Almas rebeldes, desertores nós somos chamados
Escolha uma arma e jogue fora a espada
Agora essas cidades, todas elas sabem nossos nomes
O som do revólver é a nossa reivindicação da fama
Eu posso ouvi-los dizer
Má companhia, eu não irei negar
Má, má companhia, até o dia em que eu morrer
Até o dia em que eu morrer.
(Bad Company/Bad Company).
...- Calma... Ainda é cedo.
- Demi, você sabe que horas são?
- 1h30? - Pondero.
- São quase quatro da manhã. E essa foi a hora que eu levantei hoje... Ontem... Sei lá. - Falou apagando a luz. - Boa noite.
- Boa noite. - Falei desanimada.
- Vem aqui, meu amor. - Abraçou-me.
Novamente adormeci em seus braços. E isso é muito bom.
NARRAÇÃO LOVATO
Meu Deus... Aquilo que aconteceu ontem, de certa forma, libertou-me de uma possível vida traumática.
Óbvio... Senti muito medo e insegurança. Mas o Adam fez isso mudar. Sinto-me mais leve, como se houvesse retirado uma carga pesada das minhas costas: o medo.
- Demetria Devonne Lovato. - Uma voz suave invadiram meus ouvidos.
- O que foi? - Falo sonolenta.
- Acorda. Você vai se atrasar.
- Pra quê?
- Esqueceu que você tem aula hoje?
Viro em sua direção.
- Aonde você vai? - Questiono, referindo ao fato dele estar arrumado.
- Gravação do programa. Tenho que estar lá no set de gravações às 9h.
- Programa? Que programa? - Indago aérea.
- Demi, você ainda tá dormindo?! - Disse com um meio sorriso no rosto.
- Claro que não.
- Você tá parecendo drogada. - Riu.
Após alguns segundos, digo:
- Ah! O The Voice.
- Isso, o The Voice.
- Não é pra você ser malvado com os participantes.
- Eu? Malvado?! Eu sou o mais legal daquele programa. - Falou se gabando.
- Mas você não parece ser. - Falei entredentes. - É que você faz uma cara muito séria na hora que eles estão cantando. Até dá medo.
- Que exagerada... Eu fico sério porque preciso prestar atenção na voz dos participantes. Por isso.
Rio. - Tão centrado...
- Claro... Mas e aí? Você tá melhor?
- Tô sim. - Esboço um sorriso de canto.
- Você vai ficar bem sozinha? Ou quer que eu fique mais um pouco com você?
- Mas você não vai se atrasar?
- Não... Ainda é cedo. É que o meu assessor é muito exagerado. - Falou franzindo a testa. - Se você quiser, dá pra mim ficar mais.
- Então eu quero. - Abro um sorriso.
- Demi... - Falou se sentando ao meu lado, na beirada da cama. - Ontem eu nem quis falar, mas como hoje você tá melhor... Bom... Você sabe que aquilo que aconteceu entre nós, nos faz ficar ainda mais próximos. E já que estamos ainda mais unidos, eu quero que saiba que você pode contar tudo pra mim. Você pode sempre confiar em mim. Além de seu namorado, eu sou seu amigo. Eu quero poder te ajudar em tudo. Nos seus problemas, nos seus medos... Em absolutamente tudo.
- Desculpa... - Falei cabisbaixa.
- Ah, não... Essa vozinha de novo não.
- O que fiz?
Esmagou-me num abraço. - Você é muito fofa.
- Ai, Adam, você tá me esmagando. - Minha voz soou sufocada. Fiz com que o peso do meu corpo o empurrasse, fazendo com que caíssemos no chão.
Soltei uma gargalhada.
Envolvi meus braços em torno de seu pescoço.
Adam levanta o tronco. Segura em minhas pernas e levanta-se comigo em seus braços. Coloca-me na cama.
- Eu vou fazer um cafezinho pra você. - Beijou minha cabeça.
Ele saiu do quarto e eu levantei.
Preciso me arrumar.
Levanto-me.
Apanho algumas roupas e troco-as.
Faço meus hábitos matinais, como sempre costumo fazer.
Após isso, passo uma leve maquiagem no rosto.
- Você é tão linda. - Senti seus braços envolvendo-me por trás.
Virei-me em sua direção e o abracei.
- Eu te amo. - Falei.
Beijou-me de leve.
- Acho que o gelo não funcionou. - Comento preocupada.
- Eu sei... Essa merda tá ficando cada vez pior. - Falou referindo-se ao hematoma próximo do seu olho.
- Desculpa. - Falo esmorecida.
- E o pior é que eu apanhei de uma mulher.
- O que você vai responder quando te perguntarem? - Pergunto rindo.
- Não sei. Talvez eu fale que eu tenha bebido muito e batido a cara num poste... - Olhou para o lado, pensativo. - Não... Não iam acreditar.
- Por que não? Você bebe pra caralho... E com certeza acreditariam.
- É, mas já aconteceu isso mesmo comigo... Teve uma vez que eu bebi tanto que quando fui andar na rua, não percebi um poste no meio da calçada e bati a cara nele. - Franziu a testa. - Foi horrível, porque tive que usar maquiagem pra esconder os machucados.
- Nossa, Adam. Isso é horrível! - Falo abismada.
- Eu sei. Foi horrível mesmo ter que usar maquiagem.
- Não... Foi horrível porque você bebeu tanto ao ponto de não conseguir enxergar um poste. - Falo expandindo os olhos. - É por isso que odeio esses tipos de bebidas.
- Bom... Você só precisa saber dosar... E isso é a única coisa que ainda não aprendi.
Arqueio uma sobrancelha. - Eu já tô terminando. - Falo dando de costas. - Ah! Já que você tá aqui, faz um favorzinho pra mim?
- O quê?
- Pinga colírio no meu olho. - Falei passando-lhe o frasco.
Aquiesceu.
Adam fez com que eu levantasse meu rosto para cima. Expandi meus olhos. Aproximou a ponta em meus olhos e pingou uma gota em cada olho.
Meus olhos ficaram trêmulos.
- Pronto. - Fala.
Coloquei os óculos. - Obrigada.
Escutamos barulhos de batidas.
Olho para Adam, intrigada. - Quem será essa hora?
- Não sei. - Falou passando a mão no cabelo. - Eu vou ver.
Após ter ido atender a porta, passo meu perfume.
Calço minhas botinhas.
Quando estava amarrando o cadarço delas, escuto uma voz familiar vindo da sala.
- Será que é a Cassandra? - Resmungo.
Sigo a voz.
Ao chegar na sala, vejo que de fato se travava de Cass.
- Demi! Você por aqui. - Falou em tom animado.
Abracei-a.
- Eu vim trazer o cachorrinho de vocês. - Colocou Batman no chão.
O peguei. - Eu já tava com saudade dessa coisinha linda. - Falo afinando a voz, olhando em seus pequenos olhos.
- Eu não sei quem é mais fofo. O Batman ou a Demi fazendo essa vozinha. - Disse Adam, encantado.
Sorrio para ele.
- Mas Adam... Você ainda não me respondeu... Por que seu rosto tá assim?
- É que eu bati sem querer minha cara na mão da Demi. - Sentou-se no sofá.
Olha-o abismada, e respectivamente, para mim. - Você bateu no Adam?
- Ela não me bateu. Foi meu rosto que bateu na mão dela.
- Foi um acidente. Eu não queria machucar ele. -
- Mas então... Como vocês estão?
- Nós estamos bem. - Disse Adam. - Melhor, impossível.
Deu uma leve arqueada na sobrancelha. - É ironia?
- Não. - Falou indignado. - Nós realmente estamos indo muito bem.
- É que você é tão irônico, que parece que tudo que você fala é ironia... - Falou entredentes. - E ainda tem esse roxo no seu rosto...
- Eu não sou irônico.
- Ah, não?! - Cass diz o debochando.
- Eu sou irônico, amor?
- Não... Claro que não. - Falo ironizando.
Adam percebeu minha ironia. E franze a testa.
Eu esboço um cínico sorriso de soslaio.
Retribuiu meu sorriso.
- Bom... Eu fico muito feliz em ver os dois juntos. Vocês formam um lindo casal. - Sorriu. - Vocês são lindos.
- Ela que é linda.
Sorri para ele.
(...)
Após Cass ter ido embora, termino de arrumar minhas coisas. Tomamos café juntos, e Adam levara-me para faculdade.
- Mais tarde a gente se fala. - Falou.
Aquiesci. - Tchau. - Beijei-o.
Desci do carro.
Ao colocar o pé no asfalto, senti uma instantânea brisa gelada, fazendo meus cabelos irem de encontro ao meu rosto.
Um sol tímido ameaçava aparecer. E as nuvens dissiparem-se.
Olho ao redor e observo alguns arbustos dançarem ao ritmo do vento.
Em passos consideravelmente largos, adentro ao prédio.
