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História Do I Wanna Know!? - Norminah - True Love?


Escrita por: FarofeiraHansen

Notas do Autor


Tomei vergonha na cara, Bitches...

Bem, eu demorei por estar insatisfeita com tudo, exatamente tudo. Tenho de tomar algumas decisões com a continuação de DIWK, confesso, até pensei em desistir, mas não, seria injusto não somente com vocês. Portanto, darei um tempinho para pensar se realmente devo escrever como o roteiro, portanto, espero que entendam.

Pode ser dois dias ou duas semanas, mas o suficiente para a boa continuação da estória.

Capítulo 57 - True Love?


Fanfic / Fanfiction Do I Wanna Know!? - Norminah - True Love?


Dinah Jane Hansen Point Of View
Quinta-Feira, 09 de Junho de 2016 │ Miami, Flórida, Estados Unidos. │ Hansen's Publicity│08:56pm.
"Se a gente não der amor, o amor apodrece em nós". 

Bem, a vida tem lá suas fases, seus momentos podem estar tão complexos e perfeitos, que uma cereja ao topo do bolo parece quebrar toda a fantasia com seu bom senso de realidade. Tem seus momentos tristes, que um simples abraço de um estranho na rua faz com seu consciente querer carregá-lo para casa, em sua carência, aos braços de qualquer um não existe abraço melhor. Até que encontre os braços que queira refugiar-se ao fim de seus tempos. Podem também dar vida á seus momentos mais depressivos, onde em um dia, você é um vagalume sobre a pata de um urso, e no dia seguinte, o urso. 

Porém o verdadeiro consenso que deveríamos tirar de isso que chamamos de "vida" é o simples diversificar de aprendizados, você pode ter poucos meses de vida e aprender seus primeiros e desajeitados passos, ou chegar aos seus oitenta e tentar reaprendê-los uma segunda vez. É um filme de lembranças, algumas avantajadas pelo tempo, outras forjadas pela forma abominável que lhe traz tristezas e angústias, ou simplesmente aquelas que de tão superficiais não são lembradas. 

Se lembranças é o que nos dá forças, como um carretel precisa de sua linha, qual o problema de correr atrás delas? 

Talvez eu precise recolhe-las, embora realmente não saiba qual a intuição de querer guardá-las como se fossem limitadas.

São?!

:- Em torno de quinze mil. - Fora o que a baixinha ao outro lado da mesa resmungou esticando-se para o desviar do copo de cristal que estava a elevar aos meus lábios. - Eu já lhe disse que essa porcaria só vai acabar com a sua vida. 

:- Não resolve muita coisa, pequena. - Lauren vestindo seus inseparáveis coturnos, remexeu-se contra a cadeira um tanto desconfortável, já não mais reclamava por seus pés apoiados sobre a mesa. 

Ela de seus braços cruzados, encarando o teto de gesso branco - esse bem pensado aos meus gostos e consequentemente de meu progenitor - em suas esmeraldas sonolentas, parecia mais do que trajada despojadamente para seu ambiente de trabalho. 

Embora sabia que sua falta de senso de estética que poderia vir a ter, fora cortado a partir do mesmo momento que sua mãe passava a cortar seu próprio cabelo. Confesso, se não os olhos verdes e diferenças de idade, confundiria Michelle com seu irmão e suas medidas que mais pareciam demarcadas com um mictório.

:- E como deseja que eu me acalme, Allyson? - Questionei fitando o mesmo pela metade, meus lábios secavam a ponto de minha garganta ser regada pela pequena proporção de whisky. 

:- Você quer realmente que eu responda uma outra maneira? - Arqueou suas bem feitas sobrancelhas, o que meus olhos ofuscaram era a forma descarada que aquele castanho poderia muito bem enxergar a alma de qualquer pessoa.

O que eu sinceramente não duvido. 

A maçãs avermelhadas de seu rosto demonstravam tremenda raiva da baixinha emburrada fisicamente, acharia adorável a forma rubra de seu rosto, mas ao apertar de suas bochechas ou rir escandalosamente com toda certeza seria estapeada pela mulher que carrega consigo o bronzeado natural do escandante sol do Texas.

Não muito diferente da Flórida. 

Pensei e repensei em realmente assentir, mas bruscamente somente repousei o redondo copo sobre o vidro temperado como base. Entre papeladas e cálculos minha paciência estava esgotadíssima, fora que meu tempo dentro daquela sala se exercia ao extremo. 

:- E como imagina que desviaram tamanha quantia? - Pode ser considerado pouco a uma bem sucedida empresa de publicidade, mas não a beira de um abismo e rígidas estratégias e soluções a serem feitas. 

:- Eu não sei, Dinah, eu sou apenas sua secretária. - Deu de ombros desviando seu castanho a ponta de seu lápis, esse apontado e desapontado incontáveis vezes desde quando adentrou pela porta até então entreaberta. 

Desde o rabiscar sobre um bloco de anotações ao mascar de sua goma de menta, tudo, exatamente tudo, até mesmo a faísca do isqueiro que acendia o tabaco de Lauren, irritava-me extremamente. 

Suspirando um pouco daquela fumaça que a todo instante Ally estava por praguejar, apoiei meus cotovelos sobre a mesa afundando meu rosto entre as palmas de minha mão a fim de acalmar-me.

Meus ombros intensificados dificultavam qualquer intuição. 

Deslizei minhas unhas por minhas madeixas arrastando-as por meu couro cabeludo, lembrando-me que havia de lavá-lo mais tarde, se é que chegaria em casa ainda aquela noite. No meu engolir em seco, ambas as mulheres encaram-me a procura de respostas. 

Entre uma tragada e outra, Lauren sabia que algo estava muito errado, e ali, de forma que em que suas emoções eram retratadas por seus inquisidores olhos, ela somente mexeu seus pés próximos a nossas papeladas e liberou a cinzenta fumaça ao ar daquele ambiente nada arejado. 

:- Lauren, quero que pesquise sobre a entrada e saída de dinheiro em nossa conta, pode retirar um extrato antes mesmo de chegar aqui, não se preocupe com o atraso, entenderei. Mas por favor, que seja logo, o banco abre logo cedo. - Juntei aqueles papéis em um único monte em frente ao corpo cansado de Ally, que entendendo o recado pareceu recolher, portanto neguei, deixando de lado. Afinal, todas ali estávamos muito cansada. - E você, somente descanse. - Toquei-lhe o ombro intensificado acariciando-o em uma breve e relaxante massagem. 

