O resto da semana passou rápido ou talvez não tão rápido. Camila conversou com James no dia seguinte a minha primeira visita a ele e acabou cedendo quando ele disse que eu o poderia visitar mais vezes. Acabamos revezando os dias até que na sexta ele fosse liberado e enviado para cuidados em casa. James não se importou em pagar alguém para o acompanhar durante alguns dias, dando assim mais folga para Camila descansar.
Se todos acharam que ela havia descansando de verdade durante esses últimos dias, todos estavam literalmente errados. Nós havíamos brigado no meio da semana por ela não ter comido algo no dia anterior e ainda assim se negar a almoçar porque tinha “muita coisa para fazer”.
Ela era teimosa demais e agora todos já sabiam, mas ela me dava nos nervos quando deixava de lado a própria saúde enquanto colocava o trabalho e outras coisas em primeiro lugar.
Danny brigou com ela na quinta, o que a fez ficar calada pelo resto do dia. Camila explodiu de noite quando eu fui tentar puxar assunto com ela em seu apartamento, então ela simplesmente voou para cima de mim e rasgou minha blusa de botões favorita enquanto atacava meus lábios. Eu não reclamei, mas deveria.
Era sábado e aqui estávamos nós. De volta ao hospital. Não por James e sim por Camila. Ela havia desmaiado mais cedo enquanto tentava loucamente permanecer acordada e sem se alimentar para terminar a matéria que estava planejando.
Camila dormia pela ação dos remédios. O medico ao menos teve tempo de brigar com ela, porque ela já chegou apagada e como fui eu quem a trouxe depois de ser puxada para dentro do edifício enquanto eu passava em frente ao caminhar para as compras, recebi as advertências por ela, mas também não reclamei. Me senti parte da sua vida. Senti importância em estar ao seu lado.
Ela estava deitada na sala de observação. Havia sido medicada e estava na segunda fase do soro para a hidratar novamente. Respirou fundo e gemeu quando finalmente acordou. Uma expressão não tão agradável no rosto. Eu estava segurando sua mão quando ela finalmente abriu os olhos.
Camila poderia dizer ser adulta o suficiente para tentar se afastar de todos que tentassem cuidar dela porque ela “não precisava de ajuda”. Besteira. Ela era tão quanto ou mais infantil que eu quando o assunto era cuidar de si mesma.
Me desculpe, mas esquecer de se alimentar, dormir, está disposta e realmente saudável não faz parte do “cuidar de mim mesma”? Então ela estava fazendo tudo praticamente errado e no fim do dia, ela precisou sim ouvir algumas coisas para se alertar de que ela precisava ser cuidada ou iria acabar mal.
- Se me chamar de garota outra vez, eu vou te mandar embora.
- Se continuar negando que precisa de mim para cuidar de você, vai ganhar o mesmo apelido que me deu. – Dei de ombros e sentei na cama ao seu lado na noite do sábado.
- Seu apelido não é esse. Eu te chamo de garota porque você é uma.
- Vou te chamar de garota porque mulheres não fazem birra na hora de dormir ou de comer. – Sorri. Ela serrou o olhar na minha direção. – Deixe de ser tão difícil, Camz. Você não precisa de toda essa teimosia.
- Eu não tenho nada pra fazer agora. – Deu de ombros.
- Dormir não é algo? – Elevei uma sobrancelha.
- Acabei de acordar de sei lá quantas horas de sono e você quer que eu volte a dormir? – Pareceu revoltada. Eu ri.
- Vamos, “baby”. Eu te abraço e você dorme quentinha comigo. – Deitei sobre suas pernas e as abracei.
Camila não disse mais nada. Pareceu ser vencida então. Sorri mais largo quando senti sua mão no meu cabelo. Não podia ser teimosa o tempo todo. Uma hora ela se dá por vencida pela minha insistência.
- Deita direito aqui então e me abraça direito também. – Falou forçando não sorrir. Pulei para seu lado na cama e quem me abraçou foi ela. Um abraço forte. Podia sentir os batimentos firmes do seu coração.
Eu mal havia realmente estado no meu apartamento naquela semana. Haviam algumas roupas minhas trocadas com as dela dentro do seu armário. As vezes eu não podia dizer o que era meu e o que era dela de verdade. Eu morri por dentro em imaginar poder vir morar com ela, mas expulsei a ideia da cabeça para não criar expectativas.
Nós não dormimos logo. Estava frio e ela enfiou a perna entre as minhas enquanto tentava se aquecer. Sorri a olhando e ela beijou a ponta do meu nariz.
- O que estamos fazendo, Lauren? – Perguntou.
