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História Disable - Nocaute.


Escrita por: littlediao

Notas do Autor


Oioi, tudo bom? Desculpem qualquer erro, eu quase sempre não releio para ver se tá tudo correto, mas enfim. A gata da foto é uma representação de Elizabeth Novak (Liz). <3

Capítulo 4 - Nocaute.


Fanfic / Fanfiction Disable - Nocaute.

 Michigan, 2016.

 

Liz sempre foi a primeira a acordar na casa, tinha bastante trabalho pra fazer, embora muitos achem que ficar com a cara nos livros, bebendo café, e fazendo pesquisa no computador seja uma coisa fácil, não é bem assim, é muito mais complicado que parece. Ela tirou os óculos e esfregou os olhos, depois os colocou novamente, ligou a televisão no canal de notícias, e foi até a cozinha preparar um café, naquela casa era café a cada duas horas, dava até pena dessa cafeteira, trabalhava mais que os irmãos Cooper na revolução industrial. Os nossos três heróis já haviam voltado à um dia, o máximo de tempo que ficavam em casa depois de uma caçada era uma semana ou duas, porque sempre surgia um caso. Sempre. Liz pegou uma xícara de café, adoçou, e foi até seu escritório, se você é do tipo que curte ler, adoraria entrar lá, é tipo um paraíso de livros velhos, ela costumava deixar a porta aberta, até porque ninguém batia para entrar mesmo. Começou suas pesquisas em jornais, e na internet também, Liz ouviu alguém descendo as escadas, era Rebecca, estava vestida com a roupa de trabalho, aquela que os policiais usam quase sempre.

 

– Bom dia, filha. – Disse ela, indo até a cozinha tomar café da manhã.

 

– Bom dia, mãe. Vai mais cedo hoje? – Perguntou Liz, enquanto digitava concentrada no teclado do computador de última geração que ela tinha. Rebecca pegou uma xícara de café, e colocou duas fatias de pão na torradeira.

 

– É, vou. – Ela suspirou, e foi até a porta do escritório de sua filha. – O dever me chama. Mas e quanto suas pesquisas? Alguma coisa?

 

– Bom, tem uma coisa que ainda estou verificando, pode ser um caso ou não. – Disse Liz, que prestava atenção no que Rebecca dizia, ainda concentrada na tela do computador. A torradeira lançou as duas torradas para fora, Rebecca foi pega-las.

 

– Entendi. Então, é hoje que vocês começam o treino?  – Perguntou Rebecca, enquanto passava manteiga nas duas torradas, que estavam em cima de dois pratos de porcelana. No dia em que eles voltaram da caça, Richard contou a Rebecca e a Liz tudo o que havia acontecido, elas concordaram que Sarah deveria ser treinada antes de começar. O “treinamento” estava por conta de Richard e Kristen, e eles iam começar no dia de hoje, pois não tinham tempo de sobra, como já dito, sempre surge um caso.  

 

– É, hoje. Falando nisso, daqui a pouco vou tirar os três da cama. – Disse Liz, contente por derrubar os preguiçosos da cama. Rebecca levou um prato com a torrada para Liz, e a outra estava em sua mão, já marcada com uma mordida.

 

– Você parece feliz com isso. Bom, tenho que ir Liz, mantenha a ordem e não deixe ninguém se matar. – Disse Rebecca, rindo. Liz sorriu também.

 

– Pode deixar. – Respondeu a menina. Rebecca deu um beijo no rosto dela, e saiu para o trabalho.

 

Como “gentileza”, Liz esperou meia hora antes de esmurrar a porta do quarto de cada um deles até que acordassem. E é claro que começou pela Kristen, porque quando aquele ser dormia, virava uma pedra.

 

– Acorda, bela adormecida. – Ela deu apenas três batidas na porta, que foram suficientes para acordar os três de uma vez. Liz era pequena, parecia frágil, quem a via não imaginava que ela derrubaria um homem com um dedo se precisasse. É aquele ditado, pequenas empresas, grandes negócios.

 

– Que que foi? Já tá na hora de morfar? – Disse Kristen, abrindo a porta com a cara amassada e o cabelo despenteado (o que na verdade era bem comum), ela usava uma calça de moletom cinza, e uma camiseta bem comprida com a estampa do AC/DC. Richard abriu a porta também, com a mesma cara amassada.