Em um extenso corredor, caminho com velocidade, observando subsequentes placas enumeradas.
A cada sete passos, uma placa no topo da porta.
"1.......2.......3.......4.......5.......6.......7".
Subo as escadas.
Pra que tantos degraus?
E lá vem um outro corredor.
Mais portas com placas.
"28.......29.......30.......31.......32.......33.......34.......35.......36.......37".
Finalmente! Sala 37!
Adentro.
Dirijo-me até a mesa de número cinco da primeira fileira.
O professor ainda não havia chegado.
Pego meu celular e vejo uma mensagem da Miley.
-"Vc nem para mais em casa".
-"E o Adam deixa? rs".
-"E ele tem que deixar?! Pode passar hj aqui pra me ver, palhaça".
"Palhaça". Miley sempre tão doce.
Professor Benjamin entra.
Ele estava radiante.
E quando ele está assim, coisa tem... E tenho certeza que não é coisa boa.
- Bom dia. - Falou. - Bom... Daqui a pouco vocês vão assistir um TCC do pessoal da engenharia. Na verdade, vocês assistirão a uma série de TCCs. E isso vai ser bom pra vocês, porque vai ajudar na hora de fazer os seus. Bom... Enquanto não chamam nós, eu quero dar um recadinho sobre amanhã.
Puta merda... Lá vem...
- Amanhã é prova.
Fodeu...
- Venham todos com trajes de Gala, porque todo mundo vai dançar. - Encerrou sua fala com um sorriso cínico.
- Eu vou lá ver se a gente já pode ir.
...
Minha mente não se aquietava. Estava preocupada com a prova de amanhã.
Para distrair-me, saio da sala e resolvo dar uma volta pelos corredores.
Enquanto caminhava pelo mesmo, uns flashbacks vinham à mente. E acabo distraindo-me demais. E por conta disso, tropeço no meu próprio pé. Quase desabo.
Desastrada.
Continuo a caminhar.
Viro meu corpo para direita e desço a escadaria, na qual continha uma enorme janela na parede.
Ao virar, percebo uma luz piscando, vindo do lado de fora.
Paro por um instante e continuo a andar.
Dou o primeiro passo após meu estagno; e com um olhar soslaio, percebo novamente essa piscada de luz, como um flash.
Viro meu pescoço bruscamente em direção de fora, e percebo um homem dando de ombros, como quisesse esconder seu rosto. E ele sai andando tranquilamente.
Era certo que se resolvesse ir atrás dele, nunca iria alcançá-lo, pois a saída estava muito longe de mim. Então seria em ridículo tentar.
Tento pegar meu celular, com o objetivo de fazer uma captura do desconhecido, mas percebo que não estava comigo.
Que burra! Eu nunca deixo meu celular na minha bolsa. Por que logo hoje, que precisava dele urgentemente, esqueço ele lá?!
A única coisa que pude fazer naquele momento, foi uma fotografia memorável daquele sujeito.
Vestimentas: camisa cinza claro, calça jeans preta.
Ombros largos. Braços robustos.
Costas: bem definidas.
Quadril: esguio.
Altura: Aproximadamente 1,75.
Pele: branca, e talvez, um pouco rosada.
Cabelo: desconhecido.
Rosto: desconhecido.
Nem o cabelo consegui enxergar. O desgraçado estava usando uma touca.
Pelo menos já sei que se trata de um homem.
- Boo! - Uma voz interrompe minha concentração.
Estremeci.
- Eu te assustei? - Sara indagou rindo.
- O que você acha?
- Essa era a intenção. - Sorriu.
Fitei-a desanimada.
- Desculpa. É que você tava tão vidrada lá fora que não resisti. Foi mal. - Sorriu sem graça.
- Tá... Deixa pra lá.
- Mas o que você tanto olhava? - Levantou sutilmente as sobrancelhas, e expandindo os olhos.
- Nada de mais.
- Era um homem? - Sua voz soou consideravelmente maliciosa.
- O que você sabe daquele homem? - Indago afobada.
- Calma. Eu não sei nada, não. Na verdade, eu só chutei que era um homem. - Fala entredentes. - Você tá muito distante hoje.
- É que tá acontecendo tanta coisa ultimamente que tô começando a achar que estou ficando maluca. - Desabafei.
- É normal. Deve ser o estresse universitário.
- Isso. Deve ser. - Concordei levianamente.
- Falar nisso, você não vai assistir o TCC, não?
- Ah é... Tinha esquecido. - Sorrio desconcertada.
- Eu tava indo pra lá. Se quiser ir comigo.
- Ta bom. Eu só tenho que buscar meu celular.
- Você tá ficando doida mesmo... Pra deixar o celular na sala. - Riu.
- Pra você ver... Eu vou lá. Espera aí que eu já volto.
Subo apressadamente as escadas.
Refaço todo o caminho até chegar na minha sala, na qual estava vazia.
Pego minhas coisas. E verifico se meu celular ainda se encontrava na bolsa. Graças à Deus sim.
Ao sair da sala, percebo a porta da sala de Stefan entreaberta. Resolvo espiar.
Apoio minhas mãos na parede, e escondo meu corpo nela. Coloco metade do meu rosto no vão da porta, e automaticamente, meus olhos, e eles vão para a direita, esquerda, direita, esquerda. E onde Stefan está? Não faço a mínima ideia.
Ele simplesmente não estava na sala. Devia ter ido ao banheiro, ou até mesmo, estar passeando por aí.
Desapoio minhas mãos e vou ao encontro de Sarinha. Digo Sarinha, no diminutivo, pois ela é muito pequenina.
- E aí? Tava construindo um novo celular? - Brincou.
Esboço um sorriso fechado. - Desculpa a demora.
- De boa. - Falou compreensivamente. - Agora vamos. - Falou puxando-me pelo braço.
Seguimos em direção da sala de onde estaria tendo as apresentações.
Quando estávamos indo à sala, parecíamos duas garotinhas, que brincavam juntas na hora do recreio, pois estávamos andando com tanto entusiasmo.
Entramos pela porta dos fundos da sala, com o intuito de não atrapalhar.
Sentamos.
Enquanto rolava a apresentação, minha mente viajava em outra dimensão. Ao misterioso cara.
Como poderia chamá-lo? Em filmes e séries, quando se tem um criminoso ou algo do tipo em que não se sabe o verdadeiro nome, a imprensa sempre coloca um apelido. Como poderia apelidá-lo?
Mysterious Guy.
Que criatividade, Demetria. - Ironizo em pensamento.
Hoje assisti várias apresentações. Foi um pouco entediante. Bom... Pelo menos teve teses bacanas.
Despedi-me de Sarinha.
Ao sair do prédio, sinto uma sensação atípica. De estar sendo vigiada.
Olho ao redor e nada encontro.
Continuo a caminhar.
Um carro para do meu lado.
Abaixou o vidro. - Olá, boneca.
- Ah, não, Stefan. O que você quer?!
- E os modos?
- Com você, não faço questão de ter educação.
- Eu sou cara bem recíproco... Então se é assim... - Esboça um sorriso soslaio. - Entra no carro.
- Me dê um motivo.
Exibiu uma pistola. - Sem escândalos. Só entra no carro.
- Você não seria capaz de atirar em mim.
- Em você não, mas no seu querido Adam...
- Você tá blefando.
- Eu não blefo. Ainda mais se tratando de pessoas que me desagradam. - Esboça um sorriso irônico. - Mas não quer dizer que eu vá fazer. A decisão é sua. - Manteve o sorriso irônico.
Suspiro.
Dou a volta pelo carro e entro no mesmo.
- O que você vai fazer comigo? Me estuprar?
- Calma... Eu só quero dar uma voltinha com você. - Falou acelerando o carro.
Stefan dirigia em alta velocidade. E de repente, entra num beco sem nenhuma movimentação. Só assim desligou o motor.
- Talvez eu só queira relembrar nossos momentos. - Fala maliciosamente.
- Stefan... - Tento falar, mas ele me interrompe com um beijo.
- Me larga! - Falo o empurrando.
Segura firme em meus pulsos e continua a me beijar.
- Sabe, eu sempre fui muito respeitoso com você... Vamos tentar algo diferente. Foi assim que o Adam conseguiu você, né? Ou foi por interesse mesmo?
Cuspi em seu focinho.
Após minha agressão, seu olhar modificou-se da água para o vinho. De sarcasmo, passou para fúria.
Soltou um de meus pulsos para poder limpar seu rosto.
Sem pensar duas vezes, meto-lhe porrada.
Dou-lhe um Jab Direito.
Foi tão forte que chegou a doer minha mão.
Abro a porta do carro, e quando coloco um pé para fora, Stefan agarra minha cintura e me puxa para dentro.
- Cansei de ser bonzinho! Eu não ia fazer nada com você, mas depois disso, você tá fodida. Literalmente. - Esboça um sorriso malicioso.
