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História Discover Me (VKook Fanfic) - Capítulo único.


Escrita por: bearpringles

Notas do Autor


POSTEI AQUI E SAÍ CORRENDO

Capítulo 1 - Capítulo único.


Fanfic / Fanfiction Discover Me (VKook Fanfic) - Capítulo único.

O Jeon: mente problemática, 17 anos. Era complicado pra ele viver em uma família desmantelada. Sua mãe, sem interesse algum na sua formação e seu pai, um alcoólatra incurável, se encontravam em um casamento sem amor. Sua irmã mais velha o odiava. Nunca superou o fato de ele ter recebido as melhores atenções do pai. Os típicos ciúmes fraternais acabaram com as chances de uma reconciliação. Procurava por algo que reanimasse sua alma e o fizesse enxergar sentido na vida. Pensava em fugir de casa para que suas buscas fossem mais precisas, mas se conteve. Era melhor guardar isso para quando se formasse, assim estaria livre de responsabilidades e pendências. Ele só queria se encontrar.

O Kim: orgulho da família, 18 anos. Repetiu as séries duas vezes, não por ser menos inteligente que a maioria dos alunos, mas por trabalhar em excesso. Trabalhava desde cedo pra ajudar com as contas. Seus pais sempre se responsabilizaram pela formação do seu caráter que, com a atenção do pai e o carinho materno, resultaram na personalidade doce e gentil de Taehyung. Suas metas eram claras e básicas: terminar as aulas normais e ingressar em uma faculdade de medicina para quem sabe um dia se tornar o médico renomado que sua mãe sempre sonhou. Ele queria o que sua mãe queria, naturalmente. Sonhava alto e vivia assim.

Jungkook era o típico garoto estranho de toda escola. Recluso, calado, solitário. Mesmo assim era aplicado e dedicado, não que estudar lhe desse prazer, mas porque era a única coisa que o mantia focado. Tudo para se livrar logo daquela casa caótica. O foco dele seria único se Kim Taehyung não surgisse como mágica em sua vida. Foi no primeiro ano letivo do ensino médio que se conheceram e – por insistência do Kim – se tornaram melhores amigos.

Mas Jungkook não sabia lidar com isso.

Sua reclusão o fez fechar os olhos para todo e qualquer tipo de compreensão sobre as próprias emoções. Ele tinha um coração mas, para ele, sua única utilidade era bombear o sangue que o mantém vivo.

Ainda havia muito a ser descoberto.

– Vamos logo, Jeon! Os portões vão fechar! – o Kim puxava seu amigo pelo braço, correndo em direção a entrada da Academia. O jovem Taehyung tinha energia e entusiasmo de sobra para começar mais um ano letivo. Jungkook achava bizarro o fato de que havia alguém no mundo que gostava do ambiente privativo da escola. O ensino médio estava no fim e ele só podia dar graças aos céus.

Mais um ano de rejeição alheia iria chegar ao fim e ele poderia finalmente viver em paz, longe dos corredores lotados de adolescentes com hormônios excedentes, futilidades e panelinhas estúpidas. Definitivamente Jeon Jungkook não era fã de multidões.

– Qual o seu problema, hyung? – puxou de volta o braço das mãos do garoto de madeixas castanhas e ajeitou as mangas do terno. Estava inconformado com o excesso de animação demonstrado pelo mais velho.

– Esse é o último ano! Não vê? Logo estaremos em faculdades diferentes e não poderemos mais nos ver. Isso é triste, não? – Taehyung estava expressivamente ressentido. Ele tinha razão e Jungkook sabia disso. Não iria demorar para o fim do ano chegar e eles serem divididos pelo acaso. No fundo ele sentia muito. Taehyung era o único ser humano na face da Terra que se importava com o seu estado e, com certeza, era o único que o conhecia bem.

– É... Sei disso, mas isso não faz esse ano parecer melhor. Todo ano é igual e sempre vai ser. – as mãos do Jeon deslizavam pelos fios despenteados. Melancolia era o que fazia parte dos dias comuns na vida dele.

Até a chegada do Kim.

Com toda a certeza a monotonia do dia a dia seria mais ferina sem Taehyung. A amizade dele significou mais para o pobre Jungkook do que ele mesmo sabia. Após duas semanas inteiras eles já eram inseparáveis e, claro, grudados. Os burburinhos de turma eram os mais variados sobre isso. Haviam os que achavam eles estranhos, os que achavam eles engraçados e os que colocavam a situação a níveis estratosféricos: o Kim e o Jeon como um casal. Talvez tal comentário seja culpa do mais velho por colar em Jungkook sempre que possível. Mas nunca houve contestação por parte dele. De nenhum deles.

No fundo, isso era especial.

E com isso, Taehyung sabia que nada seria igual aos outros anos. Não. Esse seria diferente. Ele finalmente se formaria e tinha certeza disso, pois se esforçava mais do que tudo para repôr o atraso que cometeu nos dois anos anteriores ao ensino médio. Seu futuro não seria mais atrapalhado por nada. Além disso, queria dar mais um passo a frente. Queria mostrar o que escondia, o que mantia guardado. Essa seria a sua chance. E ela não seria desperdiçada.

– Sejam bem vindos. Espero que se adaptem bem a este ano, pois será o seu último aqui, então esforcem-se para alcançarem seus objetivos. – mesmo que o professor falasse mais alguma coisa, todos já sabiam. Qualquer estudante conhece o clichê do "último ano", onde todos aproveitam tudo o que têm de aproveitar antes de se livrarem uns dos outros. Seria um ano de oportunidades e de expectativas para todos. Taehyung sentia que esse seria o ano de sua vida. Havia a possibilidade de ele ajudar o pobre Jeon a se enturmar mais e acabar com a falta de socialização do mesmo. Sim, era isso o que queria fazer.

Diferente de Jungkook, Taehyung era um garoto sociável. Dividia suas alegrias com todos e era retribuído. O mais novo sabia disso e considerava sortudo o acastanhado. A verdade é que ele nunca quis explorar novas amizades, por querer evitar mais uma decepção na vida. O garoto aprendeu a lidar com isso de modo rápido, mas evitava novos conflitos de qualquer tipo. O Kim não queria que ele se tornasse mais um vegetal humano no meio da multidão.

A sala de aula estava repleta. Alguns alunos novos ingressaram para o ano decisivo, fazendo o número de alunos aumentar não tão consideravelmente. Esse era o dia da apresentação. Assim que a classe acalmou os ânimos e todos retornaram aos seus lugares, os novos colegas foram apresentados.

– Turma, em silêncio. – o professor mantia o decoro geral. – Como sabem, temos mais dois novos integrantes à classe. Por favor, venham à frente e se apresentem.

Um garoto de cabelos verdes se levantou e logo foi seguido por um loiro. Tomaram seus lugares na frente da turma, alinhados e sérios.

– Me chamo Min Yoongi. – começou o de coloração esverdeada. – Tenho 18 anos e pretendo fazer Economia quando sair.

Assim que terminou de falar, Min Yoongi voltou ao seu local de origem, dando espaço para que o loiro se apresentasse.

– Olá a todos. Meu nome é Kim Seokjin. Tenho 19 anos e tenho interesse em Gastronomia.

– Ei, é o Seokjin! Eu trabalho com ele na SaB. – Taehyung sussurrou para o moreno em sua frente.

– Então já se conhecem. Bom saber. – Jungkook respondeu, sem fazer contato visual algum com o amigo.

Kim Seokjin retornou para sua carteira e a aula teve início. Felizmente para o Jeon, matemática foi a aula de introdução. Ele se dava melhor nas matérias exatas e suspirou aliviado quando viu os números e letras serem escritos no quadro negro.

Estava tão imerso na matéria que nem viu o tempo passar, e logo já era tempo do intervalo. Sentiu a mão de Taehyung passar levemente pelo seu ombro direito e já sabia o que significava. Deveria esperá-lo. Taehyung nunca se sentou sozinho no refeitório enquanto frequentou aquela Academia. Era sempre acompanhado por Jung Hoseok, Kim Namjoon e pelo garoto que arrasava com os corações das garotas de todas as turmas: Park Jimin, um garoto de cabelos alaranjados, fala mansa e beleza incontestável.

Mas Taehyung secretamente preferia Jungkook. Mesmo conhecendo os outros por mais tempo, o pequeno era seu favorito. Desde o dia que se conheceram, suas risadas mais proveitosas foram dadas ao lado do Jeon. Algo nele balançava sua alma.

