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História Do I Wanna Know!? - Norminah - Feelings


Escrita por: FarofeiraHansen

Capítulo 15 - Feelings


Fanfic / Fanfiction Do I Wanna Know!? - Norminah - Feelings

Dinah Jane Hansen Point Of View 

Miami, Flórida, 8 de Abril de 2016.

À vezes me pego pensando, sabe, se minha vida estivesse no auge como um famoso nas capas de revistas, nos tabloides mais comentados ao redor do mundo, ou até mesmo a mais comentada em entrevistas dos jornais locais, tenho certeza que estariam mais fascinados no decair do meu cabelo, a roupa na qual vestia, ou até mesmo nas respostas que daria a um entrevistador. Acontece que por trás das câmeras, das cortinas ou entre quatro paredes, ninguém percebe que uma mulher madura pode muito bem ser a mesma de anos atrás, aquela que as dezessete chorava jogando flores em uma cova profunda rastos de lágrimas em sua face, que sentia medo e tinha esse direito. Mas se na visão de um telespectador, quando ver um rosto esbelto e um corpo delineado, jamais imaginaria que por trás do opaco de meus olhos, demonstrem alguém que não consigo realmente ser, como se vivesse no corpo de um individuo, uma incógnita. Não enxergaria que precisava de apoio, muito menos compaixão, sabe, as pessoas preferem enxergar com outros olhos.

Talvez seja exatamente por isso que não percebam as desilusões de meus olhares, tão diretos.

24 horas tentando fingir que está bem, quando na verdade é "humana" como qualquer outra pessoa, tenho sentimentos e muitas vezes não consigo demonstrar, acostumada a ter um pulso firme e queixo erguido. 

A vida é feita de fases, fases essas que transformam-se em mudanças, como as da Lua em noites escuras. Mudanças acontecem, todas elas são positivas, a vida caminha para frente. Imagina que chato, continuar sendo a mesma pessoa para sempre, se você, continuasse tendo a mesma cabeça que você tinha a dois, três, cinco anos se possível. Não se consideraria uma pessoa muito melhor agora? Já pensou passar-se anos e tudo continuar no seu lugar, sua mente, psicológico, ou seu interior, exatamente, nada mudar, imagina que chato? 

Seres humanos merecem mudar, caso contrário morreriam aos poucos em seu interior. Os estágios no qual passamos, se alteram em questão de tempo, doloroso? Sim, mas saiba que tudo terá seu lado positivo. 

É inútil pensar que serei sempre a mesma coisa o tempo todo. Sou livre para mudar quando eu notar que é preciso. Doença é não tentar evoluir. Vou deixar esvair, sair de minha zona de conforto, buscar o que minha alma precisa. Nem que o que ela precise, eu já tenha a um certo tempo, apenas deixar fluir. 

Seth parecia crescer a cada momento, lembrava-me quando vi Regina crescer, sua "evolução" aos meus olhos não parecia ser tão precoce quando comparo ao meu filho. Está em uma fase um tanto peculiar, em questão aos "porque(s)", tudo, exatamente tudo, era como uma monótona mania. 

Lembrei-me da tarde de hoje. Não tinha psicológico que controlasse as bobagens de minha mente, tantas expectativas, que parecem desabar quando encarei a face dele após anos, confesso ter um certo receio depois daquele momento de tensão. Aquele não era o ambiente mais adequado para pensar, imaginei-me na situação de Seth, sua cabeça poderia estar uma bagunça se realmente entendesse aquele assunto, algo que agradeço por não ter perguntado-me horas depois. 

Larguei os relatórios e arquivos, deixando tudo exatamente quando dei-me por encarar a tela daquele notebook. Precisava esvaziar com minha cabeça, em um supermercado, onde Seth insistiu em comprar doces, algo que o pequeno simultaneamente aprendeu com Ally, são chocólatras e disso eu não posso negar. Na fila ao comprar seus tão desejados "provocadores de cáries", encontrou-se com uma embalagem de um preservativo masculino, a vergonha alheia começou quando perguntou-me se poderia comprar, pensava ser algo interativo, queria que tivesse essa inocência por um longo tempo. 

Quem disse que ser mãe era fácil?!

