Londres estava fria, mas não exatamente muito ou talvez fosse o aquecedor do carro alugado que Camila fez questão de pagar quando desembarcamos na cidade. O que dizer sobre minha primeira impressão sobre Londres? É a coisa mais incrivelmente fantástica do mundo. Um sonho que eu estava finalmente realizando, graças a Camila, claro.
Eu estava olhando pela janela e gritando dentro do carro apontando pra algo que estava vendo pela primeira vez pessoalmente e não por fotos e fazendo minhas fotos reais de tudo o que me encantava. Camila não se importou em parar o carro mais de 30 vezes, talvez, enquanto dirigia em direção ao hotel. Havíamos acabado de chegar em Londres e minha câmera marcava mais de 100 novas fotos. Séria uma edição longa, mas extremamente encantadora.
- Está gostando? – Perguntou tocando a lateral da minha coxa suavemente quando passou a quinta macha do carro. Meus olhos fixos em tudo o que víamos do lado de fora.
- Eu estou amando. Você viu aquele café? Nós podemos ir nele. É incrível. Podemos dar uma volta nos ônibus? Ou fazer um passeio guiado em algum museu? Eu adoraria conhecer um museu. – Falei a olhando rapidamente. Por um momento, toda a cidade ficou sem importância e beleza. Quem poderia ser mais belo que a própria mulher ao meu lado? – É linda.
- Sim. Uma cidade incrível. Podemos conhecer tudo o que você quiser, garota. – Me mandou um beijo no ar sorrindo.
- A cidade é incrível, mas você é mais bonita. – Não me segurei em dizer. Camila gargalhou e me empurrou as pernas.
- Pare de ser boba, garota. Aposto que mais tarde você me troca por alguma londrina. – Serrou os olhos na minha direção rapidamente, mas logo já estava de volta a atenção no tráfego.
- Eu não te trocaria nem se a lua virasse uma mulher. Você sabe, eu amo a lua. – Sorri descansando minha mão sobre sua coxa.
- Você é a própria lua, Lauren. A lua em forma humana. Pode se esperar algo de mais perfeito? – Estacionou o carro em frente a um hotel enorme. Ela não havia me dito exatamente onde ficaríamos, mas o hotel era exatamente no centro de tudo e eu a olhei quase perguntando como ela havia tido dinheiro pra pagar pelas diárias do hotel.
- Vamos ficar aqui? – Olhei a fachada do hotel mais uma vez. Camila riu.
- Sim. Levante seu bumbum e saía do carro. – Me beijou a bochecha antes de deixar o carro e eu acompanha-la.
Era simplesmente um hotel incrível. Eu poderia dormir no sofá da recepção e ainda assim os pagaria a diária normal de um quarto naquele prédio. Era tão Londres em Londres.
- Sim. Obrigada. – Camila puxou minha mão para a sua uma vez que havia acabado de fazer o check-in. Eu impressionada demais com a arquitetura e decoração do hotel para olhar outra coisa. – Tudo bem?
- Esse hotel é incrível. – A olhei rapidamente.
- Você diz isso a tudo o que vê na cidade, amor. Vamos subir. Eu preciso de uma banho depois desse vôo longo. Quer descansar um pouco? – Nós caminhamos até o elevador junto a um funcionário do hotel que carregava nossas malas.
- Não. Eu quero conhecer Londres logo. – Respirei fundo para conter a animação dentro do meu corpo. Qual a probabilidade de eu estar conhecendo Londres em menos de um ano após me mudar para Nova Iorque? Camila havia feito tudo isso e eu mal podia pensar em uma forma para agradece-la.
- Okay! – Gargalhou olhando divertida para o rapaz com nossas malas. – Temos uma garota bem animada para conhecer Londres.
- Primeira vez aqui? – O rapaz perguntou em um tom amigável.
- Sim. Minha primeira vez. – Respondi o mais animada possível. Quase não era mais a Lauren contida que mantinha tudo para si. Camila riu novamente.
- Espero que tenham uma experiência incrível em Londres. Se precisarem de indicações para pontos turísticos, é só pedir informação na recepção. O hotel disponibiliza ótimos mapas com os pontos turísticos principais. – Falou novamente.
- Temos uma ideia sobre para onde ir, mas claro que vamos pegar um mapa antes de sair. Obrigada pela informação. – Camila o respondeu quase formalmente, mas tinha seu sorriso amigável também ao rosto. Eu deveria ter a mesma expressão no rosto que tive quando fui a Disney pela primeira vez enquanto criança.
