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História Do I Wanna Know!? - Norminah - The Past Plays Tricks


Escrita por: FarofeiraHansen

Capítulo 5 - The Past Plays Tricks


Fanfic / Fanfiction Do I Wanna Know!? - Norminah - The Past Plays Tricks


Dinah Jane Hansen Point Of View
Miami, Flórida, 30 de Março de 2016.

"Sonhei que as pessoas eram boas em um mundo de amor. E acordei nesse mundo marginal."

O som de diversos pares de saltos altos, subindo e descendo as escadas de entrada ao grande arranha-céu, ficava mais turbulento quando contra o mármore polido semanalmente. Como uma manada bem vestida. A forte movimentação era comum em qualquer horário, sem descanso ou horas livres, por um lado, era bom. O censor deixava que a porta envidraçada fosse devidamente aberta ao me aproximar, sorri com o singelo ato e adentrei em passos lentos, tendo a atenção de alguns ao meu redor, o saguão era movimentado assim como o restante do ambiente, com minha ausência, tudo mantinha suas estribeiras. 

Era bom saber que tinha funcionários onipotentes e dedicados.  Allyson se encontrava na secretária, de costas ao redor, tudo em cores neutras, ao centro, algumas acomodações almofadadas e um grande tapete felpudo cor creme, nos quais meus pés aclamavam em tocar, mesmo cedo, já gritavam dentro daqueles louboutins. Não podia me esquecer também do grande lustre de cristal, dando um ar de sofisticação. 

Toquei seu ombro direito, fazendo a menor erguer sua cabeça soltando um suspiro assustado, tendo uma das mãos sobre o peito. Ri baixo depositando um beijo sobre sua bochecha, embora fossemos chefe e funcionária, éramos mais que amigas, tínhamos uma boa relação. Melhor dizendo. 

:- Me assustou, Dinah! - Me reprendeu sem conter a risada, me acompanhando. 

Gostava da forma na qual me tratava, sem nomes formais ou complicados demais, poderia ser superior, mas não melhor que alguém dentro daquela empresa. Demorou um certo tempo para que Brooke se acostumasse sem aquela formalidade, até mesmo fora do estabelecimento. 

:- Deveria estar preparada, sabe que tenho cumprimentos informais demais para minha sanidade. - Ditei deixando que o modo sarcástico tomasse conta de minha voz.

Vendo-a balançar a cabeça negativamente, fez com que minha risada ecoasse pelo local mais uma vez naquela manhã, espero não ser a última. Nada muito escandaloso demais. 

Tornei a me recompor de qualquer som simultâneo escapando por minha boca. 

:- O que temos para hoje? - Bebi um gole de meu café, no qual estava em perfeita temperatura, sem deixar de refletir o calor em minhas mãos. Elevei meu olhar para cima do ombro de Ally, tentando decifrar o que tantas letras poderiam me informar. 

Girou seu corpo em noventa graus, pegando a pilha de papeladas que anteriormente se encontravam sobre o balcão. Não deixei a oportunidade passar de acenar brevemente para as secretárias responsáveis por atender os telefonemas e registrar qualquer movimento diante de seus olhos, sempre por trás daquele tão monótono balcão. 

:- São alguns relatórios. Terá seu dia livre hoje, apenas algumas assinaturas, sem reuniões ou qualquer impertinência capaz de estragar seu dia. - Sorriu abertamente.

Era incrível seu bom humor matinal, poderia ser mais uma tediosa Segunda-Feira, de baixo do sol escaldante, ou da chuva abundante, jamais desfazia a curvatura em seus lábios, o olhar intenso e seus ombros firmes. 

Era o que eu mais amava em Allyson. 

Mal sabia eu, o que me aguardava. 

:- Acho um pouco impossível. - Comentei seguindo em direção a caixa metálica que nos levaria á cobertura do prédio. - Afinal, a semana nem ao menos começou. 

Ela riu divertida apertando a numeração desejada, em alguns minutos já tinha meu corpo apoiado na estrutura gélida refletida contra minha pele bronzeada. Bati meu pé direito contra o chão, ecoando por todo o compartimento, era agoniante um lugar fechado e estreito ao mesmo tempo. 

Por sorte chegamos ao ultimo andar rapidamente e sem contraditórios.

O dia estava percorrendo bem.

