História Discovery - What are we? / Are you drunk?

Passaram duas semanas e nessas duas semanas, o meu humor só piorou a cada dia quando Camila e James estavam mais próximos do que sempre, então quando finalmente soube que ele viajaria para tentar melhorar a cabeça, eu quase corri comemorando pela editora.

Camila trocou a atenção que dava a James pelo trabalho pesado. Brigar com ela adiantava? Não. Ela tinha a cabeça teimosa demais para aceitar algo que uma “garota” a dissesse. Eu queria jogar Camila na parede e perguntar o que ela realmente sentia por mim. 

Ela não podia me jogar em sua cama, transar comigo uma noite toda e depois brincar com os meus sentimentos porque na manhã seguinte ela estaria muito ocupada com o trabalho para me dar atenção. 

Meu ciúme sobre o James virou ciúme sobre o seu trabalho. Por que infernos ela não parava para o almoço e saía comigo como um casal de verdade? Ela nem ao menos me apresentava aos outros como sua namorada, mas eu também ainda não o tinha feito porque eu não tinha ninguém a quem apresentar ela na cidade. 

Ela quis me ignorar a quinta inteira. Eu a quis jogar sobre uma mesa de reunião em uma sala fechada e a fazer gritar meu nome, porque Deus, o seu novo vestido estava me matando em imaginações. 

- Ei, Lauren, quer sair com a gente para beber? – Halsey perguntou próxima ao elevador com Cris e Beth ao seu lado. Elas sorriram e eu olhei para Camila que continuava louca digitando como se fosse perder a vida. 

- Só um minuto. – Eu disse para Halsey que sorriu mais largo. Me aproximei da mulher sentada próxima de mim. - Camila, você vai sair agora? As meninas estão saindo para beber. 

- Não. Estou trabalhando. Espera. – Deu de ombros sem me olhar. 

- Eu vou embora com elas então. A Halsey pode me dar uma carona depois ou eu chamo um uber pra ir pra casa. – Falei pegando minha mochila no chão. Ela me encarou sem realmente parecer ter ouvido algo. – Estou indo. Vou sair com as meninas. A gente se vê amanhã. 

- A gente não ia jantar juntas? – Perguntou confusa. 

- Você não me convidou para jantar. – Dei de ombros. – Até amanhã. Vê se não vira a noite nesse computador. 

Me afastei e ela continuou com o seu olhar confuso sobre mim até que eu entrasse no elevador acompanhada das meninas 

- Chefinha te liberou pra beber? – Cris perguntou rindo. Halsey bateu de leve no seu braço. Elas gargalharam. 

- Ela não é minha chefe. – Respirei fundo e arrumei a mochila no ombro. 

- As vezes parece. Você vive atrás dela. – Voltou a falar dando de ombros. 

- Estamos trabalhando para sua campanha. – Falei firme. 

- Todas nós estamos trabalhando na campanha da Camila e nem por isso andamos grudadas nela. – Me olhou esperando uma resposta. Fui salva pelas portas do elevador se abrindo no 7° andar e mais 3 pessoas entrando. Todas com um olhar cansado de mais um dia no trabalho. Cris não falou mais nada. 

Nós caminhamos até esse bar quatro quadras depois da editora. Era um lugar legal que eu ainda não conhecia. Todas pediram tequila na primeira rodada, então eu fui junto. A sexta seria feriado, então ninguém trabalharia, por isso o bar estava cheio de pessoas vindo do trabalho. 

Me senti tonta depois de beber o terceiro copo de cerveja. Lembrem, não misturem bebidas, mas eu acho que fui eu quem não lembrou. Nós estávamos gargalhando sobre algo quando eu disse ir ao banheiro. 

Havia acabado de sair de uma das cabines e caminhei para lavar as mãos quando Halsey também entrou no banheiro. Ela sorriu meio tonta, mas eu também estava tonta. Nós rimos do nada. 

- Você me espera? Eu só vou fazer xixi. – Perguntou antes de também ocupar uma cabine. Eu afirmando com a cabeça. 

