História Discovery - Traveling with bae

O nosso último dia em Londres pareceu uma correria, porque ao mesmo tempo em que eu queria visitar lugares e fotografar algo, Camila queria sair pra comprar algo para as amigas como recordação. Passamos a manhã inteira juntas. Duas horas após o almoço separadas e então nos encontramos novamente em frente ao aquário de Londres. Eu provavelmente tinha ótimas fotografias e mal via a hora de poder trabalhar com elas.

Camila surtou por não querer ir embora de Londres porque disse que aquela era sua casa enquanto riamos deitadas abraçadas na cama depois de ela me encher de cócegas enquanto arrumávamos as malas para França.

Tudo me atingiu novamente. Eu estava em uma tour pela Europa com uma mulher incrível e que me proporcionava momentos cada vez mais marcantes na minha vida. Eu liguei para os meus pais ainda no aeroporto. Mamãe surtou por eu estar nessa viagem e perguntou quando voltaríamos e se não teríamos problemas na editora por isso. Danny mais do que esteve do lado da Camila quando ela finalmente decidiu sair de férias depois de tanto tempo louca focada apenas em seu trabalho. Era como a conhecer um pouco mais a cada dia e reencontrar a sua loucura boba e olhar divertido sobre desejar que tudo fosse diferente em um novo ano.

Não foi um vôo longo. Camila lia um livro que eu tentei acompanhar, mas quando ela virou a página antes que eu terminasse de ler, decidi não voltar atrás. Eu apenas relaxei em seu ombro e cochilei até finalmente chegarmos a Paris no início na manhã do dia seguinte.

Se eu surtei ao sair do aeroporto e sentir finalmente o ar parisiense? Eu surtei quando deixamos cada aeroporto nos países seguintes. Tinha minha câmera em mãos e a editora chefe da melhor revista de Nova Iorque, na nossa opinião, é claro, ao meu lado o tempo inteiro.

Era sempre bom fotografar com Camila do lado porque sua noção de fotografia era ótima e ela caía bem para uma assistente em todos os momentos. Era divertida e fazia tudo ficar tão mais leve.

Camila teve de tirar seu momento para resolver algumas coisas da editora também ainda durante a viagem. Estávamos na Alemanha quando ela teve de parar nosso almoço no meio e correr para um café porque James se perdeu em uma matéria e Camila não pôde deixar que ele a descartasse da campanha.

Não fiquei chateada ou coisa do tipo, estávamos em momentos tão bons que era fácil entender que estávamos vivendo nosso pequeno mundo, mas não podíamos tirar os pés literalmente do mundo real que nós puxava de volta a cada minuto.

Não soube dizer qual havia sido meu pais favorito, mas guardei Grécia e Itália em um lugar tão especial. Tudo era tão romântico que foi simplesmente impossível não cair forte cada vez mais por Camila enquanto conhecíamos cada lugarzinho um mais especial que o outro.

Capri na Itália foi simplesmente fantástico. Nós fizemos um mergulho em uma das cavernas e eu quase chorei por querer mudar para a pequena ilha e comprar uma dessas casinhas pequenas. Era confortável, divertida e eu nunca esqueceria nenhum momento.

Ver o Parthenon de perto também me fez surtar, mas Camila reclamou de falta de ar no meio da subida e nós rimos na volta quando ela parecia uma criança com energia de sobra.

Berlim nos destruiu com suas casas noturnas e noites agitadas enquanto parecíamos estar em casa na Holanda e na Suécia. Poderíamos simplesmente esquecer tudo na América e comprar uma casa aqui também.

...

- Não, James, eu disse que a matéria iria permanecer na página 26 e as imagens a Halsey as tem. Você pode ir no meu computador ou pedir o pendrive com tudo organizado pra Danny. – Camila fez uma pausa. Eu estava deitada na cama a esperando para dormir enquanto ela caminhava em círculo pelo quarto. – Okay, você vê mais tarde então. Ei, falando na Danny, ela está bem de verdade ou vem mentindo pra mim pelo telefone? ... Não, eu só perguntei porque você sabe que sou paranoica em saber se realmente estão bem. ... É, eu sei.