 

– Temos bastante trabalho hoje, é melhor se apressarem. – Liz levantou o óculos com o dedo indicador, e deu meia volta até a escadaria.

 

– Mas são 08:30! – Disse Richard, com metade do corpo pra fora do quarto. Liz virou-se para ele, e balançou os ombros com uma expressão sarcástica, e continuou descendo as escadas. Ele revirou os olhos. Kristen já havia se jogado na cama de novo.

 

– Vida cruel. – Ela estava com a cara enfiada num travesseiro, parecia um saco de batatas jogado em cima da cama. Sarah abriu a porta, já estava vestida para sair, Richard a olhou de cima a baixo.

 

– Mas já? – Perguntou ele, surpreso. Sarah riu, e ajeitou a camisa xadrez verde no corpo.

 

– Bom dia pra você também. – Disse ela, sorrindo. Os três quartos ficavam lado a lado, o do meio era o de Kristen, o da esquerda de Richard, e o da direita era o de Sarah. Ao passar em frente ao quarto de Kristen, Sarah olhou toda aquela bagunça, e tinha também um elemento jogado em cima da cama. – O seu quarto tem cheiro de cerveja e salgadinho.

 

– É meu habitat. – Disse Kristen, ainda com a cara socada no travesseiro. Sarah riu, e seguiu até a escadaria, Richard estava no banheiro do quarto dele, podia se ouvir o barulho dele escovando os dentes.

 

Liz estava no escritório, trabalhando, Sarah pegou uma caneca de café, e foi até lá.

 

 – Então, Liz, onde vai ser? – Perguntou Sarah, curiosa. A garota que estava em frente ao computador, olhou diretamente para ela.

 

– Numa floresta por aqui mesmo, não é longe. – Disse Liz, girando em sua cadeira. Sarah deu passos lentos para dentro do escritório, segurando a caneca.

 

– Por que tem que ser no meio do mato? – Perguntou Sarah.

 

– Para que ninguém ouça os tiros, eu acho. Ah, sei lá, vai ser legal treinar ao ar livre. – Liz se levantou da cadeira, Sarah acenou positivamente com a cabeça, sem muita certeza.

 

Enquanto as meninas esperavam os dois lá embaixo, Liz explicava a Sarah coisas que pudessem ser relevantes no treinamento.

 

– A gente vai ter que parar pra encher o tanque, então vamos logo. – Disse Kristen, descendo as escadas com pressa. Richard vinha logo atrás, com um manequim nos braços.

 

– O que é isso? – Perguntou Liz, quando viu Richard com um manequim debaixo do braço. Ele olhou para o manequim, e riu.

 

– Isso? Ah, é a cobaia. Vai ser usada como alvo. – Disse ele, Kristen nem notou, pois estava fuçando os armários atrás de salgadinho, Liz e Sarah ficaram olhando pra cara dele tentando entender de onde foi que ele tirou a porra daquele manequim. – O que foi? Tava no meu armário.

 

– Por que você tem um manequim? – Perguntou Sarah, Kristen virou de volta para ele com um pacote de salgadinho nas mãos.

 

– Mas o que que é isso? – Kristen ficou surpresa de primeira, mas depois mudou de expressão, olhando para ele como se ele fosse um pervertido. – Não vai me dizer que…

 

– Não! Escutem, eu comprei isso a umas semanas atrás pra treinar mira mas não tive tempo. – Disse ele, visivelmente nervoso. Liz e Sarah ainda o olhavam com aquela cara, Kristen desviou o olhar lentamente, quem sabe o que se passou na cabeça dela naquele instante.

 

– Tá então a gente chama ela de Cláudia. – Disse Kristen.

 

– Cláudia? – Perguntou Richard, olhando para o manequim. – Não.

 

– Por que? Não é sofisticado o bastante pra ela? – Perguntou Kristen sarcástica, o que deixou Richard bravo.

 

– Cala essa boca! Eu não tenho fetiche por manequim, que droga!! – Disse ele, nervoso. Kristen começou a rir, Sarah tentou disfarçar, mas estava rindo também. – Qual é? Vocês são doentes!

 

– Okay… Acho que é hora de pararmos de falar da Cláudia. É melhor vocês irem. – Liz mudou de assunto, olhando para o manequim… Digo, a Cláudia, com uma cara meio crédula.

 

– Não vai com a gente? – Perguntou Sarah, colocando a caneca já vazia em cima da mesa.

