1. Spirit Fanfics >
  2. Disable >
  3. Back home.

História Disable - Back home.


Escrita por: littlediao

Notas do Autor


Vocês devem ter notado que algumas coisas mudaram por aqui, né? Pois é. Eu fiz umas mudanças, troquei a foto da fanfic, e modifiquei também algumas das imagens que havia colocado nos capítulos anteriores, se quiserem dar uma passadinha nos capítulos anteriores para ver, fiquem a vontade, ficou bem melhor (eu acho). -q A casa da imagem principal é a casa deles, a de Michigan, que sempre é citada, e devo avisar também que o conteúdo da história NÃO foi modificado, só troquei as imagens, então não precisam ler tudo de novo hauahau. Espero que tenha ficado bom, porque foi minha intenção deixar melhor pra vocês. Xoxo <3

PS: Pra quem está estranhando, a moça na imagem é uma representação da Liz, houveram algumas mudanças também. (Imaginem ela de óculos, obrigado, de nada).

Capítulo 9 - Back home.


Fanfic / Fanfiction Disable - Back home.

Michigan, Flint.

Já fazia quase um mês desde que Sarah havia decidido “espairecer”, e só havia dado notícias a Kristen uma vez, com uma mensagem que dizia apenas: Estou bem, não se preocupem comigo. Era um dia álgido em Michigan, nevava bastante. os rapazes estavam caçando, Liz, como de costume, estava trabalhando no escritório, Rebecca também encontrava-se em casa, pois era sua semana de folga. Tudo perfeitamente normal, tirando o fato de Sarah não estar ali, pois ela fazia falta. Elizabeth folheava um livro antigo com as páginas amareladas, sentada em sua cadeira, sem muito ânimo, e então seu celular tocou, ele estava em cima de uma mesa ao lado do sofá, Liz levantou-se e olhou a tela do celular, era Sarah. Em um movimento rápido, ela atendeu.

“– Sarah?

– Liz, senti saudade.

– Eu também, onde você está? Tá tudo bem?

– Estou na cafeteria perto da linha de trem, pode me encontrar aqui?

– Claro, claro que sim, eu já estou indo.

– Vou esperar aqui então.

– Certo, estou a caminho.”

Liz notou a calma e a suavidade na voz de Sarah, ela parecia estar bem menos sobrecarregada que da última vez, o que a fez sorrir ao tirar o telefone do ouvido. Ela pegou o sobretudo no sofá, e foi vestindo enquanto andava contente até a sala.

– Mãe, você não vai acreditar em quem acabou de ligar. – Disse ela, se sentando na beira do sofá para vestir as botas guardadas ao lado da porta. Rebecca estava deitada no sofá assistindo televisão, ela arqueou as sobrancelhas ao ver a empolgação de Liz.

– Quem? – Perguntou ela, mudando de canal com o controle remoto, Liz estava terminando de vestir as botas forradas de lã.

– Sarah, ela está aqui. – Disse ela, Rebecca arregalou os olhos, e abriu um sorriso simpático. – Ela está bem, e eu acho que vai voltar.

– Minha nossa. – Ela suspirou, e fechou os olhos, satisfeita. – Graças a Deus. Onde ela está?

– Estou indo encontrá-la na cafeteria agora. – Disse Liz, pegando as chaves da viatura que estavam guardadas no chaveiro perto da porta. Rebecca passou a mão no rosto, a notícia realmente havia alegrado o dia dela imensamente, fazia pouco tempo, mas Sarah era como uma filha para ela, Rebecca tinha um grande coração.

– Diga que eu mandei um abraço. – Disse ela, Liz sorriu em concordância, e fechou a porta.

Sarah estava na cafeteria, sentada perto de uma janela, observando a neve cair, prestando atenção em cada floco. Seu olhar já não era mais o mesmo, ela estava mais confiante, segura consigo mesma, coisa que não acontecia desde quando Jane se foi. Era como se ela tivesse conseguido superar parte de tudo aquilo, e agora estava seguindo em frente. Liz havia chego, estacionou a viatura de sua mãe no estacionamento, e desceu do carro com a cabeça baixa para evitar que a neve caísse em seus óculos, mas resolveu tirá-lo, não era muito agradável ficar de óculos na neve, ela deu passinhos rápidos até a entrada do local, e logo avistou Sarah distraída olhando para fora e mexendo um capuccino.