Ela continuou seus círculos pelo quarto enquanto eu peguei a câmera para checar as últimas fotos. Teria um trabalho enorme para selecionar, editar e trabalhar com as melhores fotos para enfim saber o que eu faria com elas em relação a exposição. Eu nem ao menos tinha um tema em mente, ou eu simplesmente poderia mostrar a Europa uma vez que eu tinha ótimas fotos dos países que visitamos.

- Não seja idiota, James. Eu sei disso. Cale a boca e faça o que eu te pedi. – Gargalhou alto e minha impaciência com sua ligação demorada me revirou a cabeça.

Ela estava passando pela cama novamente quando eu levantei de joelhos na cama e a puxei para mim. Camila dando um grito e me batendo na coxa enquanto riamos.

- Sim. Nós estamos voltando amanhã. Vê se não faz uma bagunça com o trabalho. Eu dou a última checagem e verifico tudo ainda de manhã. Não vou perder a campanha. – Continuou sua conversa enquanto eu a tentava beijar o pescoço, mas ela se esquivava. - Okay, James. Eu tenho que ir. Tem uma garota impaciente perturbando o meu juízo para ir dormir. Nos vemos amanhã na editora. Até mais. Boa noite.

Finalmente desligou o celular e eu o puxei da sua mão o jogando para a poltrona do outro lado do quarto. Ela tinha uma expressão receosa quando joguei o aparelho, mas relaxou quando não ouviu o barulho do mesmo se partindo ao chão.

Tinha o rosto mais bonito do mundo. O cabelo levemente bagunçado e a pontinha do nariz avermelhada pelo frio extremo do lado de fora da sacada com portas abertas. Nós deveríamos as ter fechado mais cedo, mas nenhuma havia se dado conta de que congelaria esta noite na Suíça.

- Você é tão linda. – Falei contornando os detalhes do seu rosto com a ponta do meu dedo. Camila sorriu e fechou os olhos.

- Você é impaciente. – Respirou fundo e em um movimento rápido levantou da cama me deixando mais inquieta ainda.

- O que está fazendo? – Perguntei confusa sem saber porque ela havia saído da cama. Ganhei um sorriso em resposta e ela desapareceu para o banheiro. – Camz?

- Estou indo. Eu preciso fazer xixi. Você pode fechar as portas da varanda? Está frio. – Falou mais alto do banheiro e eu fiz o que deveria ter feito mais cedo, ainda assim teríamos uma noite gelada demais. – Terminou de guardar as coisas na sua mala? Iremos sair bem cedo amanhã.

- Não. – Respondi voltando a cama em um salto.

- Não o que, garota? – Colocou a cabeça para fora da porta do banheiro.

- Não terminei de guardar as coisas e não quero voltar. – Dei de ombros. Ela sorriu. – Por favor, só mais uma semana.

- Eu passaria mais um ano aqui com você nessa viagem, mas... – Voltou do banheiro secando as mãos. – Diferente de você, eu tenho um emprego a manter porque gastei meu dinheiro comprando presentes caros para a melhor namorada do mundo. Então sim, precisamos voltar amanhã e você tem uma reunião sobre sua exposição, lembra?

- Vai comigo? – Fiz uma expressão pidona e ela gargalhou antes de voltar ao banheiro, deixar a toalha de mãos em seu lugar e apagar a luz do ambiente.

- Pra sua reunião? – Perguntou ao voltar ao quarto.

- Sim?

- Você não já está grande demais para que eu tenha que te acompanhar em reuniões? – Sorria enquanto enfiava algumas roupas na minha mala e a fechava com dificuldade. Nós havíamos comprado roupas a mais durante a viagem.

- Eu sou apenas uma garota. – Pressionei os lábios tentando não rir e ela gargalhou largando as coisas e pulando sobre mim na cama. – Você quem me chama de garota. Eu acabo acreditando.

- Você é uma mulher linda, corajosa, independente, maravilhosa, talentosa, sexy, confiante, gostosa,... – Disse pausadamente enquanto me beijava o rosto. - Ai, Lauren!! Você beliscou minha bunda.

- Você está com o joelho entre as minhas pernas e se não quiser que isso acabe de madrugada é melhor mover o joelho para longe daí. – Falei séria e ela sorriu maliciosamente. Como se eu não soubesse o que ela faria a seguir, ela simplesmente empurrou o joelho mais forte contra mim e abriu um sorriso maior.

