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História Do I Wanna Know!? - Norminah - Brave, Honest and Beautiful


Escrita por: FarofeiraHansen

Notas do Autor


Hey Sweets 💕

Hoje vim com algo diferente, realmente me surpreendi em conseguir escrever esse capítulo em poucas horas, pois sou bem lerda mesmo, mas enfim. Eu tentei uma nova experiência com essa fanfic, envolvendo um capitulo, no caso esse, sem muitas 'poesias/poemas' ou até mesmo os tradicionais textos de reflexões. Queria saber a opinião de vocês sobre isso, então conto com essa pequena 'ajuda' nos comentários.

Enjoy! 😊

Capítulo 13 - Brave, Honest and Beautiful


Fanfic / Fanfiction Do I Wanna Know!? - Norminah - Brave, Honest and Beautiful

Normani Kordei Hamilton, Point Of View. 

Miami, Flórida, 8 de Abril de 2016. 
"A alma esconde flores ou esconde espinhos?" 

Me pego totalmente livre de qualquer pretexto capaz de fazer-me voltar a realidade, um mundio medíocre onde qualquer decepção é capaz de abrir uma profunda cicatriz, e qualquer lembrança é a responsável em transformar os momentos mais felizes, naqueles que mais abominamos em lembrar. O paralelo era o que mantinha firme sobre os trilhos de ferro onde percorreriam trens e suas bagagens, as estribeiras recentes construídas em meu psicológico ou até mesmo o equilíbrio que tomei quando realmente recebi o maior desprezo do mundo.

A realidade. 

Era um de meus motivos, o principal, para manter-me sempre que possível, no paralelo de meus pensamentos e devaneios. 

Era uma tarde quente em Miami, o sol era o espetáculo maior daquele dia caloroso em toda a cidade, embora o final de semana mal estivesse começando, não teria trabalho ou coreografias para melhorar, não hoje, precisa parar um pouco e pensar.

Me afastar um tanto até ter tudo em ordens.

Camila tinha em mãos uma revista de fofocas adolescentes, enquanto suas pernas finas estavam sobre mim, era típico estar sempre com sua presença, a não ser quando os trabalhos da faculdade lhe deixavam esgotada a ponto de não conseguir respirar ar puro, logo mais em sua reta final. Hora ou outra ria de suas caras de bocas lendo alguns dos 'babados" sempre estampados, era cômico o quão interessada ficava com poucas páginas, ao menos lhe mantinha entretida. 

Elevei uma de minhas framboesas em direção a boca, enquanto minha atenção estava focada sobre a latina. 

:- Kim Kardashian e Kanye West junto em Las Vegas, no dia dos namorados. - Ela ditou lendo o título de uma manchete.

Desviei meu olhar do teto de gesso branco, para fitar a face angelical da morena que entreabriu seus lábios ficando boquiaberta com os olhos levemente arregalados, parecia ler a suposta notícia, não evitei em rir baixo. 

:- Oh, pela Madonna. - Para a latina era Deus no céu e Madonna na terra, era irônico pois não fazia muito de seu gosto. - Será que eles vão casar em uma capela abençoados por Elvis? - Foi a vez de encarar meus olhos, franzi o cenho. 

Camila poderia ser inteligente o suficiente, mas quando o assunto era intelectual ou ligado um mundo indiferente ao nosso, em meio a grifes e artigos de luxo - embora muito de seu futuro -, ela poderia ser mais perdida que uma barata em meio a um tiroteio. 

:- Camila... - De modo sonoro me respondeu, novamente tinha sua atenção as manchetes. - Eles são casados a quase dois anos. - Comentei franzindo meu cenho. 

:- Mas... - Seus olhos percorreram a revista completamente confusa.

Ri baixo do breve desespero. 

:- E o dia dos namorados foi em fevereiro...

:- Mas eu comprei essa revista hoje. - Indagou.

Deixei a pequena vasilha de minhas framboesas sobre a mesinha de centro e tomei a revista de suas mãos, folheando-a até o verso. Podendo assim deparar-me com a data de fabricação. 

:- Isso é de três anos atrás. - Comentei entre risos ao fitar sua expressão boquiaberta.