Eu achei que o elevador estava demorando, então olhei o painel de andares e percebi que estávamos indo para um dos mais altos. Olhei Camila mais uma vez me perguntando como ela havia pago isso. Bem, ela também não gastava seu salário com quase nada. Talvez seja isso.
Ela havia pego simplesmente um dos quartos mais caros do hotel. Talvez fosse maior que nosso apartamento em Nova Iorque. Outra vez, meu queixo caiu e eu fiquei sem palavras enquanto observava o quarto. Camila agradecendo o rapaz por trazer nossas malas e finalmente fechando a porta e me abraçando por trás sem que eu esperasse.
- O que achou? – Perguntou próximo ao meu ouvido.
- É incrível. – Falei a mesma coisa novamente e ela gargalhou me girando para ficar de frente para ela.
- Você é que é incrível, garota. – Disse antes de me beijar. Eu lhe oferecendo meu melhor sorriso. – Certeza que está bem e não quer descansar?
- Você quer descansar? – Ela sorriu.
- Só preciso de um banho e estou pronta para o que você quiser fazer. – Como não a amar? Deus, eu tinha muita sorte em tê-la ao meu lado. – Por que não vem tomar banho comigo e troca de roupa pra gente sair?
- Está me convidando para tomar banho porque estou fedida?
- Não, garota. Estou te convidando para tomar banho para fazer outras coisas. – Piscou e se afastou enquanto tirava a própria roupa. Eu gargalhando enquanto a observava seguir rumo ao banheiro.
Não a acompanhei na mesma hora. Eu quis aproveitar para olhar o quarto e a vista da sacada por algum tempo a mais. Era realmente incrível e minha mente corria enquanto eu tentava encontrar palavras que pudessem descrever o quão aquela vista de Londres era magnífica. Tive que fazer mais algumas fotos e admirar melhor tudo o que eu estava vendo com meus próprios olhos.
- Você não vem tomar banho comigo? – Camila me abraçou outra vez por trás e beijou meu pescoço me fazendo arrepiar
- Estava fotografando um pouco. – Balancei a câmera na mão para que ela pudesse ver. Sorriu contra o meu pescoço. – É uma vista... Deus!
Eu havia colocado meu braço para trás afim de tocar sua perna, então eu percebi que Camila já não vestia mais roupa e me virei de uma vez em sua direção. Ela sorriu mais forte.
- Essa é a melhor vista do mundo. – A puxei pela cintura a abraçando de novo.
- Pare de ser boba, garota. Vem tomar banho. Temos muito o que conhecer na cidade ainda.
- A cidade fica pra depois. Agora eu quero conhecer um pouco mais você. – A beijei e ela riu entre o beijo me empurrando.
- Você já me conhece, amor.
- Eu sei, mas quero conhecer de novo e de novo e de novo. Por que diabos você teve que me beijar no ano novo, Camila?
- Foi o destino e você estava bonita demais e merecendo um primeiro beijo do ano. Fazemos isso em Nova Iorque.
- Amém Nova Iorque. – Rimos.
- Vamos tomar banho antes que eu desista de você. – Me puxou pelo casaco a caminho do banheiro. Eu deixando a câmera rapidamente sobre a cama.
- Você não pode desistir de mim. Somos o destino, lembra? – Tentei a beijar, mas ela desviou para tirar minhas roupas. Outra vez eu estava jogando tudo para o alto e queimando por dentro em assisti-la me despir.
Ela não fez jogos após tirar minhas roupas por completo. Literalmente subiu por cima de mim dentro da banheira e realizou suas vontade. Nunca ousaria a contrariar em nada que ela quisesse. Era sempre mágico e bom demais para negar algo a Camila.
Pensei que talvez fosse querer realmente descansar depois de termos inaugurado o banheiro, não só uma vez, mas sim três. A banheira não foi o nosso único destino. Pensei e estive errada quando deixamos o banheiro e minha animação por ir lá fora agora era maior que antes. Camila parecia recuperada do vôo longo também. Como diabos recuperamos energia gastando energia? Bem, esse é um dos nosso segredos e Camila me fez jurar nunca o contar. Continuem curiosos. Talvez achem alguém para compartilhar segredos assim.
- Por que tem roupa minha na sua mala? – A perguntei terminando de arrumar meu cabelo.
