História Do I Wanna Know!? - Norminah - Dreaming Is Not Enough

Normani Kordei Hamilton Point Of View
Miami, Flórida, 10 de Maio de 2016.

Escute, você não terá sucesso só porque acorda às cinco da manhã. Alguns acordam as quatro. Pessoas dão duro todos os dias. Você não pode presumir que só porque dá duro que irá ter sucesso. Pessoas irão lhe dizer que você é muito baixo, muito devagar, ou que você não irá conseguir. 

Não de ouvidos à eles.

Eles entrarão na sua mente e irão tentar lhe controlar. Mas acredite em mim, ninguém pode lhe privar ou lhe impedir de sonhar.

Mas sonhar não é o suficiente.

Acorde e entenda que esse mundo não te deve  nada. Você tem que lutar todos os dias para convencer a si mesmo que você é bom o suficiente, e um dia finalmente você terá a oportunidade de provar que todos estavam errados.

E então você falha. Mas isso é uma boa.

" O que você quer ser quando crescer? "

Pois o modo como você reage a uma falha determinará se você será um derrotado ou um vencedor. E eu te prometo que se você fizer o que ama e nunca desistir, irá entender que falhar não significa que você perdeu, é só um lembrete para que você se levante. E se você tiver coragem para tentar novamente, você já venceu!

A madrugada passada pareceu mais longa que qualquer espera a notícias a um hospital quando ansiosa, meus olhos custavam a pregar, e quando feito, aquelas palavras tornavam a ecoar em minha cabeça.

" :- Não existe um final feliz...Não há uma fada madrinha nem um vestido que resolva, não há um cavalo branco muito menos uma coroa me esperando...São decepções. "

" Eu não quero! Desisto dessa merda de felicidade, isso não acontece comigo! Não há razão, é apenas uma distração para ambas. Eu não consigo fazer isso eu...Não consigo. "

" Eu não posso seguir em frente. Eu não quero! Se isso me faz fraca, então tudo bem, eu sou fraca mas...Eu não posso lidar com ela."

" Eu não consigo lidar com tudo isso. Eu não posso lidar com esse sentimento. "

Sabia que era errado, mas ao menos não abaixei minha cabeça quando seus olhares se encontraram aos meus. Maldito soluço. Assim como naquele momento as lágrimas se tornavam presentes até o amanhecer em claro, estava sendo doloroso, tanto quanto me empurrou pelos ombros, como uma flecha que atinge o peito.

Efeito do amor.

Porque essa merda realmente precisa existir!?

Naquele mesmo momento descobri que Lauren tem um coração que não cabe no peito e aquela vivacidade em seu olhar dizendo que tudo entraria nos conformes, de alguma forma me acalmou. Seus braços só não eram tão confortáveis como os de Camila, que após descer do palco tirei a prova real de que ambas tinham algo, mas foi capaz de deixar a de olhos verdes para ter certeza que ficaria bem após ocorrido - dormiu boa parte da madrugada me deixando paralelamente sozinha, mas isso não vem ao caso -.

Também era vítima de meus soluços abafados pelo edredom ou travesseiro contra meu rosto. 

Me perguntam porque amo tanto a dança? E a resposta sempre é a mesma, mesmo em meio a dores, machucados, lesões e diversas contadicões, ela nunca me decepciona, ela nunca me deixa. Afinal, a dança é parte de quem eu sou. E talvez seja por ela que eu devesse lutar ao invés de um amor platônico e melodramático.

O amor é o sentimento mais contraditório que existe: ele machuca mas faz você sentir que está vivo. - Talvez faça um pouco de sentido quando se diz confusa. - Um sentimento de verdade machuca quando acaba e uma ilusão machuca quando esta apenas começando. Sentimento que fere mais também acaricia, sentimento que machuca e perdoa, que nos mostra a beleza de sermos o que somos, sem se preocupar e sem dever nada a ninguém. Amor, um sentimento que nos machuca, e nos fere por dentro, porém sem ele, não podemos viver.

Ou podemos?