– Hey! – Ela se aproximou, abrindo os braços, Sarah virou-se rapidamente ao ouvir a voz dela, e se levantou, envolvendo-se em um abraço aconchegante com Liz.

– Você pintou o cabelo! – Reparou Sarah, alisando uma mecha de cabelo da outra, Liz havia pintado o cabelo de castanho recentemente. A mesma sorriu.

– Pintei, o que achou? – Ambas se sentaram uma em frente à outra após terminarem de se cumprimentar, com sorrisos estampados em seus rostos.

– Eu adorei, esse corte também lhe caiu muito bem. Nossa até parece que eu parti há muito mais tempo do que realmente aconteceu. – Sarah riu, Liz também, e colocou o cabelo atrás da orelha.

– Se bem que faz quase um mês. Quer me contar o que andou aprontando? – Perguntou Liz, colocando seus óculos novamente, pois ela quase não enxergava sem eles, mas detestava usá-los. Sarah suspirou.

– Uau. Por onde começar. Eu fiquei em um motel em Redmond, onde passei praticamente o tempo todo vendo televisão, lendo livros e procurando algum caso pra trabalhar aqui por perto, mas não encontrei. Também visitei a igreja daquele caso que eu e os meninos trabalhamos.. Falando nisso, como estão? – Perguntou ela, fugindo do assunto sem querer.

– Ah eles estão na Louisiana, houveram umas mudanças climáticas e uns sumiços estranhos, aí foram verificar. Você fez bastante falta sabia? – Disse Liz, a chamou a garçonete, e pediu um café expresso. Sarah abaixou a cabeça, ainda sorridente.

– Eu prometi para Kristen que eu voltaria, e aqui estou. – Ela levantou a cabeça, e levantou os braços em demonstração. Liz arregalou os olhos ainda sorridente.

– Então vai voltar?! Ah que bom! A mamãe vai ficar muito feliz. – A euforia de Elizabeth causava uma sensação boa em Sarah, ela viu que tinha tomado a decisão certa em voltar.

– Sim, eu vou voltar. Sabe, no começo eu achava que caçar seria essencial para me manter afastada de pensamentos ruins, mas foi totalmente ao contrário. – Disse ela, sorrindo de canto, consternada. – Mas a boa notícia é que eu não tenho mais que me preocupar com pensamentos ruins. Eu tenho outros motivos para caçar agora.

– Eu entendo, Sarah. Desde quando entrou pela porta de casa eu vi que você era uma garota forte, e que ia se tornar uma caçadora incrível. E olha só! – Disse Liz, Sarah riu e balançou a cabeça.

A conversa delas durou bastante tempo, o reencontro das comadres não podia ter sido em melhor hora. Resumindo, Sarah tirou férias de tudo e todos, e até saiu com um cara (olha que isso é raro), mas mesmo assim teve tempo para revisar as lendas e os mitos úteis no trabalho. Já era final de tarde quando as duas voltaram para casa, o Cadillac estava estacionado em frente ao portão, Sarah pôde sentir por um segundo um nó na garganta por lembrar da última vez que havia conversado com Kristen, quando seus olhares se encontraram pela última vez, imutáveis. Não que aquilo fosse ruim, mas causava uma sensação estranha.

– Ah que bom, eles voltaram! Família reunida. – Liz estava tão empolgada com a volta de Sarah que mal conseguia segurar o volante, era engraçado de se ver. Ao virar a esquina, o carro deu um solavanco forte para frente, Liz suspirou enfastiada. – Odeio ter que sair por aí com essa viatura velha.

– Você devia pegar o carro da Kristen então. – Brincou Sarah, Liz soltou uma gargalhada sarcástica, e franziu a testa.

– Se eu encostar naquele carro acho que ela me mata. – Disse Liz, ajeitando o óculos no rosto. Logo ela estacionou ao lado do Cadillac, e tirou a chave da ignição.

Liz desceu do carro, e ajudou Sarah com as malas, ela havia feito umas compras então tinha mais bagagem. Como ela conseguiu dinheiro sem um emprego? Fácil, cartão fraudado. Crianças não façam isso em casa. Dava para ver pela frente da casa que as luzes da cozinha estavam acesas, e da sala também, Sarah olhou para a porta da frente e se lembrou da primeira vez que entrou lá, assustada e sem rumo, mas dessa vez seria diferente. Liz abriu a porta e entrou, Sarah entrou logo atrás.