– Yo, Tae! – Namjoon indicava o lugar com os indicadores. Taehyung puxou o mais novo com vontade. Não via a hora de apresentá-lo aos outros.

– Quem é esse? Vamos finalmente conhecer o seu pretendente a namorado? – Jimin provocava, com bastante ênfase na última palavra.

– O quê? Não, eu sou... Sou Jeon Jungkook. Somos amigos. – o corte foi repentino. Ambos Jungkook e Taehyung se seguravam para não ficarem vermelhos.

– É um prazer finalmente te conhecer, garoto Jeon. Taehyung não para de falar em você. – Jung Hoseok olhava fixamente nos olhos de Taehyung, que retornou um olhar de reprovação.

– Agora vocês já conhecem ele. Podemos comer? A aula me deu fome. Todos aqueles zeros me lembravam donuts. – as mãos do Kim suavam de forma bizarra. Foi a apresentação mais fora do comum que tinha visto e esperava que Jungkook não se afastasse do grupo por isso.

– Taehyungie! Que estranho! – o grito de Jimin fez Jungkook se remexer. O pensamento que vinha à sua mente era: eles têm tanta intimidade assim? Isso era esquisito até mesmo pra ele.

– Sem chiliques, Jiminnie. Deixe-os comer em paz. Voltaremos à sala logo. – Namjoon repreendia o Park, que pôs sua língua pra fora e a balançou para mais uma vez provocar o amigo.

– Não, tudo bem, Namjoonie. Você sabe que ele é assim mesmo...

– Sou "assim", como? Encantador? – era difícil para Jeon segurar sua cara de nojo ao ouvir Jimin falar.

– Longe disso. – respondeu Namjoon, dando uma mordida em seu sanduíche.

– Então Jeon, o que pretende fazer quando terminar o período? – Jung Hoseok perguntou ao garoto com interesse expresso em seu olhar.

– Bem... Ainda não sei ao certo. Vou agarrar a primeira oportunidade que aparecer. – Jungkook se sentia um pouco recluso no momento, mas tentava entrar no clima convidativo. – E você? Tem seus planos?

– Jimin e eu queremos fazer dança. Se a UNAC nos aceitar, daremos nosso melhor.

– Mas é claro que vão nos aceitar. Eles não seriam idiotas de nos recusarem. – a autoconfiança do garoto fez Taehyung rir, mas não causava efeito nenhum no mais novo do grupo. Jungkook tinha um grande receio sobre Jimin.

– Nada garantido. Você sabe que foi recusado por duas academias por culpa dos seus "movimentos impróprios". – Hoseok ria alto, mas Jimin não esboçava reações.

– Ah, cala essa boca. Ninguém esquece os meus movimentos patenteados. – piscou de volta para Taehyung, que levou um susto.

– Vamos conseguir, apesar de você.

– Espero que consigam. Com licença. – logo após terminar, Jeon se levantou lentamente, se livrou do lixo de sua refeição e foi em direção ao auditório, que estava vazio.

– O que deu nele? – Hoseok estava preocupado com o garoto. Como uma alma gentil, se sentiu no dever de tentar entender a situação.

– Eu... Eu não sei. Acho que se espantou com alguma coisa. – Taehyung coçava a cabeça, confuso. Decidiu então ir atrás do amigo para tentar resolver o que quer que fosse o problema.

        

– Gukkie? Você está aqui? – a voz do garoto ecoava pelo auditório deserto.

– Eu estou sim, fileiras da frente. E vê se para de me chamar assim. Parece uma criança carente. – era visível que algo o abalou, mas Taehyung não sabia o que era.

– O que te fez sair do refeitório com tanta pressa? – o Kim se aproximou do mais novo, tomando o lugar à sua esquerda.

– Eu já havia terminado de comer, então tive vontade de respirar um ar tranquilo. – algo na voz do mais novo não soava convincente o suficiente.

– Jungkookie, eu não nasci ontem. Pode me contar o que está acontecendo. Você sabe que pode confiar em mim. – a voz grave e suave do mais velho fazia seu corpo estremecer de uma maneira impura.

– Não é nada. – Jungkook virou seu rosto para o lado oposto ao de Taehyung, obrigando-o a virá-lo manualmente.

– Se não fosse nada, você teria ficado. Anda... Eu sei que você não é assim.

– Você e aquele cara... Park... Vocês têm algo? – a pergunta fez o mais velho se assustar. Isso poderia significar...

– Não! Céus, não! Que horror! – Jungkook se sentia aliviado com a resposta, mas não estava convencido.

– Ele é todo atlético, atraente e bonito... Qualquer um se sentiria atraíd- Quer dizer, qualquer um se sentiria bem perto dele. – a pele do mais novo começava a corar. Ele não queria que a palavra errada escapasse naquele momento.

– Ele pode ser bonito, e todos sabem disso, mas ele é também muito arrogante. Ele é meu amigo e só. É uma boa companhia, mas só isso. – Taehyung respondeu calmamente, tranquilizando Jungkook. – Espere um pouco... Não vai me dizer que você achou que ele...

– Ele te olhava de um jeito estranho. Aliás, ele só sabia olhar você.

– Jeon Jungkook... Você está com ciúmes? – a pergunta de Taehyung ecoava em sua mente. Isso é o ciúme? Por que eu estou com ciúmes dele? O que está acontecendo? Um turbilhão de perguntas se formava em sua cabeça e ele não tinha as respostas para elas. Se ele sequer sabia o que era o amor, como teria ciúmes?

– Eu não sei. Só sei que não gostei do jeito que olhava você. E é só isso. – o sinal tocava, sinalizando que era hora de todos voltarem às suas respectivas salas. – Anda, vamos voltar. Não quero os inspetores no nosso pé.

Jungkook então inverteu os papéis. Ele era agora quem puxava Taehyung pelo braço até a sala de aula. Passaram pelos corredores do prédio inteiro até chegar na sala de aula a que pertenciam. Por onde passavam eram perseguidos por olhares alheios. Olhares esses que não pareciam ser de admiração.

– Eu sabia que isso não ia demorar muito. Eles já estão de mãos dadas! – Jimin mais uma vez não perdia tempo em cutucar os dois, uma vez na mesma sala de aula.

– Como você é maduro, ChimChim. – Taehyung revirou os olhos em reprovação ao comentário intrusivo do amigo. – Vamos, Jungkookie.

Assim que tomaram seus lugares, a segunda parte da aula iniciou-se. Jungkook teve de se conter para não enfrentar Jimin durante as explicações do professor, porque o garoto de cabelos de chama não parava de fazer comentários indecentes sobre os dois. Se ele podia suportar o caos rotineiro, podia suportar mais esse teste de nervos.

As horas não pareciam passar. Era excruciante e desafiador manter a atenção no quadro e nas anotações. Por diversas vezes, Taehyung escrevia coisas aleatórias no caderno na esperança de que o tempo passasse mais rápido e que ele pudesse ir para casa para se preparar para a famosa festa anual de introdução, que os alunos da classe realizavam todos os anos.

Era divertido ver todos juntos, mesmo que momentaneamente. Essas festas eram a oportunidade perfeita para que todos os casais não assumidos arranjassem un pretexto para se pegarem em algum canto. Hoseok uma vez deu sorte em uma festa dessas. Dias depois, levou um fora da mesma garota que beijou, pela qual tinha sentimentos implícitos. Cada festa tinha algo memorável e era isso o que Taehyung sentia que faltava na vida do pequeno Jungkook. Eles iriam juntos à essa festa, assim todos conheceriam Jeon.

O fim do primeiro dia letivo estava próximo. Assim que o sino tocou, os alunos correram em debandada para a saída enquanto Jungkook arrumava seu material com calma. Taehyung conversava com o grupo habitual sobre a festa de horas depois. Assim que terminou com suas coisas, Jungkook se aproximou da roda de amigos tentando, pela primeira vez em sua vida, participar da conversa.

– Taehy, vai levar o dentucinho aí também? – Jimin não perdia a chance de implicar com o garoto. O estranhamento foi inevitável.

– Eu ia conversar com ele sobre isso. Seria legal ter ele com a gente pelo menos uma vez. – o assunto deixava Jungkook confuso.

– Do que estão falando?

– A festa de boas vindas. Vai aparecer por lá? – Hoseok estava praticamente convidando o pequeno, mesmo sem conhecer muito dele. Mas a festa era para isso, não?

– Não sei. Não gosto muito de festas. – a face do Jeon se fechou repentinamente, deixando Taehyung apreensivo.