Me despertei por uma Camila vestida indiferente da noite anterior, adentrando ao meu quarto sem pudor algum. Meus olhos permaneciam cerrados enquanto minha cabeça repousada sobre o travesseiro estava em um turbilhão de pensamentos, nem mesmo as pontas gélidas de seus dedos foram capaz de me fazer cair na real. Jogava minha franja para trás evitando que caísse sobre minha face. Suspirei me remexendo por debaixo daquele edredom tentando por fim pregar meus olhos, se não fosse o lado oposto da cama afundar-se e um corpo latino se infiltrar por debaixo do grosso tecido que me cobria. Passei meus braços por sua cintura com o leve choque térmico perante seu corpo gélido e o meu aquecido.

:- Camila? - Sussurro levemente rouca devido ao estado de sonolência.

:- Sim? - Indicou que prosseguisse enquanto deslizava sua pequena mão sobre minhas madeixas cacheadas.

:- Você me ama? - Fechei meus olhos em meio ao carinho recebido.

:- O que? - Mesmo não a encarando sabia que tinha seu cenho franzido. - Você sabe que eu amo.

:- Certo. - Me acomodei na cama bocejando longamente.

:- Certo.

:- Porque você me ama? - Me remexi agarrada ao seu corpo e no mesmo momento ne permiti abrir os olhos e fitar sua face.

:- Desculpe, o que? - Encarou meus olhos.

:- Okay. - Soltei sua cintura. - Não me responda: "porque eu amo." - Fiz aspas com os dedos. - Mas realmente, porque você me ama?

:- Okay, está tudo bem? - Estreitei meus olhos sobre os seus. - Pergunta idiota, pergunta idiota. - Resmungou em baixo tom desviando o olhar. - Mas, mas o que...

:- Não faça isso. - Maneei com a cabeça em negação. - Só olhe para mim. - Joguei a coberta para baixo deixando meu corpo apenas trajado com uma camisola de seda, o encarei gesticulando com as mãos. - Eu sou tão...tão... - Suspirei. - Como pode amar alguém assim?

:- Oh... - Encarou um ponto fixo. - Acho que já é época de novo. - Sussurrou.

:- O que disse?

:- Que eu te amo todos os dias...Princesa? - Murmurou evitando encarar meus olhos.

:- Ah... - Afirmei dando de ombros. - Certo. - Puxei a coberta novamente para cima.

:- Certo. - Suspirou voltando a me encarar. - Veja. - Intensificou seus ombros. - Sabe quando você acorda pela manhã, e mesmo nos seus melhores dias. Você está uma bagunça.

:- Espere. - Gesticulei com as mãos indicando que parasse. - Isso era para me fazer sentir melhor? - Semicerrei meus olhos.

:- Certo, certo. - Suspirou relaxando os ombros. - Apenas me escute...Como eu dizia, mesmo quando está com sua cara de acordar, eu te amo porque sei que você precisa descansar. Assim você estará linda e radiante ao acordar. - Sorriu. - Você se transforma em outra Normani...outra... - Gesticulou. - Mais tarde.

:- Acho que sim. - Estalei a língua. - Mas.

:- E sabe quando está despertando, você irá se levantar, está com um horrível, e quero dizer HORRÍVEL - Deu ênfase a tal palavra. - bafo.

:- Como eu disse. - A cortei. - Isso era para me fazer sentir melhor? Porque eu não tenho certeza sobre...

:- Mesmo!! - Cortou. - Quando o seu bafo cheira como um Zumbi. Eu ainda te amo. Porque eu sei. Depois você acaba de escovar os dentes e se levar seu hálito será a coisa mais doce do mundo para mim.

:- Certo. - Arqueei as sobrancelhas. - Então você está dizendo que quando eu não estou limpa, meu hálito tem cheiro de zumbi? - Perguntei um tanto confusa e me fitou tediosamente.

:- Shhhhhhh. - Imitou um som de chiado em forma de reclamação. - E! Mesmo nas horas qur você acabou de malhar ou dar suas aulas de dança, e está suada, melada e nojenta. Sem deixar de pontuar: cheirando a roupa suja de ontem.

