História Discovery - It's not about her. Not anymore

A próxima semana acabou e assim o resto do mês também se foi. Camila mal trocava uma palavra comigo, mas continuou com o mesmo tipo de relacionamento com a Halsey. As vezes elas até pareciam mais próximas que antes quando Camila insistia em a chamar por Halz o tempo todo agora.

Halsey estava sendo incrível desde sempre. Ela havia me levado para sair quase todos os dias da semana e me mostrado coisas novas as quais eu nunca me interessei antes. Não estávamos namorando. Ir com calma era o que eu sempre repetia para mim mesma. Halsey não se importava com o tempo. Ela parecia feliz por estarmos saindo. 

Eu não havia visto Camila com mais ninguém. Suas amigas a levaram para sair em uma quarta e ela voltou com a mesma roupa para trabalhar na quinta. Estava com uma cara cansada, mas vocês já sabem, não dormir, passar noites em claro, estar cansada, isso tudo nunca foi um problema para a fazer parar seu trabalho. 

A nova revista sairia para as bancas no dia 5. A editora parecia um caos organizando as materias finais para a impressão da nova campanha. Normani estava magnífica na capa da revista e eu me senti orgulhosa por a foto ser minha. O outro fotógrafo teve 25% das fotos na campanha. Camila decidiu usar as minhas quase em todas as matérias. Era bom se sentir bem e orgulhosa do próprio trabalho. 

A promoção da Camila a levou realmente mais alto. Ela fez a última revisão da revista com a Danny e então foi informada que havia ganhado sua própria sala também. Danny achou que ela precisasse de um pouco de paz e silêncio para ter ideias fantásticas como ela havia tido nessa campanha. É claro que ela ficou feliz. Quem não ficaria? Eu. 

Ela não sentaria mais ao meu lado todos os dias enquanto eu ainda era ignorada quase totalmente me sentindo sem existência quando ela mal me olhava ou trocava qualquer palavra que não fosse relacionada ao trabalho. 

Era sexta, Camila recolheu suas poucas coisas pessoais de sua mesa de frente para a minha enquanto eu a observava esperando que ela percebesse que eu a estava olhando e falasse qualquer coisa, mas ela só colocou tudo em uma caixa e saiu em direção a sua nova sala sem ao menos passar os olhos pelos meus. Respirei fundo e então percebi que Halsey me olhava do outro lado da sala principal do andar. Ela sorria, devolvi um sorriso e encarei minhas botas com um pouco de lama seca grudada. 

Havia chovido pela manha. Eu tive que correr da estação do metrô até a editora. Esbarrei na Camila na entrada do prédio e ela fingiu que nada havia acontecido. Usou as escadas para não pegar o mesmo elevador que eu. 

- Lauren, a Camila ta te chamando na sala dela. – Cris passou por mim em direção a outra sala e eu respirei fundo quase me animando sobre algo, mas então desanimei. Ela só iria perguntar sobre algo do trabalho ou falar algo que eu havia feito de errado. Eu já disse que ela havia puxado meu tapete e reclamado de algumas fotos minhas? Eu ri. 

Levantei e segui em direção a sala onde na porta havia seu nome gravado. Era tão gostoso quando seu nome invadia minha boca quando eu tinha que o pronunciar. Bati duas vezes na porta e então ela abriu, me dando espaço para caminhar para dentro da sala. Nenhuma palavra antes disso. 

- Senta. – Bateu sobre uma poltrona e caminhou para outro lado da sala. – Quer beber algo? 

- Voltou a falar comigo? – Perguntei rindo sozinha. Não foi um riso feliz e sim irônico. 

- Okay. Nada para beber para Lauren Jauregui. – Encheu sua xícara com café e caminhou para sua mesa. O cheiro invadindo a sala. 

Camila não sentou em sua cadeira. Ela se apoiou na mesa quase na minha frente e soprou o líquido escuro e quente antes de dar um pequeno gole. Respirou fundo. 