Ela suspirou no arquear de sua cabeça e por fim assentiu. 

Não poderia ir sem antes beber de meu Whisky. No fundo de cada garrafa de Whisky, há sentimentos que os sóbrios desconhecem.

Meus olhos reviraram diante aquele trânsito que poderíamos chamar de infernal. Certamente algo mais a frente estava a atrapalhar o transitar dos diversos tipos de veículos que minha frente estavam. Minhas costas já não viam a hora de relaxar-se no estofado daquele sofá, que agora fazia-me falta. 

Tive que sair rapidamente de casa, logo mais cedo que o comum, já que havia uma reunião da sede de trabalho e se fosse de meu interesse nem ali eu estava, já que os assuntos ali tratados não se faziam presentes em meu setor. Tudo bem, eu tenho controle de todos eles, mas não a obrigação como tais líderes. Eu faltaria a reunião sem pensar duas vezes, mas caso faltasse, seria descontado meu consenso e qualquer outra burrada entre parcerias. Como da última vez. Nem diante à essas opções eu ainda queria ir, mas o insistir de minha consciência pesada para que eu fosse, fez-me levantar de minha tão macia cama e ir sair, fazendo-me sentir o clima normalizado de Miami.

Finalmente um pouco de movimentação se fez presente, o que foi suficiente para que meu veículo se encaminhasse a desvio mais próximo, onde o mesmo sem sombras de dúvidas se encontraria um tanto vazio em comparação ás demais ruas anteriores. E em menos de alguns minutos eu já estava próximo ao portão da  garagem, que em apenas um clique foi aberto, onde nosso automóvel adentrou ao cômodo de cor neutra. Eu saí do veículo, já com minha bolsa em mãos e também as chaves do carro, assim pude direcionar-me até a porta que já adentrava à cozinha. De longe pude ver a presença daquele filhote mastigador das migalhas de quaisquer refeições de Seth. Com certeza o Beyoncé seria um nome muito melhor.

Normani havia de cuidar de Seth após o jardim de infância, embora eu negando que atrapalharia sua folga, ela insistiu dizendo que gostava da presença do pequeno.

Revirei meus olhos por pura diversão, assim voltando a andar em direção a sala, onde minha morena ali estaria, mas quando menos percebi pisei sem querer na patinha pequena do animalzinho que por pura surpresa minha já estava próximo a mim. Como assim? Um mutante? Culpei-me em pensamentos por tal ato, trazendo para meu colo o animalzinho.

:- Céus, me desculpe, Cometa. - Peguei em sua patinha, assim massageando a mesma para que a dor se alivie. -Por favor, pare de choramingar. Nem foi pra tanto assim. 

Suspirei fundo, brincando com os pelos mesclados dos cachorro em meu colo. Olhei para a sala de estar e lá estava a morena, o que me fez sorrir largamente. Coloquei minha bolsa pendurada em um suporte próprio para ela, enquanto as chaves também coloquei em um suporte.

A mesma parecia equilibrar um Seth sonolento sobre suas pernas, esse que estava entretido ao envolver de seu macarrão e o não borrar de suas pequenas e coloridas unhas. Oh sim, ele havia de insistir ultimamente, e Normani mais parecia divertir-se no colorir das pequenas unhas, com toda certeza ambos se davam bem.

Bem até demais. 

:- Se continuar com esse escândalo a Normani pensará que estou a jogar-lhe em um balde de água fria. - Resmunguei antes de largar o pequeno filhote que voltou a seu ponto de costume, uma cama e seu pote de ração próximo a cozinha. 

Meus pés a latejarem divagaram em direção ao sofá, onde meus olhos trataram por decolar pelas curvas de minha namorada. Ela sorriu como resposta a forma que eu me aproximava, porém logo desvencilhou-se carregando meu menor consigo, segundo ela, para botá-lo em sua cama sem antes que lhe fosse tomado o sono. 

Choraminguei, mas ela tinha total razão. 

Havia prometido a mim mesma que jamais deixaria o trabalho tomar boa parte do meu dia, e isso está parecendo tornar-se constante o suficiente a ponto de pegar meu pequeno acordado somente pelas manhãs, isso quando não saia mais cedo. 

Diferente do que pensei, ela logo esteve de volta, sentando-se ao lado de meu desfalecido corpo jogado de qualquer jeito sobre aquele confortável estofado. Minhas doloridas costas agradeciam enquanto meus braços contornavam seu torno. Tratei de fechar minha boca, pois a qualquer hora estaria babando em suas silhuetas, seu rosto... Vamos dizer... Estaria eu babando em tudo que aquela morena tinha. Sorri de canto trazendo-a mais para perto a fim de beijar sua testa, assim feito pude fitar seus olhos em uma chama incomum.

Amor. 

Migrei meus lábios a ponta de se nariz, tendo minha atenção para para o deslizar de meu polegar contra a maçã de seu rosto. Era contraditório, mas era tão aveludada quanto a de uma criança.

:- Você demorou dessa vez. - Repousou sua cabeça sobre meu ombro, ali descansando. 

Estava tão cansada, que nem se quer respondi a suas ações, o peso de sua consciência e pensamentos ali repousados não mais pareciam incomodar-me, estava tranquila.

Tranquila demais depois de suportar aquele trânsito infernal.

Eu ainda preciso de um banho! 

Contestei suportando o suor que impregnava por sobre minha testa e minha nuca, onde as douradas madeixas douradas caíam feito cascatas. 

:- Alguns desvios de verbas. - Suspirei acariciando-lhe os cachos bem perfumados, ela parecia relaxar entregue a todo e qualquer singelo toque de minhas mãos a pontos estratégicos de seu corpo. 

:- Hm... - Suspirou inflando seu peito por instantes, ela me parecia sonolenta, o suficiente para curvar meus lábios em um pequeno bico trazendo-a para entre minhas pernas, aconchegando-lhe em meus braços. 