Entro em desespero.
Stefan guia suas mãos até meus seios. - O Adam deve estar aproveitando bastante a nova putinha dele. Espero que ele não seja egoísta e não ligue de dividir.
- A única coisa que vai dividir, vai ser sua cara, depois que eu partir ela ao meio.
Riu. - Ai, Demi. Você não sabe como sonhei com esse dia. O dia que teria você por inteira. - Começou a retirar minha blusa. Beijou meu pescoço. E enquanto beijava-o, passa suas mãos em minhas coxas até chegar em minhas partes íntimas.
Num movimento súbito, coloco minha mão em seu membro.
- Eu sei que você também tá doidinha, mas vai ter que esperar só mais uns minutin... - Antes que pudesse concluir, aperto suas bolas com toda a força.
Grunhiu desesperado.
Em um ato involuntário, suas mãos vão de encontro ao seu membro, com o intuito de amenizar a dor que sentia.
Nesse meio tempo, vi a oportunidade perfeita de fugir.
Abri a porta. Peguei minha blusa e bolsa e saí disparada para fora.
Observo Stefan saindo do carro.
Corro o mais rápido que pude, mas infelizmente, ele me alcançara. Minhas pernas eram muito curtas.
- Vem cá, sua desgraçada.
- Solta ela!
Um maluco com quase dois metros de altura falou ao Stefan.
Sua voz era áspera. Áspera seria eufemismo. Sua voz era gutural.
Esse homem não pensou duas vezes. Foi para cima do Stefan.
Vou deixar ele se foder. Quem mandou tentar fazer isso comigo.
Aproveito e saio correndo, deixando Stefan ser espancado por aquele gigante.
Avisto um táxi livre e entro nele.
Um homem olhava-me pelo retrovisor, enquanto o silêncio pairava no ar.
- Então, moça? Vai querer uma corrida ou só tá usando meu carro como banco de praça?
- Ah... Desculpa... - Falei aérea
- Então? Vai querer ou não?
- Me leve pra casa. - Pousei o olhar para o lado de fora. - Suspirei de alívio.
- Você pode por favor me passar o endereço da sua casa?! Eu não sou cartomante pra prever alguma coisa. - Falou ríspido.
- Desculpa. É que eu tô muito distraída.
Dei meu endereço.
Que grosso...
Aquele motorista dirigiu rápido. Parecia que queria se livrar logo de mim. Ele simplesmente fora muito estupido comigo.
Deixou em frente do meu prédio.
Paguei pela corrida.
Desci do carro e adentrei rapidamente no meu prédio.
Subi as escadas depressa.
Peguei as chaves e abri a porta.
- Miley. - Chamei.
- Oi, sumida.
- Miley, você não sabe o que aconteceu. - Falei sentando-me.
- O quê?
- O Stefan queria me pegar na marra.
Engoliu seco. - "Pegar" seria a mesma coisa transar?
- Exatamente.
- Meu Deus! - Falou perplexa. - Me conta tudo.
- Depois que eu saí da aula, o Stefan fez eu entrar no carro dele. Aí me levou pra um beco e começamos a discutir. E depois que eu cuspi na cara dele, ele tentou me obrigar a transar com ele. - Fiz uma careta de repulsa. - Mas é claro que não deixei barato. Bati nele.
- Apertou o saco?
- Com toda a força.
- Isso aí, garota. - Ergueu a mão e eu bati na mesma, como em um high five.
- Mas o engraçado foi que um cara apareceu do nada pra me defender. - Cocei a cabeça. - Quando fui embora, ele tava batendo no Stefan. - Falei, mas um riso escapou dos meus lábios.
- Bem feito. Pra aprender a ser gente... Mas você tá bem?
- Tô sim. Por incrível que pareça.
- Fico aliviada por não ter acontecido nada.
- Eu também... Sabe... Eu fico preocupada com o Adam, porque o Stefan disse que ia matar ele.
- Ele não consegue.
- Mas ele estava armado. E esse foi o motivo que fez eu entrar no carro.
- Fica tranquila. O Stefan nunca teria coragem pra fazer isso.
- Espero... Porque se alguma coisa acontecer com o Adam, eu não sei o que será de mim. Eu nunca vou me perdoar.
- Mas não vai acontecer nada, relaxa.
- Deus te ouça.
- Falar em Adam... Ele vai ficar louco quando souber que o Stefan fez.
- Eu não vou contar pra ele.
- Por que não?
- Porque capaz dele querer fazer alguma loucura. O Adam é muito impulsivo. Ele não consegue se controlar.
- Mas ele deveria saber. Você quase foi violentada.
- Mas eu tenho medo da reação dele. Ele vai querer matar o Stefan. - Falo convicta. - Amiga, você não conhece o Adam. Ele pode ter vários defeitos. Pode faltar em várias coisas como um namorado, mas de uma coisa eu não posso reclamar: o Adam me defende. Ele me defende com unhas e dentes. Me defende de tudo e todos. Por isso eu acho que ele tentaria matar o Stefan.
- Pior que é verdade. Quando se trata de você, acabou a amizade... Uma vez o James tava comentando sobre isso...
- O que ele falou?
- Ele tava falando sobre esse cuidado todo que o Adam tem com você. E ele falou que podem fazer qualquer coisa com ele, quebrar o carro dele, xingar ele, o pai, os irmãos, que ele não vai ligar tanto, mas se tentarem fazer qualquer coisa com você e a mãe dele, aí a conversa é outra. Ele fica louco.
Ri. - Às vezes dá até um pouco de medo dele. Ele parece que fica endemoniado. Os olhos ficam vermelhos e maiores. - Faço uma careta. - Dá medo.
- Você não só ganhou um namorado. Você ganhou um guarda-costas.
Rio. - Pior.
- Mas e aí? Como vão as coisas com vocês?
- Bem.
- O Adam parecia um pouco mal humorado ontem.
- E ele tava... Mas eu consegui acalmar ele rapidinho. - Sorrio maliciosamente.
Arregalou os olhos, e respectivamente, a boca. Logo um sorriso brotou em seus lábios. - Não. - Falou estupefata. - Você e ele...?
- Sim. Isso mesmo. - Respondi aquiescendo.
- Amiga! Me conta! Como foi? Como você conseguiu?
- Foi difícil, porque você lembra que aconteceu comigo e o Harry, né?
- Como esquecer?! Aquele cretino...
- Mas então... Eu fiquei com muito medo, mas o Adam conseguiu me convencer. E foi muito estranho.
Riu. - Por quê? O Adam é ruim de cama? - Falou prendendo o riso.
- Não é isso... Falo "esquisito", porque eu tive uma alucinação com o Harry.
- Como assim?
- Eu imaginei o Harry no lugar do Adam... E foi horrível. Eu surtei.
- Você literalmente surtou? - Arregalou os olhos.
- No sentido real da palavra. - Respondi. - O Adam está usando óculos escuros.
- Você bateu nele? - Indaga estupefata.
- Bati.
- Demi... Tadinho.
- Eu sei... Tô me sentindo mal até agora. Já pedi perdão um monte de vezes pra ele... Mas continuando... O Adam ficou louco de raiva, porque queria saber quem era esse tal de Harry e...
Interrompeu-me. - Você falou o nome dele? - Sua voz eleva-se.
- Falei... Amiga, eu tava vendo o próprio Harry. Então eu queria desesperadamente que ele saísse de perto de mim.
- Demi... Meu Deus! Ele teve toda razão de ficar bravo.
- Mas ele não ficou só bravo, ficou tão bravo como chegou até a me segurar forte pelos pulsos, de tanta raiva que ele tava sentindo. Ele exigiu que eu contasse tudo. E foi isso que eu fiz.
- E qual foi a reação dele?
- Ele parou de sentir raiva de mim e começou a sentir raiva do Harry.
- Pelo menos ele entendeu a situação e vocês se acertaram.
- Pelo menos isso... Mas ontem a noite não foi muito bom. Espero conseguir recompensar.
- Hum, safada. Agora que perdeu o trauma, vai querer toda hora, né?! - Sorriu maliciosamente.
- Besta.
- Eu sei que é muito xereta perguntar, mas eu tô curiosa... Como ele se saiu?
- Eu nem vou conseguir te responder direito, porque eu tava tão apreensiva ontem, que nem consegui me concentrar na hora.
- Vê se relaxa na próxima vez.
- Eu já não tenho mais medo. O Adam me libertou daquilo que me fazia mal.
- Bom... Assim espero... Ah, Demi. Você vai trabalhar daqui a pouco, né?! Então... Eu acabei de comprar comida.
- E o que é hoje?
- Comida italiana.
- Oh mio Dio! Che meraviglia! - Falei com a mão, fazendo referência ao modo de expressão italiana.
- Muy bien.
- Acho que isso é espanhol. - Ri.
- É? - Riu.
Ri. - É.
- E como fala isso em italiano?