Me encarei no espelho e sorri. Eu tinha 19 anos, um emprego da porra que eu amava muito agora depois de estar juntando meu próprio dinheiro e eu tinha boas pessoas comigo essa noite. Arrumei o cabelo. Halsey não demorou muito a sair da cabine. Também lavou as mãos. 

- Pega uma toalha de papel pra mim? – Apontou para as toalhas atrás de mim e me virei para pegar. 

Não havia esperando quando ela me abraçou por trás e começou a beijar o meu pescoço. Eu engolindo minha saliva rapidamente. As mãos rápidas apertando meu corpo por cima da roupa. 

- Deus, Lauren. Você precisa saber o quão gostosa fica nessas calças jeans. Que Deus abençoe esse corpo. – Me virou de frente para a bancada de pias e me empurrou com o corpo fazendo eu inclinar até quase encostar o rosto no espelho. 

- Halsey, não... – Eu tentei virar, mas ela me empurrou com mais força. 

- Você não pode insistir que não pra sempre. – Continuou beijando meu pescoço e minha nuca. Eu sentindo um incômodo ao mesmo tempo em que meu corpo se invadia de arrepios. Não era certo. 

- Halsey, para. Eu estou com alguém. – Falei alto e consegui a afastar de mim. Ela riu me olhando confusa. Passou a mão pelo cabelo curto que já não estava mais azul e sim, loiro. 

- Como assim está com alguém? – Ninguém sabia sobre Camila e eu. Imaginei, éramos mesmo alguma coisa, porque Camila não me tratava como namorada fora do seu apartamento e da sua cama. 

- Estou saindo com alguém. – Dei de ombros e arrumei minha roupa levemente bagunçada. 

- Você não falou antes de ninguém e nem parece ter tempo para estar saindo com ninguém, Lauren. Você está tentando mais uma vez sair de perto, não é? – Perguntou sorrindo. – Eu não vou te machucar. Eu juro. Só quero te fazer bem. Acredite em mim quando eu digo que gosto de você. Só precisa me deixar te mostrar. 

- Eu não... 

- Vamos, Lauren. Você também precisa de um pouco de diversão. – Se aproximou outra vez e colocou as mãos firmes na minha cintura. – Um pouco de diversão nunca matou ninguém. 

Ela tentou se aproximar mais e me beijar, mas a afastei de novo. Ela revirou os olhos e respirou forte. Fixou o olhar no meu e deu um sorriso parecendo desistir. 

- Desculpa, eu não posso. – A deixei sozinha no banheiro e voltei a mesa onde Cris e Beth estavam com dois caras novos que eu não tinha visto antes. Eu sorri para elas e deixei uma nota de 20 debaixo do meu copo, o que pagaria as bebidas que eu havia pedido. Deixei o bar antes que Halsey voltasse atrás de mim. 

Eu queria que a Camila me respondesse o que éramos de verdade. O que eu significava pra ela e se ela poderia se doar mais para mim quando eu deixava sempre 100% claro de que a queria. Precisava descobrir o que eu era pra ela nesse momento e não pude esperar. 

Não era tão tarde e conhecendo ela como eu conhecia agora, soube exatamente onde ela ainda estava. Editora. Voltei quase correndo para o prédio e sorri ao passar pelos seguranças na entrada. O elevador nunca demorou tanto para alcançar o 16° andar. 

Lá estava ela, sentada e de frente para o computador. Não estava digitando porém. Os olhos focados na tela do celular enquanto sorria. Infernos, o James ia pra longe e mesmo assim não a deixava em paz. 

- Camila, o que nós somos? – Perguntei parando em frente a sua mesa. Ela me olhou assustada. 

- O que? 

- O que nós somos? Nós estávamos saindo e você me corta sempre que saímos do seu apartamento e tem alguém próximo. O que eu sou pra você? – Minha pergunta soou exatamente como minha mente confusa estava. 

- Lauren, o que...? 

- Responda de uma vez. Uma hora você me quer na sua cama, mas então eu não sou nada quando estamos aqui. Diz de uma vez. 

- Você bebeu? – Apertou a mandíbula e levantou para ficar a minha frente. Eu ri me afastando até bater contra a parede atrás de mim. 

