História Discovery - That's something wrong

- Vocês viram a Danny? – Camila perguntou a Beth, Cris e Halsey que conversavam sozinhas em um lugar mais reservados. Elas olharam em volta e negaram. Ela agradeceu e voltou a caminhar em outra direção.

- Por que está procurando a Danny? – Perguntei a seguindo. 

- Eu não sei. Só queria... A agradecer. – Deu de ombros. Era estranho, mas ela parecia preocupada e incomodada com algo. Parou outro funcionário da revista. – Você viu a Danny? 

- Ela saiu faz alguns minutos. Disse que tinha que buscar algo na editora. – Ele sorriu e logo voltou a sua conversa com amigos. Camila franziu as sobrancelhas e pareceu apreensiva. Respirou fundo. 

- Vou atrás da Danny. – Falou firme. 

- Mas e se ela já estiver voltando? – Ela caminhava rápido, mas não era difícil de a acompanhar. 

- Ela não está voltando. Tem algo errado. – Pediu seu casaco no balcão próximo a entrada do salão. Eu fiz o mesmo. 

- O que há de errado? 

- Ainda não sei, mas vou descobrir. – Pediu um carro dessa vez ao homem do lado de fora. – É da revista, antes que pergunte. 

- Eu não ia... 

- Sei como é curiosa. Danny me deixou o usar para a festa. Disse que seria estranho se eu chegasse de táxi. – Sorriu. Um carro preto estacionou a nossa frente e Camila tomou a direção dele segundos depois. – Coloque o cinto. 

- Okay. – Ela dirigia rápido como se algo realmente estivesse errado. Eu não pensei que estivesse. Talvez fossemos chegar a editora e ela já tivesse voltado para a festa, mas na mente da Camila, ela estava certa de que algo não estava em seu lugar. 

Eu não falei nada o caminho inteiro e Camila também não se importou em se pronunciar sobre qualquer outra coisa. Parecia focada demais em encontrar a Danny. 

O 16° andar parecia vazio quando as portas do elevador de abriram e ela caminhou rápido para fora dele. 

- Camila, ela não está aqui. – Falei para então segundos depois nós ouvirmos um barulho vindo da sala da Danny. Camila me olhou como se dissesse que estava certa. 

Quase correu até a porta, mas bateu duas vezes antes de finalmente a abrir. Danny estava caía ao lado de sua mesa. Provavelmente desacordada. Nós corremos até ela e se vocês pensaram que Camila tinha uma expressão de preocupação antes, agora ela parecia aflita, nervosa e perdida. 

- Danny!! – Falou alto enquanto tentava a despertar. Eu checando o seu pulso rapidamente. Seu coração batia, mas ela não parecia bem. – Lauren, ela morreu? 

- Não. Ela só desmaiou. – A respondi. Ela com os olhos cheios de lágrimas. – Ela vai ficar bem, Camila. Eu vou ligar pra alguém. 

- Não! – A voz dela soou fraca entre nós e Camila a olhou assustada. – Não liguem pra ninguém. 

- Danny!! – Camila a abraçou rapidamente, mas logo se afastou. – Você consegue respirar? Está bem? O que está sentindo? Nós precisamos ir ao médico? Você consegue levantar? 

- Pare de me encher de perguntas, Cabello. – Danny se afastou dela e sentou respirando fundo antes de buscar apoio em nós duas para sair do chão. A sentamos no sofá da sua sala. Danny balançou a cabeça e sorriu sozinha. – Desculpem por isso. Eu devo ter bebido demais. 

- Você não bebeu nada hoje, Dan. Havia apenas água no seu copo o tempo inteiro. O que está acontecendo? – A voz da Camila foi sumindo aos poucos enquanto ela tinha medo da própria pergunta. Sentei no sofá também. Danny entre nós. 

- Eu estou bem. Talvez... 

- Não ouse mentir pra mim. Você sabe que não pode. O que está acontecendo? – Camila falou mais alto, quase a forçando falar algo. Danny parecia distante. Eu verifiquei seu pulso outra vez. Ela sorriu fraco olhando pra mim. – Fale de uma vez. 

- Camila... – Falei tentando a acalmar. Ela não precisava que a Danny voltasse a passar mal e gritar agora não ajudaria. 

- Eu estou morrendo. – Interrompeu a nós duas. Tanto eu quanto Camila paralisamos. O olhar da Danny perdido outra vez no vazio da sala. – Estou morrendo e isso é tudo o que está acontecendo. 

Não houve mais palavra alguma vinda de Camila. Minha própria mente tentando raciocinar sobre o que ela havia acabado de nos dizer. Danny nos olhou, mas parecíamos tão perdidas como ela a segundos atrás. Tomou nossas mãos nas suas e as apertou. Como ela poderia estar morrendo? 

- Eu estive me sentindo mal desde o início do ano anterior. Fui ao médico e fizemos alguns exames quando finalmente descobriram esse tumor no meu cérebro. – Sorriu sozinha. – Eu pensei que ficaria bem, todos podem fazer uma cirurgia e viver suas vidas normais, mas meu tumor esta localizado em uma área sensível do cérebro. Eu posso não voltar da cirurgia, posso perder a memória. Não é nada sobre o que eu queria fazer. Se eu não voltar, tudo se vai. Se eu perder a memória, eu também me vou e eu não quero ter de viver assim. Não vou me submeter a algo quando eu sei exatamente o final da história. Venho escondendo isso a meses, mas parece que não a fuga da verdade quando estamos ao lado de Camila Cabello e tudo o que ela te implora é a verdade. Prometemos não haver segredos, mas eu não pude contar antes. Eu... 

- Está me dizendo que vai morrer? – A voz da Camila se perdeu após sua pergunta. Os olhos presos em Danny. 