- Acha que pode me dar uma das suas fotos? – Perguntou me encarando. Eu confusa sobre sua pergunta. 

- Como? – Perguntei de volta e ela desviou o olhar parecendo pensar. 

- Eu vi algumas das suas fotos fora da campanha. Fotos normais. Eu... Quero saber se pode me dar uma delas. 

- O que vai fazer com uma foto minha. – Quase sorri. 

- A sala é um pouco... Vazia demais. Eu estive pensando em emoldurar alguma fotografia sua e coloca-la na parede. – Um gole maior do sue café. Ela quase fez uma careta. Deveria estar quente mesmo. 

- Existem muito fotógrafos bons pela cidade e imagens melhores que as minhas. Por que não... 

- Eu não vou ficar chateada se negar alguma de suas fotos. Só pensei que... Você deveria expor algumas delas para que as pessoas pudessem ver seu trabalho melhor. – Deu de ombros. Caminhou e sentou em sua cadeira. Os olhos fixos em mim outra vez. – Não precisa aceitar se não quiser. 

- Eu sei que não. – Falei rápido. Droga, por que eu não poderia a ignorar como ela fazia comigo? Por que eu tinha que olhar seus lábios e a querer beijar? – Sabe a foto que quer? 

- Acho que é uma que fotografou quando nós... Quando te levei para o parque e você fotografou uma árvore solitária. Ela está em preto e branco e... 

- Eu sei que foto é. Quer que eu mande emoldurar? 

- Não. Você pode só... Passar a foto pra mim e eu faço o resto. Não precisa se preocupar. – Sorriu fraco. 

- Vai vender minha foto na internet? – Ela me olhou confusa demais. Eu quase gargalhei. – Estou brincando, Camila. 

- Ahh... – Respirou fundo e bebeu mais café. Ficamos em silêncio. 

- Vou te enviar a foto então. – Falei para quebrar o silêncio que agora não era mais confortável e sim estranho. 

- Certo. Você tem o meu e-mail. Obrigada. – Sorriu fraco. 

- De nada. Eu fico feliz que tenha gostado das minhas outras fotos. – Levantei da poltrona. Ela com a xícara entre os lábios. Eu nunca quis tanto ser uma xícara, mas não podia. 

- Eu fico feliz que esteja bem. – Deu um gole curto e sorriu. Levantou da sua cadeira e caminhou até a porta. – Muito obrigada pela foto. 

- Tudo bem. – Dei um sorriso curto também. Ela abriu a porta e então eu saí da sua sala. Havia um nó na minha garganta, meu estômago revirava e eu queria voltar para dentro da sala para poder respirar o mesmo ar que o seu novamente e a tê-la com o olhar sobre mim. Eu queria que ela voltasse, mas não insistiria se eu não era quem ela queria. 

Halsey ocupou a antiga cadeira da Camila enquanto eu tentava trabalhar na foto que ela havia pedido. Ela não fez perguntas sobre a foto, apenas sentou atrás de mim e beijou meu ombro várias vezes. 

- Halsey, você pode parar um pouco de dar em cima da Lauren. Vocês estão em ambiente de trabalho. – Danny passou por nós e falou séria enquanto Halsey riu. 

- É um pouco impossível. Ela é linda. – Beijou meu pescoço. Danny já havia desaparecido. – Estou te atrapalhando no trabalho? 

- Halsey, você pode pegar aquele documento que te enviei? Tem que juntar com o resto dos arquivos ou vai ficar uma bagunça. – Beth gritou quando eu ia responder. - Halsey! 

- Estou indo. – Gritou de volta. Era exatamente por isso que agora Camila tinha a sua sala. Ela não precisava desviar seu foco por causa de gritos assim. – Eu venho te ver depois. 