 

– Eu não posso, acho que tem um caso pra vocês, mas tenho que confirmar, e isso demora, sabe… – Disse ela, cruzando os braços. Kristen abriu a porta, e tirou as chaves do Cadillac do bolso. – Só não se matem.

 

– Não posso prometer nada. Tô esperando no carro. – Ela saiu com aquele sorriso sarcástico no rosto, e foi tirar o carro da garagem.

 

– Vamos manter tudo sob controle, relaxa. – Disse Richard, sorrindo. Liz acenou positivamente com a cabeça, e ambos saíram para o treinamento. Assim que saíram, Liz olhou para o chão boquiaberta, pensando consigo mesma: “Richard transa com um manequim?”. Logo voltou ao normal, e foi para o escritório, ainda meio intrigada.

 

Enquanto isso, na garagem, Kristen já estava no carro, Sarah e Richard foram até lá. Ele deu a Cláudia para Sarah segurar, abriu a porta da frente, e se sentou.

 

– Opa, opa, opa. Pode sair daí. – Disse ela, tirando as mãos do volante, e fazendo um gesto do tipo “Xô”.

 

– Que? – Richard não entendeu nada.

 

– Cadê seu cavalheirismo? Primeiro as damas, mano. – Disse ela, Sarah ouviu, e se sentiu meio importante, Richard a encarou por um breve segundo, e desceu do carro. Sarah entregou a Cláudia a Richard para entrar no carro. – Tá fazendo o que garota?

 

– Eu ia me sentar. – Disse ela, confusa. Kristen começou a rir.

 

Pulando essa parte, eles já estavam na estrada, ouvindo “Proud Mary - Creedence”, Richard e Sarah estavam sentados no banco de trás com cara feia, e Cláudia estava na frente. Kristen fez questão de colocar o cinto de segurança nela.

 

– Olha, não acha que tá sendo meio infantil colocando um manequim no banco da frente? – Disse Richard, tentando manter a sensatez.

 

– Meu carro. Minhas regras. Tô até pensando em comprar umas roupinhas pra ela, o que acha? – Disse Kristen, aumentando o som, Sarah encostou a cabeça na janela, e suspirou. Richard revirou os olhos e não disse nada. Se tem algo que Kristen gostava de fazer era irritar os outros, excepcionalmente o Richard.

 

O trajeto durou por volta de uma hora, eles chegaram à tal floresta, que ficava bem longe da civilização, tinha apenas uma estrada reta a sua frente. Richard e Sarah desceram primeiro,  Kristen depois, com um sanduíche quase todo devorado nas mãos, Sarah segurava um copo de refrigerante do Mc Donalds.

 

– Nunca vi um posto no meio do nada que tivesse um Mc Donalds, isso é bem legal. – Sarah tomou o refrigerante pelo canudinho colorido, Kristen terminou seu hambúrguer, e foi até o porta malas.

 

– Eles nem tinham sorvete, drive-thru barato. – Disse Richard, abrindo a porta da frente para pegar o manequim. Kristen abriu o porta malas.

 

– Bom, pelo menos o hambúrguer tava bom. – Disse Kristen.

 

Ela pegou uma arma grande, e uma pequena, estaca, canivete, facão, taco de baseball, colete a prova de balas da Rebecca, e guardou tudo numa bolsa para levarem até o local. Caminharam um pouco para chegarem lá, mas não era longe. Richard colocou a Cláudia no chão, e vestiu o colete a prova de balas, Kristen carregava uma arma.

 

– Eu tenho a minha. – Sarah tirou uma Taurus do cinto, Kristen a olhou surpresa, e sorriu de canto. O clima estava perfeito, nublado, as folhas secas no chão, o céu meio cinza, tem coisa melhor?

 

– Legal. Richard, preparado pra tomar chumbo? – Perguntou Kristen, Richard ainda terminava de vestir o colete.

 

– Será que eu vou levar mesmo? – Ele olhou para Sarah, sarcástico. Com os olhos semicerrados, ela sorriu.

 

Tudo pronto, a missão de Sarah era conseguir atirar em Richard, o que ela achava bem fácil, pois ele estava desarmado. Kristen se sentou ao lado de Cláudia, e levantou o polegar indicando o “começo” da luta. Claro que demorou um tempo pra convencer Richard a criar coragem pra socar Sarah, mas deu certo.

