História Divergente - Stay With Me ( Reescrita ) - Existe uma antes e depois

  Já faziam quase três dias que Tris havia voltado para casa, mas era como se ela não estivesse por lá. Eu sabia que ela estava magoada e chateada, entendia que ela não queria falar com ninguém, principalmente Caleb , Peter e eu, mas faltava pouco para que eu derrubase a porta de seu quarto apenas para ouvi lá me xingar de todos os impropérios que ela sabia . 

Johanna também não estava feliz conosco, falava apenas o básico, mas em grande parte do tempo se isolava do mundo com suas leituras e ignorava qualquer palavra dita por mim e Caleb . Até tentamos nos redimir , mas a mágoa por quase ter perdido a loira era profunda para que ela falasse qualquer coisa conosco. 

Meu pai usou seu tom autoritário para me deixar de castigo por uma eternidade , mas eu não ligava . O silêncio de Tris já era castigo o suficiente para me torturar. 

Os Prior foram poupados. Segundo Johanna os pais de Caleb não sabem do que aconteceu a pedido de Tris , que queria manter os dois em suas férias divertidas . Com toda a certeza eles largariam tudo para ficar com ela , e ela se sentiria culpada por ter que traze -los repentinamente das férias. 

Até a ida para a escola estava sendo incompleta . Era nítido que ela fazia falta. Bastava olhar na face de alguns conhecidos Ou chegados de Tris para saber que o que havia acontecido com ela , poderia ter arrancado a loira de nossas vidas para sempre . 

- Quatro! - Gritou o treinador Max . Meu corpo já estava cansado das corridas que eu dava ao entorno da quadra , o suor escorria e pingava em meu corpo . 

- Pode falar treinador. 

- Está preparado para o jogo do final de semana? - Perguntei ele enquanto me encarava . Assenti depois de um tempo pensando . - Você sabe que se não estiver tudo bem, precisarei arrumar alguém para te substituir. - Sorri de lado para o mais velho. 

- Eu vou estar bem para o jogo Max. Não precisa se preocupar em achar alguém. 

- Certo Quatro , espero que nada atrapalhe suas jogadas impecáveis no sábado. - Comentou fingindo não estar preocupado . 

- Não vão. 

- Ótimo! - Vi Max virar as costas para mim e sumir entre as arquibancadas instantes depois . Bufei jogando a bola de basquete do outro lado da quadra . Queria poder dizer umas boas verdades , mas era necessário manter a linha , afinal o desgraçado era meu treinador , e qualquer bola fora eu estaria fora da equipe. 

- Ei cara , o que foi ? - A voz de Caleb chegou aos meus ouvidos, virei para encarar meu amigo e em seus olhos vi a mesma cor dos olhos de Beatrice , o que só me fez pensar nela , como se não fosse o suficiente o quanto eu pensava nela . 

Flashback on 

- Seus olhos tem uma cor incrível. Nunca tinha visto essa mistura antes. - Elogiei loira que ficou vermelha no mesmo instante. Sorri anestesiado com sua fofura . 

- Seus olhos também... E eles mudam de cor . - Disse enquanto me encarava . Seus cabelos balançavam com o vento . Mas sua observação me deixou curioso .

- Meus olhos mudam de cor ?! Como assim ? - Indaguei preocupado e a loira apenas riu . Depois balançou a cabeça em negação. 

- Não tem nada de errado ... Mas quando você está tranquilo seus olhos ficam claros ... Como agora... - Avalia ela . - Mas quando você está atacado, seus olhos ficam escuros... é como se houvesse um mundo de coisas dentro de você. - Sorri interessado no assunto. 

- Eu não fico atacado ... - Comentei depois de um momento de silêncio. 

- Você fica um pouco atacado . Principalmente quando está preste a perder um jogo... Ou quando perde uma corrida para mim ... - Disse a loira já se levantando e se ponto a correr na minha frente. Ri de sua gargalhada gostosa seguindo a momentos depois. Tris abriu os braços para o vento que lhe atingia e a visão que eu tinha bem na minha frente, era de anjo prestes a voar para ganhar liberdade . 

- O último a chegar , vira mulher do padre ! - Gritei para ela , ouvindo mais risadas vinda de sua direção. 