:- Então... - Cortei o silêncio importuno e a mais baixa elevou seu olhar ao meu afirmando em resposta. - Está dispensada, me chame caso desejado. 

Abriu a grande porta decorada em branco, moldada em pequenos detalhes artesanais, preferia assim. Tornei em pegar as demais fichas sobre seus braços, que já apresentavam a vermelhidão retida em sua pele devido ao ao peso carregado por alguns minutos. Beijei sua testa sem dificuldades, a diferença de altura era visível, o que eu não chegava a reclamar, era bom lhe contrariar com o fato. 

Ri sozinha fechando a porta por trás de mim. Deixei que meus pés me guiassem a mesa ao centro da sala, por rápido que fosse, era o suficiente para sentir meus antebraços pesarem e relutarem para manter postura e não derrubar algo ao chão, seria um desastre. Com certa dificuldade, deixei tudo organizado sobre a mesa envidraçada e límpida, desvencilhei-me rapidamente seguindo em direção á poltrona branca revestida em couro, relaxando meus ombros ao ter a maciez do móvel por baixo de meu corpo, acomodando-me por completo. 

Embora "final de semana" fosse um substantivo relativo a "descanso", era exatamente o que eu não tive, essa situação se alastrava como fogo nas últimas semanas. Sabia que não fazia bem á mim, e muito menos aos que sempre estavam ao meu redor, o cansaço, horas extras dormindo menos que o normal, e as fundas olheiras que me entregavam todas as manhãs monótonas que costumavam contrair meus ombros deixando o cansaço me tomar novamente. 

Era recíproco.

Deixei que a caneta na qual sobressaída entre meus dedos direitos, deslizasse sobre todas as demais folhas em branco, deixando ecoar o barulho de sua ponta, contra o frágil papel, as assinaturas rápidas e o deslize de meus pensamentos estavam a tona. 

"O coração é como uma simples folha de papel, temos que ter cautela quanto estamos decididos á escrever algo, pois o simples, pode vir a se tornar complexo." - Lembrava-me de quando mais nova, refletir em muitos momentos de minha adolescência, tinha um livro de frases e pequenos poemas, era decidida em seguir aquele fluxo. 

Porém o mundo dá voltas. Muitas voltas.

Tem um mundo dentro do que falo, e um universo dentro do que me calo.

Meus devaneios frequentes fizeram-me entrar novamente em meu mundo paralelo. Gosto de viver em um mundo surreal, onde tudo é do jeito que eu gostaria que fosse. Gosto de imaginar, sonhar e acreditar, de coisas simples, mesmo sendo complicada. Gosto de momentos, lembranças, companhias, coisas sem valor. Estar presente quando ninguém mais quer estar, manias, contradições, e loucuras. Irreverência e de ironia, talvez um mundo sem sentido ou pudor algum, simplesmente...

Imaginário. 

Arregalei levemente meus olhos quando tive a imagem de um par de amendoados olhos verdes á minha frente, quase como um salto, a poltrona alastrou-se para trás recuando alguns centímetros da mesa na qual tinha meus cotovelos apoiados. O vibrante de seus olhos me fitavam como que exigissem alguma resposta, respirei fundo voltando a minha posição anterior.

Limpei minha garganta fechando o relatório á frente, deixando-o sobre uma pequena partilha com demais formulários, fichas, inscrições, ou até mesmo desenhos perdidos do meu pequeno. Deixaria toda organização para Brooke, sabia fazer tais atos tão rapidamente, algo que levaria horas para mim. 

:- A que devo a honra, Srta. Jauregui? - Me equivoquei fazendo-a revirar os olhos enquanto cruzava minhas mãos, entrelaçando os dedos sobre a mesa deixando meu corpo inclinado para frente.

Muito contagiante, uh!? 

:- Sem graças, Jane. - Abriu uma maleta sobre seu colo, retirando da mesma seu notebook, ligando-o rapidamente. 

Seus dedos pesavam sobre as teclas, que ecoavam pelo ambiente, como quem se tem pressa. Parecia eufórica, seus olhos fixos na tela, que refletiam nas lentes de seus óculos, realçando cada vez mais o esverdeado de seus olhos. 

A veia de seu pescoço saltada, demonstrava seu estado de ansiedade e êxtase, uma mistura não tão incomum. Porém, estranha quando o assunto é Lauren Jauregui, privada em demonstrar sentimentos, por mais singelos, bestas ou visíveis. 