Round one, fight! Ambos ficaram um de frente pro outro, Sarah deu o primeiro golpe, levantou a mão com a arma, Richard deu uma joelhada em sua barriga, fazendo a mesma derrubar a arma, ele sacou a arma dela do chão e apontou para ela.

 

– Meu deus! Que que foi isso? Tá pior que sei lá o que! – Kristen estava com as duas mãos ao lado da boca para que o som de sua voz saísse mais alto. Sarah estava de cabeça baixa, com as duas mãos fazendo pressão sobre a barriga, que estava doendo.

 

– Isso foi muito fácil fala sério. Acho que vou até tirar o colete. – Richard começou a se gabar cedo demais. Sarah deu o bote.

 

Ela deu um soco em seu rosto que o fez dar passos longos para trás, depois o chutou direto no tórax, fazendo o mesmo cair no chão, antes que ele pensasse em se levantar, ela arrancou a arma das mãos dele, e apontou direto para seu peito, ela atirou, mas ele esquivou, rolando para o lado, nisso chutou o calcanhar dela, a fazendo cair também, ele se levantou rápido, e pegou a arma dela, e jogou longe.

 

– Nota 6. – Disse Kristen, um pouco impressionada. Sarah estava deitada no chão, com os braços abertos ofegante. O rosto de Richard já estava começando a ficar vermelho por conta do soco.

 

Depois de muita surra, muito tiro, muita facada, chegaram ao “desafio final”. Já haviam se passado 4 horas, os testes eram demorados, e ela não ia bem de primeira, então tinham que repetir até ela chegar ao nível mediano pelo menos, Sarah estava toda dolorida, com o olho roxo, Richard também estava todo fudido, o mais frustrante para Sarah era que ela não conseguia atirar no infeliz, mas conseguiu mirar muito bem na Cláudia. O papel de Kristen era rir e ficar enchendo o saco com comentários desnecessários.

 

– Isso é mesmo necessário? – Perguntou Sarah, enquanto Kristen a amarrava dando várias voltas com uma corda numa árvore.

 

– É. Agora sai daí. – Disse ela, olhando para Sarah de braços cruzados, Richard estava rindo logo atrás.

 

– Muito engraçado, mas não tem como eu pegar meu canivete. – Disse Sarah, Kristen chegou mais perto dela, e deu uma porrada na cara da garota. – Aí! Pra que isso?!

 

– Porque é isso que um demônio faria. Achou o que? Que eu ia entregar o canivete de bandeja pra você cortar isso aí? – Sarah revirou os olhos, e soltou o corpo todo para baixo e suspirou, parecia que estava morta, mas só estava entediada. Richard começou a recolher as armas e as coisas que eles haviam trazido, Kristen estava ajudando.

 

– Espera, o que tão fazendo? – Perguntou Sarah, quando começou a sacar a situação. Richard estava com a Cláudia, foda esburacada de tiro, debaixo do braço, e Kristen com a bolsa cheia de armas.

 

– É isso aí gata, vamos comprar uma cerveja, a gente te espera no carro. – Eles viraram de costas para ela, Richard colocou a mão no rosto, pois estava inchado de tanto apanhar.

 

– Espera! Espera aí! Não podem fazer isso! – Disse Sarah, rindo para disfarçar o desespero. Ela sabia que eles não iam tirar ela dali nem a pau, e que ela teria que dar um jeito.

 

Enquanto isso, Kristen e Richard caminharam até onde o carro estava, colocaram as coisas no porta malas, inclusive a Cláudia, depois foram comprar cerveja num posto perto. Assim que voltaram, ligaram o som e ficaram sentados no capô do carro esperando por ela, Richard olhava o relógio a cada cinco minutos.

 

– Já faz quase uma hora, acha que ela se perdeu? – Perguntou Richard, descendo do capô, colocando o casco vazio da cerveja na caixa onde eles estavam colocando as cervejas vazias, até que tava meio cheia. Kristen deu um gole antes de responder.

 

– Sabe o que eu acho? Acho que ela não conseguiu se soltar até agora. Vamos resgatar a princesinha. – Ela também desceu do capô, e abriu a porta do motorista para desligar o som, assim que o fez, foi com Richard soltar Sarah.