:- Uau! - Fingi um falso sorriso.

:- Eu ainda te AMO! Porque eu sei. Você se transforma nessa, nessa...!

:- Já chega. - Virei de costas bocejando novamente.

:- Espera, espera, espera! O que há de errado? - Seu olhar queimava minhas costas.

:- Então você está dizendo que só gosta de mim, quando estou linda. - Fechei os olhos. - Carinhosa, cheirando bem, e... - Suspirei cruzando meus braços um tanto intrigada.

:- Bem, eu não vou mentir. Eu realmente gosto quando você está linda. - Assentiu quando a encarei sobre meus ombros. - Mas... Porque te amo. - Respirou profundamente podendo dilatar suas narinas. - Eu amo você porque, você me deixa estar lá, quando não está no seu melhor. E simplesmente, eu vejo só você, vendo-a se transformar dessa Mani, para aquela Mani é simplesmente...Bem...Um bônus. - Sorriu quando virei para frente podendo fitar seus olhos. - E é por isso, que eu te amo.

Sorri largamente lhe envolvendo em meus braços e apoiando minha cabeça em seu ombro.

:- Obrigada.

:- Então Bear.

:- Hum? - Resmunguei me aconchegando mais.

:- Bem, como eu já a respondi. Por que você me ama?

:- Oh...Hum...Eu... - Franzi o cenho resmungando algo um tanto inaudível fazendo a latina me encarar com os olhos estreitos. - Eu...

:- O que? - Arqueou as sobrancelhas. - Certo, eu não faço ideia do que está tentando dizer.

:- Sabe, eu gostei do jeito como me descreveu, ser a coisa mais doce do mundo, para você.

:- Espera! - Resmungou. - Você não me respondeu... - Curvou seus lábios em um jeito tão manhoso quanto o soar da sua voz.

Apenas ri baixinho me acomodando mais enquanto deixava meus lábios de leve entreabertos como com quem respira profundamente por ali, meus olhos cerrados a ponto de se fecharem a qualquer momento, nunca esteve tão frio em Miami quanto naquela época, estava chuvoso e o ecoar das gotas colidindo a janela perante ao vento era mediano. Relaxei meus ombros tentando me entregar ao sono que a horas não conseguia. De calma a pesada, e assim a transição de acordar e dormir começava, cochilos e mais cochilos, tinha dia melhor para isso? Sabia que faltar ao trabalho só me deixaria precária naquela situação, mas quem quer sair da cama em um dia como esses, ou um motivo melhor, quem quer sair da cama se a pouco deitou? É, não tinha outra opção a não ser realmente dormir.

Ou ao menos tentar.

Camila a todo custo tentaava me acolher de qualquer maneira, seja com carícias ou canções sussurradas, mas nada resolvia. O som da televisão estava tão baixo a ponto de percebermos que estava ligada apenas pela iluminação que se alastrou pelo quarto. Bocejei incontáveis vezes antes de finalmente elevar meu olhar a latina que tinha seus olhos fixos no aparelho televisor totalmente entretida. Desviei meu olhar a tela que transmitia imagens coloridas - afinal estávamos em pleno século vinte - onde Karla assistia a um documentário qualquer no qual não fiz questão de descobrir.

:- Tá difícil aí? - Perguntou percebendo minha necessidade para me entregar ao sono.

:- Nada me deixa descansar por completo. - Suspirei frustrada de exaustão.

:- Tenta esfriar a cabeça, esquece todo o resto. - Pressionou levemente seus lábios contra a minha testa de forma suave.

Esse era o segredo de Camila, me acalmava com simples atos.

:- É difícil, Mila. - Murmurei desviando meu olhar ao teto. - Há muito tempo eu não perdia uma noite por causa de alguém, Sabe? Aquele caso com Thomas foi inevitável, mas não havia sentimentos de ambos os lados. - Respirei profundamente.

:- Mani...