- Melhor? – Perguntou elevando uma sobrancelha.

- Você está pedindo por uma despedida na Suíça? – Serrei o olhar em sua direção.

- É que está um pouco frio e temos uma cama muito grande para não a usar direito. – Piscou e empurrou o corpo um pouco mais contra o meu me fazendo inclinar o quadril contra ela. Havia um sorriso vitorioso demais em seu rosto e eu o amava exatamente assim, com seu sorriso mais poderoso.

Nós tivemos nossa última noite da tour pela Europa o mais quente e frio possível. Estava nevando do lado de fora, mas dentro do quarto eu me sentia em Miami no verão. Eu podia me acostumar com frio por 6 meses se ela fosse me aquecer assim todas as noites.

O último dia na Suíça foi bem diferente dos demais da nossa viagem. Nós comemos algo rápido que havíamos pedido para o quarto do hotel. Arrumamos os restos das coisas. Tomamos um banho extremamente rápido e corremos para o aeroporto uma vez que havíamos acordado atrasadas pela primeira vez e se não corrêssemos perderíamos o vôo de volta a Nova Iorque.

Estávamos cansadas de vôos longos e curtos. Haviam sido bastantes ou pegávamos trens para todos os lados, o que acabou economizando mais dinheiro nas visitas.

Eu praticamente apaguei em cima da Camila em menos de 10 minutos de vôo e é claro que ela teve de dormir um pouco também, porque quando acordei horas depois, ela dormia parecendo desconfortável na poltrona. Mudei nossas posições e a deixei relaxar sobre meu ombro ou ela acordaria reclamando.

Ainda estávamos longe de Nova Iorque e mesmo que eu não costumasse ser fã de filmes das aeronaves, me peguei prestando atenção ao que estava passando apenas por ser Alice no país das maravilhas.

Camila acordou. Nós comemos algo enquanto riamos controladamente sobre algo divertido que relembrando da viagem. Eu dormi de novo. Acordei. Camila cochilou, mas acordou logo em seguida. Ficamos olhando um ponto fixo enquanto nos aninhávamos desconfortavelmente nas poltronas pequenas e apertadas da aeronave. Camila quis pegar a primeira classe, mas achei besteira pagar tão caro sendo que no final estaríamos no mesmo destino. A fiz comprar na classe econômica e aqui estávamos nós nos imaginando relaxadas, confortáveis, alimentadas corretamente e relaxadas novamente, não podemos esquecer disso, se estivéssemos nas poltronas da primeira classe.

- Você pode comprar na primeira classe quando formos fazer uma viagem tão longa. Eu mal percebi o quão desconfortável isso era quando vimos para Londres. – Falei com a cabeça deitada sobre seu ombro. Camila acariciava meu cabelo muito suavemente.

- Você não percebeu porque literalmente dormiu a viagem toda, amor. Você acha que eu teria quase iniciado uma briga para comprar lugares mais confortáveis? – Falou sutilmente.

- Mas eu não queria que tivessemos que gastar mais dinheiro. Eu já tenho que pagar a mensalidade do apartamento nos próximos três meses e você me comprou o carro e...

- Garota, eu estava brincando. – Riu bagunçando meu cabelo.

- Sobre o carro? – Me afastei a olhando confusa e talvez um pouco receosa. Eu estava me acostumando com a ideia de ter um carro finalmente.

- Não. O seu carro estará te esperando quando chegarmos. Estava brincando sobre você ter que pagar o aluguel do apartamento. Eu não fiquei tão sem dinheiro porque ainda estou pagando o seu carro. Ou esteve pensando que compraria uma carro a vista? – Continuou rindo e puxou minha cabeça de volta ao seu ombro.

- Eu só pensei que... Sei lá. – Dei de ombros e ganhei um beijo no topo da cabeça.

- Quando chegarmos a Nova Iorque, vamos direto pra casa, pedimos comida para o apartamento e antes de subir, te mostro seu bebê na garagem. – Respirou fundo cansada.

- Você é meu bebê e não fica na garagem. Você fica na cama. – Sorri.

