Chara, imediatamente desviou o olhar para o grupinho no outro lado da sala, fechou o livro e levantou-se.
— Brian, deixa ele. — No momento que Brian iria dar um soco em Frisk, Malyna entra na sala, jogando sua mochila em uma cadeira qualquer. — Não precisa fazer isso.
— Mas... — Brian a olha confuso. — Malyna...
Malyna estava com uma expressão melancólica e seus olhos estavam vermelhos, provavelmente teria passado a noite chorando pelo o que acontecera no dia anterior. Assim que viu a garota naquele estado, um ódio por Frisk cresceu em seu corpo e a vontade de dar uma surra no mesmo só aumentava ainda mais.
— Eu disse que não precisa fazer isso. — Ela anda em direção aos dois e desvia seu olhar para Frisk. — E quanto a você, seu imundo, fique com aquela vadia, eu não vou mais te perturbar.
Chara sentiu um aperto no peito, ela tinha arranjado muitos problemas para o irmão, se fosse outra menina, nada disso teria acontecido.
Ela encostou a cabeça sobre a mesa e fechou os olhos, escutou a cadeira ao lado ser arrastada e ficou quieta, não queria arranjar mais problemas. Alguns minutos depois, sentiu as mãos do mais alto no alto de sua cabeça, ela abriu os olhos e forçou um sorriso, não queria vê-lo triste.
— O que foi?
— Fala comigo, gatinha. — Escutou Frisk murmurar enquanto um sorriso tristonho tomava conta de seu rosto.
Teria dito algo para alegrar o irmão, mas o professor de física entrou na sala, ele era jovem, devia ter 24 anos e olha, pra um professor ele era realmente muito bonito, sempre bem vestido e carregava consigo uma maleta onde levava as provas e trabalhos dos alunos, mas ele tinha a fama de "curtir" com as alunas.
— Senhorita Dreemurr — Escutou o professor chamar e colocou sua atenção no mais velho. — Pode entregar as provas? Como todos já sabem, ou deveriam saber, a prova é em dupla, mas as folhas são individuais. Podem consultar o colega, mas usem suas próprias respostas.
Chara se levantou e caminhou até o professor, então segurou as provas e arqueou a sobrancelha esquerda quando viu o mais velho piscar para ela.
Simplesmente se afastou e passou a entregar as folhas, quando chegou na fileira onde os amigos de Frisk estavam e passou pela mesa de Brian, esticou a mão para entregar a folha e sentiu uma ardência na mão esquerda, mirou a palma e pôde ver um corte fino e um pouco fundo.
Chara encarou o menino por alguns segundos, então escondeu a canhota atrás das costas e passou a entregar as outras provas, ela não queria arranjar mais problemas para o irmão.
Logo, ela voltou para o seu lugar e escondeu a canhota no bolso da jaqueta, forçou um sorriso para o mais alto e virou o rosto.
— Ei. — Frisk passa a mão pelas madeixas da garota. — Tá tudo bem?
— Claro. — Chara força um sorriso novamente. — Vamos começar a fazer logo esse teste.
— Vai me deixar fazer? Nossa, você realmente não está bem. — O garoto murmurou enquanto puxava a prova para mais perto.
— A nota é individual, seu idiota.
Frisk deu um sorriso, ele adorava o jeitinho raivoso de Chara e adorava mais ainda o jeito carinhoso que era exclusivo para ele e somente ele.
Chara, como sempre, resolvia as questões sem dificuldade, ela era muito inteligente e entendia todos os assuntos, tirava as notas mais altas da sala e era deveras dedicada. O garoto mal conseguia concentrar-se em seu teste, apenas olhava com cara de bobão a menina que estava sentada ao seu lado.
Ele se sentia mal por seus amigos estarem com raiva dele, se sentia mal por ter magoado Malyna e também por ter causado constrangimento a Chara, mas ele sabia que tudo valera a pena e passaria por tudo de novo só para estar com aquela garota.
Chara ergueu sua cabeça e olhou para o lado, viu seu irmão praticamente babando e então olhou para seu teste. Nem o nome o garoto havia escrito.
— É desse jeito que quer passar nos vestibulares? — A garota murmura o olhando seriamente. — Um idiota mesmo. Só vou te deixar copiar as minhas respostas porque você é um babaca.
Esticou a mão sobre o papel e passou para ele, viu o irmão copiar cada questão, então arqueou a sobrancelha e virou o rosto.
— Pronto, agora vai entregar. — Ela murmurou enquanto entregava a própria prova.
Viu o irmão sorrir e caminhar até o professor, então, voltou até o próprio lugar e sentou novamente ao lado de Chara.
— Minha gatinha está estranha, o que aconteceu? — Ele sussurrou enquanto sorria.
A garota virou o rosto, então apoiou o rosto na destra e apertou a canhota no casaco, soltou um grunhido baixo e arqueou a sobrancelha quando viu a expressão confusa do mais velho.
Chara sorriu.
— Está tudo bem, Frisk... Não se preocupe.
— Não diga que está tudo bem, eu te conheço. — Frisk murmura. — Quer falar sobre isso quando chegarmos em casa?
— Se você insiste... — Chara pega sua mochila e a coloca em cima da carteira, deitando assim seu rosto sobre ela.