- Sei lá. - Respondi, entredentes.
...
NARRAÇÃO LEVINE
Recebo uma ligação de Josh. Como estava ocupado, não pude atendê-lo.
Fico preocupado ao receber cinco ligações seguidas dele.
- Eu preciso atender. - Falo me levantando.
- É mamãe? - Blake debochou-me.
- Eu já volto.
Saio da sala e vou para o corredor.
Retorno a ligação de Josh.
Ele atende em seguida.
- Alô, Adam?
- O que aconteceu com a Demi?
- O que poderia ter acontecido...
- Desembucha. Eu tô preocupado.
- Aquele sujeito. O ex dela.
- O que esse maldito fez?
- Ele fez a Demi a entrar no carro dele. E obviamente, eu segui eles. E ele entrou num beco de difícil acesso. Foi difícil pra mim chegar até eles. Mas eu encontrei a sua namorada correndo desesperada. Ela estava quase seminua. E por isso eu acredito que ele tentou a violentar.
Desliguei na cara de Josh.
Voltei furioso para a sala de reunião onde estavam o pessoal do programa.
- Desculpa, gente. Eu vou precisar ir embora. - Falo pegando minhas coisas.
- Adam, você tá bem? - Alicia indaga.
- Não precisa se preocupar. Eu tô ótimo.
- Você parece alterado. - Disse ela.
- Eu preciso ir. - Falei saindo às pressas.
- Adam! - Exclama Blake.
Andei pelos corredores alterado. Estava furioso.
Meu celular vibra no meu bolso. Pego-o e atendo.
- Adam, o que você vai fazer? - Josh indaga desesperado.
- Nada. Eu só vou fazer uma visitinha pra aquele desgraçado.
- Pelo amor de Deus! Não faz besteira.
- Eu só vou meter uma bala bem no cu daquele filho da puta.
- Eu já bati nele. Não precisa fazer nada.
- Me passa o endereço daquele merda.
- Eu não vou passar. Você vai fazer besteira.
- Eu não vou fazer nada de mais. Só vou dar um recadinho pra ele. - Menti. - Agora pode passando o endereço, senão você tá demitido.
- Tudo bem... - Passou.
- Obrigado. - Desliguei.
Entro no meu carro.
Os pneus gritam com o tamanho da velocidade que dirigia.
A raiva tomou conta de mim. Estava cego de ódio. Não conseguia pensar em mais nada, apenas na possibilidade do Stefan ter tocado na Demi. Isso fazia com que meu sangue fervesse.
Estacionei o carro de qualquer jeito em frente do meu prédio.
Desço do mesmo e subo as escadas com pressa.
Ao subir, vejo meu tio em frente a sua porta. Ele estava conversando com um vizinho.
- Adam, filho! - Sorriu.
O ignorei.
Subia as escadas em dois e dois degraus.
Abri a minha porta, e a deixei entreaberta.
Retirei um quadro da parede e atrás dele, havia um cofre.
Coloco a senha e abro-o.
Observo minha esbelta coleção de pistolas e revólveres.
Não que eu seja um psicopata, mas eu sempre gostei de colecionar réplicas de armas de grandes personagens de filmes, como por exemplo, a arma de James Bond, uma Walther. Cada um com a sua mania, não é mesmo?
Mas é claro que não usaria uma de minha coleção.
Resolvo pegar uma semi-automática.
Recarrego-a. Destravo a trava de segurança.
Meu tio aparece de supetão.
- Adam?! O que é isso? O que você vai fazer com essa arma?
- Eu só vou defender a honra da Demi.
- Adam, pelo amor de Deus. Larga essa arma.
Passo por ele. Joseph tentara me segurar, mas fora em vão.
Coloco a arma na cintura e desço as escadas como um louco.
Entro no carro e acelero ainda mais rápido.
Escutei diversos tipos de xingamentos pelo trajeto, tudo por causa do meu barbeirismo.
Ao chegar no prédio Stefan, estaciono meu carro com desleixo.
Desço e adentro ao prédio.
Stefan morava no segundo andar, então em questão de segundos, meu corpo estava em frente de sua porta.
Toquei insistentemente a campainha.
- Calma! Já vai. - Escuto uma voz abafada.
Logo ouço o tilintar das chaves.
Stefan estava desfigurado.
Seu rosto estava repleto de cortes e hematomas.
Seu olhar esboçava surpresa. - Adam? - Estava confuso.
Não pude resistir em deixar a marca do meu punho em seu rosto.
Seu corpo regride e vai de encontro ao chão.
Adentro chacoalhando suavemente a mão, para enfatizar que havia ficado dolorida com o impacto.
Bato a porta.
- Ficou louco?! O que você quer aqui? - Fala levantando-se.
Dou-lhe um outro murro, que o faz cair novamente.
- Primeiro: não mandei você levantar. Segundo: sou eu quem faço as perguntas.
- Sai da minha casa!
Retiro a arma da cintura.
Com ela em mãos, agacho-me a três passos de distância dele.
- Você se acha muito macho, né? - Esboço um sorriso cínico. - Fiquei sabendo que você tentou usar esse piruzinho mole na minha mulher. E o pior, contra a vontade dela. - Senti um sorriso maléfico surgindo em meus lábios. - Lembra que eu avisei que se você tentasse encostar um dedo nela, eu faria algo muito ruim com você?
Ele permaneceu quieto.
- É pra você me responder, seu bosta! - Falei alterado.
Assustou-se.
- Sim.
- E o que era mesmo?
- Você me mataria.
- Isso mesmo. - Apontei a arma para ele.
- Você não teria coragem.
- Não? - Apontei a arma no seu braço. Apertei o gatilho.
Stefan coloca a mão no furo da bala. Grunhiu de dor.
Pego em sua gola e o enforco. Coloco a arma em seu rosto.
- Eu vou arrombar essa sua cara de boceta.
- Pelo amor de Deus! - Apela desesperado. - Eu imploro!
Coloco a arma na sua testa.
- Oh, Deus! Como eu quero atirar nesse desgraçado e livrar a humanidade desse merda, mas vou tentar me controlar só mais um pouquinho... Calma, Adam. Seja paciente.
Desafixei a arma de sua cabeça.
Minha mão começou a tremer.
- Tá vendo. Eu não vou conseguir mais esperar. Vou ter que matar você agora. - Mirei para sua cabeça.
- Não! - Gritou desesperado.
Coloco meu dedo no gatilho. Destravo-a.
- Adam! - Alguém invade o apartamento.
Percebo que se tratava de Marlow.
- O que você tá fazendo aqui? - Indago alterado.
- Vim impedir que você cometa um crime!
- Como você me achou?
- Seu tio me ligou desesperado, falando que você saiu do seu apartamento disposto a cometer um assassinato.
- Bom, Stefan... Teremos platéia. - Sorri diabolicamente.
Marlow pula nas minhas costas. Caio e tenta puxar a arma de minha mão.
- Me dá essa arma! Soooolta! - Falou.
- Sai, Marlow! Eu tenho que matar esse desgraçado! Você tá me atrapalhando.
Marlow dá uma joelhada em meu saco.
Só assim consegue pegar a arma.
- Eu vou informar isso pras autoridades! - Falou com os olhos lacrimejando.
- Ele pode até ter cometido um crime, mas você cometeu outro, tentativa de estupro. Fala alguma coisa que você afunda junto. Só pensa. O Adam consegue se livrar, porque só basta pagar um bom advogado e a fiança. E você? Vai apodrecer na cadeia. E sabe o que fazem com os estupradores na cadeia?
Ficou calado.
- Reavalia a situação. E reflita se realmente vale a pena. - Marlow fala.
Levanto-me. - Você teve sorte, Cara de Boceta. Muita sorte. Foi por muito pouco. Toma cuidado com as balas perdidas. Muita gente morre por causa disso. - Solto uma piscadela psicótica.
Saio daquele prédio ao lado de Marlow.
- Volta pro seu apartamento. Nós vamos conversar. - Marlow avisa. - Eu tô logo atrás de você.
Entrei no carro.
Acelerei.
Foi por pouco. Eu devia ter calado a boca e ter estourado os miolos daquele merda. Eu vacilei. Se eu pudesse voltar no tempo, não teria enrolado tanto.
Até que o Cara de Boceta é sortudo... Mas deixa ele aprontar outra coisa. Nada vai me impedir de matá-lo.
...
- Você ficou louco de vez?! - Marlow indaga perplexo.
- Você não sabe o ódio que senti quando o Josh me contou que o Stefan tentou fazer com a Demi.
- O Josh tinha me contado... Mas isso não justifica! Você ia matar ele!
- Eu sei.
- E você fala tão calmo assim?! Eu não posso acreditar que você ainda não aprendeu a controlar seus nervos! Depois de tanta coisa que você viveu, já era pra ter aprendido! Eu realmente estou decepcionado com você.