:- Talvez tenha sido a pior noite da minha vida depois que a conheci. Engraçado, porque todas às noites eu ia dormir com ela na cabeça, mas dessa vez foi diferente, foi tão rápido que me vi cega perante a ela. - Engoli em seco. - Foram palavras pesadas e me atingiram como um tiro certeiro. - Percebia um bolo se formando em minha garganta enquanto Camila me encarava com um semblante preocupado. - Foi diferente porque ontem eu não senti saudade como o de costume, era só tristeza mesmo. O que eu sentia era uma imensa vontade de por um ponto final nessa história sem começo, nem ao menos existiu direito. Mas, ao mesmo tempo eu queria acreditar que ela era diferente, porque eu sempre tive esperança nela, sempre achei que você iria me fazer ver o mundo com outros olhos. Ao menos quando me jurou roubar meus sorrisos. - Suspirei derrotada com um casto sorriso de canto. - Fiquei durante muito tempo pensando numa maneira certa de agir, foi aí que decidi esquecer essa porra de quase-amor que eu sinto por ela.

:- Mani, você não...

:-  E era isso que mais doía, o quase-amor, porque no fundo eu queria que fosse amor. Mesmo assim, insisti em colocar um ponto final, mesmo ela parecendo mais rápida. Jurei pra mim mesmo que ontem à noite seria última vez que eu iria olhar suas fotos nas redes sociais e ouvir a nossa música quando dançamos Pretty Hurts antes da luz acabar. - Ri nasalmente - Apaguei as mensagens dela, exclui as fotos daquele piquenique ao por do sol, joguei fora tudo que me lembrava aqueles traços polinésios. Bateu o desespero e chorei igual uma pré-adolescente quando leva seu primeiro fora. - Meus olhos se encontravam inundados por lágrimas e o nó formado em minha garganta dificultava o soar de minha voz. - Chorei até dormir e acordei lembrando que havia sonhado com o dia que tocamos nossos lábios. Agora nem dormir em paz eu posso mais, ver ela se tornou uma questão de fechar os olhos. Não chorei mais, em compensação quebrei meu juramento assim que saí da cama, fui correndo ver suas fotos e jurei de novo que seria a última vez. Fiquei triste o dia inteiro, aí você me procura, por um simples dia que buscou Regina a aula de dança em uma Quinta-Feira nublada a duas semanas, inevitável, acabei sorrindo ao ver ela falando comigo, nem que tivesse sido um simples 'Tchau' - Fiz aspas com os dedos. - e um sorriso se humor. - Respirei dando liberdade as lágrimas enquanto me encolhia soltando aos poucos Camila que afrouxava seus braços sobre mim. - Droga, você também não me ajuda. Queria tanto ficar bem sem ela, sem falar, sem contato, mas ao mesmo tempo quase morro quando ela não me conta como foi seu dia. Já basta essa distância insuportável e ficar um dia sem ter noticias suas acaba comigo. Mas, decidi que preciso a esquecer. Só que eu acabo lembrando, de como ela é linda quando estava comigo, do seu sorriso, dos seus olhos fixados nos meus, das suas mãos nervosas no meu corpo, de como é bom dormir com você e sentir sua boca na minha enquanto a gente “tenta” dormir. - Camila deixou uma risada rouca ecoar pelo quarto inteiro. - Talvez essa é a parte que mais me dói, ter que esquecer tudo isso. Ou talvez, o que mais me dói é ter fantasiado a nossa relação porque ela me deu espaço pra isso. Durante muito tempo eu esperei por ela, mesmo não sabendo estar a espera, mas infelizmente, eu não moro em um castelo e muito menos sou uma princesa, pra ficar procurando nela um príncipe pro meu conto de fadas. A não ser que ela construa um castelo e me peça pra ficar e nunca mais desistir do que uma vez sonhei termos. - Suspirei limpando as bochechas com as costas das mãos. - Não era amor, era uma perfeita ilusão.