Flashback off 

- Aquele idiota do Max , veio saber se eu dou conta de jogar no sábado. - Respondi frustrado . Caleb jogou a mochila dele na arquibancada . 

- Ele me perguntou a mesma coisa . Na cabeça dele , os últimos acontecimentos podem atrapalhar nossa concentração. - Suspira chateado do meu lado . - Eu só queria que ela falasse comigo. Que pelo menos me fizesse pensar em algo que amenizasse a dor dela . Mas ela não quer falar comigo . - Olho Caleb de relance e vejo o quanto a preocupação está acabando com ele . - Ela não sai do quarto, não está vindo a escola . Ela quase foi ... - Se silencia por um momento e depois se vira para mim . - Eu ainda não agradeci você por ter ajudado minha irmã. - Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Você não precisa me agradecer por nada Caleb. Johanna está certa no fim das contas . As coisas só aconteceram porque nós fomos irresponsáveis . E o fato de termos salvo ela antes do pior acontecer , não me torna um herói. - Murcho meus ombros porque eu sabia que tudo que Johanna havia dito era verdade. Fomos nós que procuramos por tudo , mesmo quando não imaginávamos que Peter largaria a garota em uma rua qualquer . Eu sabia inteiramente da minha culpa . E eu me culpava por isso. 

- Mesmo que você se sinta assim. Eu queria te agradecer por ter deixado esse problema de vocês se lado e corrido ao encontro dela . - Sorri Caleb e eu acabo acompanhando. 

- Vai para casa agora? - Pergunto me levantando da arquibancada .

- Não... Eu vou encontrar com a Susan. - Acho graça da cara de apaixonado de Caleb . 

- Sinto cheiro de cachorro na coleira . 

- Deixe de ser idiota ! - Resmunga ele , depois de me acertar um tapa na nuca em um típico pedala. 

- Certo , eu vou para casa . Quero dormir um pouco. - Nos despedimos rapidamente para em seguida caminhar para o meu carro . 

O lugar ainda estava cheios de estudantes , professores e futuros alunos que apareciam apenas para visitar o espaço. Caminhei em passos tranquilos até meu carro , abrindo o veículo assim que parei na frente dele. Joguei minha mochila na parte de trás e só então senti braços me envolverem pela cintura. 

O aroma de frutas cítricas chegando ao meu nariz , me fez ter certeza de que se tratava de Lauren , o problema é que eu não estava muito afim de estar perto dela . 

- O que houve com você que não me procurou hoje ? - Perguntou manhosa . 

- E com você, o que houve que não me procurou? - Devolvi a pergunta fazendo Lauren sorrir . 

- Simples... Eu estava te dando espaço para sentir a minha falta. Já faz alguns dias que você não me procura para nada ... - Comenta . - Nada mesmo . - Suspiro . 

- Não estou com cabeça para nada , Lauren . Você sabe . - A garota revira os olhos e me solta, mas encosta suas costas na janela lateral do meu carro e cruza os braços me encarando . 

- Ainda pensando no que aconteceu com a Beatrice ? 

- Estou pensando nas consequências... - Comento. - E eu estou de castigo... lembra ?

- As consequências? Castigo ?! Seu pai brigou com você e te colocou de castigo... Mas você nunca nem viu ou sabe como é um castigo e aqui está você, com o seu carro do ano, telefone novo , relógio caro e novo ... a família da tosca nem sabe do que aconteceu e se depender dela , eles nem nunca vão saber ... seu único problema é Johanna. - Descruza os braços e sorri. - Mas ela você pode comprar o silêncio. 

- As coisas já não estão boas com a Johanna . A última coisa que eu quero é que ela fique ainda mais isolada . 

- Tá bom Tobias. Não vou discutir sobre isso com você. Eu não quero brigar. - Diz me puxando para perto de si . Olho em seus olhos castanhos , mas não consigo sentir absolutamente nada por Lauren que não seja uma grande amizade . Suas mãos seguram em meu queixo e ela me puxa para mais perto. - Será que posso ter pelo menos um beijo do meu namorado? - Pergunta tocando seus lábios com os meus. 