- Não foi você que colocou aqui? – Pareceu confusa.
- Não. – Haviam roupas bem mais leves em sua mala.
- Amor, foi você quem fez as malas. Deve ter se enganado com algo. – Me beijou rapidamente e fechou a mala a devolvendo ao chão. Eu não lembrava daquela mala. – Pronta para conhecer Londres?
- Eu nasci para isso. – Sorri forte e ela gargalhou antes de pegar sua bolsa e sair me levando pela mão em direção a porta do quarto.
Eu sentia reviradas no meu estômago por estar tão animada e ansiosa em conhecer tudo. Realmente pegamos o mapa de atrações na recepção do hotel, mas Camila parecia certa demais para onde queria me levar. Eu a deixaria me levar para as nuvens se ela o pudesse fazer.
Nosso primeiro destino foi o Palácio de Buckingham, é claro. Nós ficamos praticamente 20 minutos apenas olhando tudo ao redor e eu fiz fotos, óbvio. Camila fazia poses divertidas quando eu a encontrava com a lente da minha câmera. Foram fotos atrás de fotos, então ela me arrastou para outras atrações horas depois.
O Palácio de Westminster rendeu mais fotos também e foi uma visita extremamente excitante. Eu parecia uma louca com os olhos arregalados para todos os lados enquanto Camila ria do alvoroço que eu fazia com algo. O mesmo aconteceu nos dois museus. Tive praticamente um surto ao encontrar partes do Parthenon no Museu Britânico, o que é praticamente o Museu do Louvre, só que na Inglaterra. Outros pequenos surtos e pulos de animação seguidos de beijos e gargalhadas da Camila, estávamos no Museu de História Natural de Londres.
Camila não parecia desistir de me arrastar para cada lugar novo e minha animação talvez superasse a de todos os turistas juntos em todos os pontos turísticos que visitamos no primeiro dia. Eu podia sentir que havia dado uma volta pela história com o que havia visto em apenas um dia, mas perceber que não havíamos visto metade do Museu britânico mesmo depois de horas pelos corredores, me deixava perdida outra vez.
- Sobre o que está pensando? – Camila perguntou antes de levar a taça do seu vinho aos lábios. Eu perdida no espaço olhando a rua fria e ainda movimentada da cidade.
- Em tudo. Isso é tão louco. – Falei encarando o tudo e o nada.
- O que é louco? – Riu chamando minha atenção finalmente ao seu rosto.
- Eu e você em Londres. É... Insano. Nos conhecemos 7 meses atrás e você é minha namorada... – Minha cabeça deu um volta. Camila sorria com a taça ainda na mão. A sobrancelha erguida seguindo seu interesse as minhas palavras. – E nós estamos na Inglaterra. Isso é Londres! Eu nunca pensei que...
- Você é bem vinda, Lauren. Não precisa agradecer. – Outro gole e um sorriso aberto. – Não é minha primeira vez em Londres, mas... É como ver tudo novamente de uma forma diferente e eu amo essa forma de ver Londres pelos seus olhos ou sua câmera.
- Mas é louco, não é? – Nós rimos novamente e ela me puxou pelo casaco para o lado para me beijar rapidamente.
- Eu gostaria de ter essa loucura pelo resto da vida. – Seus olhos me olharam de uma forma diferente. Atravessaram minha alma e eu me senti nua mesmo com roupas mais grossas. Ela sorriu e desviou o olhar. – Termine seu jantar, amor. Foi um dia longo e mesmo que eu quisesse passar a madrugada andando por aí explorando as coisas com você, nós realmente precisamos dormir um pouco. O jet lag está me matando.
- Tudo bem, senhora. Eu já estou terminando. – Gargalhei e ela me empurrou pelo ombro quase derrubando sua taça da mesa.
- Senhora é a sua mãe. Falando sobre ela, como os seus pais estão? Eles realmente são bem agradáveis. – Voltou a sua refeição também.
- Camila, você não precisa ser formal o tempo todo, você sabe disso, certo? – Ela sorriu.
- Estamos em Londres, garota. Aqui tudo é muito formal, não vê? – Piscou.
- Você é insuportável. – Me puxou para outro beijo. – Respondendo a sua pergunta sobre meus pais, eles estão bem e te ameaçaram se não me levar de volta pra casa em segurança.