Sem pestanejar, repousou sua cabeça em meu peito elevando sua atenção ao meu rosto, onde alisou calmamente de forma que admirasse cada pequena extremidade com um pequenos sorriso carregado em seus lábios. 

:- E como foi seu dia com Seth? - Questionei, afinal, embora o silêncio entre nós me fosse agradável, queria mesmo era aproveitar um pouquinho do que me restava da morena naquela noite. 

E nada melhor que uma boa conversa, convenhamos! 

Mantive-me concentrada ao televisor metros do nosso encontro, ironicamente e claramente óbvio era ali retratado um dos desenhos idolatrados pelo pequeno até então adormecido. Embora atenta a qualquer piada tosca ou bobagens onde o mundo fantasioso proporcionava aos meus olhos, meus ouvidos encontravam-se apurados a toda e qualquer resposta que a morena poderia dar-me. 

E assim, como analisando meus pensamentos, ela tratou de entreabrir seus lábios. Esses suculentos em seu movimentar, capaz de deixar-me estática. 

:- Foi bom, embora ele tenha preferido os desenhos. ou então o macarrão ao invés de remédio. - Suspirou remexendo-se sobre meu colo, confesso, aquilo havia de provocar-me internamente. Porém tratei de distrair-me ao ofuscar o prato sobre a mesinha de centro, esse pela metade a ponto do embrulhar em pontadas no meu estômago. - Mas ele parece melhor agora. 

:- Isso me soa agradável. - Suspirei. - Mas conte-me mais sobre ser trocada por tartarugas estúpidas. 

:- Foi... - Franziu o cenho encarando-me. - Como sabe das tartarugas? 

:- Você realmente acha mesmo que em uma outra oportunidade não nomearei um de meus filhos como Leonardo, Raphael, Donatello ou até mesmo Michelangelo.

:- Espero que sua parceira tome uma pincelada de vergonha na cara para discordar disso. - Comentou em desgosto. 

:- Então isso significa que minha namorada gostosa não gostaria de um filho com um dos nomes citados? - Curvei-me para pegar um copo de água sobre a mesinha de centro, tal ato levou Normani a apertar seus braços contra meu pescoço sem desequilibrar-se. 
Sorri sentindo seu corpo mais próximo, assim experimentando ao primeiro gole do líquido em temperatura ambiente que desceu por minha garganta, refrescando meu corpo por todos os órgãos por qual passava. Era irônico tentar transmitir nada a mais que sarcasmo enquanto se bebe em um copo com desenhos de leões. 

Seth, porquê justo agora?! 

Rolei meus olhos de forma divertida percebendo Normani ao hipnotizar-se no fitar descarado de meus lábios, talvez pelos mesmos carnudos molhados pelo líquido incolor, ela ali, chegava a salivar de tão petrificada. Ri de forma baixa capturando seus lábios aos meus de um gesto rápido, mas o suficiente para arrancar-lhe não mais que suspiros e sua atenção. 

Talvez pontadas em meu ventre, mas não ao caso. Afinal, ela estava entre minhas pernas, mas não como eu realmente desejava. 

Literalmente falando.

:- Gostosa? - Ainda de olhos fechados rente ao ato anterior, esteve por arrastar seu nariz contra o meu em uma carícia tão boa como suas palavras. 

:- Claro, em todos os sentidos. - Apertei-lhe o quadril suspirando a ponto de sentir minha própria respiração a fundir-se com a sua de forma quente em um atrito por nossas faces.

Atos esses que levavam a morena a abrir seus olhos, essa que tão próxima, mais parecia sugar minha alma com suas dilatadas pupilas. 

:- Eu não acho. 

:- Qual é, Normani? 

:- Eu não me acho gostosa, poxa, é estranho que depois de tempos... - Ela comentou fazendo-me franzir o cenho. A mulher sobre meu colo gesticulava tão insatisfeita a ponto de confundir-me com suas palavras. - Ninguém nunca me disse isso, sabe, não da forma como você parece tão sincera. - Suspirou por fim. 

:- Dane-se os outros, dane-se a sociedade, meu bem. - Elevei minha mão a sua nuca, acariciando-a calmamente a ponto de meus gélidos e desocupados dedos afagarem-lhe os cachos ali naquela região e despertar a morena cabisbaixa. - Se quiser elogiar-me por ser assim, tão verdadeira, elogie meu cérebro, pois ele é brilhante o suficiente para lhe receitar um oftalmologista. 

Ela encarou-me em instantes silenciosos, sem antes inflar suas bochechas avermelhadas e encobrir sua boca em uma fraca risada, sabia que as bolsas por baixo de seus olhos entreabertos demonstravam ela estar a sorrir abertamente, esse sorriso encoberto por ambas suas mãos. 

Minha morena estava a sorrir com seus negros olhos. 

:- Não me deixe mais corada, droga. - Murmurou. 

Somente gargalhei repousando o copo após meu último gole, - e segundo pois encontrava-se pela metade, e minha sede devia de ser saciável perante minha preguiça de ir a cozinha buscar algo - assim apoiando novamente minhas costas contra o encosto do estofado.

Tão reconfortante. 

:- Molhada é um ótimo sinônimo, uh? - Arrastei meus lábios por contra seu ouvido, assim que seu corpo fosse visivelmente estremecido sobre o meu. Ri de forma irônica novamente dedilhando até então seu quadril coberto pela blusa social de malha fina. 

Tão indesejável e tão contraditória.

:- Essa é sua estratégia? 

:- Não tenho estratégias. - Beijei-lhe o ponto de pulso, sugando-o em um breve e pequeno chupão, onde meus lábios tratavam de marcar com um pouco de saliva e o que restava do batom que antes pintava meus lábios. 

:- E o que me diz sobre as usadas para conquistar mulheres? - Envolveu-me novamente o pescoço, minha mão ainda por alisar seus cachos, era preenchida por seu volume e a forma sedosa que mais parecia aflorar por minhas carícias mais relaxantes.

Essas confirmadas quando relaxava seus ombros até o momento caídos. 

:- Só as uso para seduzir a mulher da minha vida. - Afirmei. 

:- Da sua vida? - Assenti marcando-lhe o pescoço estranhando o aroma de camomila invadindo minhas narinas ao invés da comum framboesa. - Uh, é um título e tanto. 

:- Somente lhe pertence, querida. 