- O bebê aqui é você, Lauren. Cale a boca. – Me empurrou o braço rapidamente e me puxou de volta. Me afastei.

- Não sou bebê nenhum. – Franzi as sobrancelhas e ela me encarou com cara de deboche.

- Você viaja com um urso de pelúcia, amor. – Apontou para Nala.

- Não é um urso de pelúcia. Ela é uma leoa e se chama Nala.

- Ahaam... Nenhum bebê aqui. Deita essa cabeça aqui antes que eu te deixe sozinha com a Nala e ache um cara legal na primeira classe. – Me puxou outra vez e nós duas gargalhamos.

Ficamos em silêncio outra vez. Eu podia apenas sentir sua respiração cansada e seu cheio mais que agradável. Ela continuou a mexer no meu cabelo me fazendo quase cochilar, mas não queria dormir então tentei trazer qualquer assunto de volta.

- Um cara legal? – A perguntei chamando sua atenção.

- O que? – Perguntou de volta confusa sobre o que eu falava.

- Você disse que se eu não me aquietasse você me trocaria por um cara legal da primeira classe. – Me afastei e ela tentava segurar um riso. – Vai me trocar por um homem?

- Eu não disse isso. – Deu de ombros entrando na brincadeira.

- O que um cara tem que eu não tenho? – Me fiz de dramática e ela gargalhou fazendo o homem da poltrona na outra fila nos encarar com reprovação.

- Você sabe o que não tem. – Piscou. – Não que eu queira de volta, porque eu realmente não...

- Eu posso comprar um se você quiser. – Sorri confiante. Ela perdeu a fala e me encarou séria, confusa e incrédula sobre o assunto que havíamos acabado de entrar.

- Você não vai comprar nada. Eu não preciso disso.

- Não estou dizendo que precisa, só achei divertido a ideia. E já que você foi a única a realmente se envolver com caras antes, eu não me incomodaria em usar com você.

- Lauren, pare. Eu...

- Estou alimentando a sua imaginação? – Sorri maliciosamente com a confusão que ela tinha no rosto e a respiração suavemente alterada.

- Eu disse pra parar. – Disse séria dessa vez e se sentou direito na poltrona enquanto esticava a coluna. Deveríamos estar na metade do oceano para casa.

- O que está imaginando? – Me aproximei dela e falei mais baixo perto ao seu ouvido. Camila se esquivou e me encarou novamente séria.

- Não. Pare e se sente direito. Acho que já estamos perto.

- Não estamos não. Você errou dessa vez e só esta me mandando pra longe porque essa deve ser uma ótima imaginação pra você. Eu posso comprar de verdade se quiser. – Sorri novamente.

- Pare de tentar me fazer te imaginar usando essas cintas em mim. Você não vai comprar esses cacetes.

- Cacetes? – Ri contra o seu ombro.

- Lauren, para. Por favor.

- Me diz o que tem na sua mente e eu juro que eu fico quieta o resto da viagem.

- Não vou falar. Aquele homem está nos encarando agora e esta me incomodando. – Falou olhando rapidamente para o lado. O mesmo homem que antes tinha os olhos em reprovação na nossa direção agora parecia um tanto curioso demais sobre nossa conversa.

- O que está olhando? Perdeu algo aqui? Tire os olhos da minha namorada, seu idiota. – Falei me jogando por cima da Camila e ela me empurrou de volta assustada. Ele virou o rosto pra frente pelo menos.

- O que diabos está fazendo? – Perguntou com uma expressão surpresa.

- Ele estava te incomodando. O coloquei em seu lugar. Não gosto de nenhum homem e nem mulher te olhando demais. Você é só minha. – Tentei a abraçar, ela não se afastou e olhou novamente o homem ao lado que agora fingia ler seu jornal sem retornar a nos olhar. Sim, pense que eu sou uma lésbica louca e posso arrancar sua traquéia se olhar demais para a minha mulher. Tive que brigar bastante para a ter, então é bom se manter longe.

- Você é louca. – Sussurrou.

- Você é linda, gostosa, inteligente, talentosa, a melhor editora chefe de Nova Iorque e é todinha minha. – Sorri a beijando o rosto. Camila finalmente voltou a rir.