Ela cruzou seus braços abaixo de seus seios, que ficaram mais elevados mesmo por baixo da regata básica na qual vestia, balançava sua cabeça em negação enquanto murmurava contragosto, meramente desacreditada. Gargalhei jogando a revista em sua direção, tornando a pegar novamente a vasilha. 

:- Eu sabia! - Esbravejou. - Eu não deveria acreditar naquele senhor de óculos de grau. 

Ri baixo elevando algumas das pequenas frutas avermelhadas em direção a boca, saboreando-as.

:- Qual o problema dos óculos de grau? 

:- Não são confiáveis. 

:- Mas quem comprou a revista foi você. - Respondi risonha. - Você seria um desastre se optasse por uma faculdade de jornalismo, ou algo do gênero.

Pude perceber a forma monótona ao revirar os olhos

:- Você sabe que não faz meu tipo. - Sorriu de canto. 

Sempre abominou algo     que movimentasse seus dedos em meio a teclas de um computador ou algo mais tecnológico. Se fosse para cansar seus dedos, que usasse canetinhas ou esboços de sua criação, tinha talento com isso, um dos principais motivos para optar por Design.

Dei de ombros voltando a comer desviando meu olhar ao aparelho televisor que visivelmente transmitia algum filme melodramático ou algo do gênero, suspirei em repulsa e me remexi sobre o estofado. 

Camila encarava-me perdidamente em seus pensamentos,  - ao menos era o que suas expressões demonstravam. - talvez os mais propícios, ou até mesmo o modo comum em tentar desfrutar e entender os detalhes de algo ou alguém, típico de Karla.

Talvez pelo fato de sempre subestimá-la. 

O que confesso nunca ser o suficiente, sempre tenta ver a positividade em tudo, seja até mesmo em uma decepção amorosa. Se diz uma deusa experiente do amor, que reconheceria quando estaria amando, mas tinha certeza que não ia para cama com alguém a longos meses.

Mas amor não era o motivo. 

Se diz maravilhosa nesse quesito, e sempre que posso, estarei gargalhando. 

:- Eu me por que, pela Madonna. - Poderia até ouvir: Like a Virgin tocar ao fundo, porém, pena que não é tão virgem assim, não é!? - Porque ainda há olheiras em baixo de seus olhos? E não! - Apontou seu dedo em minha direção. - Não culpe a insônia. 

Arqueei uma de minhas sobrancelhas elevando as mãos em sinal de rendição.

Era óbvio que notou, e não é de hoje, a vermelhidão de meus olhos, as frequentes olheiras e os cabelos desgrenhados, logo meus cachos, sempre bem tratados. Notava também a recência de meus lábios trêmulos e roxeados, subestima-la sempre seria falho. 

:- É delírio, Camila. - Lhe respondi afundando minhas costas contra o macio do encosto daquele mesmo sofá. 

:- Delírio? - Perguntou pegando algumas de minhas framboesas. - Jesus Cristo, Britney Spears que me socorra, eu não ouvi isso! - Revirei os olhos encarando teto branco, pude sentir o espalmar de sua mão sobre minha coxa. - Vai, me diz porque demorou o dobro do tempo debaixo do chuveiro? Porque não sai de casa sem seus óculos escuros? Ou até mesmo evita ter uma conversa duradoura? - Fitei rapidamente seus olhos, um tanto quanto desconfortável. - Olha, Mani... Eu sei o quanto é boa em camuflar sentimentos, mas os olhos sempre denunciam o que o coração tenta esconder.

Suspirei em resposta e abaixei meu olhar em sua direção. 

:- O coração não é o problema, não no sentido que costuma ser simulado. - Lhe respondi receosa. 

Tudo bem, eu amo Camila como se fosse minha irmã mais nova, porém, eu agradeço aos deuses, por ela não ser minha irmã caçula. Já pensou? Eu tendo pensamentos impróprios com minha irmã mais nova? 

Ela sabia que não poderia conter a língua, não por obrigação, mas sim, por sua própria intuição. 

:- Você me olha como se eu estivesse grávida de onze meses e Thomas fosse o pai da criança. - Comentou após minutos de silêncio.

Era comum calarmos e nos encaramos em meio ao grande nada aos arredores.