– Eu já falei pra tomar cuidado quan.. – Rebecca estava costurando o braço de Richard, que estava sentado numa cadeira com uma cara não muito boa, mas mudou quando ele viu Sarah.

– Tcharaaam! – Disse Liz, colocando uma das malas de Sarah no chão, ao notar que Richard estava machucado, foi correndo até a cozinha lavar as mãos, Rebecca esperou Liz voltar para que ela terminasse de costurar. – Você é um desastre mesmo Richard.

– Sarah! – Rebecca passou as mãos na roupa, e foi ao encontro de Sarah abraçá-la. Ela não disse nada, apenas retribuiu o abraço achegado. Richard observava a cena atônito, e contente ao mesmo tempo.

– Caramba, que surpresa hein. Pega leve aí Liz! – Reclamou ele, enquanto Liz costurava seu braço, havia um corte enorme lá, ela fazia com cuidado mas mesmo assim, claro que ia doer. Richard tinha os ombros largos, e os braços definidos, a barba era quase sempre mal feita, mas né.

– Eu fico muito feliz que esteja aqui, de verdade mesmo. – Disse Rebecca, segurando os ombros de Sarah.

– Eu também fico feliz em voltar. – Acrescentou Sarah, logo desviou o olhar para Richard. – Tudo bem aí?

Ele apenas fez um sinal positivo com a mão, com aquela cara de “socorro”, o que arrancou risadas deles. Kristen estava no andar de cima, ela mal sabia o que estava acontecendo, desceu as escadas com uma toalha no rosto, que estava machucado, ao ver Sarah, ela parou no meio da escadaria, e abaixou a toalha, sem ter muita reação, Sarah sentiu novamente aquela sensação estranha, e abriu um sorriso ao vê-la.

– Oi. – Disse Kristen, meio sem jeito, terminando de descer as escadas, e parando no fim da mesma. Sarah se aproximou devagar.

– Oi. – Respondeu ela, ainda segurando uma mala. Kristen a fitou de cima a baixo.

– Você voltou. – Acrescentou ela, deixando escapar um sorriso. Sarah pensou em abraçá-la, mas seus braços travaram, como se ela tivesse desistido.

– Eu disse que voltaria. – Respondeu ela. Kristen balançou a cabeça, como se já soubesse que ela voltaria.

– Bom, vou preparar o jantar! – Disse Rebecca, com as mãos juntas. Liz estava terminando de colocar a gaze no ferimento de Richard.

Tudo parecia perfeitamente bem, mais tarde todos se juntaram à mesa, e tiveram aquele momento de aprazimento em família. Cada um deles ali tinha um motivo para abaixar a cabeça e desistir, mas não estavam sozinhos, tinham uns aos outros, e se caíssem, teriam uma mão para servir de apoio.

Passaram alguns meses, Sarah, Richard e Kristen saindo para caçar, Rebecca trabalhando na delegacia, e Liz pesquisando. Numa noite de domingo, os três estavam saindo para caçar na Geórgia, o que parecia ser um demônio da encruzilhada infiel, que recolhia as almas antes do tempo prometido.

– Estranho, isso geralmente não acontece. – Exclamou Richard, sentado no banco de trás, vendo as notícias no notebook. Sarah estava trocando a estação do rádio.

– Demônios não costumam ser desonestos nos pactos. – Disse Kristen, segurando com firmeza o volante. Sarah a olhou com as sobrancelhas arqueadas.

– Você disse isso mesmo? É da natureza deles serem filhos da puta. – Disse ela, Richard desviou o olhar da tela, e olhou para Sarah.

– Faz sentido. – Respondeu ele. Sarah balançou a cabeça.

A viagem durou bastante tempo, eles acabaram ficando em um motel barato perto da delegacia, enquanto Richard terminava de efetuar o pagamento, Kristen e Sarah estavam subindo para o quarto, ele não pôde deixar de notar que a recepcionista balançava um carrinho de bebê ao seu lado, havia uma criança dormindo no mesmo.