Acariciei as madeixas negras do garoto que tinha seu corpo repousado em meus braços, a brisa ao lado de fora não poderia ser mais agradável. Era notável seu estado de sono, quando a respiração pesada era liberada pelo rosado de seus lábios entreabertos, eram suas feições angelicais que me acalmavam. O deitei devidamente acomodativo sobre a cama de solteiro de seu quarto de paredes azuis, cobri seu corpo com o edredom favorito, segundo ele por conter meu perfume quando resolvo dormir junto ao baixinho, aproveitei para deixar a luz de seu abajur decorativo, expandir-se pelo quarto, caso tivesse algum problema em meio a noite fria. Seguidamente me voltei ao parapeito da janela, onde me encontrava sentada minutos antes, fechei a estrutura de vidro e logo após as cortinas, não queria ser cúmplice do pequeno reclamando ao acordar com o sol refletindo em sua face, sei o quanto é cansativo.

Sabia que Lauren só poderia estar em um único cômodo dentro daquela residência, tanto é que prontamente tratei de seguir a pequena biblioteca ao segundo andar da residência - na qual usava de escritório pendente e momentos de descanso longe daquela editora, nada mais contraditório. Ela tinha uma fascinação por livros e o "cheiro" deles, me diz quem nunca abriu a capa recentemente desembalada de um livro, e sentiu o aroma de suas tão diversas páginas?

Como uma droga, em sua opinião.

Ela não era diferente.

Fechei a porta por trás de mim sem fazer muito barulho, sendo perceptível a fumaça aos arredores. Me acomodei na poltrona por trás da mesa da mesa, na qual Lauren tinha seus pés apoiados tragando um cigarro entre seus dedos. 

:- Planos? - Perguntou afastando o mesmo de sua boca, liberando a fumaça na medida que movimentava seus lábios. 

Relaxei meus ombros tomando o maço - que antes sobre a mesa - em mãos. Abri a cartela retirando uma unidade de cigarro, deixando-o entre meus dedos enquanto apanhava o isqueiro. 

:- Eu não faço a mínima ideia. - Suspirei acendendo o cigarro. 

:- Receio? - Retirou seus pés antes apoiados na mesa e os fixou no chão. - Ou medo? - Arqueou uma das sobrancelhas. 

:- Medo, não necessariamente dele. - Suspirei abaixando o olhar para o mesmo em mãos, logo elevando-o a boca.

Nunca foi do tipo viciada ou submissa a álcool ou "drogas", não faziam meu tipo, mas o que não poderia negar é que realmente me acalmavam e sentia-me na necessidade naquele momento. A de olhos verdes esticou seus braço em direção a um cinzeiro sobre a mesa e livrou-se das cinzas, não que fosse uma parte ritualística, e sim, necessária. 

:- Do que ele pode fazer? 

:- Exatamente. 

:- Mas ele vai voltar a Miami? - Perguntou deixando o cigarro no cinzeiro, uma vez que logo apagou-se. 

:- Sim, eu não sei exatamente quando, mas ele não é de desfazer suas palavras. - Traguei calmamente fitando o teto.

:- O que pensa em fazer em questão a isso? - Apoiou seus cotovelos sobre as coxas, deixando suas próprias mãos entrelaçadas na altura do rosto, já que encontrava-se curvada.

:- Sinceramente? - Encarei seus olhos verdes, que estavam em tom musgo afirmando. - Eu literalmente não sei. - Relaxei meus ombros tossindo simultaneamente.

Havia tragado muita fumaça, acabei por desencadear uma leve tosse.

:- Vai com calma, você tem um filho pra cuidar. - Comentou enquanto eu ainda tinha uma pequena crise. 

Balancei a cabeça negativamente ao conseguir controlar. 

:- É por isso que tenho medo. - Apoiei meus pés na poltrona e abracei minhas pernas. - Sei lá, talvez tente algo com Seth, dele eu não duvido muito. - Encarei um ponto fixo voltando a tragar. 

:- Ei...Chega. - Ditou por fim pegando o cigarro de entre meus dedos e deixando no cinzeiro, choraminguei em resposta e cruzei meus braços liberando a fumaça restante. - Não quero você a ponto dos olhos saírem de órbita. - Juntei as sobrancelhas ouvindo-a rir nasalmente.

:- É apenas um cigarro. 

:- Agora falando sério, não se preocupe com Siope.

Arqueei minhas sobrancelhas, ela realmente disse aquilo?