- Marlow, você não entende. Eu sou estourado. Quando mexem com algo muito precioso pra mim, eu não consigo me controlar. E ele mexeu com ela.
- Você não pode simplesmente resolver fazer justiça com as próprias mãos. Isso nunca acaba bem... E se todas as pessoas resolvem fazer a mesma coisa que você? Que exemplo aos seus fãs, às pessoas que te admira, você está dando? Um péssimo exemplo. E agora reflita: o que a Demi pensaria se soubesse que você é um assassino? Será que ela ainda te amaria? Ela amaria um assassino? Adam, não vale a pena. Eu sei que aquele cara merecia aquilo e muito mais, mas não vale a pena correr o risco de fazer a Demi se afastar de você e perdê-la pra sempre.
- Você tá certo... Desculpa. Eu sei que errei, mas eu não consigo me controlar.
- Consegue. Eu sei que você consegue.
- É uma coisa muito estranha. É uma sensação estranha. É como se tivesse uma voz na minha cabeça.
- Ai credo. - Esboça uma careta. - Você anda bebendo muito?
- Ah... Só um pouco.
- Depende do significado de pouco pra você.
- Ah, Marlow. Eu não tô bebendo quase nada ultimamente. Só teve um dia ou outro...
- Agora eu vou ter que ficar de olho em você. Vai que você resolva voltar lá e terminar o serviço?!
- Eu não vou matar ele. Fica tranquilo... Agora devolve minha arma.
- Ela fica comigo até você conseguir controlar seus nervos.
- É sua, então.
- Que pessimista!
- É difícil.
- Fica aí tranquilo. Relaxa, se acalma, porque teremos compromisso hoje à noite.
- Que compromisso é esse?
- Vocês tem um... Como poderia dizer... Vamos chamar de mini-show.
- Privado?
- Exatamente.
- Que horas?
- Hoje à noite.
- Hoje à noite que horas?
- Começa às 23h. Mas você tem que chegar antes.
- Quanto tempo pagaram nós?
- Uma hora e quinze minutos.
- Certo...
- Depois eu vou passar o endereço certinho.
- Ta bom.
- Agora eu preciso ir... Você vai ficar bem sozinho?
- Eu tô ótimo, tá?!
- Ah... Você poderia descer no seu tio e acalmar o coitado? Ele tá muito preocupado com você.
- Depois eu vou lá...
Marlow encarou-me.
- Tá! Eu vou agora.
Levantei do sofá e seguimos em direção da porta.
Saímos pela mesma.
- Seu tio me ligou desesperado, falando que você tava com uma arma, falando nada com nada, parecendo um psicopata.
- Ele estragou tudo.
- Ele não estragou nada! Ele te salvou, isso sim.
- Só espero que ele não fofoque nada disso pra Demi.
Toco a campainha.
Joseph abre em questão de segundos, carregando um semblante desesperado.
- Adam! Você tá bem? - Abraçou-me.
- Tô, eu tô bem.
- Ele não fez nenhuma barbaridade não, né? - Indaga ao Marlow.
Adentramos.
- Não. Eu cheguei bem a tempo.
- Graças à Deus! Adam, o que você tem na cabeça?! - Estapeia minha cabeça.
- Eu...
- Ele não tem nada na cabeça. - Marlow interrompeu-me.
- Você ficou louco?
- Eu fiquei cego.
- Eu vou deixar vocês conversarem. Eu preciso ir.
- Obrigado por tudo, Marlow.
- Que isso... É meu trabalho impedir que ele faça besteira.
- Mesmo assim.
Aquiesceu sorrindo. - Tchau, Sr. King. - O acompanhou até a porta. - Tchau, Adam. Se cuida.
Sentei-me no sofá.
- Você quer me contar o que tá acontecendo?
- Eu não quero falar sobre isso.
- Você pode confiar em mim. Vamos relembrar aqueles tempos quando você me procurava pra pedir conselhos e...
- Tio. - Interrompo-o. - Não tenta comparar a época em que eu tinha dezessete anos com hoje. Eu não preciso mais de conselhos. Estou velho pra conselhos.
Sorriu. - Adam, filho... Todo mundo precisa de conselhos em algum momento da vida. Até eu, que tô com o pé na sepultura, às vezes preciso de algum conselho... Eu tô preocupado com você. Tem vezes que você perde o juízo.
- Eu preciso aprender a controlar minha raiva.
- Mas o que eu quero saber é: o que fez você ficar com tanta raiva?
- Tentaram machucar a Demi.
Arregalou os olhos. - Quem?
- Um cara... Enfim... Quando fiquei sabendo, não pensei duas vezes. Saí daqui disposto a matar ele.
- Que cara é esse?
- Um ex dela.
- O que ele tentou fazer?
- Ele tentou abusar dela.
Seu rosto esboçava perplexidade. - Agora eu entendo... Mas seria muito desperdício sujar as mãos com esse homem.
- Foi por muito pouco. Só mais uns segundos e eu enfiava uma bala na cara daquele maldito.
- Adam, por favor. Não faz mais isso.
- O Marlow já me deu uma porrada de sermões. Então não precisa repetir tudo de novo.
- Mas só me prometa que nunca mais vai tentar atirar em ninguém.
- Tá... Ah! Não pense em falar nada disso pra Demi. Ela não precisa saber.
- Tudo bem... Mas se eu souber que você tentou fazer mais alguma barbaridade, ela será a primeira a saber. Aí vamos ver se ela consegue dar jeito em você.
Levantei-me.
- Adam, por favor. Se cuida.
Saí pela porta.
Ao sair, esbarro-me com Demi.
Ela não parecia estar mal ou algo do tipo.
Espero que ela me conte o que aconteceu.
- Oi. - Sorriu.
Abracei-a. - Como você tá se sentindo? Tá tudo bem com você? - Indago a analisando inquietamente.
Sorriu. - Calma. Eu tô bem.
Abraço-a novamente.
- Adam? O que deu em você?
- Que bom que você tá bem. - Falo aliviado.
- Eu tô bem... Mas você não parece estar.
- Eu só tô preocupado com você.
- Mas eu tô bem. - Sorriu. - Não precisa se preocupar. - Beijou-me de leve.
- Mas você tem certeza?
- Você tá começando a me irritar.
- Desculpa.
- Mas o que você tava fazendo aí?
- Eu vim ver meu tio. E você?
- Nenhum palpite? - Olhou-me ironicamente.
- Não faço ideia. - Fiz-me de desentendido.
- Ai que raiva que eu tenho de você! Você não presta atenção no que eu falo.
- Claro que presto. Eu só esqueci.
- Esqueceu que eu trabalho aqui?
- Mas você não tá trabalhando no NYS?
Deu um tapa em meu braço.
Ri. - Ai!
- Babaca.
- Eu só tô zoando, minha princesa. - Abracei-a.
- Run...
- Mas que nervosinha. - Sorri cinicamente.
- Agora eu preciso trabalhar. Dá licença. - Deu de ombros.
A puxei pela cintura. - Só depois que você me der um beijo. - A olhei maliciosamente.
- Só um?
- Se você quiser dar mais de um, com certeza eu não vou me incomodar. - Sorri canalhamente.
Encostou seus lábios rapidamente nos meus.
- Pronto. - Sorriu cinicamente.
Finjo tristeza.
Ela ri.
- Ah! Hoje à noite eu quero que você vá comigo num show que a banda vai fazer. Mas é coisa pequena. Não é muita gente.
- Puta merda... Eu não posso ir.
- Por que não?
- Porque amanhã eu tenho prova. Eu preciso estudar.
- Mas você é inteligente. Não precisa estudar.
- Tá doido? Claro que eu preciso. Não quero ficar de recuperação.
- Mas não vai ser cedo. Vai dar tempo pra você estudar.
- Não sei, não...
- Vai, por favor.
- Eu vou pensar.
Beijei-a entusiasmado.
- Calma. Eu não disse sim. Falei que iria pensar.
- Mas eu sei que você vai.
- Convencido.
- É só um pressentimento.
- Tá... Depois te dou a resposta. Agora eu preciso trabalhar.
- Depois a gente se vê.
Beijou-me.
Como pude esperar que ela me contasse alguma coisa?!
No fundo eu sabia que ela não me falaria nada.
Demi adentrou no apartamento e eu subi para o meu.
E nesse intervalo de tempo, recebo uma ligação.
Atendo.
- Oi, Adam. - Era Alicia.
- Oi.
- Como você tá?
- Eu tô bem.
- É que eu fiquei preocupada depois que você saiu daqui. Na verdade, todos nós ficamos.
- Mas eu tinha falado que tava bem.
- Adam, você saiu daqui como um louco. Eu nunca tinha te visto daquele jeito. Tá acontecendo alguma coisa?
- Aconteceu, mas eu já resolvi.
- Adam... Eu sou sua amiga. Você pode confiar em mim.
- É complicado...
- Pode falar. - Disse serenamente.