– É seu? – Perguntou ele, a moça devolveu o cartão à ele, e olhou para o carrinho, sorrindo simpaticamente.

– É sim, se chama Christian. – Respondeu ela, Richard balançou a cabeça positivamente, e sorriu.

– Ele se parece muito com você. – Disse ele, a moça olhou para o bebê novamente apreciando-o, e alisou seu rosto rosado.

– Parece, não é? Meu pequeno milagre. – Acrescentou ela olhando para seu filho como se pensasse em outra coisa. Logo se deu conta de que não tinha entregue a chave a Richard, ele riu ao ver a expressão da moça, ela pegou a chave no chaveiro logo atrás, e entregou a ele. – Aqui está, me desculpe eu me distraio fácil.

– Sem problemas. – Ele pegou as chaves, com a mão que não estava ocupada, e olhou no crachá dela, seu nome era Alice. – Obrigado, Alice.

– Não tem de que. E você é? – Perguntou ela, seu rosto era cheio de vida, seus cabelos levemente ondulados estavam presos para trás, ela não parecia ter mais de 25 anos de idade. Richard colocou a chave no bolso antes de responder.

– Richard. – Disse ele, sorrindo. Ela levantou a cabeça. – Bom, eu vou subir, uma boa noite de trabalho pra você.

– Boa noite. – Ela respondeu, Richard deu meia volta, indo até as escadas, Alice o fitou de cima a baixo assim que ele deu as costas.

Kristen e Sarah estavam esperando ele chegar com as chaves em frente a porta do quarto. Richard entregou a chave a Kristen, que abriu a porta imediatamente, pois estava bem cansada. Sarah jogou a bolsa com as armas sobre a mesa, que ficava ao lado da porta, e foi até bom banheiro com sua mala nas mãos. Eram aproximadamente 22:00 da noite, dava tempo de tirar uma boa noite de sono e acordar na hora no dia seguinte, Kristen tirou o coturno baixo, e o jogou no meio do quarto, e então se jogou sobre a cama, exausta. Richard apenas observou, ele colocou sua bolsa sobre a mesa também, e tirou o notebook de lá. Sarah estava no banho, provavelmente ia demorar.

No dia seguinte, eram por volta das 07:00 da manhã, Richard não tinha dormido, passou a madrugada procurando possíveis vítimas futuras, parece que na Geórgia, os cidadãos curtiram fazer pactos, já eram 4 mortos até agora.

 No dia seguinte, Richard foi a delegacia, Kristen e Sarah foram à casa de uma das famílias das vítimas.

–  Bom dia, sua mãe está? – Perguntou Kristen, após bater a porta da casa e uma garotinha de uns 7 anos abrir.

–  Mamãe! – Gritou ela, com a mão escorada na porta, uma moça apareceu para receber as “agentes”.

– Olá, Meg vá para o seu quarto. – Ela empurrou levemente as costas da filha em direção à escada, e voltou o olhar para Kristen e Sarah. – Posso ajudar?

– Ah, bom dia. Eu sou a agente Hanz, e essa é a agente Sandler, FBI. – Elas mostraram os distintivos, a moça olhou, e estendeu o braço para que entrassem.

– Entrem, por favor. – Disse ela, Kristen e Sarah entraram, a casa era grande e bem arejada, a criança que tinha atendido a porta já havia subido. – É sobre o Greg, não é?

– Sim, nós estamos investigando a morte do seu irmão, senhorita Kaiser. – Disse Sarah, Gregory era uma das vítimas, ele morava com a irmã e a sobrinha. A moça desviou o olhar para o sofá da sala, indicando que fossem para lá.

– Sabemos que trazer isso à tona deve ser difícil, mas precisamos fazer algumas perguntas. – Kristen se sentou ao lado de Sarah, a moça sentou numa poltrona que ficava em frente ao sofá maior. – A senhora sabe se alguém tinha algum problema com seu irmão?

– Ah, Greg era tão doce. Não imagino quem faria mal a ele. – Disse ela, olhando para baixo melancólica. A moça estava trêmula, Kristen olhou de canto para Sarah, estranhando a situação.

– Senhora.. – Sarah se sentou um pouco mais a beira do sofá, afim de parecer mais direta. – Gregory tinha alguma coisa que não gostava em sua vida? Algo que ele quisesse mudar.