- Sim. Eu bebi e bebi porque eu quis. Porque você não manda em mim e... 

- Você não tem a droga da idade para beber. – Gritou. Eu quis chorar. 

- Eu te falei que estava saindo com a meninas para beber. Você não disse nada. 

- Eu não ouvi. 

- Claro que não ouviu. Você passa a porcaria do dia inteiro com a cara enfiada nesse computador e falando com o James no celular enquanto ri e da mais atenção pra tudo menos pra mim. O que eu sou para você? Uma amiga, uma colega de trabalho que pode foder quando quiser porque sabe o quão trouxa por você ela é, uma garotinha idiota que você pode usar ou uma... ?

- Pare!! – Gritou outra vez. Eu choramingando para que ela respondesse logo. – Você não é nada disso pra mim. 

- Então o que infernos eu sou pra você? Nada? Me diga. Eu não posso viver assim. 

- Vamos conversar quando você estiver sóbria. – Sentou respirando fundo. Olhou o celular. 

- Eu não estou bêbada. – Ri. - Veja, já voltou pro James mesmo eu estando aqui deixando você bater em mim. Camila, o que nós somos? 

- Eu não sei o que nós somos. – Falou mais alto que eu. 

- Pode tirar o celular da mão enquanto fala comigo? 

- Não pode mandar em mim. – Falou mais baixo. Eu a encarando séria. Eu não podia mandar nela. Eu não podia fazer nada por ela que ela não iria deixar mais. Eu não era nada pra ela porque ela não conseguia ao menos responder as minhas perguntas. 

- Vá a merda então. – Falei áspera e ela arregalou os olhos me olhando outra vez assustada. Eu quis rir da sua cara. – Você, o James e toda a merda do seu trabalho. Você não sabe como manter alguém que quer te fazer bem. Eu estava aqui o tempo todo quase implorando por atenção e você não faz merda nenhuma por mim a não ser não me deixar beber e quer saber, eu vou beber até que eu vomite sangue. 

- Lauren, você está bêbada. Não sabe o que está falando. – Levantou e tentou segurar meu braço. Me afastei. Ela rodou na minha visão. 

- Sei exatamente o que digo. Eu sei o que eu faço. Você sabe o que você faz? Você acaba com sua vida por não escolher as pessoas certas. 

- Está dizendo que não te escolhi? 

- Você nunca lutou por mim. Sabe a Halsey, ela dá em cima de mim desde o meu primeiro dia, lembra? Eu acabei de dispensar ela de novo no bar porque eu pensei que a gente estava namorando. – Gargalhei sozinha. Ela com uma expressão triste. Deveria estar com pena de mim. Claro. – Eu não posso lutar por um relacionamento onde apenas eu estou vivendo. Você fica distante o tempo todo. Eu não quero que me dê carinho e mostre que goste de mim apenas quando estamos sozinhas. Eu quero alguém que me ame em todo lugar e se você não pode fazer isso, então eu não quero mais você. 

- Você não sabe o que está... 

- Cala a boca, Camila. Um dia você vai perceber o que você fez comigo. – Apontei pra ela e caminhei de costas me afastando mais. – Quando ninguém mais puder ser quem eu sou pra você, você talvez me ame de volta e Camila, talvez depois seja tarde demais. 

Eu quase caí tropeçando em um fio no chão um pouco antes do elevador. Ri sozinha outra vez. É claro que meu sorriso era irônico. Me vi sozinha no espelho do elevador e comecei a chorar como uma criança de 5 anos perdida dos pais e talvez eu realmente fosse. Por que eu tinha que ser tão trouxa nessa vida? Porra, Deus. Onde clica pras coisas melhorarem? 

Voltei para o bar enquanto tentava organizar coisas na minha mente quando eu nem ao menos conseguia entender como ainda conseguia caminhar com tudo girando. Eu ri ao entrar no local mais movimentado que antes. Elas ainda estavam lá e a última coisa que me lembro fazer foi caminhar na direção da Halsey e a beijar enquanto Cris e Beth gritavam ao nosso lado rindo.