- Sim. Eu estou dizendo que vou morrer. Camila, isso não... 

- Quanto tempo ainda tem? – Ela falou mais firme. 

- Semanas, meses... É indefinido por agora. 

- Por isso fez a promoção? – Perguntou novamente. 

- Eu precisava da pessoa certa para fazer a coisa certa depois que eu não estivesse mais aqui. 

- Quem vai ficar no seu lugar? Não há ninguém que possa te substituir, Dan. – Ela quase chorou. A voz trêmula me fazendo perder ainda mais na minha própria mente. 

- Na verdade, existe sim. Eu estive trabalhando com ela durante o último ano todo. Ela é incrível e agora eu sei que pode seguir comandando esse lugar e fazer algo extraordinário. Eu sei que você, Camila, o pode fazer talvez melhor que eu um dia. 

- Não. Eu não posso. Você não vai morrer porque você não pode. O que está tentando fazer comigo? Você está desistindo de mim? Você prometeu ficar do meu lado pra sempre. Danny, você não... Você não pode simplesmente morrer. – Camila agora estava de pé e andava sem rumo pela sala enquanto sua voz era desequilibrada. Danny respirou fundo. Me olhou rapidamente. 

- Você tem a Lauren para estar do seu lado. – Sorriu. Camila olhou pra mim. 

- Você prometeu cuidar de mim como a minha mãe. Eu não posso te perder também. – Ela se jogou no chão em frente a Danny ainda sentada. Abraçou suas pernas como uma criança pequena implorando para que a mãe não a deixasse. Eu quebrei por dentro. Danny quebrou e Camila ficou em pedaços. 

- Eu sinto muito não poder cumprir a minha... 

- Cale a boca. Você não vai me deixar. Você não pode. Eu não deixo. Eu te proíbo. – A voz engasgou na garganta e ela caiu em choro. Danny acariciando seu cabelo. Eu não aguentei ficar ali. 

- Não vá. Precisamos de você. – Puxou minha mão quando tentei me levantar. Seu olhar me matando por dentro aos poucos. Talvez quem não fosse sobreviver fosse eu. Sentei novamente ao seu lado. Ela respirou fundo e olhou para cima tentando fazer as lágrimas não rolarem dos seus olhos. – Eu estive te testando para poder fazer o meu trabalho esse tempo todo, Camila. Eu te joguei pra baixo, você levantou sozinha. Eu testei seus limites, você os ultrapassou sozinha. Eu te joguei contra tudo que pudesse te parar e tudo o que você me mostrou, foi como é forte e determinada e como ama realmente tudo o que faz. Você aprendeu mais do que eu poderia te dar e aqui estamos. Pensei que pudesse adiar esse momento um pouco mais, mas você, pequena, você deve saber a verdade e estar pronta para quando acontecer. E você, Lauren, esteja sempre ao seu lado. Seja forte quando ela não puder ser. Cuida dela por mim. 

- Por favor... Eu não quero perder mais ninguém. – Camila soluçou e eu chorei também. Como a noite havia virado de cabeça pra baixo? 

- Desculpe te decepcionar, mas não há nada que eu possa fazer. – Puxou a mão da Camila para cima e a beijou. Puxou minha mão e fez eu segurar a mão da Camila. 

O silêncio quebrava apenas para se ouvir o choro abafado dela. Eu havia parado a minutos e ela continuou como se o mundo estivesse desabando aos poucos abaixo dos seus pés. Eu seria forte por mim e por ela e pela Danny. Papai sabia disso? Como ele estava? O que aconteceria? Ninguém falou nada. 

Era madrugada quando Danny me olhou e deu um sorriso triste e perdido. Camila havia dormido sentada no chão e com a cabeça apoiada nos joelhos da Danny. Eu sentindo o corpo gritar pelo cansaço. 

- Consegue leva-la até lá embaixo? Não quero a acordar. Camila é bem leve. – Danny falou baixo. 

- Eu sei. – Sorri curto de volta para ela. 

Levantei e tirei Camila do chão a segurando em meus braços. Ela automaticamente envolveu os braços ao meu pescoço e respirou fundo relaxando mais logo em seguida. Danny pegou algumas coisas sobre sua mesa e trancou a porta da sala enquanto eu caminhava até o elevador e apertava o botão com certa dificuldade. Ele não demorou a vir. 

Silêncio novamente. Danny me olhava e olhava Camila adormecida em meus braços. Sorriu quando as portas se abriram. Um dos seguranças perguntou se a Camila estava bem e se precisávamos de ajuda, mas ela disse que ela apenas dormia e ele pareceu ficar aliviado. 

Entrei no carro da Danny com Camila. Ela deitou sobre minhas pernas e se encolheu. Danny na direção agora. Antes de ela deixar o estacionamento, eu finalmente percebi o perigo que seria a deixar dirigir agora. Se ela havia desmaiado do nada na sua sala, qual a probabilidade de ela não desmaiar enquanto dirigia? Danny aceitou trocar de lugar comigo. Camila não acordou. 

Ela deveria estar cansada. Danny me fez a deixar em casa e então me pediu para ficar com o carro e levar Camila para seu apartamento. É claro que eu não a deixei sozinha depois que ela acordou e voltou a chorar nos meus braços dizendo que não poderia perder mais ninguém. Ela me perguntou o motivo de sempre perder as pessoas que ela amava. Me perguntou o porque de todo mundo ir e a deixar sozinha quando ela estava quase ficando bem outra vez. Não soube responder suas perguntas. Me fez prometer que eu não a deixaria. Eu repeti suas próprias palavras informando que eu sempre estaria com ela. Eu nunca, nunca a deixaria.