:- Não me preocupar? - Passei a ponta gélida de meu polegar no canto dos lábios. - Você teve alguma amnésia? Talvez bateu a cabeça, perdeu a memória e... - Parei falar ao sentir o modo no qual apertou meus ombros. 

:- Faz o favor de calar essa boca? - Elevei meu olhar ao seu. - Obrigada. - Suspirou soltando-me e direcionando-se em direção a janela, o cômodo havia sido tomado pela fumaçada. - Veja bem, eu sei o quanto ele foi um canalha e um completo hipócrita por fazer o que vez. - Destrancou a superfície sólida logo abrindo a estrutura de vidro deixando o ar esvair-se. - Mas pensa comigo, Seth está sobre seus cuidados quase a todo momento, e quando não, é de alguém de sua confiança, como ele chegaria ao pequeno sem antes passar por você? 

Desviei meu olhar da morena, fitando o chão como se fosse algo mais importante no momento. 

:- Você sabe que é capaz de tudo... 

:- Até de retirar sua felicidade? - Arqueou uma das sobrancelhas.

Elevei meu olhar a seus avelãs esverdeadas meramente confusa com a situação.

:- O que está insinuando? 

:- Que você precisa de um pouco mais de sexo. - Juntei as sobrancelhas da forma brusca na qual mudou o assunto, balancei a cabeça negativamente. - Ou acha que não ouvi seus gemidos enquanto estava no banho? - Cruzou seus braços apoiando-se no parapeito da janela. - Afinal, cuidado, já viu o tamanho de seus dedos?

Gargalhei de modo baixo.

:- Tá louca, Lauren? - Falei entre risos analisando meus dedos. - Eu não sou dessas. - Coloquei as mãos nos bolsos.

:- Então como explica os gemidos? Deveria ser mais discreta sabia? - Mordiscou a carne de seu lábio inferior. 

:- Eu escorreguei... - Falei um tanto corada. - Eram gemidos de dor. - Suspirei. 

:- Uhum, e meu nome é Beyoncé. - Revirou os olhos. - E a morena...Normani certo? 

Automaticamente a cena do beijo veio em minha cabeça, o melhor acontecimento dos últimos dias, talvez o único. Suspirei afastando-a de minha cabeça e fitando Michelle, que aguardava uma resposta.

:- Sim...

:- Porque não tenta algo?

:- A o que se refere? - Reprimi meus lábios.

:- Amizade? Quanto tempo não a vê?! - Dei de ombros sem saber uma resposta concreta. - Você precisa esquecer esse assunto nem que sejam alguns minutos, amanhã tem o dia livre certo? - Afirmei. - Marque alguma coisa com ela. - Simples, ela respondeu-me.

:- Mas porque necessariamente com ela? 

:- Eu percebi seu sorriso bobo naquela noite, na cozinha. - Ri baixo murmurando um "apenas impressão sua". -  E também, sempre vive perdida nesse seu mundinho paralelo, e tenho certeza que não são apenas trabalhos que se passam por sua cabeça.

Abaixei a cabeça tentando evitar contato automático aos seus olhos.

Deveria estar tão vermelha quanto um tomate. 

:- Talvez eu pense nela em alguns momentos mas...tenho medo, de me iludir, talvez me machucar, nem que seja apenas amizade. -Suspirei sentindo as mãos de Lauren sobre meus joelhos, ela fez uma carícia naquela região, um momento singelo de transmitir conforto. 

:- Você costumava ser destemida, e agora tem medo da felicidade? - Beijou minha testa. 

Fechei meus olhos apenas sentindo seus lábios quentes pressionados contra minha testa, um beijo estalado. 

:- Sim, não que ela não seja capaz disso. - Elevei meu olhar ao seu rapidamente, logo tornou-se baixo mais uma vez. - Sabe, falo demais, penso demais, demonstro demais e no fim...

:- Será diferente. - Cortou-me e me apresentou um sorriso sincero. - Vai, conheça ela melhor, tenho certeza que ao menos um sorriso ela consegue arrancar dessa sua expressão abatida. - Vasculhou os bolsos de seu moletom. - Sabia que iria precisar. - Balancei a cabeça pegando meu celular de suas mãos.

Prontamente discando o número tão bem conhecido por minha lista de contatos.