Nem pensei direito no que eu estava fazendo . Meu modo automático já estava agindo por mim como um piloto automático de um avião em pleno vôo. Lauren não beijava mal . Muito pelo contrário, ela tinha um jeito de beijar tão cheio de sentidos , que as vezes eu não conseguia intervir outros passos . E ela sabia que eu amava seus beijos . Entretanto , eu não estava no meu melhor momento , talvez, quando Tris estivesse melhor e recuperada as coisas ficassem mais tranquilas e menos preocupantes. 

- Preciso ir agora... - Falei depois de pressionar meus lábios aos dela mais uma vez . 

- Não posso ir com você para a sua casa ? - Pude sentir a malícia na voz de Lauren , mas neguei com a cabeça seu pedido .

- Prefiro deixar as coisas acalmarem um pouco . Johanna está uma fera comigo. - Lauren suspira e então se afasta . - Não precisa me dar carona . Vou com a Cara . - Assinto e depois entro em meu carro fechando a porta . 

Agora eu me sentia seguro e tranquilo para seguir o destino de minha casa . 

Estacionei meu carro na minha vaga e adentrei minha residência, seguindo em direção ao meu quarto, mas antes que eu completasse o trajeto , escutei uma voz baixa , chorando , emocionada . Meu corpo inteiro gelou porquê eu sabia que se tratava de Tris . Será que havia acontecido alguma coisa com ela ? Decidi que precisava chegar mais perto , e acabei parando atrás de uma parede branca. 

- Você precisa se alimentar um pouco Tris ... Por favor . Está me acabando te ver assim. - Pediu Johanna . 

- Eu não consigo Johanna . 

- Apenas tente ... 

- Eu já tentei . Não consigo. A comida não desce . 

- Por que você não me conta o que está te deixando assim? - Indaga Johanna puxando uma das cadeiras da bancada , imaginei que para se sentar próximo a ela. Tris respira fundo e depois funga. Ela exita um tempo mas depois acaba se abrindo. 

- Eu fico vendo a imagem... dele em cima de mim ... das mãos dele tentando me segurar .... - Ela começa a dizer e minha cabeça volta ao passado . As imagens queimando cada parte de mim . - As vezes eu sinto como se ele estivesse no escuro , esperando por mim. Esperando para me atacar... - Tris soluça, me deixando ainda mais agoniado. - Se não fosse pelo Tobias ... Talvez eu não estivesse aqui ... 

- Shiu querida . Isso passou . Acabou. Você precisa seguir em frente. Eu sei que é dolorido ... Mas você está aqui. - Escuto Johanna tranqüilizar a loira. - Eu só queria entender o que aconteceu entre você e Peter. - A pergunta de Johanna fez meu coração perder uma batida. A curiosidade era mórbida. Eu também precisava saber o que havia acontecido. 

- Peter ... - Começou ela baixinho . - Me deixou naquele lugar , porquê eu não queria transar com ele Johanna ... - Meu sangue gelou , a garganta secou , minha respiração estava cortada, fechei meus olhos com força descomunal porque eu não conseguia acreditar que ele a deixou para trás porque ela não queria se entregar a ele . - E quando eu recusei , ele me empurrou me fazendo cair para fora do carro e depois ele acelerou . Achei que ele daria a volta pelo quarteirão, Mas não foi o que aconteceu... - Deixou a frase solta no ar e eu que já estava decidido sobre o que faria com Peter , ia saindo de fininho para ela não saber que eu estava escutando atrás da porta . 

Infelizmente , fui desatento ao esbarrar em um vaso velho e o derruba lo. Não adiantaria correr ou me esconder , afinal não teria como o vaso cair e quebrar sozinho .

- Quem está aí? - Perguntou a mais velha . Respirei fundo , ainda esperando um tempo para por minha cabeça em ordem. Eu não queria que ela pensasse que eu a estava espionando . As coisas já não estavam boas antes , agora seria tão pior . - Caleb ? Tobias ? - Era a minha deixa . 

Sai de trás da porta , encontrando primeiro os olhos de Johanna , que se arregalaram um pouco a me ver , em seguida vi os olhos de Tris , frios e indecifráveis me observando. Vi ela vacilar um pouco a tomar nota de que era eu que estava ali , mas rapidamente ela se recompôs e se virou para não me olhar. 

Infelizmente a visão que eu tive de Tris não foi a das melhores. Mesmo que ela fosse loira e ao seu natural fosse branquinha , a garota estava além de branca. Tris parecia cera , estava abatida, seus olhos continham bolsas de olheiras, ela não estava bem e me doía como o diabo vê lá daquele jeito . 