 

Caminharam até lá, e surpresa, só tinha a corda cortada no chão, Kristen e Richard ficaram surpresos quando viram que ela não estava ali, e não tinha voltado ao ponto marcado. Eis que alguém dá uma coronhada na cabeça de Kristen, que cai quase desmaiando, Richard se virou, era Sarah, ela deu um chute em cheio nas bolas do cara, que caiu de joelhos como uma garotinha.

 

– Surpresa. – Ela apontou a arma para o peito dele, destravou, e finalmente, atirou nele.

 

– Podia ter sido menos agressiva, acha não? – Disse Kristen, com a mão na cabeça, ela estava tonta, havia sangue escorrendo em sua testa. Richard estava rolando no chão, com a mão no lugar onde tinha levado um chute daqueles, aquilo realmente doeu. Muito. Sarah olhou para os dois jogados no chão, e começou a rir.

 

– Cara, eu derrubei os dois! – Ela estava empolgada, aquilo era uma conquista e tanto para ela no momento.

 

– Tá, vamos embora. – Kristen se levantou meio tonta, e ajudou Richard a se levantar também. – Sorte sua que eu sou legal, se não te dava uma surra.

 

Os três voltaram para casa, Richard não ia mais ter filhos, o sangue havia pintado a cara de Kristen, e a Sarah estava feliz da vida, com o olho roxo. Ao chegar em casa, todo mundo com cara de cansado, Liz estava no sofá, lendo um livro, quando os viu entrando, ficou surpresa.

 

– Eu disse pra não se matarem! – Disse Liz, se levantando do sofá. Kristen e Richard se sentaram no sofá, largados.

 

– Estamos bem. Deu tudo certo. – Disse Sarah, sorrindo. Liz voltou com um kit de primeiros socorros.

 

– Pelo que estou vendo, nocauteou os dois. – Disse Liz, molhando um algodão com soro para limpar o sangue no rosto de Kristen.

 

– Na verdade ela veio por trás, por isso conseguiu. Beth, deixa que eu faço isso vai. – Disse Kristen, virando a cabeça, Liz mandou ela ficar parada para que ela pudesse limpar direito. Kristen era uma das poucas pessoas que chamavam ela de Beth, sem motivo específico, ela só preferia.

 

– É mas eu consegui. – Disse Sarah, com as pernas cruzadas. Ela viu o livro em cima do sofá, a capa tinha uma estrela de davi, o que a deixou curiosa. – Sobre o que é esse livro, Liz?

 

– Oh, é sobre isso que tenho que falar com vocês. – Ela terminou de limpar o rosto de Kristen, que parecia incomodada com ela passando aquele algodão na sua cara. – Tem um caso, um site de notícias publicou sobre um grupo de grávidas perderam os bebês antes que nascessem, todas no mesmo dia, de formas diferentes, alguns foram enforcados pelo próprio cordão umbilical, e outros se engasgaram antes mesmo de nascer.

 

– Bizarro. – Disse Kristen. – Quantos bebês mortos?

 

– Três. As grávidas faziam tipo um clube do livro, só que ao invés de ser clube do livro, era clube do bebê. Fora desse clube também tiveram casos de bebês mortos antes de nascerem, pelos que achei… Contando com os três do clube das grávidas, são cinco ao total, horrível... – Disse Liz, ela se levantou para guardar a caixa de primeiros socorros com uma expressão magoada.

 

– Disse que estava confirmando se era um caso mesmo hoje de manhã, já não percebeu de cara que era um caso? – Perguntou Sarah, curiosa. Liz suspirou.

 

– Eu só tinha visto sobre duas mulheres grávidas que perderam o bebê, mas aí depois encontrei a notícia do “Clube do bebê” e tive certeza. – Disse ela, apoiando os braços no encosto do sofá. Sarah ergueu as sobrancelhas como entendido.

 

– Ok, um bicho que impede que bebês nasçam. Tá, eu não faço ideia do que possa ser. E vocês? – Perguntou Kristen, Sarah balançou a cabeça negativamente, afirmando que ela também não fazia ideia.

 

– Pode ser que esteja se alimentando deles. – Disse Richard, olhando para o chão, pensativo. Kristen lançou um olhar para ele como se aquilo não fosse óbvio o bastante.

 

– Bom, apenas em um dos casos o bebê morreu logo após nascer na maternidade, teve uma parada cardíaca. – Disse ela, colocando o cabelo para trás da orelha.

 

– Entendi… – Respondeu Richard, ainda pensativo.