Existem tantas maneiras de descrever seu beijo como há gotas de água numa tempestade. Diria terem o suculento sabor de pêssego, devido a sua forma suave como veludo, mas diferente, naquela mesma noite, a criança que mais parecia insegura com seu corpo, sem pestanejar segurava-se sem o medo de cair, mergulhando no movimentar de nossos lábios e afogando-se no ar que logo nos faltaria. 

Se nem mesmo o soar de algumas gotas de chuva caindo em nossa janela, deslizando calmamente pelo vidro transparente era capaz de atrapalhar-me nos atos insaciáveis de beijar-lhe. Minhas agitadas mãos chegavam a coçar, elas não se encontravam trêmulas, mas sim necessitadas dos toque que preenchiam-as, desde o subir por seu quadril, os seus seios bem demarcados, ou até mesmo o colarinho de sua blusa. 

O fato era que jamais me cansava de beijar seus lábios. 

No instante seguinte, o que apurava meu aparelho auditivo era sua respiração descompensada e o corpo devidamente rígido por sobre meu colo, seus olhos de forma atenta fitavam-me enquanto estava atônita ao desespero de abrir aqueles pequenos botões para afrouxar-se o busto. 

Bem, ou quase, quando o que minhas narinas captaram foram a forma impregnada naquela região, e os mesmo já me pareciam surrados. Como surrados a tais atos, forçados a serem abertos.

Abertos por outras mãos!

:- Hey Moni! - Aclamei unindo minha sobrancelhas em duvida. - Pode me explicar que perfume masculino é esse em sua blusa? - Queixei-me estupefata. 

:- Em minha blusa? - Engoliu secamente remexendo-se suas quentes coxas sobre as minhas, encarei-a exigindo explicações em um pequeno silêncio, que ela pareceu compreender muito bem. Porque soas frio, querida?. - Provavelmente quando joguei dentro da bolsa, eu estive apressada essa manhã, deve ter sido algum perfume, ou da lavanderia. 

Fora o que respondeu rapidamente prendendo sua respiração por segundos antes de desviar sua atenção a televisão de forma compenetrada. Talvez por desconversar tentando fugir do assunto.

Uh?.

Falho!

Franzi meu cenho ao escutar a morena, e prontamente me estranhei com tais palavras. Eu deveria realmente me preocupar? Não quero me sobressair nesse estória como uma namorada possessiva. 

:- Ora, meu bem, a mesma que vestes. -Semicerrei meus olhos em sua direção, mesmo que os desviasse. Suspirei controlando minhas estribeiras calmamente enquanto falava. -Não está me escondendo nada, não é, Normani? 

Normani... Por que eu estava suspeitando? 

Quase como imprescindível seus olhos pareciam ofuscarem as imagens coloridas retratadas ao desenho que passava rente ao televisor, era como urgente e mantivesse sua atenção ali por um longo tempo, embora estivesse bastante atenta as pálpebras que pelo movimentar dos meus carnudos estavam a preencher aquela sala de estar em seu modo normal. Normal o suficiente para me fazer estremecer e subitamente suar frio.

Percebi que Normani suspirava profundamente a ponto de libertar o ar preso por seus pulmões que antes estufados . Prendi minha atenção ali por instantes. 

Virei-me para a morena, tendo agora os meus olhos fitando aqueles quase negros  chamativos que tanto me encantavam. Percebi novamente a inquietação de minha namorada, novamente me levando à preocupação. Ela elevava ambas as mãos a nuca, acumulando dali seus cabelos em incontáveis fios, jogando-os para um único lado. Naquele instantes estava recompor meus consentimentos e turbilhão de pensamentos que invadiam minha cabeça minuto a minuto. 

:- Ah, a camisa... - De forma que frizando a palavra mordiscava meus lábios atônita, ela que descia de meu colo e de forma comportada sentava-se ao lado. - Porque suspeitas? É apenas um aroma não? Eu não fiz nada de errado. - Resmungou de forma abafada cada vez mais pressionando seus olhos em dizeres rápidos e sem pausas para regular sua respiração.

Ela estava de fato agindo feito uma criança indefesa e chateada com alguma besteira feita por seus pensamentos e ações férteis.

Basta por ela afirmar que qualquer diferença rente a tal comparação não era nada brusca. 

Desde indefesa, até suas possíveis ações. 

Tive meus olhos fechados por segundos, onde minha mente formatou diversas imagens pelas quais eu não queria ver relacionada à morena. O fato não é que eu não confiava em suas palavras e primeiramente em si, mas algo não me era convincente e isso era o que estava a me preocupar. Suspirei algumas vezes profundamente, tomando coragem e olhando para seus olhos como quem não estava à acreditar. Bem, não era isso, mas eu queria que a mesma dissesse-me algo com mais convicção de que está a falar a verdade. O modo pela qual as palavras saíam de seus lábios, com um certa tensão estranha fazia-me duvidar de sua sinceridade. Peguei em suas mãos duas mãos, entrelaçando os meus dedos nas mesma, onde em um ato doce, eu beijei a palma pálida, onde algumas veias sanguíneas apareciam em sua mão direita. Brinquei com a aliança de seu dedo anelar, assim também beijando aquele local.

Ela naquele instante fitou-me por piscar seguidas vezes de forma pesada e exausta, talvez o incômodo da ardência presente em seus olhos cansados. Minhas palavras pareciam trazer para si mais inquietação. Se possível. 

:- Sim, a camisa. Branca, no caso. Aceita mais detalhes? - Perguntei ironicamente ponto de perceber seu copro estremecendo uma outra vez. - Certo, certo...

Diante a tais conversas e ações que me levaram a preocupação, pude perceber que meus olhos não mais fitavam a animação dvertida que se encontrava diante aos mesmos. Estive então por olhar a televisão, essa qual passava desenhos. Meio óbvio, quando estamos falando de Dinah Jane... Digo, Seth!. 

:- Qual é, N-normani?!... Ah, tudo bem. Me perdoe. Não tenho motivos para duvidar, não é mesmo? - Olhei rapidamente para seus olhos, semicerrando aos mesmos, para logo voltar para os desenhos a minha frente. 