:- Mas Thomas é meu Ex! - Indaguei desviando o assunto. 

:- Exatamente. - Sorriu de canto.

Balancei a cabeça negativamente.

:- Como você descobriu? - Minha voz não passou de um sussurro, engoli em seco.

Senti o gélido das pontas de seus dedos, ao acariciarem minha face. 

:- Eu sei quando está chorando, eu tenho consciência disso. - Comentou indiferente do que pensara. Fitei o negro de seus olhos suspirando baixo. - Vamos, desembucha, me conta tudo o que vem acontecendo. 

Pegou em minhas mãos, acariciando as costas das mesmas com seus polegares. 

Joguei minha cabeça para trás, podendo assim encarar novamente o teto de gesso branco. 

:- Senhorita Fenty... - Me referi a senhora responsável pela galeria, a mesma que ficava na portaria por trás do balcão, fazendo um grande trabalho, segundo ela.

A expressão de Camila era um tanto revoltada.

:- O que aquela velha fez? - Disse entre dentes. 

Respirei fundo tomando fôlego antes mesmo de prosseguir. A latina sempre tinha um jogo aberto comigo, embora eu sempre tentasse lhe distrair ou desconversar o assunto. 

:- Ela está cobrando um valor maior para ter a academia de dança. - Ela estreitou seus olhos sobre mim. - E em referente a minhas aulas, o valor no qual ganho das mensalidades e afins, não é o suficiente para conseguir me sustentar. - Fechei meus olhos, tentando suprir as lágrimas.

 Ainda não tinha o valor referente a conseguir comprar o apartamento, aluguel era o mais acessível. 

:- Mas... O que? - Bufou frustrada. 

:- Exatamente. - Meus olhos já apresentavam sinais de marejamento.

Nunca me senti tão frágil como no momento, entendia agora o motivo do isolamento no qual me colocava. Como com quem pudesse ler os arredores de pensamentos, Camila decifrou o que eu realmente precisava: um abraço. E então abraçou-me, transpassando conforto, e toda sua lealdade. Não supri lágrimas ou olheiras, e chorei, chorei a ponto de soluçar. 

Ela não pareceu incomodada com sua roupa molhada. 

:- Eu posso não saber o que está sentindo, posso não saber a solução do seu problema. - Apertou-me contra seu peito, como uma mãe cuida de um bebê indefeso. - Mas eu vou estar aqui se precisar de mim. 

Afirmei em meio a soluços baixos enquanto tinha meu queixo apoiado sobre seu ombro, minha visão turva não negava minhas sensações.

:- Nesse mundo imenso parece loucura. - Comentei ainda chorosa. - Alguém te notar...Obrigada por tudo. - Sorri minimamente e a morena afastou-me pelos ombros.

Fitou meu semblante abatido e pressionou seus doces lábios contra minha testa, enxugando poucas das lágrimas. 

:- Sei o quanto é louca pela dança, mas nessa neblina de desespero fica difícil enxergar uma solução... - Ditou fazendo-me relaxar os ombros em concordância. - Já tentou algum empréstimo? Posso lhe ajudar com alguma quantia. - Neguei. 

:- Você é digna de seu dinheiro, eu...eu vou achar uma solução. - Sorri de modo fraco. Apenas o curvar dos lábios. - Logo agora que teríamos um campeonato... - Suspirei. 

:- Olha, confie em você, bem dizia Sócrates: O próprio sábio cora das suas palavras, quando elas surpreendem as suas ações. - Segurou nas laterais de seu rosto, erguendo meu olhar ao seu. - Espere passar, sei que consegue, só então pense nas expectativas, vai sair dessa como das outras vezes, apenas, não desista. 

Tentou transmitir-me tranquilidade.

O que não resolveu muita coisa. 

:- E se...não conseguir? - Sussurrei mais para mim mesma do que para a latina ao meu lado.

Sua risada deu conta de meus ouvidos. 

:- Respire fundo, uma, duas, três vezes se necessário. - Umedeci meus lábios atenta a mesma. - Feche seus olhos. - Soltou meu rosto, porém meus olhos continuaram firmes sobre o seu. - E imagine uma cena bonita, seu sonho mais surreal, qualquer coisa, mas não chore. - Apontou em minha direção e afirmei, como se estivesse em hipnose. - Faça por acontecer, por mais difícil que seja. 