- Você é minha prioridade o tempo inteiro, Lauren. Não vou aceitar as ameaças dos seus pais, mas é bom que se preocupem. Eu nunca deixaria que nada de ruim te acontecesse. – Acariciou meu rosto e me beijou a bochecha. Se eu estava explodindo por dentro? Sempre! Ela podia me dizer palavras doces ou até gritar comigo para tirar os pés sujos do sofá, eu sempre sentiria que a podia amar um pouco mais.
Camila não estava poupando palavras carinhosas e mostrando cuidado extremo comigo em Londres. Eu me senti mais amada do que nunca antes e eu explodia um pouco mais a cada sorriso que encontrava a olhando nos olhos.
Terminamos o jantar em um restaurante pequeno e aparentemente simples, mas a comida era magnífica. Voltamos ao hotel já tarde da noite, porque eu literalmente a havia arrastado para fotos nossas em alguma praça e depois eu a fiz beber uma cerveja tradicional britânica em um pub no caminho para o hotel.
- Estou exausta. – Falou ao se jogar na cama. Eu rindo enquanto pendurava meu casaco na poltrona do quarto.
- Você poderia ter pego um quarto e um hotel mais barato. – Segui para o banheiro. Ela gargalhou sozinha na cama.
- Eu adoro esse hotel e você amou a vista, então não reclame.
- Não estou reclamando, só pensei que talvez pudéssemos economizar mais da próxima vez. – Dei de ombros e tirei a roupa logo após ligar a torneira da banheira.
- É o seu primeiro dia em Londres e você já está pensando em uma próxima viagem? – Ela me assustou ao aparecer na porta um pouco a minha frente.
- Claro. Eu quero voltar. Você não? – Sorriu e tirou o próprio casaco.
- Quero voltar pra essa banheira como fizemos mais cedo. – Seu sorriso aberto foi malicioso e ela me olhou provocativa. Eu soube que essa viagem iria me levar a limites e eu adorava ser empurrada ao precipício para cair exatamente aqui com a mulher dos meus sonhos nos meus braços.
Nós começamos algo no banho, mas só o terminamos na cama. Finalmente o peso do dia bateu sobre o meu corpo e senti meus músculos reclamarem de um pouco mais de esforço antes de finalmente relaxar. Camila não parecia tão extremamente casada como eu deveria estar. Ela apenas me aninhou em seus braços e acariciou meu cabelo até que eu apagasse sendo envolvida pelo seu perfume, seu calor e sua respiração suave na lateral do meu rosto.
Não dormimos muito, mas as 4 horas pareceram suficientes para estar bem disposta no dia seguinte. Eu a arrastei da cama para um banho rápido e enquanto ela se vestia e escolhia algo na minha mala para que eu vestisse, eu fotografei o comecinho da manhã pela enorme janela do hotel. A vista era incrível e eu quis conseguir trabalhar com algo bom já que a iluminação do início do dia era a minha favorita. O mesmo acontecia com a luz do pôr do sol. Era divino.
Não paramos para tomar café da manhã no hotel. Acabamos por o dispensar e comer algo enquanto caminhávamos pelas ruas. Camila estava com o carro apenas para nos levar de um ponto turístico ao outro, mas por algumas horas do nosso segundo dia na cidade, resolvemos reservar para que eu trabalhasse de verdade em algumas fotos.
- Eu podia abrir uma revista de Turismo e viajaríamos ao mundo para escrever as matérias enquanto você fotografava tudo. – Disse suavemente ao meu lado enquanto eu checava as minhas três últimas fotos.
- Séria ótimo. – A respondi me perguntando sobre a iluminação da segunda e terceira foto. Eu acho que ficaria com a segunda, mas o ângulo que alcancei com a terceira...
- A primeira está ótima. Iluminação ótima e o ângulo parece muito com o da terceira. – Camila deu sua opinião olhando a minha câmera.
- Você lê mentes ou o que? – Rimos. – Vai ter que me ajudar a selecionar essas fotos quando voltarmos. Você sabe disso?
- Claro que sei. Eu te faço cafés e você trabalha com as fotos. – Me beijou a bochecha ainda rindo.
- Acha que temos tempo de ir a London Eye? Eu gostaria de tentar algumas fotos de lá também. – Falei encarando a roda gigante enorme um pouco distante.
- É bem disputado, você sabe. – Pareceu pensativa.
- Não tem problema se não pudermos ir. – Sorri a puxando para mais perto.