- Bom... Nesses últimos meses eu conheci uma pessoa...
- Ah não... - Interrompeu-me.
- O quê? - Indago confuso.
- Adam, você é gay?
- Claro que não!
- É que você não especificou.
- Nesses últimos meses eu conheci uma MULHER. Melhorou agora?
- Agora sim. - Riu. - Vai, continua.
- E eu me apaixonei por ela.
- Não! Adam Levine apaixonado?! Só em filme que eu vi isso.
Ri. - É, eu sei... É estranho.
- Mas também é uma coisa muito boa! Mas agora me conta quem é a escolhida?
- Ela é uma jornalista. Na verdade, uma estudante de jornalismo.
- Espera aí... Ela tem quantos anos?
- Ela só tem vinte anos.
- Wow! - Fala estupefata.
- É... Ela é bem nova mesmo...
- Qual é o nome dela?
- Demi.
- Tipo Demi Moore?
- Só que mais bonita.
- Ah! Então é ela que tá com você naquela foto?
- É.
- Filho da puta mentiroso! "Nós só estamos nos conhecendo".
Ri. - Foi ela quem pediu pra mim não falar nada pra mídia.
- Mas uma hora você vai ter apresentar ela pro público.
- Ela sabe disso, mas a Demi adia demais esse dia. Ela não quer aparecer.
- Será mesmo? Adam, você já pensou na possibilidade dela estar te enganando? E se ela não gostar de você e só estiver atuando?
- Então ela atua muito bem.
- Eu só não quero que você se decepcione... Fica de olho aberto.
- Eu confio nela.
- Bom... Cautela nunca é demais... Mas continua falando. O que fez você sair daqui daquele jeito?
- Tentaram fazer mal pra ela. Eu fiquei louco quando soube.
- Claro... Você tá apaixonado... - Sua voz soou decepcionada.
- Mas já resolvi tudo.
- Ela tá bem?
- Tá ótima.
- Que bom... Me apresenta ela um dia desses?
- Claro! A Demi gosta muito de você.
- Sério? - Sua voz soou animada.
- É verdade... Mas ela não chega a ser uma fã. Ela só gosta muito do seu trabalho.
- Agora eu tô ainda mais animada pra conhecer ela.
- Você vai adorar ela. Ela é maravilhosa. - Falo, encantado.
- Deve ser... Bom... Vou desligar. E vou avisar pro pessoal que você tá bem.
- Ah... Não fala nada sobre a Demi. Fica só entre nós.
- Pode deixar. Fica tranquilo.
- Tchau, Alicia.
Desligamos.
NARRAÇÃO LOVATO
O Adam tava muito estranho... Por que ele tava tão preocupado? Será que a fofoqueira da Miley contou alguma coisa?
- Você falou alguma coisa?
- Eu?! Claro que não!
- Então por que ele tava tão preocupado? E o tio dele me dispensou. Falou que era pra mim ir pra casa. Ele falou bem assim: "Eu sei que o dia não deve ter sido nada fácil pra você". Como ele sabe? Só tem uma explicação: você ligou pro Adam pra fofocar e ele contou pro tio dele.
- Eu já disse que não contei nada! Eu juro! Deve ser coincidência.
- Espero que seja isso mesmo.
- Só pode ser isso, porque da minha boca, não saiu nenhuma palavra.
- Tá... Deixa isso pra lá... Mas eu tenho medo que o Adam tenha ficado sabendo.
- Isso é impossível.
- O Adam não é burro. Aquele homem é esperto até demais. - Falo preocupada.
- Demi, relaxa. Ele é um músico e não a mãe Dinah. É impossível ele ter descoberto.
- Deus te ouça.
- Claro que Deus me ouviu. - Sorriu. - Ele é meu brother. - Deu uma piscadela.
Ri. - Vou aproveitar que cheguei cedo pra estudar.
- E eu vou descansar. Mais tarde vou acompanhar o James num show.
- Você vai?
- Vou. Você não?
- O Adam me chamou, mas acho que é melhor eu ficar aqui.
- Para de ser chata.
- É que eu preciso estudar.
- Estuda agora e depois a gente vai... Poxa, Demi... Vai, por favor. Vai ser onze horas. Tem tempo suficiente pra estudar... E pensa pelo lado bom: você vai ver seu músico em ação.
- Tá... Eu vou.
Sorriu entusiasmada. - Então vai logo estudar.
Aquiesci.
Por sorte que esse show é tarde, porque se não fosse, não daria para mim ir.
Mas uma coisa me preocupa, e é o fato do Adam ter descoberto algo. Eu realmente espero que não. Ele não pode saber disso. Temo por ele. Por nós.
De uma coisa eu tenho certeza: o Adam é impulsivo. E ele com certeza tentaria algo contra o Stefan.
Mas outra coisa também me preocupa: o homem que eu vi hoje mais cedo.
Quem será? E com certeza é o meu perseguidor. Só me resta descobrir quem realmente é.
Pego os temas na qual havia visto em sala e começo a folheá-los.
Afinal, não quero e nem posso me dar mal nessa prova.
Normalmente, eu não preciso estudar, onde tenho que passar horas estudando. Só basta revisar, para apenas relembrar. Afinal, se realmente aprendermos algo, não é preciso passar horas na frente de determinado conteúdo. E foi isso mesmo que eu fiz.
Após revisar o conteúdo, percebo uma movimentação estranha na sala.
Sigo até a sala.
Percebo a presença de Dallas, Lucy e Maddie.
- Onde vocês estavam?
- Nós estávamos conhecendo a cidade, já que ninguém fez questão de nos apresentar.
- Você sabe que eu trabalho e estudo. E o único tempo livre que eu tenho é pra ver o Adam, porque ele consegue ser ainda mais ocupado que eu.
- Eu sei... Estava falando da dona Miley.
- Ai, Dallas. Eu tenho preguiça.
- Preguiça de sair? Respirar ar puro?! Jesus...
- A Miley é preguiçosa mesmo, mas nunca foi preguiçosa pra sair de casa. - Falo.
- Ultimamente tenho andado desanimada...
- Bom, gente, tenho que começar a me arrumar.
- Eu também.
- Aonde vocês vão?
- No show dos nossos namorados. - Respondo.
- Que horas?
- Onze.
- Eu posso ir? - Maddie Indaga.
- É muito tarde, Maddie. - Dallas responde.
- Para de ser chata, Dallas. Deixa a menina ir. - Falo.
- Já tá decidido.
- Mas ela vai estar comigo. Poxa, eu sou irmã dela também. Posso cuidar dela.
- Mas eu sou a mais velha. E esses lugares não é pra crianças.
Seu olhar esboçava tristeza.
- Um dia eu te levo comigo, tá, Maddie?
- Se a Dallas deixar, né...
- Ela não precisa saber. - Cochicho em seu ouvido.
Ela sorri.
Dou uma piscadela.
Vejo Miley aproximando-se do banheiro, provavelmente iria tomar banho.
Corro a toda velocidade e a empurro, fazendo com que entrasse primeiro.
- Ah, Demi! Mancada.
- Cheguei primeiro. - Sorri cinicamente.
Fecho a porta, e a última imagem de Miley, foi seu rosto emburrado.
Tomo um demorado banho.
Estava querendo deixar Miley ainda mais irritada.
Escuto batidas na porta.
- Sai daí, Demetria!
- Calma. Relaxa. - Minha voz soou suave, com o intuito de debochá-la.
Enrolo-me em uma toalha.
Abro a porta.
Miley dá um tapa em minha testa.
Ri. - Relaxa. - Deixei a voz ainda mais serena.
Riu. - Idiota.
Fechou a porta.
Olho para o lado e observo Adam, me observando.
Levantou-se e veio em minha direção.
- O que você tá fazendo aqui?
- Tá... Eu vou embora então...
- Não... Eu só perguntei, porque não esperava que você viesse.
- Eu vim pra saber se você vai ou não.
- Existe algo muito mais prático que se chama "telefonema", mensagem... É muito útil.
- Que horror... Sua irmã ficou mais feliz que você da minha visita.
- Eu tô brincando. - Sorri. - Beijei-o de leve.
Dallas tossiu.
Arqueei uma sobrancelha para ela.
- Agora eu vou pro quarto colocar uma roupa. - Falo para ele.
Adam segura em minha cintura. - Eu te faço companhia. Posso até ajudar na escolha. - Sorri canalhamente.
- Dispenso. Gosto de privacidade.
- Quem vê pensa que eu nunca te vi pelada. - Sorriu canalhamente.
- Adam! - Falo irritada. - Não sei se você não percebeu, mas minhas irmãs estão olhando pra gente.
- Relaxa. - Imitou a maneira que falei com Miley.
Dallas riu.
Percebi que estava me zoando.
Entro no meu quarto. - Pode esperar sentadinho na sala. - Sorrio cinicamente.
Fecho a porta.