Sorri fraco suspirando.

Como se levasse qualquer receio embora. Queixo erguido e ombros livres de qualquer opressão. 

:- Desde quando você sabe? - Balbuciei. 

Já havia controlado os baixos soluços, lágrimas e afins. 

Ela sorriu de modo misterioso. 

:- Qual é, Normani!? Eu já lhe disse que sou experiente em desvendar seus sentimentos. - Beijou seu próprio ombro e sorri triste.

Olhei para frente em meio a poucos pensamentos em relação a suas palavras. 

:- Oh meu Deus! - Exclamei arregalando meus olhos. - Camila, pelo amor de Deus, não diga nada! Eu não quero que saibam, sei que não faz diferença, mas...Por favor. - Fitei seus olhos de modo pidão. 

:- Está me chamando de Judas Escariotes, Normani Kordei? É isso mesmo? - Comentou meramente indignada, encolhi meus ombros. - Eu não pretendo contar, fique calma. Eu sou sua melhor amiga, sua anta. Ou esqueceu disso? 

Ri fraco. 

:- Puta merda! - Praguejei corando drasticamente.

Camila gargalhou alto.

Muito alto. 

Como se soubesse de todos meus segredos. 

:- Você está com vergonha de mim? - Caçou realmente divertida. - Eu já te vi nua, já te vi em posições constrangedoras, já assistimos Hentai juntas. - Contava nos dedos na medida na qual buscava por motivos, encobri meu rosto com ambas as mãos tentando esconder a vermelhidão de minhas bochechas. - Já lemos Cinquenta Tons, Toda Sua e uma série de livros quentes e você tem vergonha de mim? Sério, Mani? 

Em resposta a suas provocações, acertei em cheio seu rosto após rumar uma almofada em sua direção. Ela riu mais ainda ao ver minha careta cinicamente brava quando ousei em revidar. 

:- Eu te odeio. - Falei fazendo um biquinho ao curvar meus lábios, superior e inferior. 

Sabia o quando achava extremamente fofo. 

:- Eu sei que você me ama, e eu te amo também. - Sorriu irônica e revirei meus olhos. Novamente sua risada se tornou presente. - Eu acho que tenho uma solução. - Reatou o assunto.

Franzi o cenho me acomodando melhor no sofá enquanto fitava tais atos, ela tomou seu aparelho telefônico que se encontrava sobre a mesa de centro, junto a vasilha agora vazia, deixei por lá minutos atrás. 

:- O que está aprontando, Cabello? - Perguntei curiosa tentando ler o que procurava em meio a tela de vidro. 

:- Quer ganhar dinheiro certo? - Perguntou como se fosse óbvio e afirmei meramente confusa, não era de se esperar. - Por algum motivo já se perguntou de onde conseguia bancar o início de minha faculdade sem nem ao menos trabalhar? 

Curvou-se para alcançar o controle sobre a mesa de centro, aproveitando para desligar o aparelho televisor, deixando-o novamente em seu devido lugar.

:- Seus pais bancavam, não? 

:- Não, eu tinha meus contatos. - Elevei uma de minhas sobrancelhas. - Não sou mafiosa, antes que pergunte. 

Levantei ambas minhas mãos em sinal de rendição. 

:- Então o que significa a quantia que ganhava para bancar tudo? 

:- Um catálogo de profissionais que prestam serviços sexuais em troca de bonificações. - Franzi o cenho. 

:- Mas isso não é usado por agências? - Travei o maxilar. - Camila, isso pode ser considerado prostituição! - Esbravejei como se tivesse descobrido a pólvora.

Ela negou sem expressão alguma em seu rosto ao encarar-me rapidamente e voltou sua atenção ao aparelho em mão logo em seguida. 

:- Não, eu não tinha relações. - Riu de modo extremamente baixo. - Eu participava de alguns eventos, sabe, como premiações. - Afirmei. - Ele é presidente de uma empresa dos arredores de Miami, é confiável, acredite. 