Realmente, ela não estava bem. Sentia-se culpada por ter causado problemas a seu irmão, por terem o ignorado e o tratado de forma ríspida. Ela queria arrumar um jeito de consertar as coisas, mas, como faria isso?
Após alguns minutos que mais pareciam horas, o sinal do intervalo bate. Frisk se levantou e foi em direção a seus amigos com a intenção de se desculpar, mas eles o ignoraram e saíram da sala, deixando apenas Chara e ele no local.
— É, eu acho que eles não estão afim de papo hoje. — O garoto senta-se novamente ao lado de Chara, dando uma risada forçada.
— Desculpa. — A garota entrelaça seus dedos com os de Frisk. — Eu não queria ter causado tudo isso.
— Gatinha, não se preocupe. — Ele se aproxima e lhe dá um abraço apertado. — A culpa não é sua, tá? Fui eu que causei essa confusão.
— Mas...
Antes que Chara pudesse dizer algo, Frisk deposita um beijo em sua testa e faz carinho em sua cabeça.
— Eu disse pra não se preocupar.
— Eu te amo. — Chara sussurrou enquanto retirava a canhota do bolso e encostava a ponta dos dedos na bochecha do mais alto. — Ouviu? Eu não vou repetir.
Virou de costas para o mais alto e cruzou os braços, estava com a expressão ruborizada, sabia que ele ficaria feliz com isso já que nunca havia dito, mas isso não diminuía sua timidez.
O coração de Frisk acelerou. Sua face foi tomada por um rubor e seu estômago encheu-se de borboletas.
Ele estava feliz.
Aproximou-se ainda mais da garota e a abraçou por trás, encostou sua bochecha com a dela e fechou os olhos.
— Eu também te amo, minha gatinha. — O moreno deu um beijo suave na face ruborizada da mesma e sorriu.
Chara pôs suas mãos por cima das mãos do mesmo e fez carinho em ambas, ela nunca havia se sentido tão feliz desde a morte de Asriel. Realmente, aquele era um momento especial e não deixaria ninguém tirá-lo dela, nem que precisasse matar para isso.
A garota de virou e ficou de frente para Frisk, fez carinho em seu rosto e selou os lábios com os dele.
Chara poderia afirmar com toda a certeza que os lábios do mais alto eram viciantes como uma droga que necessitasse a todo momento, mas precisou se conter. Eles estavam em uma sala de aula, e não em um quarto em sua casa, o risco de alguém vê-los era grande e ambos não queriam isso.
Chara afastou levemente o rosto, então deslizou as mãos pelo rosto do mais alto e mostrou a canhota, o sorriso de Frisk diminuiu aos poucos, até se tornar um olhar preocupado.
— Quem fez isso com você? — Escutou ele perguntar com a voz repleta de seriedade.
Ficou na ponta dos pés, então selou os lábios com os dele e abaixou a cabeça.
— Me desculpa...
— Quem fez isso com você, Chara?
— ... Aquele menino, o que tentou ia te bater antes da aula, mas não tem problema, Frisk, eu estou bem.
— Por que não me contou isso antes?
— Eu não queria causar mais problemas, desculpa... — Ela desvia o olhar para um canto qualquer da sala.
— Tá doendo muito? — O garoto segura a mão de Chara com delicadeza.
— Não, só está ardendo um pouco.
Frisk tira um band-aid que guardava no bolso e o coloca no machucado da garota. Ela cora levemente por sua ação, não estava acostumada com esse tipo cuidados.
— Você sempre guarda essas coisas velhas consigo? — Chara sorri sarcasticamente e Frisk solta uma gargalhada leve.
— É sempre bom andar prevenido.
Chara sorriu e selou os lábios com os dele, logo se afastou e voltou para o seu lugar.
— Chara, o professor de educação física está te chamando no pátio. — Ouviu uma menina de cabelos negros e olhos castanhos murmurar enquanto empurrava a porta. — Ele quer perguntar sobre as fichas...
— Fichas? Que fichas? — Ela se levantou e caminhou até a menina, então olhou para Frisk como se falasse que "já voltava".
Seguiu a menina até o local falado e olhou em volta, pode ver que estava vazio, apenas Chara e a garota estavam ali.
Escutou uma risadinha vindo do banheiro e arqueou a sobrancelha esquerda.
Malyna estava acompanhada de uma amiga e dois garotos, se antes ela estava triste pela desilusão amorosa, agora estava cheia de ódio no olhar.
Recuou alguns passos, não confiava na menina e nem em seus amigos, mas sentiu os braços agarrados por dois meninos que ela não tinha idéia de onde saíram, apenas olhou para a ruiva e mexeu as pernas afim de chutar os dois homens.
— É engraçado, você realmente achou que poderia roubar o que é meu. — Ouviu Malyna dizer, a garota pegou um cigarro e o ascendeu com um esqueiro, então sorriu e após dar uma tragada, soltou o ar no rosto de Chara.
— Eu não roubei nada seu. — Ela disse enquanto tentava puxar os braços.
— Sabe, eu NÃO sou má. Eu só vou dar a vadia o que toda a vadia gosta. — Assim que Malyna disse isso, os dois meninos que estavam ao seu lado sorriram.
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