:- Mani... - Camila retirou minhas mãos que agora encobria meu rosto e fitou meus olhos marejados. - Olha, eu queria que você soubesse que eu adoro o seu jeito de sorrir. Queria que soubesse o quanto me faz bem o simples ato de te olhar. Queria que soubesse como eu gosto do efeito que o seu olhar tem sobre mim e como eu acho os seus olhos lindos. Queria que soubesse que eu amo a sua pele, tão macia, e quando segura a minha mão entrelaçando os dedos. - Pegou em minhas mãos elevando aos seus lábios e beijando cada uma delas antes de deixar sobre seu colo e me encarar com mais calreza. - Queria que soubesse como eu gosto de te abraçar, e te sentir perto, e a segurança que isso me passa. Queria que soubesse como eu gosto do seu cheiro, e quando ele fica na minha roupa, fico sentindo e sorrindo até para a mosca que passa voando, covardia não? - Perguntou sem muito humor soltando uma de minhas mãos e enxugando o canto de meu olho onde uma teimosa lágrima insistia em permanecer. - Queria que soubesse que o som da sua voz me acalma mais que um solo de Mariah Carey em Hero, e como já bem dizia... - Limpou sua garganta antes de prosseguir. - Existe um herói, se você olhar dentro do seu coração, você não tem que ter medo do que você é. Há uma resposta, se você sente vai desaparecer. E então vem um herói, com a força para continuar, você deixa os seus medos de lado, e você sabe que pode sobreviver. Então, quando sentir que sua esperança se foi, olhe dentro de si e seja forte e você finalmente verá a verdade, que há um herói em você. - Sorriu.

:- É uma longa estrada, quando você encara o mundo sozinho, ninguém estende uma mão para te ajudar você pode encontrar amor, se você procurar dentro de você mesmo e o vazio que você sente irá desaparecer. - Sorri levemente enquanto fungava.

A muito tempo sabia que aquela garota aos seus seios anos lendo um livro com mais gravuras do que palavras, seria a base principal para me fortalecer perante os anos, ela estave tão presente que nem em mil anos conseguiria lhe retribuir a altura. Quando caída devido a algo que Zendaya colocou em minha bebida no baile de formatura, fez questão de largar seu par e vir ao meu encontro, resistindo a minhas ânsias e incontáveis horas em claro. Quando em meus aniversários acordava cedo o suficiente para fazer minha calda preferida de chocolate. Ou até mesmo quando choramingava ao ouvir meus soluços quando deixava rosas brancas no túmulo de Mama Andrea diversas vezes ao ano. Ela estaria sempre lá para me abraçar.

:- Eu queria que você soubesse, meu bem, que eu sempre vou estar aqui, querendo nós duas uma a outra, e querendo fazer o que for possível para você ficar bem, mas não só bem, mas bem comigo quando só. - Colocou uma mecha de meu cabelo para trás da orelha. - Eu queria que você soubesse que se tornaria um prazer ser magoado por você. Eu queria que você soubesse se olhar com os meus olhos. Eu queria que você soubesse o quanto eu acho você uma pessoa incrível. Eu queria que você soubesse que eu esperaria o tempo que fosse necessário para ter você perto de verdade para estar bem após uma decepção na qual envolve sentimentos. Eu queria que você soubesse que eu estou completamente apaixonado por esse seu jeito e nada nem ninguém deixaria você para baixo, depende de você. - Sorriu timidamente.

Com certo esforço me sentei sobre a cama podendo lhe abraçar fortemente com direito a enterrar minha cabeça em seu pescoço inalando o cheiro inconfundível de creme de amêndoas.

:- Acorde na certeza de que não precisa de ninguém, nem do mundo. Acorde na certeza de que o mundo precisa de ti. Lembra sempre que existira sempre alguém que quer lhe ver sorrir, existira sempre alguém que sonha contigo, que ira te fazer feliz, e te mostrar como tudo vale a pena, porque realmente vale, que ira te fazer acreditar que a sua felicidade, só depende de você, e que esse alguém, só ira lhe ensinar que nem tudo é como imaginamos, e que toda perca, tem um motivo, que toda queda, é um recomeço, e que vale a pena viver, sonhar, acreditar, e principal, confiar. - Acariciou meus cabelos beijando-os. -  Mas antes de tudo, confie em ti, sua felicidade, depende de você. E esse alguém? Ele sempre espera, afinal, ele já aprendeu tudo. Talvez ela não saiba, nem ao menos você, o que lhes resta é aprender. - Comentou e suspirei contra sua pele lhe fazendo se remexer inquieta.