 

– Bom, eu estou procurando em vários livros, inclusive nesse livro de origem judaica, mas até agora nada. – Disse Liz, levantando o óculos com o dedo indicador. Kristen se levantou.

 

– Onde é? – Perguntou ela, estalando as costas, com uma expressão ruim.

 

– Denver, Colorado. – Respondeu Liz.

 

– Não é tão longe daqui. – Disse Richard, se levantando também.

 

– Como vamos caçar a coisa? Não sabemos como matar, não sabemos nem o que é. – Disse Kristen, indo em direção a escadaria.

 

– Pra descobrir a gente vai ter que investigar pessoalmente. – Disse Richard, se levantando também. – Bom, descansamos um pouco e depois caímos na estrada.

 

– Claro. – Disse Liz, sorrindo. Richard subiu também, Sarah se levantou, provavelmente ia subir também, Liz segurou o braço dela delicadamente. – Sarah, podemos conversar um minutinho?

 

– Claro, sem problemas. – Disse ela, se sentando novamente, Liz se sentou ao seu lado, parecia intrigada com algo. – Tá tudo bem?

 

– Tudo ótimo, eu só queria propor uma coisa. Ah, sabe, hoje você aprendeu muita coisa com os rapazes eu suponho, e tem mais algumas coisas que são essenciais nesse tipo de… Emprego. – Disse ela, com uma expressão um tanto contrariada, ela tentava simplificar ao máximo aquela conversa, Sarah não entendeu muito bem.

 

– Eu acho que não entendi. – Ela riu meio sem graça.

 

– Você sabe, ciladas para o diabo, pentagramas, exorcismos, aprender a matar algumas coisas as quais você provavelmente vai cruzar no caminho… – Disse Liz, Sarah entendeu o que ela quis dizer, e ficou olhando para ela em silêncio. – Desculpe eu não quis ser inconveniente, não estou insinuando nada eu só…

 

– Tudo bem, eu fico. – Disse Sarah, voltando ao normal, Liz ficou aliviada por ela ter entendido.

 

– Bom, muito bom. – Disse a garota animada, Sarah sorriu para ela.

 

Eram aproximadamente 13:00 da tarde, Sarah havia ido para o banho, e voltou para a cozinha, Richard estava no notebook, a porta do quarto de Kristen estava fechada, provavelmente ela estaria dormindo.Liz começou a fazer o almoço enquanto conversava com Sarah, que a ajudava a cortar os legumes, embora estivesse cansada do “treino”, ela achou que seria gentil ajudar Liz a preparar o almoço, elas eram amigas quando crianças, mal lembram, mas a amizade delas continuava intacta, mesmo depois de muitos e muitos anos, Liz e Sarah se davam muito bem. Você deve estar se perguntando, ela perdeu os pais, e recentemente, a tia, única família que ela ainda tinha nessa grande e cruel bola azul, como poderia seguir em frente assim, tão “fácil”? A resposta é simples, não era fácil. Suas noites eram longas, tinha dificuldades para dormir, pesadelos terríveis, e todos os dias ela passava horas com a cabeça no travesseiro, apenas pensando, apenas pedindo a Deus que tudo melhorasse, Sarah estava morando com caçadores que ela mal conhecia, os quais ela podia confiar, mas mesmo assim, não era algo simples como ir a casa de alguns parentes passar uns dias, era mais complicado, Rebecca e seus “filhos” estavam tratando Sarah muito bem, e tamanha gratidão ela tem por poder ter uma segunda chance como essa. Ela estava aguentando firme, como Jane ia querer que ela fizesse, isso a motivava a se levantar todos os dias, erguer a cabeça, e seguir em frente.

Enquanto Sarah pensava distraída sobre sua vida, sobre o sofrimento o qual ela tinha que manter trancafiado em seu coração, Liz a chamava, preocupada.

 

– Sarah? Você está bem? – Perguntou Liz, chegando perto da garota distraída com os próprios pensamentos.

 

– Estou, estou bem. Desculpe, estava distraída. – Disse ela, disfarçando. Liz olhou fixamente em seus olhos, pois sabia que tinha algo errado, e seria estranho se não tivesse.

 

– Eu entendo, se quiser conversar… – Ela sorriu para Sarah, que cortava os tomates com lerdeza, pela falta de concentração. Sarah sorriu para ela como entendido.