- Acha que eu te traria para Londres e não te levaria na terceira maior roda gigante do mundo? – Ela sempre faria isso. Sempre arrancaria o meu melhor sorriso. Eu não estava sorrindo apenas por saber que poderíamos ir a London Eye, mas sim por ver que ela havia realmente planejado essa viagem da melhor forma possível.
Nós estávamos no topo 2 horas mais tarde. Minha câmera apontada para a cidade e Camila com as mãos na minha cintura. Sobrevoamos Westminster me deixando fazer fotos fantásticas do Big Ben e demos de cara para o Rio Tâmisa. Foi simplesmente incrível. Eu poderia chorar e cair de joelhos agradecendo a Deus por tudo o que estava vivendo, mas eu cairia aos pés da Camila mais tarde.
- O que está achando? Não pode responder como incrível. Use outra palavra. – Gargalhou.
- Divino, fantástico, magnífico, maravilhoso, espetacular... Incrível. – Sorri.
- Te comprei algo de presente para o seu aniversário. Eu sei que passamos em um dia conturbado e acabamos brigando no seu aniversário, mas...
- Camila, não precisamos falar sobre isso. Eu sei que estávamos ocupadas naquele dia e... Eu estou feliz que estamos fazendo essa viagem agora, então não precisava ter me comprado nada. – Eu estava sorrindo e acabei deixando minha câmera de lado para observar melhor a sua beleza com a luz suave da tarde.
- Você sabe que eu te amo, certo? – Perguntou segurando a minha mão.
- Você sabe que eu te amo, certo? – Ela sorriu quando devolvi sua pergunta e a beijei.
- Você sabe?
- Sim, Camz. Eu sei. – Sorrimos mais forte. – Você sabe?
- Tenho minhas dúvidas, mas vou confiar em você. – Riu e eu a empurrei enquanto acompanhava sua brincadeira. – Okay, eu estou falando sério agora. Eu planejei essa viagem e tem muita coisa que você ainda não sabe, mas não é nada ruim, pode relaxar essa expressão preocupada. É algo que você irá gostar e que eu também vou. Eu tive que te trazer aqui porque toda vez durante os últimos meses em que eu pensava sobre vir a Europa, a minha única expectativa era ver a sua reação a tudo isso que estamos vendo. Eu amo o modo como você reage a tudo. A como reagiu no Museu Britânico ao ver partes do Parthenon, até um beijo rápido que te dou abaixo da orelha. Você é linda. É a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida e...
- Camila... – Eu estava sentindo minhas bochechas queimarem e rasgarem com o tamanho do meu sorriso, mas ela me deixou nervosa por um momento com a seriedade das palavras que deixavam sua boca. Seu dedo indicador repousou sobre os meus lábios me impedindo de cortar seu raciocínio. Ela sorriu suavemente.
- Me deixe terminar, amor. Você é insuportavelmente incrível e eu não cansarei de dizer isso até que o mundo inteiro consiga entender o quanto a sua mente é brilhante. Eu te amo e você me trouxe de volta a vida que pensei que nunca fosse capaz de ter de volta. Você me faz deitar todas as noites e ter certeza que tenho algo bom na vida por te ter ao meu lado enquanto me abraça para dormir. Você me faz acordar todas as manhãs e agradecer a tudo o que eu tenho hoje, a agradecer por ter você. Eu lembro que um ano atrás, eu estava correndo de um lado para o outro na editora, quase perdendo todos os fios de cabelo e morrendo de fome e excesso de cafeína. – Gargalhou. – Eu vivia uma vida superficial demais porque não me sentia viva a não ser para o meu trabalho. Você me apareceu e mostrou que eu sou bem mais do que apenas isso. Eu sou Camila e você é Lauren. Vivemos muito mais do que para o trabalho. Eu costumava me lamentar toda noite quando deitava e todo dia quando acordava. Me lamentava porque estava sem um objetivo de vida real. Tudo na minha cabeça funcionava apenas para o trabalho. A promoção... Você me fez ganhar. Você me deu a confiança que eu não tinha. Você disse uma vez o quão sexy e segura eu era ao caminhar com meus saltos pretos pela editora e eu simplesmente acreditei, porque você disse que eu era e eu fui. Você me fez reviver. É quase como me afogar por anos e acordar com você me beijando.
- Camila...
- Lauren, pare de me interromper. Eu estou tentando te contar algo. – Falou impaciente quando a cortei outra vez.