- Acho que assustou o homem. – O olhou novamente. Ele parecia uma estátua.

- Que ótimo. É bom que o tenha assustado mesmo. – Sorri outra vez confiante. - Vamos, Camz. Me conte o que estava imaginando.

- Não vou falar nada, garota. Esse assunto acabou e nem deveria ter existido. Eu vou ao banheiro. Espera aqui. – Me deu um beijo rápido na testa e levantou da sua poltrona. A encarei caminhar até que ela entrasse em uma das cabines de banheiro. Agora o homem me encarava novamente.

- O que é? Tem algum problema? – O perguntei pulando da minha poltrona para a da Camila, assim ficando mais próxima dele.

- Não. Desculpa. Eu só pensei as conhecer de algum lugar. – Falou confuso, mas logo voltou o rosto ao seu jornal. Conhecer de que infernos de lugar? Eu nunca o havia visto na vida.

- Conhecer? – Perguntei também confusa agora.

- Sim. Desculpe, eu devo estar confuso. Não irei mais as incomodar. – Falou formalmente e ergueu novamente o jornal para ler. Agora eu tinha uma pulga atrás da orelha para descobrir se aquele homem nos conhecia realmente ou não.

Camila estava demorando mais do que deveria ao banheiro, então passando mais alguns minutos, me peguei inquieta levantando da poltrona e indo atrás dela.

- Camz? Está tudo bem? – Perguntei dando suaves batidas na porta, que foi aberta segundos depois e uma mão me puxou pela roupa para dentro do banheiro. – Hey...

Eu não tive tempo para falar mais do que isso, Camila me beijou enquanto me empurrava contra a porta da pequena cabine. Me vi surpresa e assustada com seu gesto inesperado, mas não reclamei ou a empurrei. Eu simplesmente a beijei de volta e tentei corresponder a toda sua explosão.

- O que foi isso? – Perguntei quando ela cortou o beijo e descansou a testa contra a minha permanecendo com os olhos fechados e a respiração ofegante.

- Nunca mais tente me provocar dentro de um espaço onde não podemos fazer nada. – Sussurrou séria e finalmente abriu os olhos. Eu sorri. Eu sabia que ela estava imaginando algo pervertido quando suas bochechas coraram e ela se mexeu inquieta se endireitando na poltrona.

- Podemos fazer algo aqui. – Apertei minhas mãos em sua cintura um pouco mais forte e ela apertou a mandíbula.

- Não. Nós vamos voltar aos nossos lugares e você vai ficar quieta o resto todo da viagem. Okay? – Não desviou o olhar do meu e esperou qualquer resposta. Eu sorri e tentei a beijar de novo, mas ela me empurrou outra vez contra a porta da cabine. - Lauren!

- Me conta o que tinha em mente e eu fico quieta.

- Não. Te conto quando estivermos em casa. Agora vamos sair do banheiro e voltar a ficar quietas até pousarmos. – Soltou meus ombros e tentou arrumar seu batom borrado no pequeno espelho da cabine.

- Tudo bem, mas você vai me contar. – Sorri e ela revirou os olhos. – Hey, você conhece aquele cara que estava nos olhando? Ele disse que pensou nos conhecer de algum lugar.

- Não. Não sei quem é. – Falou terminando de arrumar seu batom novamente e abriu a porta atrás de mim me empurrando para fora junto com ela. – Fique quieta agora. Pelo amor de Deus!

- Nossa, você falou Deus, realmente tenho que ficar quieta.

- Pare de ser boba, garota. Vai, senta longo aí. Você está sendo inconveniente demais nessa viagem. – Me empurrou de volta as nossas poltronas e se sentou ao meu lado como antes.

- Você não reclamou nenhuma vez. – Dei de ombros com um sorriso no rosto. – Mas vou ficar quieta agora, já que é o que você quer. Tem algum fone aí?

- Fone pra que?

- Colocar nas orelhas e ouvir algo?

- Usa os da aeronave. – Tirou seu livro da bolsa que eu puxei pra mim a procura dos fones. Eu não usaria os fones sujos de aeronave. - Okay, pode usar os meus.

- Obrigada. Te amo! – Peguei os fones e devolvi sua bolsa enquanto a beijava o rosto rapidamente.