Bastaram aquelas palavras para que a mulher se levantasse de imediato, correndo até a escadaria tropeçando por conta do desespero, Sarah ao notar a reação inesperada, teve certeza de que ela sabia de algo, e correu atrás da mesma, Kristen também, segurando a arma perto do quadril.

– Vão embora!! Chega!! – Ela se trancou no quarto da filha para evitar que eles a seguissem até ali, Sarah chegou segundos depois dela fechá-la, e empurrou a porta na esperança que ela abrisse.

– Senhora Kaiser, por favor, abra a porta! Nós só queremos ajudar! – Gritou Sarah, batendo sem parar à porta.

– Saiam daqui! Demônios! – A moça berrou, pelo grito abafado, ela provavelmente estaria escondida no armário, podia-se ouvir também a garotinha chorando. Kristen apontou a cabeça para o cômodo ao lado, que era o quarto da irmã de Greg, Sarah entendeu o recado.

– Não somos demônios, moça, estamos aqui para ajudar, confie em nós! – Enquanto Kristen tentava passar de uma janela para outra, na esperança de entrar no quarto de Meg e acalmar a situação. Sarah continuava batendo a porta com o punho fechado. – Moça!

Kristen conseguiu chegar ao quarto onde elas estavam, pulando a janela, o que havia sido extremamente perigoso, pois ela podia ter caído do segundo andar direto na calçada. Antes que ela pudesse entrar totalmente para dentro, Meg deu um grito apontando para a janela, demonstrando que Kristen estava entrando, e então a moça que parecia não ter lucidez alguma, puxou uma cadeira de balanço e jogou com um pouco de dificuldade em Kristen, que quase caiu para fora novamente, a arma havia sido jogada para longe dela por conta do impacto da cadeira, Kaiser, sem hesitar, apanhou a arma do chão enquanto Kristen tentava não cair.

– Kristen!! – Sarah continuava batendo a porta, dessa vez esmurrando, preocupada sem saber o que estava acontecendo lá dentro. Kaiser apontou a arma na cabeça de Kristen, Meg estava agarrada a sua perna, também com medo.

– Espere, eu não sou um demônio! – Kristen havia conseguido entrar no quarto, e agora estava com as mãos para o alto, demonstrando que não faria nada para machuca-las. Não foi o bastante, Kaiser destravou a arma e estava pronta para atirar. Kristen se viu obrigada a ter que fazer aquilo, e então disse com uma voz firme: – Largue essa arma.

A moça colocou a arma no chão em prontidão, obedecendo o que ela havia dito. Mas não por acreditar no que Kristen havia dito.

Ela tinha sido manipulada.

Sarah, do outro lado do quarto, ouviu o barulho da arma sendo colocada no chão, e ficou sem reação por alguns segundos, buscando entender o que estava acontecendo lá dentro. Kristen andou calmamente até a porta, e abriu para que Sarah entrasse, a mesma entrou rapidamente e olhou para mãe e filha, em pé uma ao lado da outra, sem expressão alguma no rosto, como robôs. E depois direcionou os olhos novamente para Kristen, incrédula.

– O que você fez? – Perguntou ela, sua respiração estava pesada. Kristen estava de cabeça baixa, olhando para o chão, sem saber o que dizer. Sarah não perguntou mais nada, apenas foi em direção às duas verificar se estavam bem.

Depois do sufoco que passaram, e daquela situação um tanto estranha que Sarah presenciou, conseguiram o que queriam. Enquanto ela terminava de arrumar o quarto de Meg para parecer que não havia acontecido nada, Kristen se encontrava no andar debaixo, interrogando a moça, que a propósito se chamava Pietra. Interrogando não era a palavra certa, o certo seria arrancando informações. Como aquilo pesava dentro de Kristen, mas as circunstâncias exigiram que ela fizesse aquilo, o que mais podia ser feito? Esperar levar um tiro, sabendo que podia ser evitado? Mas essa não era a coisa que mais pesava. A expressão de Sarah quanto aquilo, parecia ter medo dela, não disse sequer uma palavra depois do incidente. Isso havia deixado Kristen num estado que se sentia inaceitável, um monstro, como há muito tempo não se sentia. Sarah terminou o que estava fazendo, e desceu as escadas, ao ouvi-la descendo, Kristen terminou o interrogatório, se levantando do sofá.