- A quanto tempo está aí? - Perguntou Johanna, seus olhos eram de cautela e eu já havia entendido o recado. 

Se ouviu tudo minta .

Se não ouviu , minta também. 

- Eu acabei de chegar . Por que? - Perguntei fingindo curiosidade. - Estava com fome , vim pegar um pedaço de bolo . 

- Tudo bem meu filho. Pode pegar seu bolo . 

- Eu pensei em me sentar aqui um pouco Johanna e conversar com você... - Mas antes que eu concluisse a frase , Tris levantou afobada, puxou sua muleta para se equilibrar, tentando depois sair dos banquinhos que a mesma sentava quando eu entrei. 

Ouvi Johanna protestar , Mas já era tarde , Tris em seu nervosismo, acabou se atrapalhando e caindo ao chão, espalhando cadeira e muleta ao seu redor . Corri para ajudar , eu não queria que ela se machucasse ainda mais . Não precisava de mais isso em meu extenso currículo. Johanna também foi em seu socorro , e só quando eu me ajoelhei a sua frente, e olhei em seus olhos , foi que eu vi a dor em seus olhos que antes eram apenas de amor, carinho e alegria . 

Tudo ficou em um grande silêncio. Era uma câmera lenta que me mostrava o que eu não tinha visto nesses últimos três dias . 

Tris estava definhando e a culpa era minha .

Tentei segurar em seus braços quando a realidade me sugou de volta , mas ela me impediu se afastando, assim como fez na noite em que a encontrei . Ela bufou irritada , e também se afastou dos braços acolhedores de Johanna . Puxou a muleta e tentou se equilibrar novamente. Vi sua carranca de dor e Johanna pedindo para ela ir devagar para não machucar ainda mais o pé , mas ela era teimosa e tinhosa como uma porta . 

- Estou bem. - Murmurou ela ainda com dificuldades de se apoiar. 

- Me deixe te ajudar , Tris ... - Ia dizendo quando ela me parou .

- Não preciso da sua ajuda , Quatro. Você já fez o bastante por mim . Você, Caleb e sua banda podre . - Respirei fundo porque eu sabia que estava errado e que a qualquer momento eu teria que enfrentar a versão monstra de Tris . Eu reconhecia que tinha sido um filha da mãe , mas eu estava tentando me desculpar com ela . 

- Eu sei do meu erro Tris . Penso nisso todo santo dia . - Ela ri debochada, me surpreendendo um pouco . 

- Jura ? 

- Eu não queria que isso tivesse acontecido com você, Tris . Eu estou mal com tudo isso ... 

- Você é imaturo ... - Começou ela me interrompendo .

- Tris ... - Johanna tentou intervir , mas Tris se manteve fria .

- Você não sabe o que é respeito . Você é Caleb agiram como dois covardes pelas minhas costas. Usaram Peter como bonequinho para fazer o que vocês queriam! - Gritou ela irritada . 

- Nós não agimos como covardes ! Eu não sou covarde ! Eu lutei por você... 

- Lutou? Ótimo! Agora você é o meu herói! Estou cansada , sai da minha frente. - Gritou novamente, e dessa vez eu não deixei . Parei em sua frente bloqueando sua passagem. 

- Você está agindo como uma criança mimada. Eu fiz o que eu pude ! Não falei para o Peter te abandonar em lugar nenhum . 

- Está certo Quatro, você está certo! 

- Garota, porquê você é assim ? - Perguntei perdendo a paciência. Foi então que ela se aproximou de mim e me encarou, me olhando em desafio . 

- Existe uma Beatrice de antes e depois de você. - Sibilou para mim . - E a de depois foi você quem criou . 

Fiquei mortificado no lugar onde eu estava. A garota se ergueu, conseguindo se apoiar nas muletas e depois me deixou para trás . Um turbilhão de pensamentos me atingindo sem dó alguma. 

Johanna parada a minha frente , não sabia se ficava e me consolava ou se ia atrás da loira. Assenti depois de alguns segundos me dando conta da merda que eu havia me enfiado . 

Deixei Johanna para trás, caminhando para fora de casa e sem dar aviso de que voltaria.