- É que nós temos que descer. – Apontei para o rapaz que esperava que deixássemos a cabine da roda gigante e só então ela percebeu que havíamos terminado nosso passeio na London Eye.
- Ohh.. Me desculpe. Eu estava um pouco perdida com minhas palavras. Obrigada pela experiência. Foi fantásticas. – Tomou minha mão depressa após agradecer ao rapaz que nos ofereceu um sorriso e literalmente me arrastou com ela de volta para o carro alugado. Respirou fundo ao entrar e bater a porta do carro.
- Você está bem? – Me preocupei porque ela parecia nervosa e me deixou nervosa outra vez. – Camz...
- Eu estou bem, Laur.. Tudo bem. Eu só... Eu... Você está com fome? – Sorriu fraco. - Droga, eu estive planejando isso a noite toda e essa roda girou rápido demais.
- Você planejou o que?
- Sempre temos um plano B. Qual o plano B, Camila? – Ela falou para si mesma.
- Camila...
- Sim. O plano B parece ótimo. Vamos ao plano B. – Sorriu mais forte e me encarou de volta. – Fome?
- O que deu em você? – Sorri confusa.
- Nada. Estou ótima. Ótima e nervosa. – Falou mais baixo a última frase antes de ligar o carro e sair pela rua sem destino seguinte.
Ela dirigiu sem falar mais nada até uma lanchonete tradicional. Fizemos nossos pedidos e Camila praticamente apenas enfiou a comida na boca. Ela não conseguia continuar nenhum dos assuntos que eu tentei iniciar depois de algum tempo estranho de silêncio.
Visitamos mais alguns lugares, não foram pontos turísticos apenas. Ela me levou onde achou que eu poderia trabalhar bem com a fotografia e eu realmente foquei nisso uma vez que ela ficou distante e não parecia confortável com minhas perguntas.
Se estivéssemos na mesma situação meses atrás, eu estaria ficando a pilha de nervos sobre isso, porque todos sabem que sou curiosa demais para a deixar simplesmente ficar nervosa e não me dizer o porque, mas agora, nós compartilhamos tantas coisas e a confiança era tão plena, que apenas a deixei ter seu tempo para pensar, seja lá o que ela fosse fazer a seguir e foquei no trabalho que havia vindo fazer em Londres. Eu precisava de fotos boas para uma exposição e eu estava buscando isso agora.
O Sol se foi depois de algumas horas. Estava frio, mas era um clima agradável para se retirar o casaco e dar uma volta pela praça central de Londres. Eu pensei que talvez pudessemos voltar a aproveitar o turismo novamente no dia seguinte. Poderíamos ir em uma visita guiada pela volta do Centro da cidade em um desses ônibus de dois andares com guias, seria divertido, mas Camila literalmente pareceu ter outro planos quando estacionou o carro perto da Tower Bridge e me fez descer para um barco/restaurante no Rio Tâmisa. Ela não falava nada. As mãos estavam geladas e eu ri sozinha a imaginando me pedir em casamento agora, mas no fundo eu sabia que isso seria impossível para o momento. Ela estava nervosa por outra coisa.
- Por que estamos jantando aqui? – A perguntei quando ocupamos uma mesa no barco e ele passou a fazer sua rota atravessando o lago e nós deixando ver ao lado alguns pontos turísticos que já havíamos visitado.
- Porque eu quero terminar o que comecei na London Eye. – Respondeu seria me encarando como se atravessasse meu corpo.
- E o que você começou? – Sorri tentando a tranquilizar. Camila jogou seu guardanapo de volta a mesa e se levantou da sua cadeira para vir como um vulto na minha direção e me beijar com certo alvoroço. Eu não resistir em rir.
- Não vou conseguir manter isso só pra mim. – Mordeu o próprio lábio. – Conseguimos uma exposição pra você em Nova Iorque. É uma coisa ainda pequena, mas é em um Museu lindo e é quase central. Eles vão expor suas fotos por 3 semanas e leiloa-las no final. Não é uma exposição tão grande como aquela que visitamos em Maio, mas ainda assim é uma exposição e... Você vai poder expor seu trabalho real pela primeira vez. – Ela falava rápido e fazia pausas longas, então atropelava as palavras e meu peito ardia por querer beija-la, mas tentei focar em sua fala. Eu expondo meu trabalho. Minhas fotos.