:- Eu amo você, Mila. - Sussurrei.

:- Eu sei disso, baby. - Sorriu se afastando de mim. - Agora vamos tirar essa cara de defunto e aproveitar que você não vai dormir nem tão cedo. - Comentou deslizando suas mãos a barra de minha camisola a suspendendo podendo deixar meus seios desnudos a sua frente, revirei os olhos na esperança de puxar o edredom se não fosse a latina me impedir. - Nada disso, amanhã é um novo dia e se vai tentar, vá até o fim. Caso contrário, nem comece. Se vai tentar, vá até o fim. Pode perder amizades, esperanças, parentes, amores, empregos e talvez até a cabeça. Vá até o fim. Pode ficar sem comer por três ou quatro dias. Pode congelar no banco do parque. Pode ser presa.  Pode receber escárnio, gozações, isolamento. Isolamento é um presente, todo o resto é um teste da sua resistência, de quão forte é a sua vontade. E você fará a despeito da rejeição e dos piores azares e será melhor do que qualquer coisa que possa imaginar. Se vai tentar, vá até o fim. Não há outra emoção como essa. Você estará sozinho com os deuses e as noites queimarão como fogo. Faça, faça, faça. faça, até o fim, até o fim. Você cavalgará a vida diretamente para o riso perfeito. Essa é a única boa luta que existe. - Suspirou tomando fôlego sorrindo com ternura antes de me puxar pelos pulsos me obrigando a desprender-me dos lençóis esbranquiçados e a comodidade da cama.

Tínhamos intimidade o suficiente para aquele momento um tanto peculiar, em segundos estava completamente nua a sua frente e minha melhor cara de tédio, bocejos e mais bocejos. Me empurrava pelos ombros para logo adentramos ao banheiro. Talvez tivesse passado um furacão por ali. - Apenas quero seu bem, Bear. - Sussurrou enquanto girava a válvula de água quente da banheira deixando-a encher-se em alguns minutos. Aproveitei a brecha para prender meus cachos em um coque desajeitado porém firme.

Jogou alguns sais de banho que logo se formaram em espuma esbranquiçada e aromada, adentrei sem pressa sentindo meus músculos se contraírem ao contato da constante mudança de temperatura. Um suspiro escapou por meus lábios quando apoiei minhas costas na banheira e a água havia ficado um pouco mais acima de meus seios. Camila sorria deixando apenas suas pernas dentro da banheira, sem se importar em molhar sua roupa. Pegou uma bucha ao canto a molhando na água da banheira antes de despejar um pouco de sabonete líquido e por mim deslizar sobre meus ombros causando atrito e suavidade mesmo perante ao objeto áspero.

:- Imagine você e Dinah nuas, algumas pétalas de rosa pelo banheiro e uma grande janela com vista a Torre Eiffel. - Comentou me fazendo gargalhar.

:- Gosto de manter meus pés no chão. - Comentei encarando meu próprio reflexo contra a água mesmo em meio a tanta espuma.

:- Eu não disse para sonhar. E sim imaginar, um futuro. - Ditou simples.

:- Dinah está em outra, Zendaya está na dela. - Dei de ombros passando minhas mãos sobre o rosto esfregando-as contra o mesmo.

:- Você sabe como Zendaya é. - Comentou.

:- Uma grande puta. - Uma voz penetra tomou nossas atenções, Ally fazia um sinal da cruz pedindo desculpa enquanto olhava para cima. Deu uma golada em seu copo de café expresso, no qual era desejado naquele dia frio, antes de se aproximar da banheira. - Bom dia. - Sorriu amigavelmente.

:- Mas... - Camila iniciou.