- Estamos deitadas na sua cama esperando você dormir.
- Não. O que estamos fazendo? Estamos... O que você acha que está fazendo?
- Cuidando de alguém que eu gosto muito. – A abracei mais forte. – O que você está fazendo?
- Estou deitada na minha cama, me aquecendo no corpo de uma garota que trabalha comigo e tem as melhores fotos do estado. – Deu um riso gelado. O vento frio vindo da sua respiração.
- Só isso que eu sou? Você gosta de mim também, certo? – Me afastei levemente para olhar em seus olhos. Camila não olhou os meus.
- Eu já disse isso antes. – Empurrou minha cabeça de volta para a linha do seu pescoço. Eu quase ri se não fosse o incômodo agora dentro de mim.
- Você disse uma vez, Camila. Eu digo que gosto de você todos os dias. – Tentei afastar o rosto para olha-la novamente, mas ela empurrou minha cabeça para o lugar outra vez. Riu.
- Eu gosto de você também, mesmo que seja chata e mandona as vezes e ache que é a mais velha e pode mandar em mim e me dar ordens sobre o que fazer. – Sua voz soou tão suave e divertida nos meus ouvidos. A pulsação no seu pescoço contra os meus lábios quando a beijei a pele e não afastei o rosto. – Mas você é linda e eu não consigo resistir.
- Me acha linda?
- Droga, garota. Você nunca se olha no espelho? – Gargalhou.
- Eu me vejo no espelho, mas saber que me chama linda vale muito mais do que a minha auto avaliação.
- Não se acha linda?
- Não. Me acho bonita e você linda. – Sorri contra o seu pescoço.
- Eu acho que nós duas somos lindas.
- Eu acho que só somos lindas se estivermos juntas. – Me abraçou mais forte e beijou minha cabeça antes de respirar fundo.
- Você está com sono? – Perguntou baixo.
- Não. Você? – Perguntei de volta.
- Não. Quer assistir um filme?
- Posso escolher? – Me afastei sorrindo.
- Eu juro que se tentar me enganar e colocar outro filme de terror, te jogo pela janela e você vai deixar de ser tão linda. – Eu gargalhei alto e ela me empurrou. – Estou falando sério. Eu não gostei que colocou aquele filme ridículo e ainda dormiu e me deixou com medo sozinha.
- Era só ter me acordado. Ficou com medo porque quis. São só filme de terror. Não são reais. – Pulei da cama e corri para a sala para procurar o filme antes que ela me alcançasse.
- Qual a parte do “baseado em fatos reais” você não entende? – Falou quando chegou a sala e se jogou no sofá com um cobertor grosso. - Laur, fecha a janela. Eu acho que vai chover.
- Um clima perfeito para filmes de terror. – A olhei animada.
- Eu vou te jogar pela janela. – Me ameaçou. Eu peguei qualquer filme em sua coleção.
Fechei a janela e me deitei com ela no sofá enquanto ela me abraçou novamente. Camila pareceu animada quando descobriu o filme. Eu não me importei. Talvez eu fosse dormir na metade outra vez.
- Hey, você disse que não estava com sono. – Me sacudiu quando eu cochilei. – Lauren, você dormiu o filme inteiro.
- Não. Eu só fechei os olhos. – Arrastei as palavras.
- Você está dormindo. Levanta, vamos pra cama. O filme acabou. – Me empurrou para tirar o braço de baixo da minha cabeça e passou por cima de mim no sofá. - Vem, garota.
- Estou indo. – Relaxei novamente quase dormindo.
- Lauren! – Ela falou mais alto e eu sorri. – Vem.
- Se me quer tanto na sua cama era só dizer. - Nós rimos e ela me puxou.
Levantei do sofá e acompanhei de volta para o quarto. Eu nem lembro quando dormi de novo. Apenas senti ela tirar alguns fios do meu cabelo do meu rosto e então beijar suavemente minha bochecha. Foi tudo o que lembrei.
Era bem cedo quando acordei, mas não abri os olhos. Camila estava atrás de mim, me abraçava somente com um braço. Eu abraçando um travesseiro. Abri os olhos para a observar rapidamente. Ela lia um livro.
- Pensei que fosse dormir. – Minha voz saiu mais rouca que o normal.
- Não estou cansada ainda. – Deu de ombros. Acariciou meu cabelo, mas continuou lendo.
- Precisa de ajuda para ficar cansada? – Sorri.
- Lauren, você não acabou de acordar? – Me olhou assustada e confusa enquanto eu tinha um sorriso malicioso no rosto. Eu não precisava estar acordar para a querer. Ela mal sabia com o que eu estava sonhando.
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