precisa...

Passando a mão pelos cabelos negros, soltou um suspiro cansado. Ele talvez estivesse sendo gentil, e eu não precisava ficar tão na defensiva. Sasuke deveria estar tão cansado quanto eu, e poderia apenas prezar pelas boas condições e segurança de uma funcionária.

Realmente não era seguro ficar esperando do lado de fora em uma cidade como Tóquio.

— Eu faço questão, Srta. Haruno.

Acompanhei-o em silêncio até o carro, observando a certa distância seus movimentos fluídos e leves. Os ombros largos, os braços grossos ainda que por debaixo da roupa social, o jeito em que ele mexia nervosamente nos cabelos vez ou outra. Cada gesto parecia calculado, fazendo-me notar que não havia percebido o quão diferente ele conseguia ser dentro da empresa.

Após chegarmos ao estacionamento através das escadas, vi que ele abriu a porta do carona e ficou esperando até que eu adentrasse o veículo. Contive um sorriso perante a atitude — ele sabia ser um cavalheiro quando estava sóbrio também.

— Obrigada — murmurei, sentando no banco de couro cor de areia.

O carro de Sasuke parecia ter sido projetado especificamente para ele, com o visual esportivo e luxuoso, digno de um vice-presidente de uma multinacional. Minha escala de pobreza e vergonha triplicou após eu me lembrar que certo dia estive naquele mesmo banco, com intenções piores do que simplesmente ir para casa.

Vi sua silhueta dando a volta na frente do carro, enquanto ele se posicionava de forma graciosa entre o banco e o volante. Todos os movimentos de Sasuke pareciam poesia — eram leves, precisos e pareciam ser friamente calculados. Ele afivelou o cinto e eu o imitei, observando o estacionamento da empresa sair do meu campo de visão aos poucos.

Após alguns minutos de tranquilidade enquanto deixávamos a empresa, apertei o cinto de segurança contra meu peito, enquanto meus olhos não desgrudavam do velocímetro por um instante sequer. Ou ele dirigia como um louco, ou queria nos matar naquele dia.

— Você tem certeza que é seguro andar a essa velocidade em uma avenida? — indaguei, baixo o suficiente para que ele não me escutasse.

Ou pelo menos, era o que eu achava.

— Eu sempre dirigi assim, Sakura — ele soltou, esquecendo-se das formalidades de tratamento por um instante, e me amaldiçoei por estar sendo rude com alguém que talvez só quisesse me ajudar.

Merda. Eu e minha boca grande.

Novamente encarei meus pés, enquanto o rubor em minha face deixava claro que eu não esperava por sua boa audição naquele instante.

— A-ah sim, desculpe.

Ele suspirou, levando a mão até o rádio do carro e deixando em uma estação qualquer. Automaticamente reconheci a música, tamborilando meus dedos conforme o som que saía das caixas.

O silêncio quebrado pela música animada dentro do carro era, de certa forma, ensurdecedor. Perguntei-me se da última vez que nos encontramos também havia sido da mesma forma, mas mal conseguia me lembrar daquela noite.

Ao sinal vermelho, o carro parou num cruzamento. A princípio, me espantei por ele conseguir frear sem cantar pneu dada a velocidade em que estávamos minutos antes, mas logo me lembrei que apesar de dirigir como um louco, obviamente ele respeitava as leis de trânsito.

— Sabe... — ele começou, claramente desconfortável — Já estamos fora da empresa. Não precisa agir como um gatinho assustado toda vez que me vê, fico de certa forma desconfortável com isso.

Virei meus olhos para ele, que também me encarava. Um sorriso amarelo cruzou meu rosto, e o remorso me atingiu de certa forma. Era fato que eu o evitava nos corredores e me limitava apenas a dizer “bom dia” e “boa noite” quando o encontrava, esgueirando-me para a primeira sala vazia que encontrava em todas as vezes. Porém, era justo que eu lidasse daquela maneira, afinal, ele infelizmente estava em uma situação de determinada superioridade sobre mim. Ele era o vice presidente, e eu, apenas uma estagiária que estava tentando sair da dependência de sua madrinha autoritária. 

Eu não queria ficar com fama da estagiária que saiu com o chefe por um cargo, apesar de nossa relação estar bem longe disso. Os comentários nada legais e sutis de Karin e seu círculo viboroso também não ajudavam — apenas fazia com que eu quisesse me afastar mais e mais daquele homem.