Era imprevisível, porém não queria criar muitas expectativas. 

Lauren é como minha fiel escudeira, embora sempre tratando dos assuntos da empresa como meu "segundo" braço direito - já que Allyson entra nesse quesito parcialmente dividido - ela nem sempre aparece por aqui. 

:- Ainda tem aqueles documentos antigos? - Perguntou sem retirar sua atenção da tela. 

:- De Simon? - Recebi um sonoro como resposta. - Guardei em alguns arquivos, por quê? - Ergui uma de minhas sobrancelhas recuando meu corpo a ponto de sentir minhas costas colidirem com o encosto.

:- Eu preciso deles. - Disse simples.

:- Nenhum específico?

:- Tanto faz. - Deu de ombros. Finalmente, após minutos, Lauren tinhas seus olhos nos meus.

Suspirei girando a poltrona sentido anti-horário, dando as costas para a morena. Revirei alguns compartimentos fixos á parede. Ainda podia ouvir os resmungos de Michelle, o soar do teclado e o modo em que batia suas unhas coerentemente sobre a mesa, demonstrando nervosismo.

Lauren podia ser uma explosão de sentimentos quando queria.

Sentimentos esses importunos. 

Quando assumi a presidência da empresa, já em boa idade e devidamente "responsável" decidi retirar os tons de preto e branco, embora Lauren achasse aquilo uma máximo, sempre muito prestativa, não!?. Resolvi não apenas mudar completamente o andar das finanças e documentos, assim como a decoração, queria mais vida ao ambiente, já não bastava os dias cinzentos ou até mesmo a poluição abrupta em toda Flórida. Queria me sentir bem em pleno local de trabalho. 

Deixei um tom rústico e vibrante ao mesmo tempo, quando abrisse aquela porta branca todas as manhas, queria meus olhos brilhando de vivacidade, não apenas pela bela visão daquela cobertura, e sim pela ambiente por completo. Sem exceções. 

Pelo visto havia conseguido, pois me pegava com um sorriso vitorioso nos lábios em momentos atônicos do dia a dia. 

:- Aqui estão, Laur. - Disse baixo estendendo o arquivo em sua direção. 

Ela praticamente o arrancou de minha mão, fazendo-me suspirar. 

Não que já não estivesse acostumada. 

:- Desculpe. - Suspirou parecendo ler o mesmo parágrafo pela quinta vez em poucos minutos. - Está um tanto quanto confusa, certo? - Afirmei. - Lembra das recentes hipóteses que tiramos? 

Umedeço meus lábios, naturalmente ressecados e encaro um ponto fixo pensando profundamente em dias não muito distantes. 

 

Apoiei ambos meus cotovelos sobre a mesa de vidro encarando fixamente um ponto fixo, estava além, tentando entender tudo o que vinha a acontecer nos últimos minutos. Ainda me questionando mentalmente. Elevei meu olhar a morena dos olhos verdes, que tinha visivelmente um ponto de interrogação sobre a cabeça, sua feição lhe entregava, apenas neguei em um sinal com a cabeça. 

:- Releve, Dinah. - Suspirou colocando uma mecha de meu cabelo para trás da orelha. 

Apenas suspirei estreitando meu olhar sobre o testamento que o mais velho havia deixado sobre a mesa. Me levantei de solavanco tendo-o em mãos rapidamente, lendo e relendo tais nomes. Meu corpo fraquejou e confesso estar pálida o suficiente para Lauren perceber. 

- Dinah!? - Aclamou confusa.

Ela não obteve resposta. 

                            

:- O nome de Somers nos demais arquivos de Cowell. - Falei entre suspiros. - Mas o que importa? Não temos mais nada. -
Movimentei os ombros relaxando meu corpo. 

:- O que Simon fazia aqui quando precisavam renovar contrato, ou demais reuniões de parceria? - Encarou fixamente meus olhos. - Seja sincera, Dinah. 

Engoli em seco.

:- Agíamos como grandes amigos, foram longos meses de parceria e... - Me cortou. 

:- Não tratavam apenas de negócios. 

Franzi o cenho. 

:- O que esta insinuando? - Estreitei meu olhar sobre o seu, que em momento algum parou de me encarar. 

:- O que mais falavam? Sei que odeia formalidades, com ele não deveria ser diferentes.