Um

Dois

Três toques foram o suficiente para ouvir sua voz sem que antes desistir. 

:- Alô? - Seria exagero dizer que apenas aquela palavra foi o motivo para relaxar meus ombros?!

Estava tensa e não sabia o real motivo.

:- Normani? - Pude ouvir um suspiro seu, sentia que devidamente estava sorrindo naquela ocasião.

Ou estaria em delírio? 

:- A que devo a honra de sua ligação? - Pude ouvir ela sussurrar algo para alguém do outro lado da linha.

Umedeci meus lábios que naturalmente se encontravam ressecados. 

:- Queria lhe fazer um pedido. - Olhei um tanto nervosa para Lauren, que sorria em minha direção. Encolhi meus ombros. - Aceita sair amanhã pela tarde? 

:- Sair? 

Um misto de receio e insegurança tomou conta de mim, abaixei meu olhar enquanto Lauren ainda acariciava meus joelhos. 

:- Sim, eu...Eu preciso ter um tempo com o..o..Seth! - Xinguei-me mentalmente por gaguejar em uma simples ligação, imagino suas expressões nesse momento. - Eu quero saber se...

:- Eu aceito. - Respondeu simples e prontamente sorri. 

Eu não sabia o verdadeiro motivo, mas me senti melhor apenas com a cadeia formada por duas palavras e diversos sentimentos em meu interior. 

Mas por quê não conquistar o amor? e eu posso ter pensado que éramos um naquela época, queria lutar nessa guerra sem armas, e eu queria isso, eu queria muito isso. Mas haviam tantas bandeiras vermelhas do seu lado, e tudo se foi por água abaixo. 

Sim, vamos ser claros, não vou confiar em ninguém

Ele não me destruiu, me deixou apenas com certa desconfiança em amar novamente. Ainda estou lutando pela paz. 

Vamos ser claros, não vou fechar os meus olhos e eu sei que posso sobreviver em meio a situação deplorável na qual me enfiei. 

Andaria no fogo para salvar a minha vida e eu quero, quero tanto a minha vida de volta. Estou fazendo tudo o que eu posso, é difícil perder o escolhido. Mais difícil ainda é descobrir quem nem nunca mesmo eu vivi. 

...

:- Fazem anos que não venho aqui. - Comentou a morena olhando aos arredores. 

Era uma tarde quente da primavera floridense, estávamos no Matheson Hammock Park, era ao ar livre, estava perfeito para aquele dia. Tinha um extenso gramado, que parecia mais verde, em resposta a estação, diversas árvores em todos os cantos, deixando o fluir de grandes sombras de descanso, ao centro, um grande lago, que por mais incrível, tinha uma água cristalina, tão belo quanto qualquer praia em torno da cidade. Não esquecendo-me de uma ponte que o atravessava, era uma bela vista, quando se tem o por do sol em alguns minutos.

Abaixei meu olhar ao relógio de pulso, o sol estava um tanto forte, portanto, optamos por nos acomodarmos debaixo de uma grande árvore. A sombra era o que mais tínhamos de sobra, amava a sensação quando o vento refletido nas folhas colidia gélido em nossas faces.

:- É um lugar maravilhoso. - Comentei sorridente deixando a cesta no solo tornando a abrir o tecido quadriculado, vermelho e branco.

Um tanto clichê. para não soar muito.

:- Sim, eu tenho que concordar. - Corou levemente fazendo-me rir baixo.

Nos sentamos sobre o tecido quadriculado já sobre o gramado, nos acomodando melhor enquanto observávamos um tanto atentas a Seth, que parecia tentar buscar algo na beira do lago, no qual eu não fazia a mínima ideia.

Sua mente fértil era insubstituível. 

:- Como vão suas aulas? - Perguntei tentando manter um assunto antes de um silêncio constrangedor.

Cruzei minhas pernas em forma de índio e tomei duas taças nas quais permaneciam dentro da cesta.

:- Vão bem. - Comentou com um olhar baixo enquanto alisava o tecido de sua blusa sobre seu tronco. - As meninas irão a um campeonato em Los Angeles daqui a algumas semanas. - Colocou uma mecha de seu cabelo para trás da orelha.

Era perfeito o delinear de cada cacho negro de seus cabelos. 