Ela beijou minha bochecha e correu de volta para sua mesa para pegar o que a Beth pedia. Danny voltou passando por mim minutos depois. Ela sorriu curto e logo desapareceu para a sua sala novamente. 

- Lauren, a Danny te quer na sala dela agora. – Beth gritou pra mim e eu sorri. Danny não brigava comigo ou qualquer outra coisa. Ela havia me chamado algumas vezes, mas nós sempre mantínhamos uma conversa agradável. Acho que ela mantinha meus pais atualizados assim. 

Bati na porta e esperei sua autorização que veio segundos depois. Entrei na sala sorrindo e sentei sem que ela pedisse na cadeira de frente para ela. 

- Como está? – Perguntou me oferecendo uma xícara de chá a qual eu aceitei rapidamente. 

- Estou bem. Obrigada. Você? – Perguntei de volta. Ela sorriu. 

- Resolvendo a vida, mas tudo bem. – Fez uma pausa. – Está namorando a Halsey? 

- N-não. – Sorri nervosa. Tentei beber o chá, mas ele não me descia a garganta. Danny riu. 

- Não vou contar aos seus pais se é isso que está preocupada. Você sabe bem o que faz da vida e é grande o suficiente para escolher alguém para namorar. – Deu de ombros ainda sorrindo. 

- Não estamos namorando. Só... Saindo? – Pareci confusa. 

- Certo, estão saindo. Ela te trata bem? 

- Sim. Ela é ótima. – Sorri. 

- Gosta dela? 

- Claro que gosto. Ela é... – Ela podia ser tudo, eu pensei, mas ainda não era Camila. Deus!! – Halsey é incrível. 

- Sim, ela é. Eu percebi que não tem andado mais com a Camila. Vocês não são mais amigas? A Halsey não gosta da sua proximidade com ela? – Danny parecia interessada demais no assunto. Eu senti minha cabeça girar com suas perguntas. Bebi o resto inteiro do chá de uma vez. Ela me olhou assustada. – A Halsey te proibiu de andar com a Camila? 

- Não. A Halsey não tem nada a ver com isso. – Respirei fundo. Ela me olhou incentivando que eu continuasse. – Por que suas perguntas me soam como uma psicóloga? 

- Eu tentei, mas não fui até o final do curso. Estou tentando ajudar. – Sorriu. – A Camila está diferente, você está diferente. Só quero descobrir o que aconteceu. 

- Não aconteceu nada. A Camila tem suas prioridades e eu tenho as minhas. A gente não parou de se falar. – Menti. – Eu a dei uma das minhas fotografias de presente para ela colocar na nova sala. 

- Mesmo? 

- Sim. Ela sempre me... Ela sempre diz gostar das minhas fotos e ficou feliz com o presente. – Menti de novo. Camila havia pedido minha foto. Eu não a tinha oferecido antes. Sorri nervosa. 

- Okay. – Ela tinha um olhar curioso. Tentou ler algo em mim e eu esperei que ela não conseguisse. Foi difícil. – Você saiu com a Camila também? 

- O que? – Engasguei. Danny riu. 

- Você e a Camila estiveram juntas antes de você estar com a Halsey? 

- Por que acha que tudo tem que ser sobre a Camila? Nada é sobre ela. Eu estou bem. Ela está bem. Nós estamos bem e... Não temos nada. Ela não... Eu... Nada é sobre ela. – Outro nó na garganta. Danny me olhou confusa, mais curiosa, assustada pelas palavras rápidas que eu havia jogado sobre ela desesperadamente. Não podia ser tudo sobre a Camila. – Eu posso ir agora? 

- Lauren... 

- Eu estou indo agora. Até mais, Danny. Tchau. – Levantei quase derrubando a cadeira e ela me olhou negando com a cabeça. Eu queria sumir e não ser invadida por perguntas outra vez. Já tinha tido o suficiente. Eu praticamente corri para fora da sua sala. Não havia volta. Nada mais deveria ser sobre ela. Não mais.