Passeio pelas minhas roupas, mas nada encontro. Parece que nada me agradava.
Então visto qualquer coisa mesmo.
Visto uma regata branca, e uma jaqueta preta. Calça preta.
Maquiagem? O que vou passar?
Escuto a porta abrindo-se.
- E não é que você vai mesmo?! - Adam diz.
- Vou.
Olho pelo reflexo do espelho e vejo Adam deitado todo largado em minha cama.
- Vai colocar a máscara?
- Que máscara? - Indago confusa.
- A maquiagem que você usa... Eu não entendo... Você já é linda, então pra que passar essas coisas que só envelhecem a pele?
- Pelo mesmo motivo pelo qual você não para de franzir essa testa.
- É que eu tenho muitas expressões faciais. - Gaba-se.
- Devia parar.
- É o meu charme. - Deu uma piscadela.
- Mas você é um homem comprometidíssimo. E por isso é melhor você parar com esses papos de charme e sedução. Acabou a sua fase de conquistador. - Finalizei.
- Eu só tava brincando... Nossa, você tá muito brava hoje.
- Eu não tô brava. Eu só tô ansiosa.
- Então quando você fica ansiosa você fica chata?! E você tá ansiosa pra quê?
- Minha prova.
- Sua prova?! Achei que fosse algo sério... Eu já falei: você é inteligente. Vai ir bem com certeza... Claro, você só pode se foder se continuar com toda essa ansiedade e nervosismo.
- É, você tem razão...
Comecei passar a maquiagem. Tentei ser a mais rápida possível.
Passo o que sempre costumo passar. Apenas diferenciei em uma coisa: o batom vermelho.
Passo uma quantidade generosa de perfume.
Olho no espelho e dou aquela última conferida. E penso: "você está um arraso, garota".
Viro meu pescoço para trás e percebo Adam dormindo todo largado em minha cama. Não pude conter um riso interno, afinal, estava muito engraçado o modo como estava dormindo.
Antes de acordá-lo, calço minhas botas. Amarro o cadarço delas.
Levanto-me e me aproximo dele.
Dou um beijo em sua boca. Uso sua boca como lenço de tirar excesso de batom.
Assusta-se.
- Bom dia bela adormecida. - Sorrio.
- Bom dia. - Fala aéreo. - Seus olhos voltam-se para a esquerda. - Boa noite. - Levanta-se.
Ao olhar seu rosto, rio.
- Só de pensar que vou ter um show pra fazer ainda. - Fala desanimado.
Prendo o riso. - Fazer o quê... Você é uma celebridade. - Falo, entredentes.
- Tenho responsabilidades.
Rio.
- O que foi? Virou idiota?
- Não é nada. - Seguro o riso.
- Sei...
Miley entra no quarto.
Ao entrar, aponta o dedo na cara de Adam e começa a rir alto.
Acompanho seu riso.
- Que bicha! - Apontou o dedo na cara dele e gargalhou.
Adam dá um tapa na mão de Miley, e aproxima-se do espelho.
- Demi, eu vou te matar.
Rio.
- Você ia me deixar sair assim?! - Fala limpando o batom com um lenço.
- É pra deixar os lábios mais sexys.
- Vai ter volta.
- Ai, que vingativo. - Falo o debochando. - Tô morrendo de medo.
Escuto o barulho da campainha.
- Deve ser o James. - Disse Miley.
Vai abrir a porta.
- Fica esperta. - Disse Adam.
- Esperta eu já sou. - Sorri descaradamente.
- Já terminou?
- Já. Só faltava você acordar.
- Não... Eu perguntei se você já terminou de se achar?
James e Miley aparecem na porta.
- Já... Assim como a sua juventude. - Sorrio cinicamente.
- Eu tenho trinta e cinco, mas o espírito é muito novo ainda. - Fala gabando-se.
- Ha-Ha! Se você tem trinta e cinco, o espírito já até morreu.
Riu. - Engraçadinha.
- Vamos, gente? - James indaga.
- Oi pra você também, James. Se eu tô bem? Eu tô ótima. Não precisava se preocupar. - Falo cinicamente.
- Oi, Demi. Eu também tô bem. Obrigado por perguntar. - Fala cinicamente.
- Tá vendo como somos educados?! É assim como deve ser. - Digo ironizando.
Riu. - Pois é.
- Vamos, gente. - Miley diz.
- Vamos. - Adam, James e eu falamos ao mesmo tempo.
- Demorou. - Disse Adam, olhando cinicamente para mim.
- Eu nem enrolei tanto assim.
- Claro que não. - Ironizou.
Fomos para a sala.
Lá havia uma capa de guitarra.
James pegou-a e colocou a alça em seu ombro esquerdo.
Nos despedimos de Dallas e Maddie.
Miley abre a porta.
Passamos por ela e Miley tranca a mesma.
Descemos as escadas.
Miley e James foram em um carro, e obviamente, Adam e eu, no dele.
Não estava muito trânsito, e por isso não demoramos a chegar.
Mas durante o caminho, Adam me perguntara coisas como: como fora meu dia. E eu, claro, menti. Respondi que fora espetacular.
Talvez ele tenha notado o tom de mentira em minha voz.
Chegamos, finalmente.
Descemos do carro.
Adam coloca seus óculos escuros.
- Me sinto um idiota por usar esses óculos de noite.
- Eu já pedi desculpas.
- E eu já aceitei. Só tô comentando o fato de eu parecer um idiota usando isso.
- É estilo. - Falei o debochando.
- Estilo cego, né. - Ri pelo nariz.
Adam avisa aos seguranças que Miley e eu estávamos com ele. E que não era para nos barrar em hipótese alguma.
Logo pude encontrar com Miley.
Ao lado dela, adentramos.
Ao entrarmos, meus ouvidos recebem uma desagradável poluição sonora, na qual fazem com que meu estômago se revire.
Olho para Miley e ela esboça a mesma reação.
A poluição sonora se tratava da voz de Ashley.
Miley revira os olhos.
Ela seguiu em direção de Adam.
- O que essa vadia tá fazendo aqui? - Resmungo para Miley.
- Não sei, mas que ela vai sair, isso vai. - Miley diz exaltada. Tenta dar um passo.
- Se controla. - Seguro em seu braço.
- Eu vou meter uma porrada na cara dela.
- Calma. Respira.
Respirou fundo.
- Isso.
Ashley beija Adam.
- Agora eu vou matar essa vagabunda. - Falo avançando em sua direção.
Miley me segurou.
Adam a empurrou.
- Ficou louca?!
- O que foi, Adam? Eu só tô te cumprimentando. - Fala cinicamente. - Por quê? Você é um homem comprometido agora?
James interfere. - É. Ele é um homem comprometido. Deixa ele em paz.
- E posso saber com quem?
- Não é da sua conta. - Falou rispidamente.
Eu e Miley nos aproximamos deles.
- Ah não... O Debi veio acompanhado do Lóide. - Ashley resmungou.
- Eu acho melhor você nunca mais tentar chegar perto do Adam. - Falo irritada.
- Ah! Agora ficou claro... Você que é a mulher da foto.
- Pense o que quiser.
- Foi muito difícil enxergar você lá, mas ao mesmo tempo, fácil. Até porque, eu só consegui enxergar o Adam abraçando uma bola. Aí presumi que se tratava da sua pessoa.
Não acredito que essa vagabunda tá me chamando de gorda na cara dura.
- Mas vê o lado bom, você serve pra várias coisas, por exemplo: jogar futebol, basquete e até mesmo salvar alguém de um afogamento.
- Pelo menos eu não sou um Louva-Deus com anorexia.
- Grilo saltitante. - Miley diz. - E o vento levou.
Assoprei Miley e ela fingiu estar sendo arrastada para trás.
- Eu não sou tão magra, suas invejosas.
- Ah não?! Você é tão magra que se você estivesse num afogamento, te jogariam um biscoito de polvilho ao invés do salva vidas.
- Muito engraçado.
- Tá, chega vocês três. - Adam fala impaciente. - Eu acho melhor você deixar elas em paz. - Fala firme. - Vai embora. Vai dar uma volta por aí, respirar um ar puro. Por que você tem que ficar justamente aqui? Caí fora.
Ashley arqueou as sobrancelhas e negativou com a cabeça.
- Agora me dá licença, porque tenho coisas pra fazer. - Adam diz.
James e ele dão de ombros.
- Não pense que eu obedeço ele, mas só vou sair daqui, porque não quero morrer de asfixia. - Ashley diz e diz.
- Essa mulher é uma... - Bufo. - Que ódio.
- Eu só não dei uma porrada nela, pra não armar um barraco.
- Ela é uma cobra. - Falo.
Sento-me em um banco que tinha do lado de fora. Miley senta-se ao meu lado.
Ficamos conversando até dar o horário em que as pessoas chegariam. Estávamos jogando conversa fora, mas aí me lembrei do que havia ocorrido hoje mais cedo: The Mysterious guy.