:- Mas, você não participa mais? - Perguntei me ajoelhando ao seu lado, podendo ter mais clareza do que via através do visor. 

:- Não, meus pais bancam agora, e cansei um tanto. - Ri baixo abraçando-a pelos ombros. - Mas a quantia é boa, creio que vai ajudar, não são muitos eventos ou festas, talvez não venha a intervir, se é que me entende. - Afirmei. - Então, o que acha? 

Olhei para frente um tanto quanto pensativa.

E se...? 

:- Terei problemas? - Fitei sua face esbelta. 

:- Descobriremos assim que aceitar. - Travei o maxilar e a latina riu. - Vai na minha, se tiver algo que lhe desagrade, é apenas dizer a ele, assim como eu, ele irá entender, não é esnobe ou cabeça dura como os demais. 

Suspirei abaixando meu olhar. 

:- Eu aceito. - Respondi após longos minutos de pensamentos átomos.

 Ela sorriu batendo palmas após largar o celular sobre seu colo.

Ri negando ao observar a cena. 

:- Ainda sobra dinheiro para comprar uma cinta de liga e a zorra toda! - Jogou os braços no ar.

Gargalhei. 

:- Eu não preciso disso, posso fazer por conta própria. - Pisquei. 

:- Ótimo. - Sorriu cínica movimentando as sobrancelhas e se acomodou em meus braços deixando um pequeno beijo em meu pescoço. - Agora tira essa blusa manchada de café e vai se aprontar. - Indaguei silenciosamente. - Esquece um pouco, dê uma folga ao seu psicológico, com um dia lindo como esse você vai ficar aqui chorando? Uh? - Ri baixo negando. - Pois bem, vamos curtir o que Miami tem de melhor.

:- Comida? 

:- Também. 

:- O que mais? - Desprendi-me de seus ombros já levantando-me do estofado. 

Senti minhas costas latejarem aclamando a leve dor, talvez tivesse ficado em uma única posição por muito tempo. Fiz uma leve expressão de dor, que logo aliviou-se. 

:- Compras, por minha conta. - Sorri de canto. - E sim, vou comprar uma cinta de liga e a zorra toda! - Disse alto e em bom tom enquanto eu dava-lhe as costas. 

Não recebeu uma resposta concreta. 

Meus pés deslizaram-se pelo carpete de tom bege, estar descalça era como uma mania, relembrando-me como seria subornada a calçar algo, as palavras de minha mãe ecoavam simultaneamente em minha cabeça. O banheiro parecia distante quando os pensamentos me torturavam, tanto que mais gélida se encontrava a maçaneta. 

Os conselhos de uma soberana, como costumava ditar, seriam os seguintes: 

Nunca force a ser algo que você não é. 

Uma hora ou outra vão acabar desvendando, pois por trás de toda mentirá, sempre haverá um pouco de verdade. Dizia ser por experiência própria. 

Aí vai o segundo: 

Nunca siga o que os outros querem que você faça, ao menos que os outros estejam tentando te alertarem. Não seja tolo e ignorante, dizendo que não vai fazer o que tal pessoa lhe recomendou pois você é dono do seu próprio nariz. Saiba que ser independente é uma coisa, ser burro é outra coisa completamente diferente. Analise, primeiramente, os conselhos que te dão e reflita sobre o que é melhor para você. 

As vezes me pegava pensando no quão rude estava sendo comigo mesma. 

E então o último segue aqui: 

Ninguém é feliz, então, apenas vivencie os momentos. 

Como já bem dizia Sócrates, segundo Camila. 

Girei a maçaneta, adentrando em meio a aquelas quatro paredes, deixando-a apenas encostada, não havia necessidade de trancá-la. Tratei de despir-me enquanto tinha meu olhar fixo sobre o reflexo do espelho, o semblante abatido era o que tomava conta do meu interior e físico. Joguei as vestes no cesto e tratei de girar a válvula responsável pelo usufruir da corrente de água, que caía contra o chão, apressei-me para adentrar no pequeno espaço aos arredores do box de vidro, que logo o fechei. 