Lhe entreguei a taça, agora com o suco de laranja, não iria embebedar a morena com algum vinho, ou algo do gênero. Ela me agradeceu com um sorriso de canto e elevou aos seus lábios bebendo pequenos goles. 

Fiz o mesmo minimamente. 

:- Sempre tive a curiosidade de conhecer a Califórnia. - Voltei-me a encarar o horizonte, que não passava do lago não tão distante assim. - Tenho parentes em Santa Ana, mas nem se quer tive oportunidades. 

Era lindo a forma na qual o sol refletia sobre a água formando turbulentos reflexos, com seus primeiros sinais do alaranjamento, jamais o sol vê a sombra. Sorri observando um tanto perdida em devaneios, quando algo, ou melhor, alguém, impediu-me de continuar. 

:- Mama... - Resmungou Seth com uma feição decepcionada, franzi meu cenho. - Não encontrei as conchas. - Sentou-se sobre minhas coxas cruzando seus pequenos braços.

Ri nasalmente lhe entregando um mini sanduíche, no qual supostamente era seu preferido.

:- Não estamos na praia, querido. - Alisei suas madeixas levemente encaracoladas e sedosas.

:- Podemos ir outro dia? - Perguntou comendo sem pressas.

Apenas afirmei voltando-me a morena que mordiscava um morango, deixando seus lábios carnudos mais avermelhados, rapidamente desviei meu olhar a sua face. Ela observa Seth de um modo difícil de detalhar...Encantada? Talvez fosse uma boa resposta. 

Ao sair daquele transe, fitou-me e riu baixo de seus próprios atos. Apenas neguei quando novamente vi a ruborização de suas bochechas.

:- Amo crianças. - Sorriu sem mostrar os dentes.

:- São adoráveis. - Apertei as bochechas do menor que resmungou derramando alguns farelos de sua boca.

Rimos em conjunto de seu olhar confuso. 

:- Tenta pegar. - Ditou a morena, encarei sua face assentindo. Jogou a uva em direção a minha boca e prontamente a prendi entre meus dentes. - Wow, você é boa nisso. - Comentou risonha enquanto observava-me degustando a pequena fruta roxeada.

Amava frutas frescas e as ácidas eram minhas favoritas.

:- Gosta de morangos? - Perguntei prontamente sabendo a resposta, ao observar a mesma degustando uma unidade das frutas avermelhadas e levemente ásperas.

:- Eu amo. - Sorriu de canto dando mais uma leve mordiscada.

Parecia suculento.

Como seus lábios, pensei. 

:- São doces e ao mesmo tempo azedos, gosto disso. - Respondi simples fazendo-a rir em concordância.

Era incrível o como era contagiante em todos os sentidos. 

:- Assim como você? - Foi minha vez de ter as bochechas avermelhadas.

Fitei automaticamente seus olhos. 

:- Lhe direi que sim. - Respondi após alguns segundos de silêncio, nos quais optei em torturá-la vendo seu receio ao morder os lábios. Uma mania na qual percebi os motivos. - Mas não terei certeza se verá os dois lados de minha pessoa, ou até mais deles.

:- Uh... - Riu. - Então, e se eu fizer por merecer? - Arqueou uma de seus sobrancelhas.

:- Lhe garanto que receberá algo muito bom em troca. - Pisquei vendo-a corar novamente.

Terceira vez consecutiva, ou mais?!

Seth levantou-se e correu em direção a algumas crianças que brincavam em um área visível do gramado, batia-me um aperto no peito quando me implorava por irmão mais novo. Eu nem ao menos saberia cuidar de um cachorro, quem diria mais uma criança. 

:- Sua vez. - Tomei a atenção da morena, que tinha seu olhar anteriormente na silhueta pequena se meu filho. 

Peguei uma vasilha com algumas uvas, prontamente para fazer seus mesmos atos.

Todos os direitos reservados.

:- Nada de roubar. - Apontou em minha direção fazendo-me rir.

Porém assenti.

Abriu sua boca fechando seus olhos. Com calma comecei a jogar as frutas roxas e minúsculas em direção a morena, com o extinto de adentrarem de sua boca, o que foi falho quando notei a maioria delas colidindo contra sua face e indo ao encontro do chão. 

Gargalhei ao deparar-me com a cena.

:- Hansen! - Reprendeu-me, fazendo-me aumentar as gargalhadas, ela negou rindo baixo deixando um leve tapa sobre meu antebraço.