- Sabe, Miley, eu nem cheguei a comentar isso com você, mas hoje eu vi o meu perseguidor.
Arregalou os olhos. - O cara dos envelopes?
- Esse mesmo.
- Como? Onde?
- Na minha faculdade... Eu tava descendo as escadas, e na parede da escada, tem uma janela gigante. Foi aí que eu vi o sujeito, porque enquanto eu desci, olhando de rabo de olho, percebia uns flashes. O burro, provavelmente, esqueceu de desligar... Foi aí que olhei pro lado e percebi alguém tirando fotos minhas. Mas eu não consegui enxergar o rosto dele, porque ele virou de costas pra poder esconder o rosto.
- Que merda... - Falou enfurecida.
- Mas pelo menos, eu sei que se trata de um homem. E eu memorizei a parte detrás dele.
As pessoas começaram a entrar. Adam tinha razão, não eram muitas pessoas. Quinhentas pessoas, no máximo.
- Depois a gente conversa sobre isso. - Miley levantou-se.
Permaneci sentada.
- Você não vai entrar?
- Agora não. Vou esperar todo mundo entrar, porque não quero ficar na frente.
- Você vai ficar bem sozinha?
- Vou. Pode ir. - Sorri de soslaio.
- Então tá. Qualquer coisa, me chama.
Miley adentrou.
Imersei em pensamentos, nos mais profundos pensamentos, relacionado e digerindo tudo aquilo que me estava acontecendo.
Essas mudanças repentinas. Nós nunca estamos preparados para essas mudanças. Elas vêm de repente, causando receio, medo do amanhã. Afinal, nós nunca fomos e nunca seremos capazes de saber do nosso dia de amanhã. E é justamente isso que me deixa apavorada.
Foram tantas coisas coisas que me aconteceram; coisas boas, ruins, mas muito ruins. Decisões precipitadas que me fizeram ter essas surpresas ruins em minha vida. Mas pensando dessa forma, a vida até não pode ser uma total caixinha de surpresas, pois temos nosso livre arbítrio para decidir qual caminho seguir. E eu fui pelo caminho errado: ter dado uma chance para o Stefan. Se eu não tivesse feito isso, o Adam não estaria correndo perigo, minha vida também não. É aquela velha história de ação e consequência. E quais são minhas considerações finais? O fodimento exacerbado do meu cu.
Olho no meu celular, e percebo que havia perdido muito tempo do lado de fora. Perdi a noção de tempo.
E por isso, resolvo entrar o mais depressa possível.
O tambor da bateria fazia "Bum-Bum-Bum". Um som suave de violão tranquilizavam minha alma perturbada. O teclado trazia elegância. E o baixo, fazia tudo ficar mais bonito. E as palavras cantadas, davam sentido para aquele conjunto harmônico instrumental.
So let's get drunk on our tears
And God, tell us the reason
Youth is wasted on the young
It's hunting season
And the lambs are on the run
Searching for meaning
But are we all lost stars
Trying to light up the dark?
Who are we
Just a speck of dust within the galaxy
Woe is me
If we're not careful, turns into reality
Don't you dare
Let our best memories bring you sorrow
Yesterday, I saw a lion kiss a deer
Turn the page
Maybe we'll find a brand new ending
When we're dancing in our tears
"Lost Stars". Essa é a música. E falar nela, é uma música muito bonita.
Um som acústico. E para falar a verdade, prefiro músicas mais acústicas. Fica bem mais bonito.
Como havia perdido muito tempo do lado de fora, pensando na vida, perco quase todo o show.
Espero que Adam não tenha sentido minha falta.
Eles tocaram mais umas três músicas, na qual desconheço o nome. Afinal, eu não sou a Maddie para saber todas as músicas da banda.
Pelo pouco que escutei, com certeza o show foi ótimo.
Aos poucos, o local foi se esvaziando. Eu e Miley ficamos esperando eles voltarem.
- O que as "bonitas" estão fazendo? - Ashley aparece de supetão.
- Nem vem, Ashley. Vai embora. - Falo.
- Eu só queria cumprimentar vocês.
- Você é tão carente assim? - Miley indaga.
- Vamos sair daqui, Miley. - Falo.
Dei de ombros.
- O que é isso na sua calça?
- O meu pau.
Nesse momento, sinto um vento gelado bater na minha "parte traseira".
Aquela puta havia rasgado minha calça.
Olho para trás e cadê Ashley?
Ela tomou o chá de sumiço.
- Vagabunda.
- O quê?
- Ela rasgou minha calça. - Falo retirando a jaqueta.
Adam e os outros aparecem.
- Que calor é esse? - Adam indaga.
- Eu não tô com calor. Só tô tentando esconder o estrago que a Ashley fez na minha calça.
- E o que ela fez?
Virei-me.
Começou a rir.
- Não ri. Não tem graça.
Matt e Jesse nos cumprimentaram. Trocamos poucas palavras, pois eles estavam cansados.
- Vamos? - Disse Adam, segurando em minha cintura.
Concordei.
Despedi-me de Miley e James.
Adam abriu a porta do carro para mim.
Adentro. Logo em seguida, ele entra também.
Adam me perguntara do show, e falou que sentiu minha falta, pois não tinha me visto por lá. Falei que preferi ficar no fundo. Ele entendeu.
Após isso, reclamo sobre a Ashley.
- Eu não tive culpa.
- Não, eu sei. Mas deu muita raiva. Muita mesmo. Ela me irrita.
- Ela é louca. O objetivo da vida dela é atormentar os outros.
- E essa desgraçada fez essa merda na minha calça. Só não fiz nada, porque não queria arrumar confusão em público.
- Eu já falei pra ela te deixar em paz.
- Mas pelo jeito, não adiantou... Mas deixa pra lá... Eu sei me defender desses tipos de pessoas.
Fico confusa ao perceber Adam estacionando em frente de seu prédio.
- Você não vai me deixar em casa?
- Nós ficamos quase nada juntos. Vamos aproveitar esses momentos que dá pra fazer isso. - Sorri maliciosamente.
- Como você quiser. - Tentei esboçar uma sutil malícia em minha voz.
NARRAÇÃO LEVINE
Saio do carro e fui abrir a porta para ela.
Ao abrir, desce do mesmo . Pego gentilmente em sua cintura e desço minha mão até sua bunda e, respectivamente, roubo-lhe um beijo.
Demi puxou-me em direção da entrada do meu prédio, carregando no rosto um olhar malicioso.
Subimos depressa até meu apartamento.
Abro a porta o mais rápido possível.
Adentramos.
Ao entrarmos, fecho a porta com duas bruscas viradas na fechadura.
Aproximo-me. Coloco firmemente minhas mãos em sua cintura. Beijo-a com brutalidade.
- Eu quero transar com você em cada canto desse apartamento. - Sussurrei em seu ouvido de maneira sexy. - Mas hoje vai ser no quarto mesmo, porque eu não tô com um pingo de criatividade. - Esboço um sorriso de canto, consideravelmente cínico.
Isso foi o suficiente para fazê-la sorrir.
Retorno a beijá-la.
Aproveitei o rasgo que Ashley havia feito, para terminar de rasgá-lo.
Coloco minhas mãos na ponta do tecido que antes era costurado, e faço força para rasgá-lo. E isso faz com que seu quadril fique totalmente a mostra, somente escondidos por sua calcinha.
Volto com meus lábios a sua boca. Guio-a até meu quarto.
Ao chegar no pé da cama, a jogo com violência.
Demi fica de joelhos na cama.
- Mas o importante é você estar produtivo. - Esboça um sorriso de canto malicioso.
- E eu tô. E muito. - Devolvo seu sorriso malicioso.
Vou pra cima dela e começo a beijá-la violentamente.
Aperto grosseiramente suas coxas.
Sua respiração fica um pouco ofegante quando faço meus lábios pousarem em seu pescoço.
Suas mãos estavam quentes. Elas estavam em meu pescoço.
Guia suas mãos aos botões da minha camisa. E começa a desabotoa-los.
Num ato súbito, seguro seus pulsos e guio seu tronco ao colchão, com o objetivo de deitá-la.
Continuo a beijá-la.
Um beijo peculiar.
Um beijo peculiar que dura pouco tempo.
Meu celular toca.
- Você vai atender?
Vejo quem se tratava. "Mãe". - Não.
Retorno a beijá-la.
Meu celular toca novamente.
Desligo-o.
Mas sou surpreendido pelo toque do meu telefone fixo.
- Acho melhor você atender. - Demi diz preocupada.
Aquiesço.
Sigo em direção da sala.
Pego o telefone. O atendo.
- Adam? Você tava me ignorando?
- De maneira nenhuma. - Falo levianamente.
- Desculpa te atrapalhar e ligar uma hora dessas, mas aconteceu uma coisa terrível.
Continua...
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