A água quente contra minha pele negra deixava com que meus músculos se contraíssem em um relaxamento realmente prazeroso. Escorria fluentemente entre minha cabeça, clavícula, ombros, tronco, o interior de minhas coxas, pernas, e por fim, o ralo ao canto do chão molhado onde tinha meus pés firmes. Peguei uma pequena bucha, onde junto ao sabonete líquido, formei uma espessa quantidade de espuma, começando a passar sobre minha pele sem pressa alguma.

Sócrates nos ensina está no caminho da busca por nossos objetivos e não no encontro deles. Bem, vejamos assim: Seu amigo lhe chama para uma excursão para encontrarem diamantes. Pois bem, você aceita, animado e vai. Durante todo o caminho você está feliz, pois está em busca de algo que lhe renderá um grande benefício, você se sente imensamente feliz por estar fazendo aquilo, não importa o que você passe na excursão, o caminho para o seu objetivo é o que lhe deixa feliz. Mas, ao encontrar o diamante você apenas se sente realizado por ter cumprido seu objetivo, e não feliz. 

Quando percebi, minha pele estava um tanto quanto avermelhada, sinais de que perdi-me em desvaneios frequentes os suficiente para esfregar a bucha contra meu corpo, mais que o necessário. Retirei prontamente a espuma de meu corpo, deixando que levasse qualquer energia negativa. O vapor se tornava presente, talvez pelo tempo que fiquei por debaixo da água quente, presumi estar ali a pelo menos vinte minutos, o suficiente para embaçar minha visão e o espelho daquele cômodo, tornei de apanhar uma toalha, assim que apalpei o azulejo úmido a procura da válvula que faria o ciclo de água encerrar-se. 

Assim feito, envolvi o tecido macio e felpudo em meu corpo ainda molhado, após abrir as portas envidraçadas do box. Com o pé direito, saí do pequeno 'quadrado' onde me encontrava e segui em frente ao espelho, tentando retirar um pouco da umidade que encobria minha visão, sorri satisfeita. 

Sequei as gotículas ainda presentes em meu corpo, embora o exaustor estivesse ligado, deixando-me completamente livre de qualquer umidade ou algo do gênero, vestindo-me apenas por uma lingerie rendada de tonalidade branca, apenas. Deixando os cachos ainda molhados, caídos sobre os ombros, estiquei meu braço pelo balcão de mármore, pegando um creme corporal. 

Meu contraste. 

Despejei um pouco da substância cremosa com aroma incomparável, logo deixando-o em seu devido lugar. Passei em pequenas proporções sobre minha pele, em devido cuidado para tê-la sempre bem cuidada, como desejava. Sorri em resposta e abri a porta do banheiro, tendo em vista o quarto de paredes em tom de turquesa e branco, fechei a porta por trás de mim, antes de seguir em direção a cama, ajoelhando-me sobre a mesma, onde Camila encontrava-se sentada em forma de índio, devorando um pacote de Pringles, poderia reclamar da irritação que seria ouvi-lá mastigando as pequenas batatas crocantes, mas sabia o quão delicioso era, sem ao menos importar-me de seus atos, ou dos farelos que caíam sobre meu lençol. 

:- Encomenda para você. - Fez um breve ato com a cabeça, apontando para uma caixa branca e mediana aos fundos da cama. 

Arqueei minhas sobrancelhas. 

:- O que é? - Engatinhei até a mesma, tomando-a em meus braços enquanto observava os detalhes com certa atenção. 

:- Se abrir, irá saber. - Comentou fechando o pacote e seguidamente batendo suas mãos uma contra a outra.

O que presumi servir para retirar qualquer vestígio do alimento por entre seus dedos. 

A caixa era mediana, em um tom neutro, presumindo ser branco, contendo algumas escritas ilegíveis em preto, enquanto em principal, uma grande laço de cetim rosado, mais levado ao tom 'vinho', sem deixar de chamar atenção. Com a ponta dos dedos tratei de desfazer a delicadeza do embrulho, retirando a fita em seguida. Abri a caixa sem pressa alguma, tendo em vista um tecido vermelho, franzi o cenho em discordância. 

:- Thompson, ele me enviou para o evento que eu o acompanharia nesse sábado, amanhã, mas eu não poderei, então você irá me substituir. - Sorriu. 

:- Thompson? - Afirmou.

Dei de ombro retirando de lá um vestido longo, sorri observando-o. 