– Vocês não vão se lembrar que estivemos aqui, certo? – Acrescentou Kristen, se sentindo totalmente desconfortável quanto ao que estava fazendo àquelas duas pessoas. Ambas assentiram, ainda sem expressão. Sarah não disse nada, apenas caminhou em direção a porta, saindo na frente. Kristen tocou o ombro de Pietra. – Eu sinto muito por isso.

A viagem de volta foi toda em silêncio. Sarah sabia do que Kristen era capaz, o que causava uma certa insegurança, não era como se ela não confiasse em Kristen, claro que havia plena confiança. O problema era o choque de ter visto aquelas expressões totalmente sem cor, entregues apenas às ordens de uma pessoa. Já haviam comentado sobre, mas era diferente de ver acontecer ao vivo, ela nem sequer conseguiu abrir a boca para perguntar o motivo dela ter feito aquilo, ainda estava processando que ela não tinha culpa de ser daquela forma. O clima extremamente tenso incomodava tanto uma quanto a outra, Kristen segurava o volante com tanta força que parecia poder explodir a qualquer momento, Sarah olhava para frente, sem feição alguma. O celular de Kristen vibrou sobre o porta luvas, quebrando o silêncio. Ela esticou o braço para pegá-lo tomando cuidado para não encostar em Sarah.

"– Fala.
– Ah eu... Que voz é essa? Tá tudo bem?
– Tá. O que tem de novidade?
– Tinha enxofre entre as unhas de um dos caras, sabemos que é um demônio, o que já era meio óbvio. E vocês? O que conseguiram?
– Conversamos no hotel."

Ela desligou, sem vontade de continuar falando. Sarah olhou de canto para Kristen algumas vezes enquanto ela conversava com Richard, sem que desse para perceber, na tentativa de saber se ela continuava com a mesma expressão, a resposta era sim. Ela continuava séria, suas sobrancelhas ficavam levemente contraídas quando isso acontecia.
Kristen passou no hospital pegar Richard, ele entrou no carro e imediatamente notou o clima péssimo, mas preferiu não comentar por enquanto. Ao chegarem ao hotel, Kristen foi a primeira a descer do carro, parecia evitar querer ficar mais tempo lá, Richard franziu a testa, e olhou para Sarah.

– O que foi, Sarah? O que está havendo? – Perguntou ele, afrouxando a gravata, Sarah colocou as mãos no rosto, e esfregou o mesmo antes de olhar para trás.

– Kristen fez aquilo... – Sem saber o que, ou como dizer aquilo para ele, ela disse, não esclarecendo muito a situação. Richard ficou alguns segundos em silêncio tentando entender do que se tratava, mas enfim entendeu, e suspirou. No meio de todas as perguntas que ele podia ter feito, ele escolheu a mais gritante.

– Foi necessário? – Perguntou ele, apoiando os antebraços nos joelhos, Sarah olhou para ele, virando-se de costas.

– Eu ainda não tive coragem de perguntar. – Disse ela, com os olhos caídos. Richard olhou para baixo.

– Tenho certeza que sim. Ela não o faria se não precisasse. – Esclareceu ele, Sarah continuava sem graça.

– O olhar daquelas pessoas... Pareciam robôs... – Disse Sarah, Richard compreendeu que era complicado para ela entender toda aquela coisa de manipulação, mas era assim que funcionava.

– Sabe que ela não fez por mal, não sabe? Kristen não tem culpa de ser assim. – Disse ele, tentando tranquilizar Sarah, que olhava para o nada lembrando daquilo.

– Você tem razão. – Ela olhou novamente para frente, repensando tudo o que tinha pensado antes.

O resto da tarde não foi tão interessante, Kristen, após contar o que Pietra havia dito para Richard, ela saiu do quarto sem dizer o de ia. Sarah se sentia culpada por ter feito ela se sentir daquela forma, indiferente. Richard estava procurando possíveis assinantes de pactos recentes para ter uma pista do demônio, e se não conseguisse, ele mesmo ia ter que fazê-lo. Enquanto fazia isso, não deixou de notar que Sarah andava de um lado para o outro, com a mão segurando o queixo.