Meu lábio inferior tremeu, e me esforcei para não ser afetada pela tensão do ambiente. O fato era que eu simplesmente não sabia o porquê de minhas ações quando estava perto dele. Sentia-me intimidada e de certa forma invadida, era quase como...

Ele. A visão de uma cabeleira ruiva invadiu minha mente, e tive que cerrar os olhos para que a visão desaparecesse. Eu não queria pensar naquilo, eu estava bem agora, não havia olhos que temer. Foco, Sakura!

— O que aconteceu foi uma coincidência, mas já passou — seus olhos voltaram para o volante, e ele parecia medir precisamente cada palavra antes de pronunciá-la — A não ser, é claro, que você tenha odiado o que ocorreu.

Uma risada involuntária e repleta de nervosismo irrompeu por meus lábios com o último comentário. A forma preocupada com que ele havia dito aquilo me pegou de surpresa, e eu não conseguia imaginar que o ponto de nosso impasse um dia foi o que eu achei da nossa noite. Notei sua expressão se suavizar, vendo-o esticar os lábios em um sorriso amistoso.

— Desculpe por isso, Sr. Uchiha — disse, controlando a risada que por fim resolvera dar uma trégua — Não, eu definitivamente não odiei o que aconteceu. É só que... Eu simplesmente nunca estive em uma situação tão... Delicada antes.

O sorriso dele se alargou, e por um instante nossos olhares se cruzaram. Seus olhos negros, ainda que fosse por uma fração de segundo, eram iguais aos da noite em que nos conhecemos. Desviei o olhar imediatamente, sentindo minhas bochechas ardenotes,  enquanto ele acelerava o carro novamente após o sinal mudar.

Sasuke voltou a falar segundos depois, mas desta vez sua voz soava de maneira pesada, como se estivesse se controlando, e senti meu centro pulsar em resposta.

— Eu entendo, e peço desculpas por isso. Mas acredite ou não, eu sou uma pessoa normal fora daquele castelo de concreto — ele fez uma curva suave e começou a estacionar o carro — É aqui?

O carro parou e quando pude notar, já estávamos em frente do prédio de Ino. Notei que a luz de seu quarto estava apagada, então provavelmente ela e Sai haviam saído. Assenti levemente, enquanto começava o processo de retirada do cinto de segurança.

— Obrigada pela carona, Sr. Uchiha. — Ainda estava tímida, mas por alguma razão fixei meu olhar no dele, e automaticamente a memória daquela noite me veio à mente, fazendo com que meu centro pulsasse novamente. Aquilo estava ficando perigoso — E... Desculpe-me se fui meio rude, realmente não era a minha intenção.

Um sorriso mínimo cruzou seu semblante, mas seus olhos negros pareciam arder nos meus. Por um momento tive a impressão de que sua mente estava tão perdida quanto a minha, e aquilo fez minha respiração acelerar de imediato. Mordi o lábio, aguardando uma resposta, mas seu silêncio parecia aumentar a tensão do ambiente, como se houvesse estática entre nós. Eu precisava sair dali antes que cometesse o mesmo erro duas vezes.

Absolutamente tudo em Sasuke era atrativo. Os lábios rosados entreabertos, o cabelo extremamente bagunçado e rebelde, seu olhar tão frio e sem pudor que parecia enxergar através de minhas roupas. Desde seu cheiro amadeirado até mesmo suas olheiras, tudo nele era sensual ao extremo, e eu não queria me ver tão perdida por ele quanto a maioria das mulheres que trabalhavam na Uchiha Corp.

Antes que cometesse algum tipo de delito e fosse mandada embora por abusar sexualmente do meu chefe, desviei o olhar e enlacei a fechadura da porta, pronta para sair correndo dali e me trancafiar no quarto com minhas ideias absurdas. Eu definitivamente não poderia fazer aquilo, ele era meu chefe, era simplesmente inconcebível.

— Então... Até segunda — virei-me para abrir a porta, afastando-me o mais rápido daquele carro e correndo para a guarita do prédio, como uma fugitiva.

Continuei o caminho incessantemente pelas escadas até alcançar a porta do apartamento – que certifiquei estar muito bem trancada após adentrar o cômodo. Quando finalmente pude me sentar no sofá foi quando senti a magnitude de seus olhos me deixar, conseguindo relaxar meus ombros.

O que diabos estava acontecendo comigo?

 

 

 

 


Notas Finais


E ENTÃO? O que acharam?


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