 

Almoço pronto. Todos se reuniram à mesa, parecia até um almoço em família normal num dia de semana, faltou a Rebecca, que estava bem ocupada em seu gabinete, os assuntos na mesa eram: O caso, e o que estava matando os bebês. Depois do almoço, Kristen e Richard foram fazer as malas, e como Sarah não ia dessa vez, ela foi para o escritório com a Liz, “estudar”.

 

– Nossa, eu acho que nunca vi tanto livro… – Disse Sarah, olhando em volta como uma criança curiosa. Liz ergueu os óculos com o dedo indicador, e sorriu.

 

– Aqui tem tudo. – Ela suspirou, e sentou em sua cadeira. – Hora de trabalhar. Fique à vontade.

 

– Ah, o que eu devo fazer? – Perguntou Sarah, se sentando no sofá cor de salmão que tinha no escritório. Liz olhou para estante, e pegou um livro grosso, com um pentagrama gravado na capa.

 

– Esse livro tem bastante coisa, sobre demônios etc. Eu recomendo. – Ela entregou o livro a Sarah, que o pegou, surpresa, era um livro diferente, velho, e meio mofado. Os melhores são assim.

 

– Parece bom, gosto de livros velhos. – Disse ela, abrindo o livro, notou que haviam alguns papéis no meio, com números de telefone, desenhos estranhos, coisas em latim.

 

– Somos duas. – Liz também viu os papéis. – Isso são anotações, eu guardo aí pra não esquecer, são bem importantes. Bom, vou pesquisar sobre a coisa que anda matando bebês, se precisar de algo já sabe.

 

– Claro, obrigada. – Disse Sarah, sorrindo, Liz voltou a sua mesa, e ligou o pc tunado de duas telas.

 

Sarah bateu o olho em alguns papéis guardados dentro do livro, mas um lhe chamou atenção, tinha uma foto de Rebecca e Liz, Liz ainda era pequena, uns 7 anos, elas estavam em um lugar repleto de flores e árvores, muito bonito. Ela pegou a foto, e sorriu ao ver a união das duas, logo viu também outras coisas, como um papel escrito “Anthony” com um telefone embaixo, que ela pensou ser de um outro caçador amigo deles, tinham alguns papéis que pareciam estar ali à um bom tempo, com desenhos esquisitos, na verdade eram ciladas e sigilos para demônios ou outras coisas, e os outros papéis pareciam ter sido arrancados de outro livro, tinham textos escritos em latim, com algumas partes grifadas, não era hora de perguntar a Liz sobre o que se tratavam, ela estava ocupada trabalhando. Ela pode reconhecer algumas palavras do textos, e deduziu que fossem exorcismos, Sarah só precisou usar duas vezes, e foram suficientes para decorar rapidinho, afinal, ficar cara a cara com um demônio não é nada legal, existem muitos exorcismos diferentes em cada religião.

Ela começou a ler o livro empolgada, mas também estava cansada pelo dia exaustivo que teve, mas foi gratificante, pelo menos ela aprendeu a como tirar um canivete do bolso com dois dedos, em momentos de desespero aquilo seria realmente bem útil, assim como atirar em alguém, imobilizar, tudo isso.

 

– Beth, estamos indo. – Disse Kristen, enquanto descia as escadas. Liz ainda estava no computador, Sarah lia o livro completamente distraída, haviam se passado quase uma hora desde que ela abriu o livro. Kristen foi até o escritório, enquanto abria uma cerveja com a mão. – Tem alguma coisa?

 

– Pode ser, estou pesquisando, parece que é uma Shtriga, mas não tenho certeza. – Disse Liz, Kristen a interrompeu, logo depois de tomar um gole de sua cerveja

 

– Tá e como que mata? – Perguntou ela, Liz a olhou brava, ela é Kristen eram como irmãs, Liz parecia a mais velha por ser mais responsável, e Kristen a mais nova, por ser… Digamos, “engraçadinha”. Mas a verdade era que Kristen era a mais velha, tinha 23, já Liz, 19.

 

– Eu disse que não tenho certeza, pode ser que não seja. – Disse Liz, já ficando brava com ela, Richard estava descendo as escadas também. – Uma Shtriga se alimenta do espírito vital de sua vítima, sugando as forças dela, e isso mantém ela ativa. Parece que ela prefere crianças… De acordo com algumas fontes.

 

– Então é isso? Shtriga? Nunca ouvi falar… – Disse Richard, entrando no assunto, enquanto pegava latas de sal no armário, sal era o que mais tinha ali.