– Você está bem? – Perguntou ele, com um jornal nas mãos, e uma caneta entre os dedos. Sarah virou-se rapidamente ao ouvi-lo.

– Estou, eu estou bem. – Mentiu. Richard largou a caneta, e focou os olhos nela.

– Devia tentar falar com ela, não podem ficar de cara virada o resto da vida. – Afirmou ele, Sarah suspirou profundamente.

– O que eu digo? Você também tentou falar com ela, e ela não quis saber. – Disse ela, com receio. Richard sorriu de canto, olhando para o jornal novamente.

– Com você pode ser diferente. Tenta. – Ele persistiu na ideia, Sarah pensou por um segundo "Por que comigo seria diferente?", bom talvez porque pra começo de conversa, ela não estaria daquele jeito se ela não tivesse tratado aquilo como algo tão anormal, embora fosse, o que a deixava apreensiva era que ela não sabia nada do passado de Kristen, nada. Sarah se distraiu pensando sozinha, Richard a olhava esperando uma resposta. – Terra chamando Sarah.

– Ah..? Tem razão, vou procurá-la. – Disse, determinada, ela vestia um cachecol azul marinho, que combinava com o restante de suas vestes. Richard balançou a cabeça positivamente, e então Sarah saiu do quarto, sabendo que ela poderia estar em qualquer lugar, mas mesmo assim, quis procurar.

A surpresa foi grande, quando ela viu o cadillac estacionado no mesmo lugar ao sair de dentro da recepção do hotel, seu coração apertou um pouco pois ela não sabia o que dizer, mas ela tinha certeza de que algo ela devia fazer para concertar as coisas. Sarah se aproximou do carro, e abriu a porta da frente, se sentando no banco da frente, sem olhar para Kristen, que a olhou sem reação quando ela entrou no carro. A mesma estava sentada no banco do motorista, com o braço direito para fora do carro, segurando um cigarro aceso com os dedos, e na mão direita, tinha uma garrafa de whisky, recém embalada com uma sacola de papel. No rádio tocava a música Sunshine, da banda Nazareth. Sarah criou coragem, e olhou para ela, havia um pouco de fumaça saindo da boca de Kristen.

– Me desculpa. – Disse, num tom suave, sua voz estava harmônica. Kristen se endireitou no banco, pois estava toda largada lá.

– Por que? – Retrucou, fingindo desinteresse, e colocando a garrafa de whisky sobre o porta luvas, Sarah não parou de fita-la sequer um segundo.

– Pela minha reação, foi muito infantil da minha parte. – Disse Sarah, ajeitando o cachecol mais para baixo. Kristen e olhou fixamente por alguns segundos, e em seguida deu um trago em seu cigarro.

– Nada ver, não se preocupe com isso. – Ela tentava negar ao máximo que se sentia mal com aquilo, mas Sarah sabia que a incomodava. Então se aproximou mais dela, e colocou a mão sobre a mão de Kristen, que ficou surpresa com a ação.

– Eu sei o que você pensa. Você não é um monstro Kristen, você salva pessoas, livra o mundo do mal, esse seu dom é um bônus, e Deus não conceberia ele a você se não tivesse certeza de que estaria em boas mãos. Não entendo o porquê disso te afetar tanto. – Disse Sarah, com toda a sinceridade que podia ser expressada. Kristen olhou para mão sobe Sarah sobre a sua, e voltou a olhar ela nos olhos.

– É complicado, Sarah. Não sei se entenderia. – Disse Kristen, seus olhos continuavam presos aos de Sarah.

– Por que não tenta me dizer? Pode confiar em mim. – Sarah assentiu. Kristen sorriu de canto, pensou que talvez ela entenderia, e que contar sobre o passado fosse uma forma de passar confiança a ela. Suspirou profundamente.

– É uma longa história. – Começou Kristen, Sarah notou que suas mãos ainda estavam juntas, e soltou delicadamente, apoiando a mesma no joelho. O clima estava frio, uma neblina se formava por alguns cantos, no rádio ainda tocava música, Sarah abaixou um pouco para ouvir com atenção a história que Kristen estava prestes a começar a contar.

Continua...





   


Notas Finais


Eu não tenho muito o que dizer sobre esse capítulo, eu só espero que tenham paciência, porque tem muito mais pela frente.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...