:- Ouch! - Reclamei ainda rindo e reprimi meus lábios. - Você é ruim hein?! 

:- Claro, você não jogou certo! - Rolei os olhos ainda rindo, quando vi a forma birrenta na qual tentou plagiar uma criança em meio a uma discussão. 

:- Okay, farei certo dessa vez. - Pisquei pegando mais uma uva, logo deixando a vasilha ao centro do tecido quadriculado, no qual estávamos sentadas.

:- Já deveria ter feito isso a muito tempo. - Revidou sorrindo satisfeita, porém sua feição foi desfeita rapidamente. Comecei a rir desesperadamente quando a fruta acertou sua testa, mesmo que não estivesse tão distante. - Você está de brincadeira né?! - Sorriu amplamente.

Neguei ainda rindo com uma das mãos na barriga. 

:- Cansei disso, você é muito ruim. - Comentei entre risos.

Deveria anotar as devidas palavras em sua lista mental, Dinah Jane: Difícil em controlar risadas, e muito menos, prendê-las.

Mais uma de minhas qualidades, ou talvez, defeitos.

:- Eu?! 

:- Yeh, eu joguei um monte e você só pegou uma.

:- Você que não sabe jogar. - Ri baixo. - Sujou um pouco. - Apontou para meus lábios.

Juntei as sobrancelhas. 

:- Onde? 

Ela engatinhou até a outra ponta do tecido, ao meu lado,  pegou um guardanapo ao centro  e o aproximou de meus lábios, limpando o canto rosado dos mesmos sem pressa alguma. Nossos olhos se encontraram enquanto ainda tratava de tais atos, e eu? me perdi no olhar dela. Seus olhos tinham uma cor indescritível, hora castanhos, hora negros, era confuso, mas belo, e fazia qualquer pessoa ficar hipnotizada com tal intensidade.

Comigo não seria diferente. Nossas respirações se misturaram e antes de eu ter tempo de pensar, já podia sentir o sabor de seus lábios, mesmos que não colados aos meus. Saímos do transe contínuo quando duas mãozinhas gélidas entraram em contato com nossas bochechas, prontamente tomando nossa atenção. 

:- Mama, eu não alcanço. - Disse Seth meramente indignado com algo, ou alguém.

Nos afastamos bruscamente um tanto envergonhadas. Normani abaixou seu olhar mordendo o interior de suas bochechas, enquanto eu, após um pouco de silêncio, me pronunciei fitando a face angelical de meu filho.

:- Não alcança o que? - Perguntei meramente confusa. 

:- O balanço, Seth não consegue, mama! - Reclamou batendo seu pé no chão.

Suspirei.

:- Quer ajuda, pequeno? - Pronunciou-se a morena.

No mesmo momento nossos olhares caíram sobre ela, que sorriu sem jeito. 

:- Pode me ajudar, moça? - Seth nem ao menos sabia seu nome.

:- Claro. - Sorriu amigável e bebeu seu último gole de suco. 

Observei ambos um tanto fascinada. Ela levantou-se e pegou na pequena mão do menor.

Era cômico a diferença de tamanhos. Mas quem sou eu para rir? Era apenas uma criança.

Ela vestia uma blusa florida não muito colada ao corpo, e um short jeans que ia a metade de suas coxas, um tanto grossas e atraentes, calçava um par de saltos neutros, em tom de preto, nada exagerado, estava maravilhosa em todos os sentidos. Mesmo o vento batendo contra ambos, nada os atrapalhava, sem ao menos perceber tinha um sorriso bobo entre os lábios. 

Ela suspendeu o pequeno corpo de Seth e o deixou devidamente sentado sobre uma estrutura de madeira, presa a um grande galho de uma árvore não muito distante, posicionou-se por trás do mesmo - que tinha ampla visão ao lago - e começou a dar-lhe impulso para balançar-se. 

Pareciam como mãe e filho. 

Desvencilhei-me do solo, podendo ficar em uma posição ereta e em pé. Distanciando-me enquanto passava por alguns arbustos um tanto tratados, devido ao moldar de suas folhas. Flores de todas as cores, era tão fascinada que queria todas em meu jardim, infelizmente  não seria possível. Ajoelhei-me sentindo o aroma inconfundível apanhando o incomparável Lírio Branco, não os meus favoritos, mas era o melhor que poderia ter no momento. De rabo de olho observei Normani e Seth, tinha um sorriso capaz de rasgar seus lábios de tamanha vivacidade.