Ela optou em instantes afogar-se naquele maldito silêncio, que tempos atrás, me soava agradável. Ela parecia não suportar sua vontade vulnerável do marejar de seus castanhos olhos, mesmo não fitando-os diretamente. Aquilo estava vergonhoso a ponto de lhe fazer gaguejar e tremer. Afundando suas mãos contra sua face me ela permitiu-se a derramar silenciosas lágrimas como se desejasse que os rastros que já molhavam suas bochechas consigo estariam a levar uma possível culpa.

Essa que rastejava lentamente por seus punhos. 

:- Não... N-não foi minha Intenção. - Comentou chorosa. 

Suas palavras trouxeram arrepios para minha pele. Minhas mãos começaram a tremer, como se meus nervos estivessem também em uma tensão descomunal, como se soubesse que o pior estava por vir. Eu não mais estava preocupada com meu mal estar psicológico e sim, com o que meus ouvidos iriam ouvir. Talvez as palavras que saíriam por seus carnudos lábios, machucaria meu interior, de uma forma que nem mesmo os desenhos me acalmariam. Ler livros não fariam-me sair de meus pensamentos. Pensamentos quais transbordavam de coisas naquele momento. Se alguém podesse ler ou ver, essas coisas diversas em minha mente, ficaria louco, assim como eu estava. As batidas de meu coração martelava em meus ouvidos, como se eu acabara de acordar de um pesadelo que acabou com minha noite. Mas, entretanto pode se dizer que aquilo era um dos meus pesadelos, onde perguntas se faziam em minha mente, perguntas quais eu implorava em pensamentos para que elas não mais venham a torturar-me. Pensar no fato de que um perfume, uma simples perfume poderia acabar com minhas estruturas naqueles estante, fez-me pensar que tudo pela qual vivemos e todos os meus sorrisos foram em vãos e inúteis.

Oh, meu Deus, Dinah! O que você está querendo dizer? Somos feitas uma para as outras. Somos a metade da laranja, que completou-se quando decidimos que nossas vidas ali se tornaria uma só, que todas as dificuldades seriam resolvidas juntas, que todos os sonhos ruins que nos acordassem durante a noite, ambas consolaria uma a outra. Não tinha o porquê eu duvidar. 

Por que isso não me consolava? Meu coração ainda continuava a bater descompassadamente. Minhas mãos suavam e continuavam a tremer, trazendo-me mais arrepios para todo corpo. Como um tecido de cor branca trouxe para meu subconsciente uma sensação tão estranha? Como um simples perfume fez com que partes de meu mundo ficasse em dúvida, fazendo-me pensar que tudo aquilo que vivemos não foi um amor verdadeiro?!

Mal sabia eu que aquele indesejado aroma tinha significados tão grandes, que quando virei-me para o lado. Ela confessava algo, mas não com clareza, apenas dando-me a entender que algo ali estava errado. Foi assim que senti minha respiração sair de um jeito forte de minhas narinas, onde minhas mãos se fechavam de um jeito tão forte que uma hora ou outra meus dedos estariam doloridos e dormentes devido a pouca circulação do sangue que ali continha. Segurei seus braços, virando seu corpo para mim, onde fuzilei seus olhos por minutos dolorosos -até para mim- antes de falar.

:- O que não foi sua intenção, Normani? - Talvez eu estava a apertar fortemente seu braço. -O que fez? - Alterei minha voz.

Ela de forma assustada nada parecia querer responder, rolando e rolando lágrimas por suas bochechas, como com que abre a torneira de seus olhos, derramando lágrimas como todos pudessem ver. Parecia querer debater-se, mas força física não seria usada ali.  Sumir talvez fosse sua solução. Debatendo-se contra a sua realidade e minhas mãos em meus braços, cada vez era mais audível seu choro, 

Fisicamente perdida, psicologicamente destruída. Onde suas palavras foram massacradas por mentiras. 

Foi a minha gota d'água. Ao ouvir suas palavras, meu mundo havia sim acabado. Todas as perguntas em minha mente estavam certas, todas a as minhas teorias também estava certas. Após soltá-la peguei  rapidamente o controle, desligando a televisão para logo jogar o objeto ao chão, que a apenas abriu sua tampa, deixando com que as pilhas pequenas que haviam dentro do mesmo espalhassem por sobre o carpete de cor bege e aveludado. A essa altura algumas lágrimas já desciam por minha bochecha, aproveitando para mancha-lá, já que eu havia optado por passar uma máscara de cílios mais cedo. Suspirei profundamente, sentando-me sobre o sofá em posição fetal, abraçando estão minhas pernas, para logo deitar minha cabeça sobre os joelhos, que se molharam automaticamente por conta de minha lágrimas. Eu estava mesmo vivendo isso?

Sim, eu estava.

:- Dinah, eu só preciso que acredite, não era minha atenção, nunca foi. - Anunciou com sua voz afetada. - Eu...Eu não queria, eu juro que não foi nada demais.

De ombros contraidos virou-se para fitar minhas expressões de forma envergonhada e olhares baixos, tanto que fixei seuus inquietos dedos contra seu colo, ainda rente aos olhos banhados por lágrimas a aliança estava a brilhar de sua forma única devido pouca luz. 

:- Você acredita em mim? - Sussurrou ela ainda sem encarar meus olhos, forçando atenção ao objeto significativo em seu anelar. 

:- Acreditar? - Repeti ironicamente. - Acreditar, Normani? Olha... Eu... - O que dizer? Aquilo era completamente o meu vendaval. -Pela segunda vez, o que você fez? O que você fez? - A essa altura minha voz estava totalmente alterada. - O que você fez?! 

Parece que algo havia se partido em meu coração. Eu nunca pensei que haveria eu de sofrer uma decepção tão grande como tal. Olhar para sua aliança não fará com que eu me sensibilize com seu caso, Normani Kordei. Eu suspirei, assim como todas as outras vezes eu procura arrancar de minha garganta aquele nó que se fazia presente na mesma, impedindo com que meu choro fosse um modo escandaloso. Mas as lágrimas que desceram, desciam por meus olhos não eram em vão. Todas as minhas histórias felizes se foram juntamente com elas. 

Confiar? O que realmente significa confiança?

Ela quebrou suas tão aclamadas promessas, tão desejadas, tão verdadeiras, tão... nossas!