– Vamos lá, Jungkookie... Eu juro que se você não gostar, a gente volta pra casa na mesma hora. – o Kim suplicava de uma forma que deixava Jungkook sem reações.

– Hyung! Pare com isso, por favor.

– Então aceite o convite. Só assim eu paro. – Taehyung fechou os lábios em um biquinho que o fazia parecer um garotinho. Era adorável e Jungkook sabia disso.

– Ok, eu vou. Agora pare com isso. – ele não podia acreditar que iria mesmo a uma festa do tipo. Jungkook se xingava mentalmente, justamente pelo fato de que não se permitia ceder a qualquer coisa.

Mas...

Com Taehyung era diferente.

Sempre era.

                            ⚫⚪⚫

Eram seis horas da tarde de uma segunda feira particularmente tumultuada. Taehyung havia terminado o expediente mais cedo e estava tentando não demorar na escolha das roupas para ir à festa de boas vindas. Estava feliz, mas duplamente preocupado. Não sabia sequer se o Jeon gostaria da atmosfera e da ideia frequentar um lugar com muitas pessoas e música alta. Não seria algo tão difícil se Jungkook não fosse tão antissocial, mas isso não era culpa dele.

A festa começaria às sete, mas claro, todos sabiam que ela terminaria um pouco mais tarde, mas não muito. Era gigante o histórico de pessoas que cabulavam aulas no dia seguinte por uma dor de cabeça ou outra, mal estar e qualquer outro sintoma de uma ressaca infernal. Todo o comitê magisterial conhecia a tradição anual e estava preparado para a primeira semana, que sempre era a menos tumultuada.

Jungkook pensava em desistir de ir à tal reunião, mas não conseguia fazê-lo. Prometeu ao amigo que iria e não podia quebrar a promessa. No momento em que pensou sobre isso, sentiu-se um completo fraco. Como pôde trocar de ideia tão rapidamente sobre algo que já tinha uma resposta automática e certa?

Esse era o "Efeito Kim Taehyung". Não importava o que pensasse, Taehyung conseguia reverter seus pensamentos e concepções. Algo parecido à hipnose, apenas mais fofo e adorável. Mesmo não sendo flexível, Jungkook era encantado por ele em segredo. Via no Kim uma aura de serenidade jamais encontrada em lugar algum. Era um porto seguro, um confidente.

Talvez ele não estivesse tão empolgado com a ideia de sair de casa, mas faria isso pelo amigo e apenas por ele.

Com Taehyung ainda no banho, o celular tocou. O garoto desligou o registro com pressa notável e ajeitou os fios molhados de sua franja para enxergar melhor o lugar. Assim que achou o aparelho, viu que Jungkook ligava. Mais notável que sua pressa foi sua alegria ao atender e ouvir a voz do mais novo avisando que já estava pronto, esperando-o na porta da casa.

Com agilidade e certa cautela, o Kim secou-se e vestiu sua boxer cinza para então se livrar da toalha. As roupas selecionadas já esperavam por ele sobre a cama e peça por peça deixavam Taehyung animado. As calças jeans surradas de sempre, a camisa listrada e a sua jaqueta azul favorita lhe serviam muito bem, visto que já as tinha há anos. Calçou correndo seus tênis Converse brancos e foi direto para a porta de entrada.

A porta se abriu, revelando um Jungkook impaciente escorado em sua moto esportiva, vestido de calças rasgadas, camisa e jaqueta preta e as típicas botas desbotadas. O colar com pingente militar em seu pescoço, as habituais argolas em suas orelhas e seus cabelos negros devidamente penteados.

A brisa suave levava os fios a dançarem no ar, como numa cena de cinema. As calças detalhavam as coxas grossas do Jeon, assim como a jaqueta, que dava um toque a mais na visão de seus braços. Era uma boa visão. Era uma ótima visão.

Jungkook também poderia dizer o mesmo. Nunca viu o mais velho tão bem arrumado em todo o tempo que tinham de amizade. Imaginou que ele sairia de casa com um pijama de bolinhas ou algo assim, vista a esquisitice dele, mas a surpresa foi agradabilíssima.

Percebeu as madeixas desarrumadas do Kim, que o deixaram com uma aparência mais casual e, por que não dizer, sensual. O corpo do Jeon vibrou com o pensamento, mas o mesmo teve de conter-se. Estavam quase atrasados e não tinha certeza se iriam chegar a tempo com sua moto.

Taehyung então fitava o veículo. Não se lembrava dele em momento algum e nem sabia da existência dele. Talvez Jungkook não tenha contado sobre.

– Desde quando tem isso? – apontou para a moto com uma expressão de admiração que mais o fazia parecer uma criança.

– Desde quando passei para o segundo grau. Acho que esqueci de te contar sobre ela, até porque não vou à escola com ela. – nenhum contato visual foi feito com o amigo durante a fala. Jungkook tentava manter sua integridade moral... e física.

– Ela é brilhante... Wow! Por que não vai com ela todos os dias? – Taehyung piscava aceleradamente, como se estivesse sob efeito de bebidas energéticas.

– Porque... eu... eu prefiro caminhar com você. – mais uma vez se xingava em pensamento pela resposta não programada. Ele não costumava dizer esse tipo de coisa. – Podemos ir logo?

– Sim, me deixe apenas fechar a porta de casa. – correu como um maluco com as chaves em mãos.

– Onde estão seus pais? – perguntou aleatoriamente, na tentativa de tirar alguns pensamentos não apropriados da mente.

– Eles estão comemorando as bodas de casamento, voltam daqui a uma semana. Tenho a casa só para mim, não é legal? – Taehyung deixou seu lindo sorriso retangular correr solto por seu rosto. – Se demorarmos demais na festa você pode dormir por aqui, se seus pais não se importarem.

– Vai por mim, eles não se importam. – Jungkook revirou os olhos com o comentário.

Gukkie... Não fale assim. – a expressão mais fofa possível tomou conta do rosto do mais velho.

– Então não me chame assim. Vamos? – a pressa não era proposital, mas tudo para que Taehyung parasse com a provocação antes que ele mesmo perdesse o controle.

O lugar tinha pouca luz e era grande. Todos os convidados já haviam chegado e eram muitos. Com toda a certeza haviam mais pessoas do que continham na turma. Dentre os convidados visíveis, Hoseok e Jimin lá estavam, bebericando suas garrafas de cerveja e conversando sobre qualquer coisa.

A música alta penetrava os pensamentos do Jeon. Ao entrarem, Taehyung pediu ao amigo para que se divertisse e não se preocupasse com nada. Era mais um pedido que deveria cumprir. Aproximaram-se dos garotos rapidamente e engataram conversa. Enquanto Taehyung conversava com aqueles dois, Jungkook agarrou duas garrafas de cerveja e cedeu uma ao amigo, que achou estranho ver o mais novo beber.

– Ei, você não está pilotando? – sussurrou sem esconder sua preocupação em seu tom de voz.

– Uma cerveja só não mata ninguém. Além disso, não planejo tomar um porre. "Fique tranquilo". Não foi isso que me disse? – o garoto tinha certa razão quanto a isso. Taehyung sabia que ele era prudente em relação aos limites.

– Taehy, deixe o garoto se divertir! Mas se bem que... Com essa cara fechada eu duvido que ele se divirta. – Jimin logo se intrometeu na pequena conversa dos dois, dando um leve susto em Jungkook.

– Minha cara é fechada, mas eu sei me divertir. Obrigado, anão de jardim. – o Jeon se segurava para não apertar o pescoço pálido do garoto Park naquele momento.

– Me chamou de quê?! – o apelido dado pelo garoto não agradou Jimin nem um pouco.

Hoseok abaixou a garrafa e olhou fundo nos olhos dos dois.
– Vocês dois vão continuar a estragar o clima agradável ou vão aquietar esses cus? – logo, a situação hostil teve um fim rápido.

Jungkook desviou o olhar para Taehyung mas, coincidentemente, Jimin fez o mesmo. O Kim não percebeu a dupla observação até porque estava mais concentrado em vigiar a entrada, esperando pela chegada de Seokjin. Hoseok teve de agir rápido e tirou o Park da reta do moreno antes que acabassem no chão com ou sem a influência do álcool presente.

Taehyung tentou puxar Jungkook para dançar, distrair o garoto da presença de Jimin, mas não obteve sucesso. Ele sabia que o mais novo dançava muito bem, mas não entendia o motivo de ele não querer fazer isso.

– Há muita gente aqui. Não gosto muito disso. – a constatação vinha como uma resposta ao pensamento do Kim. Como se Jungkook fosse capaz de ler sua mente.