 

– É o mais perto que cheguei, mas ainda estou vendo tudo isso. – Disse Liz, Kristen estava olhando para Sarah, que parecia nem ter notado a presença dela ali, de tão concentrada que estava.

 

– Ela não vai não? – Perguntou Kristen, ainda de olho na garota. Liz balançou a cabeça negativamente, Richard entrou no escritório para dar uma olhada na pesquisa de Liz.

 

– Não, ela quer ficar, conhecer um pouco mais sobre o riscado. – Disse ela, sorrindo, parecia animada com a ideia de que teria companhia. Richard estava ao seu lado, agachado, lendo um artigo sobre Shtrigas.

 

– Hum, tá. – Disse Kristen, bebendo sua cerveja. Richard se levantou, e passou a mão no cabelo, o colocando para trás, Liz o olhou disfarçadamente enquanto ele fazia.

 

– Ferro consagrado, tá, a gente arruma. – Disse ele, arrumando a gola da camisa, parou em frente de Sarah. – Então, Sarah, boa sorte.

 

– Uh? O que? Ah, obrigada, a vocês também. – Ela saiu do “transi” após ele ter estalado os dedos algumas vezes bem perto de seu rosto, fazendo com que ela notasse sua presença ali. – Desculpe, eu me concentro bastante quando estou lendo.

 

– Tudo bem, isso é bom. – Disse Richard, carismático como sempre, Sarah sorriu. Kristen foi até a geladeira pegar outra cerveja.

 

– Ah, e também, Shtrigas ficam vulneráveis quando estão se alimentando. – Acrescentou Liz. – Kristen, já que está aí, pode fazer um café?

 

 – Folgada. – Suspirou Kristen, colocando sua cerveja sobre a mesa, e mais um pacote fechado, dentro de uma caixa de isopor, a qual eles sempre levavam nas caçadas. Assim que colocou-as sobre a mesa, pegou um pote com pó de café. Não falei, lá vai a cafeteira trabalhadora.

 

– A segunda opção é meio complicada, teríamos que usar uma “isca”, nem pensar. – Disse Richard, de braços cruzados, Sarah apenas observava.

 

– Tem razão, mas nem sabemos se é mesmo uma Shtriga, eu só dei um palpite. – Disse Liz, olhando para Richard, que suspirou.

 

– É, veremos. – Respondeu ele, logo saiu do escritório. Sarah continuou a leitura, quando deduziu que o assunto não era da conta dela.

 

– Café tá passando, madame. Mais alguma coisa? – Disse Kristen, irônica. Richard pegou as malas no sofá, estavam prontos para sair.

 

– Não, muito obrigada. – Respondeu Liz, correspondendo à ironia. Richard foi até a porta do escritório com as malas nas mãos para se despedir.

 

– Estamos indo, ligamos quando chegarmos lá. – Disse ele, sorrindo. Liz sorriu para ele também, com uma caneta nas mãos, a qual ela estava usando para ligar os fatos, coisa dela.

 

– Boa sorte, e tomem cuidado. – Disse ela, sorrindo para ele. Richard e Liz tinham uma relação muito boa, mas não era como se fossem “irmãos”, era diferente, e eles podiam sentir isso.

 

– Se cuidem também. – Ele saiu, Kristen estava na porta, com a caixa de isopor debaixo do braço. Sarah acenou para ele, se despedindo, antes que ele saísse.

 

– Adios muchachos. – Disse Kristen, fazendo piada como sempre. Liz riu, Sarah também.

 

Ambos saíram, e foram para o cadillac, Richard tirou a Cláudia do porta malas, e a colocou na garagem, junto a mais um monte de tralhas que usavam no trabalho, ele colocou no porta malas também dois pés de cabra de ferro puro, caso precisasse, eram presentes de Kyle, um velho caçador amigo deles. Tudo pronto, as malas já estavam no banco de trás, e a cerveja também. Ambos entraram no carro, Denver não era tão longe, apenas algumas horas de viagem, Kristen deu a partida, e ligou o som, estava tocando “John Forgety - The Old Man Down The Road”, música perfeita pra viagem, Richard e Kristen curtiam um rock antigo assim como Bob Marley curtia um baseado.







 


Notas Finais


Cara, acho que ando muito empolgado, tô escrevendo demais em um só capítulo, espero que não seja um problema...


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