Em minha concepção, para um relacionamento existir, tem que haver um misto de sentimentos que não necessariamente seja amor.

:- Dinah... - Murmurou a morena por um fio. Engoliu o acúmulo de saliva deixando com que suas pálpebras estivessem por encobrir seus olhos e prontamente iniciar aquele devaneio. - Eu... Essa tarde, me deixei levar, eu precisa resolver algumas coisas com a academia...

:- Um garoto, para ser mais específica, uma homem. Thoomas. Você sabe, era meu dia de folga, mas eu tenho tido uns problemas com o cachê para manter minhas aulas, portanto diminuí minha estadia por lá. Eu nunca fui capaz de me importar com seus olhares e as sujas palavras que muitas vezes esta a assediar-me, pois eu confiava na minha sanidade. E talvez você me xingue pela minha covardia de nunca comentar e forjar estar tudo bem. - Sussurrou calmamente aos poucos percebendo o afetar constante de sua voz enquanto fitava meus olhos fixamente da forma mais sincera que parecia lhe convir. Ou ao menos o que conseguia ofuscar deles. - Ele passou do que chamamos de limite, e consequentemente nos meus momentos finais, ele esteve por pressionar-me antes de a afastar porta a fora, causando o possível aroma, ele havia de me perseguir hoje mais cedo. Era constante desde aquela boate... Eu... Eu juro que não deixei nada a mais que isso acontecer, eu garanto que jamais faria algo sem pé nem cabeça como ele fez. Eu tenho a você e tenho meus votos de confiança... Ou o que me restou para lhe oferecer.

Suspirou pesadamente liberando o ar que havia preso desde que as primeiras sílabas haviam de sair por sua boca. Com o rosto banhado em lágrimas um mínimo sorriso me ofereceu. O que lhe restava, dizer a verdade.

Eu tentava me afastar de seus toques que posteriormente poderiam por vir, então simplesmente estava eu a me afastar, fazendo com que parte de meu corpo se encontrasse pendurado na cama. Afinal, quem eu estava querendo enganar? Eu queria que suas delicadas mãos me tocassem, nem que fosse um singelo carinho no rosto ou ao menos no entrelaçar de nossos dedos. Sua presença me trazia tanta segurança, mesmo sabendo que ela era o motivo de meus suspiros indesejáveis, de meu pigarro na garganta, de meus olhos encharcados e vermelhos. Ela era. Mesmo que suas mãos encostassem em uma parte se quer de meu corpo, eu negaria. Negaria eu de uma forma bruta, mas por dentro eu pediria para que me abraçasse, para que seus beijos podessem fazer-me mais feliz. Eu amava aquela mulher, mas querendo ou não aceitar, ela fraquejou, contra sua vontade, eu sei, mas isso acabou acontecendo. Não digo que tal coisa poderia aconteceu comigo, pois acredito em minha capacidade de honrar a pessoa pela qual jurei minha própria fidelidade, pela qual disse que nunca magoaria, mas infelizmente ela não conseguiu.

Não digo que tudo acabaria ali, porque eu a perdoaria. Perdoaria porque sei eu que erramos e se não tivermos uma chance para concertar tal erro, tornaríamos a errar, tornaríamos a fazer a mesma coisa que magoou alguém. Mas talvez aquela não fosse a hora para que eu apenas diga que a perdoo, sem antes deixar com que percebesse realmente tal atrocidade. 

Eu suspirei, suspirei a procura de controlar mais a minha vontade de chorar, suspirei apenas para outra vez tentar captar o que havia acontecido. Eu ainda me chamava Dinah? Coisas mudaram em apenas minutos que não mais sabia eu se minha pessoa ainda era a mesma, se eu ainda tinha os mesmos traços de quando mais nova, se a morena ao meu lado ainda era a mesma que ria de minha imaturidade ao consertar-me assistindo desenhos infantis. Éramos nós, e não seria um erro que acabaria com essa felicidade, a menos que ele torne a repetir. Doía-me ao menos pensar que se a minha morena, a mulher pela qual me apaixonei não fosse forte o suficiente para se controlar. Talvez agora não mais éramos um casal. Mas para que pensar nisso, se ela foi capaz de não cometer mais um erro que esse.

Agora estava eu em minha mesma posição de antes, sentindo uma vasta, uma imensa dor de cabeça, onde a mesma latejava insuportavelmente, fazendo com que eu automaticamente massageasse minhas têmporas a procura de um alívio se quer. Soluços também insistiam em sair por minha boca, tudo isso devido ás minhas mesmas lágrimas de outrora.   

Minha mão foi retirada de seu lugar de origem, agora sendo levada para seu coração. Normani Kordei sabia mesmo como fazer-me chorar e também arrepiar, o que acontecia agora. As batidas de seu coração certamente batiam em seus ouvidos como marteladas e em minhas mãos, como um bebê ainda no útero a chutar a barriga, parecia subir a sua garganta a ponto de engasgar-lhe, ou até mesmo rasgar suas vestes. Queria eu entender o porquê daquilo, então prestei atenção em seus olhos, já que uma hora ou outra teria que olhar aquela íris negras que também fitavam. 

De forma firme segurou ao dorso de minha mão, fitando-a com tamanha atenção, assim pude a elevar em direção ao seu peito repousando-a de forma que acreditou sentir as batidas eufóricas de seu coração. 

:- O sente bater? É o que sinto todas as vezes que estou em sua presença, é quando me sinto na presença de seus toques, e como me senti desde a primeira vez que estive a encarar seus olhos naquela cafeteria. Ele jamais se acalma...Por favor, me xingue, me bata, pode marcar minha face, eu não me importaria com os hematomas, se me permitisse reatar essa história, dar um basta e um ponto final nessa decaída, antes que resulte na nossa... -Murmurou tanto vulnerável quanto o suar frio de seu corpo. - Talvez não mais confie, eu entendo só preciso de uma segunda chance.

Eu sentia-me despedaçada por dentro ao vê-lá tão vulnerável, mas era algo que eu nada podia fazer. Prestei atenção em cada palavra que pelos seus lábios saíam. Ah, sua voz...