Ouvir música e olhar as fotos da câmera foram minhas últimas tarefas durante a viagem. Havia ouvido dois álbuns inteiros e outras músicas soltas no Ipod quando finalmente nos foi informado que estávamos em Nova Iorque.

Outros longos minutos e desembarcamos. Eu podia sentir meu corpo cansado e a mente também, mas me vi ansiosa em conhecer meu carro e em comer algo real sem ser comida barata de avião antes de me jogar na cama e dormir um pouco.

Não pedimos comida para o apartamento e sim compramos algo no restaurante próximo ao apartamento. Foi bom poder escolher o que realmente comer quando pedimos para viagem. Camila permaneceu no táxi, já que nossas malas estavam lá e foi direto ao edifício. Caminhei alguns passos até a encontrar na recepção. Estava conversando com nosso porteiro, Marcos.

- Devem estar cansadas, não? É uma viagem longa. – Ele falou a ajudando com nossas malas. Havia uma extra agora com presentes.

- Foi bem longa e cansativa, mas estamos de volta e isso é o que importa. Eu posso finalmente dormir na minha cama. – Jogou os braços para o alto e riu. – Tem alguma correspondência pra gente?

- Sim, eu as deixei debaixo da porta de vocês. Não quis deixar aqui com medo de as perder. – Falou encarando ela com certo receio.

- Tudo bem. Ótimo. – Sorriu como agradecimento. – Se importa de olhar nossas coisas só enquanto vamos a garagem? Lembra do carro? Ela ainda não viu.

- Não viu? Pensei que tivesse dito. – Marcos sorriu olhando pra mim.

- Não. Se eu a tivesse dito antes, ela não viajaria comigo para ficar com o carro. – Camila gargalhou e eu quase bati os pés inquieta para descobrir mais sobre meu presente. – Okay, você pode olhar? Não vamos demorar muito. Eu preciso de um banho e da minha cama.

- E comer isso aqui antes também. – Falei balançando a sacola com nossa comida no ar. O fuso horário é realmente a pior coisa do mundo. Saímos de manhã e chegamos quase meio dia. Eu realmente morreria com isso toda vez.

- Sim. Podem ir lá. Estou olhando as bagagens. – Aceitou nosso pedido e Camila piscou com um sorriso como agradecimento.

Ela me puxou pelo casaco como costumava fazer sempre e então saímos na garagem do edifício. Haviam alguns carros, mas não muitos, uma vez que era dia e as pessoas deveriam ter pego seus veículos para o trabalho.

Estávamos caminhando em direção a dois carros pretos, mas tive quase certeza de já os ter visto aqui, então quando passamos por ele e a única coisa a seguir na nossa frente foi um Jeep Compass branco, eu travei os calcanhares e parei de caminhar.

- O que foi? Você está bem? – Me perguntou com uma expressão levemente preocupada, mas talvez eu só estivesse fazendo drama, ou não. Eu poderia realmente morrer.

- Você me comprou um Jeep? – Perguntei de volta e ela olhou outra vez em direção ao carro. Sorriu.

- Claro que não, sua louca. O seu carro está atrás do Jeep. – Gargalhou e continuou andando. Minha expectativa havia ido no chão, mas a trouxe de volta confiando que seria um presente incrível. Como papai costumava dizer, um carro era um veículo que tivesse 4 rodas e pudesse te transportar para lugares. – Vem, está bem aqui.

Ela parou ao lado do Jeep e continuou olhando para frente em direção ao carro atrás dele. Quando a alcancei, minha cara literalmente revirou e a encarei mais confusa ainda.

- É um carro futurista que fica invisível? – Perguntei divertida e confusa ao mesmo tempo.

- Poderia ser, mas não. É esse Jeep mesmo. Eu te via babando nele toda vez que passávamos em frente a um ou você o via na TV. Eu ainda estou em duvida se você realmente não tem uma pasta com fotos desse carro no seu celular, mas eu te comprei o certo? Era esse mesmo? – Perguntou me encarando receosa e eu pensei que agora morreria de verdade, mas não pelo carro e sim por ela a minha frente.

- Sim. É esse mesmo. – Respondi sorrindo para ela sem dar mais importância alguma ao veículo. É claro que eu o olharia e surtaria depois, mas agora eu tinha que permanecer com meu olhos somente nela.