– Se quiser, podemos sentar em algum canto. Relaxe, Jungkookie. – o Kim pôs sua destra no ombro do Jeon. Jungkook estava diferente, mais uma vez a voz doce e grave do mais velho lhe causava arrepios. O moreno apenas assentiu com a cabeça e foi levado por Taehyung até um lugar onde dava para se ver dois sofás e uma mesa de centro.

Sentaram-se os dois alí e começaram a conversar. Jungkook se sentia um pouco estranho naquele lugar. A presença de Jung Hoseok e de Taehyung era agradável, mas Jimin não era bem o tipo que parecia ser amigável, apesar das circunstâncias. Tinha ciúmes do garoto e sua intimidade não declarada com o Kim.

Taehyung queria com todas as forças que Jungkook se engajasse com o resto dos garotos. Não por querer se livrar dele, de forma alguma, mas por querer ver o sorriso dele mais vezes. Era isso que sempre quis desde que conheceu o Jeon. Ele não era – e não é – de sorrir por qualquer coisa. Até em seus melhores dias ele se privava de demonstrar sua alegria.

Puxou o celular e mandou uma mensagem para Hoseok.

*TaeTae: Pode vir aqui e nos fazer companhia? Eu sei que você é o melhor para isso. PS: Jimin não pode saber.*

É claro que sabia que Jimin e Jungkook colocariam fogo no local se houvesse um mínimo atrito. O mais novo poderia até ser calmo, mas Jimin era um barril de pólvora.

Segundos depois, Hoseok chegou acompanhado de Kim Namjoon e Kim Seokjin. Taehyung suspirou aliviado ao ver os três se sentarem junto a eles. Seokjin e Namjoon saudaram calorosamente o acastanhado, enquanto Hoseok tentava – com certo sucesso – conhecer os interesses do Jeon, que até então residiam em mistério.

Conversas, risadas e garrafas depois, Namjoon foi ao banheiro, acompanhado por Seokjin. Taehyung achou tal ato suspeito, assim como Hoseok. Jungkook havia prometido parar na primeira garrafa, mas essa foi a única promessa quebrada por ele. Em suas contas, esta era a terceira. Ele não se sentia bêbado, por seu organismo ser resistente.

O Kim, por outro lado, já estava trocando as pernas de leve. Não estava bêbado, mas sim alterado. Recostou a cabeça no sofá macio e começou a olhar fixamente para o teto, perdido em pensamentos confusos. Jungkook estava neles, em grande parte. Nada mais prendia a sua atenção e dedicação integral do que o dongsaeng, mas ele não podia esquecer de seus amigos. Era bom pra ele ter o Hoseok como o salvador da situação. Jimin estava longe, provavelmente se esfregando em alguém. Não haveria perigo por perto.

Seokjin e Namjoon estavam de volta. Retomaram sua conversa de onde pararam, com muito interesse um no outro. Jungkook então pediu licença e se dirigiu ao banheiro, deixando os outros a conversar.

Sua mente divagava muito frequentemente quando estava entre multidões. Ele tentava, mas não era fácil se adaptar a tudo aquilo. Achou a companhia de Hoseok muito agradável, assim como a de Namjoon e a de Seokjin. Eram pessoas boas.

Ele suava frio. Suas mãos suavam mais ainda, mas prometeu a si mesmo que conseguiria. Se fosse necessário para sanar as preocupações de Taehyung, ele iria até o fim do mundo. Prometeu a si mesmo, finalmente teria amigos.

Lavou seu rosto na pia branca do banheiro e secou-se lentamente. No espelho viu nitidamente a própria imagem e arrumou os fios negros que caíam em seu rosto. Estava pronto pra voltar e tentar novamente.

Quando abriu a porta do banheiro, deu de cara com uma cena particularmente desnecessária. Park Jimin aos beijos com algum tipo não pertencente à turma. E, ao ver de todos, ele não seria o único. Eram pegajosos e escandalosos. Provavelmente era o beijo mais cheio de mãos que havia visto. Resolveu então ignorar a cena e ir em direção ao ponto de início, não muito longe dalí.

Sentou-se no sofá onde Hoseok ria descontroladamente e Taehyung olhava perplexo, com um pirulito preso entre os dentes.

– Aposto que viram também. – Jungkook se sentou no sofá e deitou a cabeça no colo do Kim, que estranhou de início, mas não contestou.

– É. Não é bizarro que ele tenha agarrado logo aquele esquisito? – o Jung ainda não acreditava no que seus olhos viam. Ele parava de rir à medida que os beijos alheios se intensificavam.

– E eles parecem saber bem como fazer isso... Olhem! – Taehyung não sabia como reagir. Aquilo era tão repentino que sua mente não processava direito. Mérito do álcool. – Quanta afobação! Jimin parece querer engolir a boca do pobre garoto!

– Hyung... – a voz do Jeon era falha e baixa, quase como um sussurro.

– Sim? – o mais velho deixou de observar o acontecimento e olhou para os olhos perdidos do garoto.

– Você já fez isso? – Jungkook apontava para Jimin, mantendo contato visual com Taehyung.

– Beijar alguém? Já. Faz tempo e nem me lembro como foi, mas lembro que já fiz. Você não?

– Não... Me acostumei a ver as outras pessoas fazerem isso. Elas sempre têm alguém. – eles se entreolhavam intensamente, como querendo dizer algo um para o outro apenas com o olhar.

– Por que vocês não fazem isso agora? Assim o Tae lembra de como é e você tem sua primeira experiência. – a ideia de Hoseok, apesar de parecer inocente, dividiu a cabeça de ambos em dois.

– Nós dois? Aqui? Agora? – Taehyung não conseguia pensar, mais uma vez. Queria fazer isso, mas não reagia. Suas mãos suavam como se estivesse em uma sauna.

– Não vejo problema nisso, se querem saber. Vocês provavelmente já querem, não é? – Namjoon não ajudava com o comentário. Taehyung só ficava mais e mais confuso. Jungkook começava a encontrar necessidade para que o tal beijo acontecesse.

Os dois permaneciam congelados, entreolhando-se com os olhos saltados, sem diálogo algum. Por diversas vezes o Kim coçava a cabeça, pensando no que fazer. Jungkook não se sentia inválido. Muito pelo contrário, os incentivos de Hoseok e Namjoon o fizeram pensar mais. O desejo brotava de dentro dele, assim como em Taehyung. Só faltava alguém corresponder.

Hoseok viu Jimin se aproximar do grupo com um sorriso maligno no rosto. Apesar de ter feito sinais na esperança de que o garoto entendesse e se afastasse, o Park se aproximava mais e mais, até colocar o rosto entre Jungkook e Taehyung.

– Atrapalho, Taehyungie? – usou sua voz mais insolente propositalmente. – O que estão fazendo, hein?

– Nada. – responderam em uma só voz.

– Oh, pois para mim parece que estavam a ponto de se lamberem. Mas claro que isso não iria acontecer, certo TaeTae? – o Kim desviou o olhar para Jimin, duvidoso. Jungkook então levantou... Com cara de poucos amigos.

– E o que você tem a ver com isso? É namorado dele, por acaso? Porque eu não vejo nenhum anel de compromisso na mão dele e muito menos na sua. – com toda a certeza Jungkook explodiria alí. Jimin já não lhe descia bem, muito menos agora que decidiu cutucar Taehyung. – Você não quer voltar para o seu canto, agarrar mais alguém e nos deixar em paz?

– Olha! Um namoradinho defendendo o outro! Que meigo... Talvez estejam planejando algo além disso. Que tal o matrimônio? Alguém traga os anéis e toque os sinos do casamento! Isso é caso sério! – qualquer um que visse o Park diria que ele era um apresentador daqueles programas de baixaria. Ele falava e articulava com rapidez. A discussão se tornaria um espetáculo, graças ao escândalo.

– Apenas nos deixe em paz. É a última vez que eu peço. – Jungkook fitava o chão respirando fundo, na tentativa de retomar a calma.

– Falou o palhaço que não tem coragem sequer de abraçar o "namorado" em público. – Jimin não via limites na situação. Ele queria se divertir às custas dos garotos, e podia ser um pé no saco quando queria.

– Já chega, Jimin! Deixe eles em paz, por favor. – Namjoon levantou-se do sofá e junto de Seokjin e Hoseok tentava apartar a discussão. Tentativa falha. Jimin queria mais.

– Pare de bancar o valente, garotinho. Você é novo demais para morrer. – o Park ameaçou. Ele não falava sério, mas o que importava era dar a impressão de grandeza.