- Como conseguiu? Eu nem ao menos enviei... Oh!! Foi aquela cara na festa da campanha? – Perguntei. Camila puxou sua cadeira e a colou ao meu lado. Teríamos uma longa conversa animada agora vindo dela.
Camila realmente agora falava pelos cotovelos. Enquanto esperavamos o jantar eu me vi perguntando sobre o presente que ela havia dito ter me comprado mais cedo e minha curiosidade atravessou minha boca quando a perguntei.
- Te comprei um carro. – Deu de ombros antes de voltar a falar sobre os planos da exposição. Eu caí na água fria. Meu queixo caiu. Meu coração saiu correndo do peito para longe e minhas sobrancelhas se franziram em duvida sobre o que ela havia digo ter comprado.
- Me comprou um carro? – A cortei. Ela percebeu por fim o que havia chamado minha atenção.
- Você sempre falava sobre um carro, um carro. “Eu quero um carro.” Eu estava juntando dinheiro para te comprar um carro legal e.. Quando a gente voltar, você pode o ver no estacionamento.
- Por que não comprou pra você?
- Porque eu tenho você pra dirigir pra mim. – Gargalhou. Eu ainda séria.
- Camila... Você está brincando, certo? Eu podia comprar meu próprio carro. Mal estou gastando dinheiro. – Ela revirou os olhos e respirou fundo.
- Gaste o seu dinheiro comprando fantasias de coelhos para que eu possa rasga-los no seu corpo enquanto você dirige em Nova Iorque comigo ao seu lado. É só um presente, amor. Você não pode recusar. – Elevou as sobrancelhas divertidas.
- Camila, é um carro.
- Um carro que eu gostaria de te foder dentro. Sim, um carro. – Sorriu.
- Eu estou falando sério!
- Ahh, eu estava quase esquecendo o resto da surpresa sobre essa viagem. Amanhã de noite estaremos partindo para Paris. – Deu de ombros e deixou que o garçom servisse nossa refeição. O cheiro de mariscos me deixou mais tonta do que eu já estava com tanta informação nova.
- Paris? – Quase cuspi sobre o homem.
- E depois vamos pra Portugal, Espanha, Grécia, Itália, Alemanha, Holanda, Suíça e Suécia. – Levantou sua taça de vinho branco fresco como se estivesse prestes a brindar.
- E você me comprou um carro? – Eu literalmente gritei chamando atenção de outros casais em volta.
- Lauren!! – Camila olhou sorrindo como se pedisse desculpa pelo meu grito. Ela não havia acabado de me contar que faríamos um tour pela Europa e ainda havia um carro esperando por mim na garagem do nosso apartamento. Ela sorriu mais largo ao olhar para mim novamente. Então um flash me cegou e ela gargalhou alto. – Você tem a melhor expressão surpresa no rosto. Eu tive que fotografar.
- Você está milionária ou o que? – Perguntei porque ela não poderia ter tanto dinheiro assim para pagar tudo isso.
- Não estou milionária. Danny ajudou com algumas despesas da nossa viagem e você vai precisar pagar os próximos três meses de aluguel do apartamento. – Deu um gole rápido em seu vinho e riu. – Eu te comprei outra coisa também.
- Camila, por favor!!
- São apenas anéis de compromisso. Eu também ganhei um. Olha! – Tirou uma caixinha de veludo da bolsa e a abriu na minha frente. Pude ouvir alguns suspiros ao redor e imaginei que estivessem achando que ela estava me pedindo em namoro ou casamento, mas era apenas Camila fodendo o meu psicológico em um jantar em um barco/restaurante perfeito no Rio Tâmisa passando pela Tower Bridge. Eu levei um tiro na alma.
- Você é louca? – Sussurrei enquanto ela retirava o anel da caixinha e puxava minha mão direita para o enfiar no meu dedo.
- Estou completamente louca por você, garota. Tente não destruir minha vida daqui um ano e eu juro cuidar de você pelo resto da minha vida. – Beijou minha mão direita acima da aliança de compromisso que havia nos comprado.
- Eu prometo não destruir a sua vida se você parar de foder com a minha. – Sussurrei outra vez e ela gargalhou. Tomei o anel para o colocar em seu dedo e repeti seu gesto a beijando a mão.