Suas explicações foram bem dadas, mas eu nada havia a declarar. Um simples tudo bem insistia em sair se minha boca, mas essa noite aquela maldita morena que possui meu coração não ouviria nada de meus lábios a não ser um simples; Boa noite. E por mais que meu silêncio prevalecesse, ela não parava um minuto se quer de falar e eu apenas suspirei, optando por escutar todas as suas explicações. 

Thomas!

Puxei minha mão de seu peito, suspirando profundamente, agora deitando-me sobre aquela cama, onde perguntas surgiam em minha mente. Como será agora em seu trabalho? Certamente tal homem insolente estaria por lá. Não, não, não... Eu não poderia pensar isso. Eu confio em Normani, eu confio! Mas... Ela fraquejou uma vez e se... Não e não! E foi falho o meu juramento, lá estava eu chorando novamente, com medo dessas possibilidades realmente acontecerem. Tinha eu medo de quando eu fosse viajar a trabalho, a morena quisesse abafar a saudades em outra pessoa. 

Oh, não, Dinah! O que você está pensando?

Suspirei negando com a cabeça não pensando duas vezes antes de levantar e rumar meus desajeitados passos em direção a porta de entrada.

Que agora era minha saída. 

:- Boa noite, Normani! Apenas boa noite... 

Foi no fechar de meus olhos que eu percebi que tudo que antes havia saído de sua boca, foi capaz de fazer com a mesma não mais fosse dona de minha mente. Tentar talvez levar meus pensamentos para fora desse mundo, nada adiantaria, já que mesmo com a repulsa pela qual eu sentia foi capaz de fazer com que imagens de si saíssem de minha mente. Mas, nem que eu tivesse que pensar em outra pessoa, arrancaria a mulher de minha mente, mesmo que forçadamente. 

 

Normani Hamilton Point Of View

Eu por muitas vezes tentei não permanecer presa ao passado, nem a recordações tristes. Não remexa numa ferida que já está cicatrizada. Não revolva dores e sofrimentos antigos, o que passou, passou! De agora em diante, procure construir uma vida nova, na direção do alto, caminhado pra frente, sem olhar pra trás. Faça como o sol, que se ergue a cada novo dia sem lembrar da noite que passou.

Chore tudo que você tiver que chorar. Lembre de tudo que você tiver que lembrar. Tire um dia só para falar dele. Embriague-se dele. Tenha uma overdose dele. Repita o nome dele dentro da sua cabeça mil e uma vezes. Pense nele antes de dormir, e refaça os seus diálogos. E então, no dia seguinte, acorde para uma vida nova. Deixe ele, e tudo do dia passado, ali, no passado.

Eu bem queria compreender o porquê de deixar meus antigos problemas a atrapalharem o meu presente, e quem sabe, até mesmo meu futuro?

O nosso! 

Eu deveria olhar menos para trás, mais precisamente, para a porta, e por fim correr atrás da atônita mulher que por ali desapareceu desajeitadamente. 

Que diabos ela pensa que está fazendo?. Tudo bem, eu errei, mas que desgraça eu tenho a ver com isso?

Talvez tudo.

Mas... E esperança? Eu ainda a tenho! 

E deu tudo certo, uh?. Deu.

A verdadeira tempestade não ocorria somente dentro de mim, como caía ao lado de fora e impregnava-se pelas emendas de minhas vestes desalinhadas, eu corria por trás da loira, que metros dali parecia apressada o suficiente para não comprovar de quem realmente pertenciam os gritos chamando-lhe.

Ela sabia.

Sabia o suficiente que fôlego era o que me restava quando ela era meu problema. Meu melhor problema, como um dia tentei de ser-lhe e reconquistar o que perdi em tempos.

Reconquistei?

Quando minhas mãos alcançaram seus ombros, virei-a de forma brusca erguendo sucessivamente meus olhos tentando levar com tais atos a ardência perante meus globos oculares. Era como jogar sal na ferida. De tal modo enxuguei o suficiente de lágrimas a ponto de recompor-me por instantes.Pois provavelmente desabaria em alguns minutos. Lágrimas que logo transformaram-se em rastros da chuva forte que caia sobre nossas cabeças. Funguei em alguns momentos praguejando a mim mesma por aquele momento, o quão fraca me tornei em tão pouco tempo?. 

Ela somente encarou-me, seus fundos olhos e rosto inchado entregavam-a que chorava ali mesmo, a minha frente, como sempre rejeitou fazê-lo. Ela não culpava-se ou escondia a vermelhidão de sua face, ou como soluçava tossindo todo seus pulmões para fora. 

Nós não podemos obter o suficiente. Ela é o meu único refúgio agora, embora isso soe vergonhoso. Da sociedade, ansiedade, privadas de tudo o que somos abençoadas, nós simplesmente não conseguimos obter o suficiente. Posso confiar no que me é dado, mesmo quando isso corta, quando a fé ainda precisa de uma arma, cujo a munição, justifica o errado. E o erro sou eu. Errada. Embora não possa me ouvir, pois ações falam mais que palavras correto? Nessa metáfora fiz o que aclamava, precisava de sua presença nem que fosse um mísero olhar, de relance, cabisbaixo. 

E ela, pela primeira vez depois de todo desentendimento não o desviou.

Pois o que os olhos não fizeram, seu corpo tornou de recuar, encolhendo-se do frio encobrindo seu próprio rosto onde pôs-se a soluçar de forma alta que nem o colidir das fortes e graúdas gotas ao chão era capaz de alcançar tal altura auditiva. 

:- Acredito que chorar não tenha nada a ver com fraqueza. Pelo contrário. Quando você chora, você está sendo corajosa o bastante para admitir que você tem sentimentos. - Murmurei segurando-lhe os punhos rígidos, afastando seus palmos de sua face molhada, não somente pela chuva. Estava a me aproximar com cautela. 

:- Porque você deixou, Normani? Poxa, eu confiei. 

:- Confiou? - Arqueei minhas sobrancelhas, ainda segurando-lhe pelos punhos, agora relaxados.

Dinah abaixou a cabeça e calou-se. Puxei uma dourada mecha para trás de sua orelha, pois a mesma insistia em encobrir a fragilidade e insegurança de seu rosto. Inflei meu peito por instantes fechando meus olhos, e falho, ela prosseguiu, em silêncio, analisando seus pés talvez queixando-se o porquê de tão frágil.