– E você é delicado demais para se meter comigo, garotinha. – o moreno estava com os nervos à flor da pele, mas seu tom de voz era moderado. A combinação de adrenalina, testosterona e álcool não parecia ser a melhor para nenhum dos dois.

– Você não machucaria uma mosca. – o alaranjado se servia de uma risada maléfica.

– Quer correr o risco? – Jungkook ameaçava com os dentes trincados.

– Dê o seu melhor, dentuço. – o garoto de cabelos de chamas se preparava para arrebentar o mais novo, mas o que Jungkook reservava era algo que estava muito além de apenas uma surra.

Em um movimento súbito, o Jeon agarrou a gola da jaqueta de Taehyung, o fazendo levantar rapidamente. Assim que viu que o mais velho tomou calço, puxou-o para mais perto e afundou seus lábios em um selar demorado e afoito. Todos perceberam a atitude do garoto e olhavam fixamente. Taehyung subiu seus braços e os pendurou logo atrás do pescoço do mais novo, arrepiando-lhe os pelos do braço. Jungkook manteve seus dígitos no rosto do Kim, acariciando gentilmente.

A língua do mais velho pedia passagem e foi aceita instantaneamente, sem contestação alguma. O gosto dele era uma mistura de cerveja com um gosto artificial de morango, dado pelo pirulito que Taehyung chupava anteriormente.

Sendo o primeiro beijo de Jungkook, haveria todo e qualquer motivo para que algo desse errado por conta da falta de experiência. Mas pelo contrário. Não houve sequer um choque de dentes que pudesse cortar o ósculo. Não. Tudo saiu bem, melhor do que o esperado pelos dois.

Jungkook espiou de canto de olho a expressão de Jimin, que era pouco convencida, parecia que queria brincar com o seu psicológico de uma forma doentia.

O mais novo então, no calor do momento, afastou-se dos lábios do Kim e encarou seus olhos profundamente. Empurrou-o no sofá que estava atrás deles, segurando sua cintura. Incitava o acastanhado com seu quadril enquanto se deitava sobre ele.

O aroma de sua colônia penetrava-lhe o olfato, causando um efeito inesperado entre as pernas. Excitava-se com a suavidade da tez branca e perfumada do Kim. A suposta inocência dele o fazia querer tê-lo imediatamente para si.

Taehyung sentia uma mistura louca de desejo e ansiedade. Sentia todos os toques dos alheios sobreporem-se à sua pele com muita vontade. Os estímulos recebidos faziam seu coração pulsar como nunca antes.

Jungkook o levava a um delírio intenso. Tentava repreender seus impulsos nervosos por estar em público. Do contrário, se estivesse a sós com aquele garoto, o faria gritar descontroladamente.

Para alguém que estava olhando de fora, Jimin parecia agora estar à beira de um ataque. Havia perdido o enfrentamento de maneira indireta. Não sabia o que fazer no momento e nem poderia saber. A reação do Jeon contra sua investida espontânea foi fora de série. O Park apenas deu meia volta e deixou os dois no lugar onde estavam.

Aliás...

Apesar do clima tenso ter se dissipado, Jungkook e Taehyung não se soltaram. Continuaram guardados, provando do sabor um do outro até que se cansassem ou perdessem o ar.

O Jeon, perdido em êxtase pelas carícias que Taehyung fazia com os dedos em sua nuca. O Kim, mesmo não acreditando no que estava fazendo, sentia ânsia por mais. Sim, ele queria mais de seu dongsaeng.

Com Jungkook sobre si, sentia suas intimidades resvalarem umas nas outras. Essa sensação não o ajudava nem um pouco a acalmar seus hormônios recém reativados.

O mais novo poderia dizer o mesmo. Nunca tinha percebido o quão quente seu hyung poderia ser em particular. Jungkook acabou esquecendo momentaneamente todos os motivos para achar Taehyung esquisito. Agora, o que falava mais alto era a vontade incontrolável de explorar mais.

Ah, como ele queria...

Os dois queriam.

E era inegável. À medida que respirava o mesmo ar e ouvia os gemidos sôfregos do Jeon, Taehyung se sentia menos favorável a ter de suportar o autocontrole. Ele começou a desejar privacidade com todas as forças.

"Aguentar firme" era um dos lemas de Jungkook mas, outra vez, o Kim mudava a sua cabeça. Ele não queria esperar mais, visto que a tensão sexual entre os dois apenas aumentava mais e mais a cada segundo. Tudo era sensível nos dois. Os pelos de Taehyung se eriçavam apenas por encostar sua bochecha no nariz do mais novo.

Tudo que é bom dura pouco e isso se aplicou também a "interação" entre os dois. Taehyung se desvencilhou de Jungkook ao perceber que Hoseok, Seokjin e Namjoon haviam sumido. Levantou então com a desculpa de que precisava encontrar os três.

Ambos estavam envergonhados e corados ao fim. "Não poderia ser melhor." Era o que pensava Jungkook ao tentar resumir tudo o que passou de uma vez em sua mente. Mas ainda havia uma longa noite pela frente, a festa ainda estava na metade.

Assim que o relógio bateu meia noite em ponto, o Jeon sentiu-se um pouco cansado. Essa era a oportunidade perfeita para convencer Tae de que era hora de ir. Jungkook tinha um relógio interno que o privava de fazer alguns tipos de coisa, mas ele sempre ia além. Ele não era muito de obedecer metas.

Procurou por Taehyung perto do banheiro, no salão, na entrada, nos cantos mais escuros... Nada. Nenhum sinal do acastanhado em lugar algum. Algo não estava bem, nem ao menos aparentava estar. Era suspeito. Jungkook tentou então mandar uma mensagem na esperança de que ele respondesse.

*Kook: Hyung, onde está? Não te encontro em lugar algum e estou afim de ir para casa. Por favor, dê um sinal.*

Visualizada, mas não respondida.

Se ele estivesse tentando pregar uma peça, era melhor parar. Os nervos comecaram a acusar uma dor de cabeça no mais novo, mas este resolveu acalmar-se e procurar mais uma vez.

Procurou então canto por canto novamente. Cá e lá, cima, baixo... Nada. Sua mente, em um lampejo, se perguntou "E se ele estiver fora daqui?"

Bingo.

Logo no primeiro local de procura exterior, a parte de trás do prédio, achou Taehyung, mas ele não estava sozinho.

E se estivesse seria bem melhor. Qualquer pessoa seria melhor que aquele garoto...

Park.

O que ele estava tentando? O que ele queria? Jungkook não sabia, mas achou melhor observar antes de agir precipitadamente.

– Então você quer que eu esqueça o que aconteceu aqui? – a face de Taehyung não era visível, mas seu tom de voz era de dúvida.

– Sim, TaeTae. Tudo o que aconteceu aqui é passageiro. Eu nem gosto do Eun, era só uma pequena diversão temporária. – a lábia do garoto era incrível. Céus, ele era tão cínico... – Além disso, não sei o que você poderia ter pensado de mim com aquilo tudo.

– Jiminnie, olha... Eu não me importo com isso. Você é meu amigo e eu não tenho ciúmes de você. Sério. Estamos bem. – a face de Jimin escureceu-se e dava a impressão de que ele estava irritado.

– Não foi isso que eu quis dizer. Eu quero deixar tudo claro. Também não quero que aquele insensível toque em você mais do que tocou hoje. – ele se afastou por uns instantes, aparentemente pensativo.

– Jungkook? Por quê?

– Porque sim. Ele não é bom o bastante pra você, Tae. – insistente e direto, como sempre. Jimin não perdia uma, com toda a certeza.

Taehyung não questionou, sabia o que ele queria dizer. Pensou então que se entrasse no jogo dele, poderia se livrar rapidamente de tudo.
– E quem seria, Jiminnie? – coçava a cabeça disfarçadamente.

– Alguém de porte mais alto como eu. É, eu seria perfeito. – o acastanhado evitava com todas as forças revirar seus olhos diante daquela insinuação toda. Jimin era seu amigo, mas haviam limites que ele deveria respeitar.

– Olha, eu não sei. Eu nem penso em procurar alguém para mim, agora. Você tem todas as boas qualidades que qualquer um procura, mas eu realmente não sei. Meu coração não é tão resoluto assim... Você entende, Jiminnie? – a voz mais doce de todas era o truque de Taehyung para fazer o amigo acreditar em suas palavras. Isso somado a uma feição angelical e aparentemente inocente resultou na aceitação instantânea, porém não desistente de Jimin. Usar o apelido dele com frequência era mais uma artimanha.