- Não vou foder sua vida, Lauren. Eu vou foder você inteira. – Piscou e meu estômago literalmente revirou. Eu sentia minha pulsação na ponta dos dedos. Seu sorriso tranquilo invadindo minha mente e me empurrando de volta para o precipício sem fim que estava sendo minha queda eterna por ela. – Eu te amo muito, Lauren.
- Eu te amo muito, Camz! – Meu peito pareceu queimar tanto que me parecia faltar ar como se fosse explodir a qualquer momento se eu não respirasse direito. O vento frio soprou seu cabelo na minha direção me trazendo o seu perfume e eu deixei que a lágrima rolasse livre.
- Você está chorando porque eu te comprei um carro e estou te levando para uma aventura na Europa? – Perguntou divertida.
- Eu estou chorando porque encontrei minha sugar mama, sua boba. – Eu brinquei e Camila explodiu em uma gargalhada.
- Você precisa ser muito boa para merecer tudo isso uma segunda vez. – Serrou o olhar divertido na minha direção. – Seja uma boa garota para a sua...
- Chega... Eu não sou baby girl, Camila e você não é Sugar Mama. Eu tenho o meu trabalho e o meu dinheiro. Você é que é louca pra me comprar coisas assim.
- Você se assume um dia, baby girl. – Piscou. – Não sou louca. Eu só gosto de te mimar as vezes.
- Um carro é um ótimo mimo.
- Você já parou pra pensar se o carro que te comprei não é do século passado e vai dar prego em cada esquina que você dobrar? – Segurou o riso. Revirei os olhos.
- Você não faria isso.
- Ou posso ter colocado um carro em miniatura na nossa vaga vazia do estacionamento do prédio. – Gargalhou.
- Okay, vamos comer. Essa comida foi cara e não vai se comer sozinha. – Respirei fundo e ela continuou com suas piadas bestas até eu ter que rir porque ela não parava de falar besteira.
Nós jantamos ao som divino e clássico da orquestra britânica suavemente tocando aos alto falantes do barco luxuoso demais para que eu acreditasse que estava ali.
- Você sabe como deve me agradecer por tudo o que eu te dei, certo? – Camila perguntou quando a ofereci minha mão para a ajudar a sair do barco após nosso jantar.
- O que? – Perguntei sem vontade. Ela acabaria comigo como vingança sobre o que eu havia feito com ela outra vez.
- Tem uma fantasia de gatinho na sua mala. Eu quero que vista hoje. – Pareceu animada.
- Não posso usar quando formos pra Espanha?
- Na Espanha você vai vestir outra fantasia, amor. – Me abraçou de lado e descansou a cabeça no meu ombro enquanto caminhávamos em direção ao carro.
- Não acredito que estou cogitando a ideia de aceitar isso.
- Você não está cogitando. Você já está se imaginando em suas roupinhas de novo. Eu vou tentar não rasga-las outra vez.
- Você é insuportável. Meu Deus! – Rimos.
- Você é linda e eu te amo!
- Você é insuportavelmente linda e eu te amo. Você posa pra mim em algumas fotos amanhã?
- Você veste a gatinha hoje?
- Camila, você está parecendo uma louca por fantasias. – Ela me empurrou de lado e correu para entrar no carro.
- Você fica gostosa demais quando veste aquelas roupas, mas temos outras se você não quiser gatinha. Pode ser coelho de novo.
- Eu vou te matar. – Serrei os olhos em sua direção e ela gargalhou antes de entrar no carro.
- Eu sei que você me ama muito e vai fazer o que eu quiser. – Seu sorriso confiante me fez respirar fundo a olhando enquanto afivelava o cinto de segurança e eu ri, porque realmente, eu a amava demais e faria o que ela quisesse nessas situações. Ela só não podia me pedir para vestir de abacaxi do ano novo. Eu realmente a mataria.
Foi certamente o dia mais louco, divertido e cansativo da minha vida. Ela havia rasgado a fantasia de novo, mas quem perdeu o fôlego foi ela quando eu fui mais forte e inverti as posições. Ela sorria feito uma drogada e eu a fotografava com meus olhos como uma viciada. Eu poderia escrever dizendo que isso era o amor. Vocês surtam. Viram dois loucos e então se divertem por aí tentando parecer sérios e formais na frente dos outros. Camila me dava sempre o melhor dela e eu nunca cansaria de tentar a alcançar no seu melhor. Londres foi de longe a melhor experiência da minha vida... Depois da noite de ano novo em um banheiro com ela em Nova Iorque, é claro.
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