História Disturbia - Prologo

Pov Mikhael Linnynker 

-Chuta mais forte, seu velhote! -Grito enquanto sorria para o meu velho correndo até a bola e colocando a língua pra fora e chutando na direção do gol, onde eu estava. 

O tempo estava lindo, o barulho das folhas, das poucas arvores que tinha no terreno, deixava o local ainda mais calmo, se não fosse pelos gritos meu e do meu pai. 

Todos os finais de semana vinhamos pra um terreno abandonado perto de um rio e ficávamos pescando e jogando futebol enquanto colocávamos o papo em dia. Meu pai era um grande escritor do Colorado, mas nem por isso ele não passava um tempo comigo e minha mãe, ele sempre esteve por perto desde que eu nasci, ele era um bom pai....Acho que não conseguiria viver sem meu velho. 

-Presta à atenção, Mikhael! -Troy grita enquanto chuta a bola com um pouco de força, me jogo na direção que a bola vinha e consigo pegar a mesma e sorrir irônico pro meu pai que ria. -Ainda não sei porque não entrou pro time de futebol do colégio. 

-Não quero aquelas meninas chatas grudadas em mim o tempo todo, seria chato e tedioso, prefiro meus livros e jogos mesmo -Dou de ombros e pego a garrafa de refrigerante da sua mão. 

-Tem algo a me contar, campeão? -Meu velho pergunta enquanto se senta no chão de terra, abro outra garrafa de refrigerante e entrego pro mesmo. 

-Não tenho nada pra te contar -Dou um gole na bebida gelada, eu iria brincar um pouco com meu pai, espero que ele não perceba. 

-Certeza? 

-Bom.....Tem uma menina, ela é da cidade grande, ela ta gravida -Olho pro meu velho que sorria e tinha a grossa sobrancelha arqueada. 

-Sei -Droga, ele estava ficando desconfiado. 

-É serio, seu filho aqui vai ser papai -Sorrio e o mesmo solta uma gargalhada alta, reviro os olhos e começo a brincar com a areia do local. 

-O dia que você tiver uma namorada de verdade eu irei fazer uma grande festa, meu querido -Ele diz entre risadas. 

-Isso é sacanagem -Sorrio fraco 

-Nem é 

x.x 

-Sim, mãe, não estou mentindo -Digo enquanto falava no telefone com a minha mãe e dirigia ao mesmo tempo -Eu e o papai pegamos todos os peixes daquele lago e ainda ganhei do papai no futebol -Meu sorriso quase rasgava meu rosto, eu era bastante apegado a minha família, eles eram meu tudo, tínhamos uma boa relação que eu nunca queria cortar, nosso laço é forte demais pra qualquer um rasgar e sei que qualquer escolha que eu fizer pro meu futuro os dois irão me apoiar e me ajudar. 

-Certeza que não passaram em nenhuma lojinha e compraram peixes como da outra vez? -Mamãe pergunta enquanto ria fraco, e como eu conheço a minha mulher favorita ela devia estar sorrindo. 

-Certeza -Digo rindo e o papai me olha curioso. 

-O que ela esta falando? -Pergunta, olho pro mesmo e logo volto a olhar pra frente. 

-Que passamos em um mercado pra comprar peixes -Reviro os olhos e meu pai pega o celular da minha mão e começa a falar com a minha mão 

-O Mike se saiu muito bem na pescaria -Meu pai diz colocando o braço de fora do carro e sorrindo, mas logo voltando o braço pra dentro do carro. 

-Hey, eu fui melhor que você na pescaria -Dou um soquinho em seu braço 

-Falta quantas horas pra chegarmos em casa mais ou menos? -Meu pai pergunta se virando pra mim, me viro pro mesmo e franzo o cenho. 

-Duas horas mais ou men....-Não tive tempo de terminar a minha fala quando meu pai vira pra frente e solta um grito. 

-MIKE! -Solta o celular e coloca as mãos no volante, e foi ai que eu percebi o que estava acontecendo bem na minha frente que eu me recusava a acreditar. 

Um carro havia parado bem na nossa frente e como nosso carro estava em uma velocidade um pouco alta não conseguimos desviar completamente, o que fez o nosso carro "saltar" e cair de cabeça pra baixo, só consigo me lembrar de sair arrastado de baixo do carro e sentir vários cacos de vidro rasgando o tecido da minha blusa xadrez e furando a pele do meu braço, meus passos eram arrastados, por causa de alguns cacos de vidro terem entrado na pele da minha perna, e tossia bastante por causa da fumaça e poeira que voavam em volta do carro. 

-Pai? O senhor esta bem? -Pergunto me agachando do lado do carro onde meu pai estava, ele ainda estava preso por causa do cinto e tossia bastante, seu rosto tinha alguns cortes e sangravam bastante. 

-Eu...Estou be...bem, meu filho -Sorri fraco e sua voz sai cortada, ele não estava bem, eu podia ver isso e não conseguia fazer nada pra ajuda-lo a sair daquela situação. 

-Vai ficar tudo bem, okay? Não se preocupe, eu vou te tirar dai e vou procurar ajuda, fica bem e com os olhos abertos, tudo bem? -Pergunto desesperado e tentava de todo o jeito tirar o cinto de segurança do mesmo, mas não conseguia. 

-Eu vou ficar bem....-Olha para o outro lado e logo volta a olhar pra mim -Mi...Mike! -Fala um pouco mais alto e logo outro carro bate no nosso, o que fez meu corpo ser lançado um pouco pra trás juntamente com o carro. 

Abro os olhos com dificuldade e solto um gemido de dor, me levanto com dificuldade da estrada e corro, ou tento, em direção ao carro onde meu pai estava, mas a chegar lá eu vi a pior cena do mundo. Meu pai tinha os olhos fechados, seu rosto tinha mais sangue que outros, seus braços estavam "jogados" e escorria sangue pelos mesmos. 

-Pai? -Encosto em seu rosto e sinto meus olhos se encherem de lágrimas, eu não queria chorar, eu sou forte....Ou era -Pai, acorda, por favor -Digo balançando seu corpo levemente, as lágrimas já desciam furiosamente por minhas bochechas e soluços já saiam da minha boca....Eu havia perdido meu pai...

O que seria de mim agora? Ainda tenho a mamãe, mas eu preciso do meu velho me dando seus concelhos, preciso entrar todos os dias em seu escritório e ver o mesmo escrever um novo romance, preciso ouvir sua voz rouca todas as manhãs, preciso ouvir sua gargalhada todo final de semana....Nosso final de semana, o final de semana da pescaria e do futebol...Não quero uma vida onde meu velho não esteja ao meu lado. 

-Pai....Eu te amo, meu velho -Digo e com um pouco de dificuldade consigo depositar um beijo em sua mão esquerda....