:- Ele tem mania de sempre enviar o look necessário, é como uma ordem. - Deixei a caixa de lado. - Ele sempre irá fazer isso, creio que caia perfeitamente em você. - Murmurei um "sim". - Porque não experimenta? 

:- Agora? 

:- Sim. - Sorriu de canto e levantou-se. - Vem aqui, eu lhe ajudo. - Estendeu sua mão direita em minha direção.

Segurei na mesma, tomando impulso para me desprender da cama. Meu quarto não era nada extravagante demais em questão a tamanho, mas o suficiente para mim, havia um grande espelho próximo a porta do pequeno closet, onde Karla me conduzia deixando o vestido em frente ao meu corpo. 

Encarei meu próprio reflexo em frente ao espelho, com Camila atrás de mim, fechando o zíper em minhas costas. Sorri em agradecimento. 

Céus, eu estava completamente irreconhecível! O que Camila não poderia aprontar? Cheguei a um ponto que jamais duvidaria daquele rosto angelical e personalidade infantil. 

:- Gata, se meu espírito interior fosse de macho alfa, tu já seria todinha minha! - Camila e suas frases filosoficamente pensadas, sabia que jamais teria uma relação com alguém tão íntimo. Gargalhei realmente satisfeita comigo mesma e pulei na latina, abraçando-a. - Xô, criatura! - Espantou-me. - Eu não tive tanto trabalho para colocar esse vestido em seu corpo sem que machucasse o tecido para nada! - Comentou ajustando a veste em meu corpo. - Então, trate de parar de tentar amassá-lo! 

Revirei os olhos porém a atendi. 

O vestido caía perfeitamente em mim, era deslumbrante. Bem digamos, que a cor vermelha sempre cai bem em mim, mas, dessa vez, houve um avanço e tanto. O tecido simplesmente grudou em meu corpo, desenhando-o de forma incrivelmente sexy. Eu não estava vulgar, eu estava sensual. E é nessas horas que eu sinto que posso abalar o mundo, eu sou linda, afinal. E eu sei disso, só precisava de alguém que me lembrasse de tal fato e, bem, Camila fez esse pequeno trabalho para mim. 

:- Obrigada, Camz. - Falei agradecida a mais nova, que sorriu convencida. - Eu não sei o que seria da minha vida sem você e toda essa vivacidade em me aturar. 

:- Um verdadeiro caos, minha cara, sua vida seria um verdadeiro caos. - Ela brincou erguendo as sobrancelhas de modo zombador. 

Indiferente de suas esperanças, eu não retruquei, apenas ri em sua presença. Pois por um lado era correta de sua caçoagem. No fim das contas estava correta, minha vida não seria a mesma sem ela. 

:- A maquiagem não precisa ser pesada. - Comentou virando-me pelos ombros, fazendo-me fitá-la, apertou levemente minhas bochechas. Tentei reprimir um ataque de risos. - Um delineador contornando seus olhos, rímel e um batom nude, perfeito! - Comentou analisando meu rosto. 

Nada muito chamativo aos meus olhos. O vestido já fazia seu papel sozinho.

Imaginei o quão bela estaria Camila com meus trajes. 

:- Você também não estaria nada mal, Camz. 

Soltou meu rosto.

:- Nada mal? - Ela caçoou de meu elogio, totalmente perplexa. A incorporação de 'Madonna' virou-se rodando em frente ao espelho e jogando seu cabelo em mim. - Meu amor, eu consigo abalar mais estruturas assim do que você! Mesmo que você esteja muito gostosa nesse vestido. - Ri baixo deslizando minhas mãos pelo decido, modelando meu corpo. - Ninguém resiste aos meus encantos, meu bem! Nada mal é nada comparado a como eu estaria vestindo esse vermelho. Seja mais verdadeira comigo e consigo mesma, pode confessar que eu estaria maravilhosamente encantadora! 

O que deram para essa garota!? 

Meus risos só aumentaram com todo o discurso narcisista. 

:- Okay, você está certa. - Eu me rendi, sorrindo abertamente. Ela posicionou-se novamente por trás de mim. - Você estaria muito gostosa. - Poderia sentir que Camila tinha pousado em seus lábios, novamente o tão conhecido, sorriso convencido. 