Jimin teve seu ânimo parcialmente subtraído ao ouvir as palavras recentes. Olhava o Kim com um sorriso triste, porém não menos encantador. Sentiu necessidade de acariciar seu rosto para sentir sua pele macia e delicada uma última vez antes de voltar para a festa.
– Entendo sim, Taehyungie. – suspirou com pesar. – Vou te esperar o tempo necessário. Até mais, Sweetie.

Assim que ele entrou, Taehyung sentiu-se aliviado. Amigos, amigos... Relações à parte. Claro que isso dizia respeito a Jimin. Ele era possessivo a pontos extremos e isso assustava qualquer um. Mas claro, haviam garotas e garotos que duvidavam disso e tentavam embarcar em uma viagem sem volta no "paraíso" que era Park Jimin. Talvez um erro irreparável.

Jungkook se via exasperado. Ainda tenso pela recente presença do alaranjado, mas levemente feliz por Taehyung tê-lo repelido. Ele ainda queria sair dalí e ir descansar na casa do mais velho, que havia visitado apenas uma vez.

Aproximou-se cautelosamente do amigo e chamou-o para retornarem à casa do mesmo. O acastanhado rapidamente assentiu e seguiu o Jeon até o estacionamento, para dalí finalmente irem desfrutar da paz proveniente do silêncio da vizinhança.

Tae não tirava da cabeça o que havia acabado de acontecer. Por mais que adorasse a ajuda e a presença de Jimin, queria que ele aceitasse sua vontade própria. Mas o Park, teimoso que era, provavelmente não absorveu bem o que realmente quis dizer com "meu coração não é tão resoluto assim". Era mais fácil dar logo um fora no garoto?

Jungkook tinha medo do que sentia e aquela festa não o ajudou em muito. Taehyung mudava-o de maneira grotesca e fora do comum. As lembranças passavam em flashes: os aromas, as texturas, os sabores, as sensações... Pouco tempo teve de se passar para que ele se convencesse de que era bom. Ah, era muito bom. Era divino.

Ele queria mais.

Os dois queriam mais.

                            ⚫⚪⚫

O tilintar das chaves nas mãos do acastanhado davam a Jungkook certo nervosismo. Algum tipo de paranóia o fazia imaginar que Jimin poderia segui-los até alí e tirar Taehyung de si. Além de querer remover o pensamento de encontrar Park da cabeça, ainda estava inconscientemente concentrado no garoto a sua frente.

Não sabia se era o excesso de álcool dentro de seu organismo ou se eram seus hormônios querendo brincar com ele, mas sentia seu corpo inteiro queimar ao mínimo contato visual que fazia com o corpo alheio.

Não sabia por que achava todo o seu rosto muito bem desenhado mais do que apenas bonito. Não entendia por que todos os seus movimentos davam a ele uma sensação devastadora.

Não compreendia o motivo de sua cabeça mudar de direção com todas as palavras expressas pelo Kim. Não conhecia sequer a tal vontade que sentia por dentro que o fazia querer entender tudo isso.

Mas o que sabia era simples: Taehyung era uma perdição, mesmo sem querer.

Assim que a porta se abriu e os pensamentos em sua mente foram brevemente dissipados, o moreno permitiu-se relaxar um pouco. O mais velho acendeu a luz e mostrou-lhe um lugar para deixar seu casaco e ele então o fez. As paredes creme da sala de estar da casa lhe davam uma calma atípica.

O Kim lhe apontou o sofá marrom de três lugares.
– Fique à vontade. Darei um pulo na cozinha para arranjar uns salgadinhos, tudo bem? – sorriu abertamente para o mais novo, que correspondeu surpreendente com um breve e lindo sorriso.

– Claro. O que quer que eu faça por aqui? – respondeu tão naturalmente e descontraído que nem parecia ele mesmo.

– Bom, pode procurar por alguma coisa para assistir, talvez...

– Oh, uma boa ideia. Farei isso. – logo em seguida tomou o controle da TV, sentou-se no chão e iniciou sua busca, enquanto o amigo se desviava direto para a cozinha.

Taehyung recolheu todos os pacotes que viu pela frente e pôs todos em uma única caixa, junto de algumas latas de refrigerante e marcas desconhecidas de cerveja. Por um momento pensou se beber mais seria saudável para os dois e para Jungkook, que estava pilotando, mas por fim acabou optando por permitir aos dois se divertirem por pelo menos um dia.

Se fosse para os dois acordarem com aquela dor de cabeça típica no dia seguinte e faltarem as aulas iniciais, que assim fosse. Essa chance não deveria ser desperdiçada. Eles mereciam um descanso da mesmice.

E além disso, mereciam agir naturalmente. O acastanhado percebeu a súbita mudança de humor do mais novo. Não que achasse estranho, mas aliviador. Era sinal de que havia sim um ser humano por dentro da carcaça triste dele.

Era uma esperança para que ele pudesse sorrir novamente. Taehyung sabia que ele tinha um sorriso encantador e expressivo, mas não o viu em nenhum tempo durante seus anos de amizade. Agora, ter visto um breve raio de felicidade no rosto do Jeon foi algo incrível. Tanto que mexeu com o garoto por dentro.

– Isso era tudo que eu achei na dispensa. – disse o mais velho jogando a caixa no chão, próximo a Jungkook.

– Assaltou um supermercado, hyung? É muito, não acha? – seus olhos arregalaram-se ao ver a grande quantidade de salgadinhos e bebidas. – Vamos comer tudo isso?

– Creio que é o suficiente. Achou algo para assistir?

– Um filme qualquer de ação. E ainda está no começo, pelo visto. – a propriedade investida na voz do mais novo fez Taehyung rir por nenhum motivo explícito.

– Logo vi que gosta do gênero. É a sua cara. – abriu novamente seu belo sorriso ao dongsaeng.

Jungkook olhou de relance ao rosto do amigo e tomou um pacote azul para degustar algo.
– E como seria? Nem tenho porte para me parecer com um espião ou soldado, quem dirá um capitão ou general.

– Mas tem atitude. Para mim isso é suficiente. – o Kim pensava no beijo de outrora, que não saía de sua mente de forma alguma. Mais uma das inúmeras marcas que Jungkook criara em sua mente.

– Eu apenas sou eu mesmo, ainda que não haja muito em mim para se ver. – apesar de o Jeon ter dito isso da forma mais natural possível, Taehyung discordava.

– Como pode pensar isso de si mesmo? Digo, você tem qualidades fortes, Gukkie. – pegou uma lata de cerveja e deu um longo gole. Estava levemente indignado com a posição do mais novo sobre si mesmo. – Além disso, realmente faz tempo que você e eu não conversamos sobre você e a sua vida. Faz bem pôr isso externamente.

– Não costumo falar sobre mim e você sabe. Já me convenci de que não tenho nada a revelar para ninguém em hipótese alguma. – serviu-se de uma lata de refrigerante de limão e bebeu um gole.

– Mas eu não sou ninguém, sou seu amigo mais próximo. – o olhar adorável de Taehyung parecia acalmar Jungkook.

– Meu único amigo, você quis dizer. – o mais novo revirou os olhos e bebeu mais um gole.

– Mesmo assim. Você sabe que pode e deve confiar em mim. Se não, em quem mais você confiaria?

Mais uma vez o Kim acerta em cheio a mente dele. Jungkook então pensou um pouco e encontrou mais um motivo para apreciar o amigo: sua sinceridade. Sua cabeça apitou em um flash e ele entendeu o ponto de Taehyung.

Tente novamente.

– T-tem... Tem razão. Mas isso não significa que eu vou virar um livro aberto. – o moreno então estendeu o dedo indicador, como uma ordem.

– Conte apenas o que achar confortável, combinado? – levantou a lata aguardando um toque de confirmação.

– Tudo bem para mim. – e então as latas chocaram-se, selando o acordo.

– Eu tenho algo para te perguntar. – olhou-o de canto de olho.

– E o que seria?

– O que você tem contra o Jimin? – perguntou inocentemente.

Embora não fosse fosse proposital, apenas ouvir o nome daquele garoto mais uma vez causou breves náuseas em Jungkook.

– Eu já disse, ele é irritante. A arrogância dele chega a níveis insuportáveis. Como você consegue viver assim?

Taehyung riu com o comentário. É, Jimin realmente não era fácil de se lidar, mas a única coisa que ligava ele ao resto dos amigos é a sua capacidade de fazer piadas rápidas. Resumindo: ele era engraçado, mas estava longe de ser uma gracinha, em sua concepção.