- Por que está chorando? Lauren? – Deu dois passos na minha direção e segurou meu rosto em suas mãos enquanto enxugava as lágrimas que eu não percebi estarem rolando. – O que aconteceu?

- Por que me comprou um carro? – Perguntei.

- Porque eu te amo muito, meu amor e eu sei o quanto nós duas queríamos um carro para poder parar de usar taxis e ubers. Você não gostou dele? Eu errei na cor? Pensei que gostasse dele branco. Podemos trocar pelo preto, talvez. Você prefere o preto? – Ela tinha a expressão agora mais preocupada do mundo e eu queria rir por dentro por pensar que ela estava se preocupando com bobagens e eu não a deveria deixar, mas eu continuei chorando. – Me diz se eu errei em algo. Eu preciso concertar.

- Você não errou em nada, Camz. Eu só... Eu não sei se mereço isso. Eu também te amo muito e sim, é o carro que eu sempre quis, a cor é certa e ele é incrível, mas... Queríamos um carro e você o comprou pra mim?

- Nós já falamos sobre isso, amor. É um presente de aniversário. – Beijou meu rosto. – Você vai ter que ser minha motorista particular agora, mas eu posso o dirigir também se não quiser sempre estar na direção, mas ele é seu. Está no seu nome. É só um presente. Um pouco caro, talvez, mas eu o te dei com todo o amor do mundo. Por favor, não diga que não o merece. Você sempre foi boa demais pra mim, mesmo quando eu te mandava pra longe e te mantinha confusa, você sempre foi a melhor pra mim. Não vê o quanto mudamos? Eu bem mais que você. Eu como quase todas as refeições do dia e nós acabamos voltar de férias. Eu nem ao menos lembrava como era estar longe do trabalho assim. – Sorrimos juntas. – Você merece muito mais do que um carro e eu espero me deixar estar ao seu lado para que eu possa te dar tudo o que ainda tenho em mente.

- Eu não sei o que dizer. – Sorri atrapalhada porque minha mente agora era um círculo infinito de linhas pretas indo para lugar algum. Eu só poderia pensar que nunca seria impossível a amar um pouco mais por tudo o que ela era pra mim e para o mundo todo.

- Não precisa dizer nada, garota. Apenas permaneça ao meu lado, okay? – Me beijou rapidamente e eu a abracei o mais forte e confortável que pude. – Vamos dar uma olhada rápida no seu novo brinquedo? Só não esqueça que isso é vida real e você só tem uma vida nesse jogo. Não morra ou eu te mato.

- Como vai me matar se eu estiver já morta? – Gargalhei e ela desfez o abraço e me guiou em volta do carro em direção a porta do motorista.

- Eu vou invocar o seu espírito e te matar de novo. – Piscou e então tirou a chave do carro de dentro do bolso do seu casaco. - Aqui, é todo seu.

Eu deveria estar dormindo dentro do avião ainda em direção a Londres e tudo não se passava de um sonho louco que minha mente criou. Iriamos a Londres e depois voltaríamos pra casa. Pegaríamos muitos taxis e brigaríamos porque eu queria comprar um carro. Então eu vencia a discussão e não comprava um Jeep, mas sim um carro bem mais barato. Eu sentia que estava prestes a acordar e quando eu abri a porta do carro e vi o painel, eu literalmente acordei.

- Vamos, entre aí. – Falou animada. O seu celular tocou. – Espera um minutinho, é o James.

Camila se afastou um pouco após atender o celular e eu quis chorar outra vez por estar olhando o painel do carro. Meu carro. Deus! Papai surtaria quando eu o contasse que tinha um carro. Um incrível Jeep Compass.

Me encostei no banco e coloquei as mãos sobre o volante. Eu poderia gemer agora com essa sensação, mas ao ouvir a voz mais alta da Camila e totalmente alterada, me fez sair do mundinho feliz dentro do Jeep e voltar a realidade. James a havia contado algo e pela expressão em seu rosto na minha direção, havia acontecido algo e não era realmente bom.

Leiam a nota final. Indiquei uma fanfic que se chama Surrender e o link está nos comentários.