Ouvi o soar do zíper sendo aberto e logo o tecido deslizar-se por minha pele, deixando-me seminua em frente o espelho. 

Agachei-me pegando o vestido com o mesmo cuidado que pegaria um dente-de-leão em uma tarde de vento forte, me direcionei até a cama, onde prontamente o deixei em seu devido lugar. Dentro da caixa, tentando ao máximo não danificar o tecido com amassaduras. 

:- Mani? - A morena chamou-me enquanto ainda permanecia em seu ponto anterior. 

Mordi meu lábio inferior em repulsa. 

:- Sim? - Sussurrei inclinando minha cabeça. 

:- Eu quero te falar algo, okay? - Ditou e assenti. Virou-me quando mais próxima, fazendo com que tivéssemos um contato visual bem intenso. Seus olhares me transmitiam força. - Amanhã, não deixe que nada te abale. Você irá superar isso, por mais demorado que seja, okay? - Eu suspirei um tanto desacreditada. Lancei-lhe um sorriso frágil e melancólico. - Amor, escuta só isso: Você pode dançar como Beyoncé, você pode requebrar como Shakira, porque você é corajosa, sim, você é destemida e você é linda, você é linda. - Falava pausadamente e de modo enfático. Fiquei atenta a tais palavras que pareciam soar de tal forma familiar. - Então reclama como Rihanna, vá em frente e pose como Madonna, porque você é corajosa, sim, você é honesta, e você é linda, você é linda. 

Não evitei em sorrir. 

:- Porque tenho a leve impressão de que já escutei essas palavras antes? - Eu indaguei franzindo a testa. 

Mesmo que eu tenha desviado o assunto, Camila deu-me força, mais do que imaginava, era como se ela fosse a corrente que sustentava meu navio, para mantê-lo ao nível da água. 

Eu fiquei realmente comovida.

O que seria de mim sem ela? Quem levantaria meu astral de tal forma? 

:- Porque eu acabei de plagiar você mesma. - Ela sorriu amarelo, fazendo-me gargalhar. - Aulas de música, lembra?  - Sim, já tive um leve desejo de cantar para multidões. Dança me acomodou melhor. - Só não me denuncie por direitos autorais, eu simplesmente amo essa música, então, nem tente! 

:- Oh meu Deus! - Eu exclamei rindo alto. 

:- Mas é sério mulher! - Ela tentou chamar-me atenção, porém eu ainda ria de toda aquela situação. - Ô criatura! Presta atenção aqui, oferenda devolvida do mar! - Franzi a testa devido ao apelido estranho e resolvi prestar maior atenção na latina. - Eu estou falando sério, Mani. Você é linda, brava, inteligente e forte. Você pode fazer tudo o que você quiser e isso inclui divertir-se um pouco, arrisque! Mais cedo ou mais tarde, tudo vai voltar ao normal. 

Eu suspirei sorrindo para ela.

Espero que realmente esteja certa dessa vez.

Nem que seja a última vez.

Saí daquele transe quando ouvi o soar de "Flawless" em resposta ao meu celular, que tinha o ecrã brilhando e o vibrar do aparelho era presente, aproximei-me da cômoda com os seguintes números não tão conhecidos por mim. Apanhei o aparelho atendo a ligação e elevando ao ouvido.

:- Alô!? - Franzi o cenho ouvindo algumas vozes do outro lado da linha e uma respiração pesada.

:- Normani?! - Suspirei aliviada tendo um sorriso nos lábios ao ouvir a suposta voz.

Sabe quando você vê que algo não está funcionando e cada dia vai ficando mais cansado, mas uma coisa lhe fazer seguir adiante, e essa coisa, especificamente é a esperança. A esperança é algo bizarro, é basicamente dizer que não há nada a fazer a não ser esperar e torcer para que algo aconteça.

Então, me pergunto, porque não? Arriscar pode ser uma boa opção, se já bem dizia, Camila Cabello. 

 

"Se cada flor tem o seu tempo, eu aceito florescer no determinado tempo. " 
 


Notas Finais


Então, o que acharam!? 💕

XoXo 💜💙


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