A mulher madura mais parecia uma verdadeira criança.

Seria adorável, se não agoniante.  

:- Só porquê você ama alguém, não significa que você deveria ficar e atrapalhar sua vida. - Sussurrou a californiana entre uma fungada e outra nasalada por seus narinas. - Me desculpe. 

:- Hey... Djz. - Ergui seu rosto com ambas minhas mãos, segurando firme nas laterais de seu rosto. A principio pestanejou, porém logo encarou-me nos olhos. - Não pode colocar a vida das pessoas em frente a sua e achar que isso conta como amor.

:- Eu não sabia como fazer as pessoas gostarem de mim, do meu verdadeiro eu. - Secou o rosto molhado pela chuva. - Como fazer as pessoas gostarem de você? - Cruzou seus braços sentindo frio.

O eriçar de seus pequenos dourados pelos em meus braços, tanto como também em suas pernas eram tão comuns que certamente eles não mais voltavam as suas posturas normais naquela ocasião. 

:- Você me fez gostar de você. - Acaricie-lhe os encharcados fios, levando-a encarar-me de forma inusitada.

Talvez analisando-me, ou sendo extremamente fria... Não! Ela sorriu, sorriu sem graça, e abaixou seu olhar ao chão.

Novamente.

:- Isso é diferente, nem estava tentando. 

:- Esse é o segredo, Djz. 

Meus olhos provavelmente se encontravam encharcados e inchados devidos as constantes lágrimas de gosto salgado que saíram pelos mesmos, lágrimas quais rolaram por todo meu rosto, onde a única gotícula caiu por sobre minhas coxas, deixando a massa corporal marcada também pelo preto do rímel que agora não mais se encontrava fixado em meus cílios. Passei a palma de minha mão em meu rosto, jurando de pé e cabeça que não mais uma lágrima se quer rolaria por minha bochecha. Mas quem disse que eu conseguiria? Eu não nada duvidava que ao fim de suas palavras, meus olhos novamente se encontrariam encharcados, onde hora ou outra minhas pálpebras fariam com que tais lágrimas tornassem a rolar. Não era algo que agora eu mantinha total controle, afinal, era como se fosse involuntário. 

A súbita vontade de chorar, como se as dificuldades estivessem indo embora juntamente com minhas lágrimas.

Minha era de apenas ficar ali, em meu canto como estava, apenas olhando para seu rosto, na esperança de que um simples fechar de meus olhos, tudo fosse embora e que apenas a imagem da loira a dormir se fizesse presente diante meus olhos, mas simplesmente o que os mesmos agora viam era a imagem de uma mulher a chorar por conta de tal erro que um dia eu cometi, um erro que nem a ela pertence. E me soa mais abalada. Não era isso que eu previa em meus contos de fadas. 

:- As pessoas cometem erros, Dinah, até as pessoas que amamos. O amor é frágil e nem sempre cuidamos muito bem dele, mas você é a mesma pessoa com quem me apaixonei ontem, e continuarem apaixonada amanhã. Portanto, deixe-me cuidar de ti, ser o teu abrigo. Aceite o meu amor, não diga nada, não quero muita coisa em troca. Só quero que me deixe permanecer ao seu lado.

Ela fechou seus olhos e riu de forma cansada maneando sua cabeça de forma negativa. Estranhei no franzir de meu cenho, embora não hesitei em segurar em suas mãos puxando-as para trás, ouvindo o pequeno soar de nossas alianças em contato. Havia algo vivo ali. Sorri abobadamente controlando meu nervosismo constante abraçando seu tronco molhado.

Assim como todo seu corpo.

Agarrei seu corpo, trazendo-o mais junto ao meu, fazendo com que o primeiro toque de nossas peles, meu corpo se aquecesse. Uma a outra. Ela deitou sua cabeça em meu ombro, fungando o nariz para inalar profundamente o cheiro natural de minha pele que havia ali meu meu pescoço.

:- Não me canso de repetir incontáveis vezes que eu amo seu cheiro... - Murmurou risonha arrancando de mim uma gargalhada espontânea. 

:- Eu amo seus olhos... - Alisei a lateral de seu rosto com meu polegar, não mais me importando que estávamos a tomar chuva e provavelmente amanheceríamos gripadas. - E o resto de seu rosto também. 

Sorrisos, era o que deveria fazê-la apresentar-me de forma tão espontânea mais vezes.

:- Está mesmo difícil olhar na sua cara. - Ela comentou ainda no relaxar de suas pálpebras. - Pois eu ainda realmente quero bater em você. 

Quando dei por mim ela estava segurando em minhas mãos, e olhando diretamente em meus olhos. Meu coração parou no precipício que eu estava me metendo, na melhor queda que  curvar de seus lábios me proporcionavam. 

:- E se não der certo? - Rebatei após minutos silenciosos.

E o silencio novamente nos parecia agradável.

Mas não tão gracioso como a fraca e nasalada risada que soltou por fim. 

:- Vai me ajudar a catar os caquinhos e estilhaços? 

:- Sem duvida, todos eles. - Sorri. 

A vida é difícil, mas aprendi que apesar de toda a dor nunca devemos parar de sorrir. Afinal um sorriso  muda o dia não é?

Eu já não mais aguentava a súbita vontade de meus lábios se colidirem com os seus e a imensidão que esse ato se tornaria em seu peito faria com o que os pedaços de seu coração pudessem por fim ser reconstruído. Puxei-a pela cintura, tirando de suas mãos o punhado de insegurança e receio, afinal não precisaríamos dele agora. Talvez nunca mais. Apertei suas delicadas curvas, podendo sentir minhas mãos a agradecerem por aquilo. Seus olhos fitavam meus lábios que em um rápido movimento, já estava junto aos meus, em uma sintonia totalmente perfeita mexiam-se, dando à ambas uma sensação magnífica e completa. O salgado das lágrimas e o molhado da chuva, e sim, ainda me refiro a ambos os lábios. Aquele beijo poderia significar muitas coisas, mas principalmente, o meu mais singelo; eu te amo.
 


Notas Finais


Tia escreveu tudinho só hoje, mereço um abraço?
Algo mais clichê que esse desfecho? rs desculpa, mas eu me recarrego disso!

All The Love, M. 🌸🍃


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