– Ele é uma boa pessoa no fundo. Apesar de parecer ser esse babaca, ele é prestativo e me escuta quando eu estou mal. – sua calma era extremamente perceptível. Taehyung conseguia ver um brilho na alma do Park.

– Ele não é melhor que eu, é? – pergunta impulsiva. Jungkook realmente queria se sentir importante para Taehyung, mas não sabia que já era.

– Ninguém é melhor que ninguém, Jungkookie, mas a única coisa a dizer é que você é meu melhor amigo, ele não. – suspirou finalmente. – Satisfeito?

Jungkook fez um bico em seus lábios.
– Um pouco.

                     

Longos minutos se passaram e o filme encontrava-se em sua metade com todas as cenas explosivas e cheias de violência possíveis. Todos os clichês encontrados no gênero ação podiam ser vistos claramente na tela.

O sono não parecia chegar aos dois espectadores, que se divertiam a valer com todos aqueles efeitos especiais excedentes e carregados de sons ensurdecedores, carros explodindo, armas disparando, quedas impossíveis, planos mirabolantes e vilões extremamente sarcásticos.

Em certo momento do filme, o Kim cansou sua visão e suas costas. Viu-se favorável a deitar no colo de seu dongsaeng, aparentemente aconchegante o suficiente, e o fez, surpreendendo o mesmo.

Jungkook não esperava por isso, obviamente, mas teve uma reação menos alarmante do que esperava. Pôs sua mão nos fios macios do mais velho e iniciou uma carícia delicada lá.

Taehyung então sentiu-se no céu com a atitude tomada. Os dedos gentis do Jeon passavam de um lado a outro em seu couro cabeludo, dando uma sensação maravilhosa de relaxamento. Seus impulsos nervosos correspondiam rapidamente os toques leves, o fazendo arrepiar toda a pele do corpo.

Quando experimentou olhar para seu hyung, o mais novo notou seus olhos fechados em aprovação as passadas suaves e ritmadas. Manteve seu olhar fixo a face do acastanhado e apreciava a mudança de expressões, cada vez mais sugestivas.

Taehyung então, em um deslize, deixou escapar um gemido denunciador. Abriu os olhos rapidamente e percebeu Jungkook olhando-o nos olhos com um semblante surpreso.

Ele estava realmente surpreso, não só com o que acabara de ouvir, mas com o efeito causado pelo som. Estava mais uma vez excitado por culpa do bendito Kim.

Mais uma vez estavam se entreolhando fixamente, como mais cedo. A distância entre ambas as faces já era mínima, insignificante, mas se alguém não iniciasse, tudo ficaria naquela troca de olhares agonizante. Ficaria.

Jungkook estava cansado de ter seus feromônios mexidos abruptamente sem poder fazer nada. Decidiu ir pelo caminho mais fácil...

E mais inebriante.

Hyung... – sussurou ao mais velho com uma voz terna.

– Sim?

– Faça de novo.

– Fazer o quê? – seus olhos se fechavam novamente, fazendo a visão de Jungkook tornar-sem mais instigante.

– Esse som. Quero ouvir isso mais uma vez. – ele se xingava mentalmente por tal pedido, mas uma vez dentro do caminho, não se podia sair.

– Por que quer ouvir isso de novo? – Taehyung arrepiava-se com o ar que tudo tomou de repente. Não era ruim, de jeito nenhum.

– Esse é o som mais encantador que eu já ouvi. – para ajudar o mais velho a cumprir seu desejo, Jungkook mordeu-lhe o lábio inferior. O Kim logo devolveu um gemido arrastado e carregado de ânsia. As mãos de ambos voltaram a suar frio e as palpitações começavam a acelerar.

Taehyung então deu ao moreno seu olhar mais profundo.
– Satisfeito? – disse como um sussurro.

– Não muito. Acho que ainda falta algo.

– Pois para mim não parece muito que falta algo. – mordeu o lábio lentamente e levantou-se do colo do garoto.

Depois de se apoiar nos joelhos do mais novo, Taehyung apertou gentilmente a saliência não escondida nas calças do Jeon, que gemeu fortemente em resposta. Sua cabeça fez um movimento rápido, arqueando-se para trás. Seu quadril se deslocou para frente, antecipando sua colocação. Mais uma vez estava extremamente sensível.

Isso é bom? – Taehyung provocava com sua voz suave, enlouquecendo Jungkook mais ainda.

S-sim... É ótimo... – suas palavras quase não saíam de sua boca. Ele já estava perdido na sensação que guardara.

Quer que eu continue? – sua mão apertava o membro desperto com mais força, de uma forma particularmente deliciosa.

P-por... fa-vor... – o moreno já perdera as estribeiras com os toques de Taehyung. Não era ao menos plausível resistir.

Ah, os toques o faziam delirar e sua mente só fazia pedir mais. Nunca sentira algo assim em toda a vida. Estavam completamente excitados e energizados com os sons, suas respirações descompassadas e reações espontâneas apontavam o estado óbvio dos dois.

Taehyung então avançou, contrariando o pensamento súbito de controle próprio. Sua mão apertava e puxava cada vez mais o pênis coberto do Jeon, fazendo-o gemer mais alto e mais frequentemente.

Empurrou Jungkook contra o sofá, fazendo-o deslizar até deitar-se no chão por completo. O hyung iniciou seu beijo mais molhado e demorado, fincando sua língua por entre os lábios trêmulos do mais novo. Deitando-se sobre ele, sua destra subia por dentro da camiseta, tocando os gomos da barriga surpreendentemente definida do moreno. Sua mão esquerda continuava lá onde estava, estimulando mais e mais.

Jungkook puxava os próprios cabelos em resposta. Estava louco e ansioso ao máximo extremo. Taehyung transbordava sensualidade e isso dava uma energia insana. Mais que isso, um tesão fodido. Seu pênis latejava e pulsava como um adiantamento absurdo. Sentia-se pronto.

Mas ele tinha que provocar tanto?

Uma qualidade dele era ser gentil e caridoso com todos, mas até a mais admirável virtude se esvai quando há uma tentação.

Taehyung fitava a calça do mais novo com seu mais atencioso olhar, pensava o que faria para satisfazê-lo e como faria. Queria tomar e aproveitar tudo o que podia de Jungkook naquele momento.

Hyung... – sibilou entre sua respiração pesada. Seu pescoço à mostra estava começando a corar. – O que está esperando..?

O Kim se aproximou do ouvido do moreno lentamente e plantou um beijo.
Você pedir. Falta apenas isso. – sussurrou calmamente. – Você quer isso, não?

A mente de Jungkook dava voltas e mais voltas como uma montanha russa. O ambiente realmente havia ficado mais quente do que pensara e isso não acabaria tão cedo. Tanto por dentro quanto por fora, ele ansiava por mais contato e mais aproximação. A única resposta era...

Fa-faça logo, hyung... – implorou finalmente. Seus olhos se fecharam e seus lábios se impulsionaram em um bico.

O acastanhado voltou a atacar os lábios de Jungkook em um beijo forte e necessitado, buscando preencher e explorar sua boca. Sentia os sabores suaves de frutas e outras coisas no interior. O cheiro da colônia dele penetrava seu olfato, dando-lhe uma sensação maravilhosa e surpreendente.

Enquanto descobria os sabores mistos e variados dos lábios do mais novo, procurava às cegas a fivela do cinto que Jeon usava, afim de remover logo aquilo. Jungkook agarrava os fios de seu hyung, reagindo com mais gemidos arrastados.

Orifício por orifício, o cinto se desfazia de sua cintura. Antecipava-se respirando mais rapidamente pela demora de Taehyung, que era proposital. A calça desceu de uma vez, revelando a cueca branca que usava. Seu pênis escapava pela barra superior, que estava melada com seu próprio pré-gozo.

Mais uma vez, Taehyung fitava aquilo com a expressão mais alucinante possível, lambia os lábios como se estivesse admirando seu prato favorito. Percebeu que Jungkook não entendia bem o que estava fazendo, mas estava apreciando com toda a atenção possível.

Sem esperar, o mais velho lançou sua boca em direção à glande do moreno, sugando com lentidão e potência. Mantia-se concentrado alí, ouvindo os sons produzidos por seu ato.

Ah..! – A inevitável reação foi um gemido forte e alto, que com certeza toda a vizinhança pôde escutar. Céus, aquilo era demais para ele. Era tão delicioso quanto refrescar-se em um dia intenso de verão.