Novamente sorri com a cena.

Prometo que vou amar seu jardim, mesmo sem flores.

Aproximei-me em passos lentos, parecia tão distraída, que nem ao pisar em folhas secas, notaria minha presença. Encaixei o Lírio entre sua orelha e os cachos negros, percebendo seu pequeno susto, ri baixo deixando um beijo sobre sua bochecha. 

:- Meus favoritos. - Sorriu em minha direção, retribuindo ao beijo que por um descuido encaixou-se ao canto de meus lábios.

Sorri e sem motivos, ela prontamente não teve suas bochechas avermelhadas como das demais vezes.

Fiquei por trás da morena, um tanto incomodada, dei de ombros elevando meu olhar ao horizonte, percebendo os últimos sinais de da luz solar, que estava mais alaranjada que os postes de luz na noite escura. Seth já balançava-se sozinho, o que me levou a segurar firme na mão da negra, um tanto aquecida, acelerando meus passos, nos quais ela tentava acompanhar. 

:- Onde vamos? - Perguntou tropeçando em seus pés.

Recompondo-se no mesmo momento. 

:- Ainda temos um tempo. - Lhe respondi sem muitos devaneios seguindo em direção a ponte de madeira, que atravessava o lago. Parei bruscamente ao sentir sua mãos - entrelaçada a minha - puxar meu corpo na direção contrária.

:- É seguro? - Perguntou mordiscando seus lábios, suas mãos levemente trêmulas. 

Toquei sua face tentando lhe transmitir tranquilidade. 

:- Calma, não vai acontecer nada. - Disse pelo fato da ponte balançar-se um tanto por não ser fixa ao solo em seu centro. 

Ela diminuiu seus passos até chegarmos ao centro da ponte, seu meio específico, onde teríamos ampla visão e uma bela vista do por do sol através das montanhas a oeste. Apoiei meu quadril no encosto da ponte, onde Normani - ainda receosa - ficou a minha frente, visivelmente trêmula e lábios reprimidos. Abracei sua cintura, envolvendo meus braços em torno da mesma, transmitindo segurança - e arrepios, convenhamos. Beijei seu ombro deixando meu queixo apoiado sobre sua cabeça em seguida, enquanto tinha meus olhos fixos no alaranjado do céu, ainda estremecia com coragem tomada para tal contato. 

:- É tão lindo. - O soar de sua voz pareceu tão tranquilo.

Talvez pela pressão de meus dedos sobre seu quadril. 

:- Não mais que você. - Sussurrei sabendo que não passaria despercebido por ela.

:- Não? - Perguntou sorrindo de modo sapeca enquanto virava-se em minha frente.

Em momento algum me desprendi de sua cintura. Meu olhar pairou sobre meus ombros, ao apoiar suas mãos sobre os mesmos, voltando-me a morena do corpo avantajado a minha frente.

Neguei e ela sorriu com a língua entre os dentes.

Os olhos nos olhos e a sensação indescritível de nossas respirações novamente misturando-se e fundindo-se em uma só, o calor transpassado por seus lábios entreabertos tão próximos aos meus, que sem nem pensarmos duas vezes dávamos incio um um beijo lento, porém prazeroso de todos os sentidos. O sabor de seus lábios quentes encaixados aos meus, sua mão que agora em minha nuca, entrelaçava-se a minhas madeixas loiras puxando-as levemente ao fluir do beijo, minhas mãos caíram firmes em seu quadril, trazendo seu corpo mais ao meu, que ao entender o recado, mordiscou meu lábios inferior.

Prontamente sorri com o singelo ato. 

Ela me levava a loucura com um mordiscar, quando chupava minha língua, puxava meus cabelos ou até mesmo sorria contra meus lábios. As básicas arfadas e suspiros de ar se tornaram presentes quando nossos pulmões - em conjunto - aclamaram por maior oxigênio. 

Ela me levava a loucura.

Talvez eu esteja me apaixonando, e nem saiba ao menos lidar com isso. 

" Estou aqui, mas às vezes minha cabeça está nas nuvens, ou além delas. " 


Notas Finais


Então, o que acharam!? 💕


XoXo💙💜


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