:- Eu tenho a cópia das chaves. - Sorriu sarcástica e Camila me encarou incrédula, dei de ombros voltando a fitar Brooke. - Zendaya disse que voltaria. - Deu de ombros sentando-se na borda da banheira.

:- Você não levou a sério, levou? - Camila perguntou enquanto molhava a bucha novamente antes de deixar em seu devido lugar.

:- Porque não levaria? Sempre tive um pé atrás com aquela garota. - Comentou engolindo em seco antes de me encarar rapidamente logo voltando sua atenção ao em suas mãos.

:- Não deveria estar no trabalho? - Perguntei em baixo tom enquanto sentia Camila jogando um pouco de água para cima de meus ombros podendo retirar a espuma que os cobria.

:- Estou de férias. - Sorriu. - Estou pensando em viajar com Troy, ou talvez aproveitar por aqui mesmo.

:- Deve ser um estrago o que ele faz com você. - Camila murmurou de forma maliciosa me fazendo rir e Brooke revirar os olhos.

:- Ao menos não fico na seca. - Olhou em volta antes de voltar a beber seu café, deixando o doce aroma se impregnar no ar. - Zendaya está cumprindo minhas tarefas na empresa. - Passou a língua entre seus lábios. - Parece que Dinah aprovou já que andam grudadas para todos os lados. - Fez uma expressão de desgosto.

:- Mas ela não estava em Los Angeles? - Camila ressoou confusa e a mais baixa assentiu. Apenas observava em total silêncio.

:- Estava, mas parece que a empresa dela pediu transferência, uma filial em Los Angeles parece pertencer a algum parentesco com a de Dinah. - Franziu o nariz. - Ela entrou em contato comigo a algumas semanas e por fim adentrou a empresa horas após meu primeiro dia de folga. - Suspirou encarando o copo em suas mãos.

:- Será que foi intencional?

:- Intencional? - Pela primeira vez disse algo.

:- Sim, Dinah estava com você em Los Angeles certo? - Afirmei. - Talvez tenha feito isso para tirar Dinah do seu caminho, ou você do caminho dela, você sabe muito bem como Zendaya insiste até conseguir algo. - Neguei estalando a língua.

:- Ela não conhecia Dinah.

:- Talvez. - Foi a vez de Ally pontuar, encarei ambas com um expressão incrédula.

:- O que deu em vocês? - Suspirei. - É delírio. - Dei de ombros engolindo em seco.

:- Não tente negar as hipóteses. - Brooke insistiu e prontamente desviei meu olhar a água sentindo a espuma entre meus dedos. - Dinah e Zendaya irão a conjunto por trabalho para Washington. - Sorriu sem humor.

:- Não está ajudando. - Camila resmungou entre dentes.

:- Distância não é problema. - Comentei analisando minhas mãos, estranhei o silêncio portanto tornando a encarar ambos os rostos com largos sorrisos. - O que houve?

:- Isso significa que vai tentar...? - Camila perguntou duvidosa.

:- Tentar? - Franzi o cenho observando Ally bater a palma de sua mão contra sua testa.

:- Conquistar Dinah.

:- Não... - Murmurei quase que no mesmo momento suspirando. - Digo... - Me encararam esperançosas. - Não!

:- E deixar Dinah ser levada por Coleman? - A mais baixa arqueou suas sobrancelhas.

:- Talvez seja bom para ela. - Abaixei meu olhar soltando o ar que nem ao menos sabia estar prendendo.

:- E você? - Camila insistiu me fazendo fitar sua face.

:- Eu o que?

:- O que realmente seria para Dinah?

:- Talvez mais um problema. - Mordisquei o canto de meu lábio observado Brooke negar e Cabello revirar seus olhos.

:- Então seja o melhor problema que Dinah possa ser, o problema no qual ela não correria atrás de uma solução e sim o agarraria com todas aquelas imperfeições. - Ally tocou a ponta do meu nariz me levando a franzir o mesmo de leve.

:- Seja um problema para Dinah.
  

Insistir!?