Taehyung chupava-lhe com um ritmo ascendente, acariciando-lhe com a língua por toda a extensão. Sentia seus dentes rasparem seu pau com cautela, dando-lhe uma sensação indescritível.

Foda a minha boca, Gukkie... – disse subindo as mãos por baixo da camiseta preta do mais novo.

Jungkook prontamente começou a mover seu quadril, invadindo cada vez mais sua cavidade bucal. Agarrou mais forte os fios do Kim, dando-lhe mais mobilidade e firmeza para estocar mais fundo.

Hmm... – Taehyung gemeu sôfrego, tentando não se engasgar com o membro alheio.

Sua boca... Tão quente... – sua mente já era drenada e suas palavras já começavam a sumir de seus lábios à medida que movia-se no interior da boca de seu hyung.

O mais velho deslizava tão rapidamente que Jungkook via-se perdido e perto de seu ápice em pouco tempo. Indicava seu estado com os urros e rosnados que deixava escapar.

Taehyung então parou seus movimentos e sentou-se no chão ao lado dele.

– Por que parou? – O Jeon deixou toda a sua indignação expressa em sua voz.

– Não vai gozar ainda... Não comigo ainda vestido. – respondeu removendo sua camisa listrada com rapidez.

Jungkook levantou-se com pressa para remover o resto das roupas de Tae. Via-se mais perto de descobrir a real fisionomia dele, peça por peça. Após revelar seu abdômen bem trabalhado, foi a vez de suas pernas se destacarem. As calças haviam saído velozmente, graças à ajuda do dongsaeng que desabotoou-a com destreza e abriu sua braguilha, deixando sua boxer à mostra.

Não muito depois, livrou-se da cueca. Jeon fitava-lhe a ereção, curioso. Queria ver o que mais seu hyung podia fazer, já que não tinha experiência e conhecimento por ser virgem.

– Me dê dois dedos. – pediu Taehyung, olhando-o fixamente. – Coloque-os na minha boca.

Mais uma vez obedeceu o mais velho. Assim que fez o que lhe foi pedido, sentiu o acastanhado chupar-lhe com vontade, umedecendo seus dedos por completo.

Logo após, o Kim deixou-se com as pernas separadas e os joelhos dobrados, tomou a mão e a levou até sua entrada, que pulsava em antecipação ao contato de Jungkook.

Já sabe o que fazer, Gukkie? – segredou no ouvido do mais novo.

Sim, prepare-se. – sussurrou de volta.

Lentamente, introduziu os dedos no local, pressionando intensamente o interior de Taehyung, que gritava em resposta.

Você é apertado, hyung... – surpreendeu-se com a descoberta. Nunca soube como era fazer algo assim antes.

Seus dedos ganhavam velocidade pela passagem até acertar a próstata do Kim.

Argh..! – rosnou bem alto, agarrando o tapete felpudo no chão. Aquilo ardia como o inferno, mas ele sabia que tudo iria ficar melhor depois.

Jungkook experimentou adicionar mais um dedo ao movimento, fazendo um pouco mais de pressão. Taehyung revirou os olhos com a sensação recebida.

M-mais rápido, Gukkie... – gemia por entre a respiração ofegante.

O moreno mais uma vez obedeceu seu hyung, acelerando seus movimentos por dentro dele.
Assim..? – perguntou sem perder a concentração no que estava fazendo.

S-sim, assim m-mesmo... Ah... – deixou-se levar pelo vai e vem dos dedos do mais novo e fechou os olhos para tirar mais proveito.

Aquele ritmo acelerado era matador, com toda a certeza. Jungkook sabia que estava no caminho certo pelos gemidos dados por Taehyung. Ele sentia espasmos deliciosos tomarem conta de seu corpo inteiro, indo e voltando numa mistura de velocidades.

O dongsaeng então parou e introduziu seu pênis de uma vez, por não aguentar tanto ver e ouvir as reações espontâneas do Kim. Era tentação demais.

P-porra, Kookie! – surpreendeu-se, engasgando com o ato repentino do mais novo.

Vou foder você, hyung. – disse enquanto subia por cima dele, posicionando-se com cautela, seus olhos brilhavam com volúpia.

Moveu seu quadril para dentro com uma lentidão mortalmente torturante. Tomava os lábios de Taehyung para si em um ósculo agressivo e necessitado enquanto ia e vinha com cada vez mais força e velocidade.

À certa altura, com certo ponto atingido, Tae poderia afirmar que viu estrelas. Fazendo sentido ou não, sua lucidez já havia sumido da sua mente há muito.

O moreno apoiava seus braços no tapete no chão da sala estocando mais e mais, buscando aliviar logo ambas as ansiedades. Via Taehyung morder seu lábio inferior com força, como se quisesse arrancar sangue dalí. Ele apenas estava entorpecido por todas as múltiplas sensações que lhe vinham.

O Kim tomou seu próprio membro para si e começou a masturbar-se, acompanhando o ritmo de Jungkook. Seu prazer fora intensificado. Gritava mais e mais alto, quase deixando surdo o mais novo e fazendo sua própria garganta queimar.

Sua destra subiu até o pescoço do Jeon, onde seus dígitos começavam a agarrar lhe os fios e a maltratar-lhe a pele.

Em questão de segundos, Taehyung sentia que estava quase chegando ao seu ponto, era evidente na face de seu dongsaeng que ele também estava quase gozando. O caralho de Jungkook era deveras apetitoso em sua concepção, agora aberta. Como não havia pensado em provar disso antes?

Sua entrada ardia intensamente e ainda pulsava, apertando o pênis dele dentro de si.

Caralho, Tae... – gritou contra a pele do ombro do mais velho.

Apresse-se, Gukkie... – implorou manhoso, gemendo excessivamente.

Suas investidas agora eram mais lentas, porém mais fortes. Acertou em cheio na mudança de ritmo, ejaculando rapidamente dentro de Taehyung, que gozou também em um jato extenso na barriga do Jeon.

Esgotados, porém não menos excitados, repousaram os dois juntos naquele tapete marrom. Ofegavam fitando o teto, que era a testemunha do que havia acabado de acontecer alí.

Um erro? De jeito nenhum. Ambas as vontades irrefutáveis culminaram naquilo, e nenhum dos dois poderia se arrepender, o desejo era mais do que visível entre seus olhos.

Agora, iriam acreditar se contassem para alguém. Principalmente se esse "alguém" fosse Hoseok.

– Hyung... Você está bem? – Jungkook perguntou com o resto de energia que tinha.

– Sim... Melhor impossível. – respondeu com um sorriso tímido no rosto. – Só acho que não daria 'pra disfarçar isso amanhã.

– Eu posso ir e dizer que ficou doente. – permitiu-se rir por um período satisfatório de tempo, acompanhado de Taehyung.

– Acho que não cairiam nessa. – aproximava-se do mais novo, deitando sua cabeça em seu peito.

– Posso ligar e dizer que não se sentiu bem e eu fiquei cuidando de você, assim eu não preciso ir também. – o acastanhado riu da ideia absurda.

– E que tipo de amigo eu seria deixando você matar aula assim? – movia as pontas de seus dedos por entre os fios negros de Jungkook.

– Nenhum, oras. Estou prestes a te amarrar a mim em compromisso. – disse em tom de brincadeira, mas falava sério.

– Jimin iria ficar louco com isso, você sabe, não? – o Jeon revirou os olhos com mais este comentário.

– Não me importo com ele. Apenas você me interessa, no momento. – dessa vez, seus pensamentos foram intencionais. Queria Taehyung para si e mais ninguém poderia tirá-lo.

– Tudo bem, Gukkie. Tudo bem. – deu-lhe um beijo carinhoso na bochecha.

Pensavam que os outros poderiam ver este como o casal mais estranho da escola ou o mais improvável, mas não ligavam. Se faziam bem um ao outro, era o que realmente importava. Jungkook permitiria-se sorrir mais e ser mais compassivo com as pessoas. Taehyung seria mais feliz com ele, sem dúvidas. Eram realmente o que queriam um para o outro, sem tirar nem pôr.

Iriam ser mais, iriam ver mais, iriam descobrir-se mais.


Notas Finais


Mas gente, virou tudo um capítulo só? É, pois é. É mais fácil resumir a parada e mandar uma one shot que ficar protelando roteiro e enchendo linguiça.

Sejamos dinâmicos, sim?

Mas o yaoi tá aí.

DÊEM AMOR A ELE, POR FAVOR!
~Fighting! ❤


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