Suspirei afirmando claramente, enquanto suas amendoadas esferas em tom de verde claro, agora se encontravam voltadas aos arquivos em mãos, fichas e mais fichas. 

Indaguei silenciosa. 

:- Ah... - Maneei com a cabeça, em um sinal que se aproximasse. - Ele sempre perguntava sobre minha vida pessoal, nada íntimo demais. Até pensou que fosse casada. - Revirei os olhos. 

A morena reteou sua coluna, ficando praticamente debruçada sobre a mesa, deixando seu decote mais á mostra, seus seios quase saltavam para fora daquela camiseta social, confesso mexer com minha sanidade. Me dispersei daqueles pensamentos, ao ouvir um pigarreio próximo. 

Suspirei voltando meu olhar ao formulário em mãos, o emblema da empresa e Cowell lhe entregava por inteiro, a ponta caneta em mãos, usei para destacar um nome mais incomum abaixo do emblema. 

:- Lauren SIlverman? - Franziu o cenho enquanto lia em voz alta, afirmei. - Quem é? 

:- Esposa de Simon. - Ela retomou a sua postura ereta. 

:- Nome de atriz pornô. - Fez cara de nojo e gargalhei. - Qual é Dinah? 

Revirou os olhos. 

:- Seus nomes são similares, está se auto julgando. - Balancei a cabeça negativamente. 

:- Para quem pensou que Balão Mágico fosse um pornô mexicano, é muito capaz de que não saiba diferenciar. - Sorriu sádica, foi minha vez de revirar os olhos. - Voltando ao foco principal, o que me interessa o nome dela!? 

Sinceridade em pessoa.

:- Ela queria intimidade demais comigo, agindo como velhas amigas. - Respirei fundo. -  Definitivamente...

:- Ridícula. - Resmungou. 

Por que eu negaria!? Lauren sempre tinha as respostas na ponta da língua, e não era em vão. Admirava isso nela.

:- Acha que tudo isso tem algum sentido? - Perguntei receosa. 

Ela fez uma pequena pausa. Creio que pensando, absorvendo ou até mesmo buscando pelas palavras corretas, verdadeiras razões.

:- Talvez ela buscava por informações. - Elevou suas mãos as madeixas castanhas, juntando-as em um coque frouxo ao topo da sua cabeça, um pequeno charme quando fios rebeldes insistiam em serem 'livres' para cair sobre seus olhos. - Talvez o que Simon viesse buscar, não conseguia.

:- Não sou de muitas palavras com pessoa irrelevantes. - Comentei. 

:- Onde se encontrava com essa mulher? Ela provavelmente tem vergonha o suficiente na cara para pensar duas vezes antes de vir aqui buscar informações.

Até porque seria algo óbvio. 

:- Alguns eventos festivos. - Mordi a carne de meu lábios inferior. 

:- Cowell não se podia perder de vista a essência que sua empresa transmitia. Seria evidente demais, ele tem que se preparar mentalmente para passar uma boa impressão.

:- Eu não duvido. - Minha atenção voltou-se á porta onde ecoou pequenas batidas. - Entre. 

Ao ser aberta, transmitiu a mim, a visão de Brooke, assenti para que se aproximasse e assim fez. 

:- Desculpe o incomodo. - Depositou uma bandeja que continha dois copos completos com o que deduzi ser suco de laranja. - Mas sabe que me preocupo, Dinah e já está aqui dentro fazem horas. - Respirou fundo colocando uma mecha de seu cabelo para trás da orelha. 

:- É muito gentil da sua parte, Ally, obrigado. - Sorri de lado.

A menor retribuiu jogando um beijo no ar, logo tornou seus calcanhares, saindo de meu campo de visão sem delongas. Já disse o quanto amo essa garota!? 

:- Mas enfim. - Prossegui. - O que realmente quer se referir? - Peguei o copo de cristal, contido em pequenas gotículas de água, simulando a bebida natural e sua forma refrescante.  

Elevei o canudo até a boca, sugando lentamente em pequenos goles.

:- Não passou por sua cabeça que Somers, pode ser o que estamos pensando? - Arqueou suas sobrancelhas. 

:- O caso do cassinos foram anos atrás, éramos adolescentes sem juízo algum, não sabíamos com o que estávamos nos metendo. Lauren, fazem anos.. 

:- Quatro anos, não são muita coisa relativo ao tempo. - Me cortou. 

:- O suficiente para sabermos que é simplesmente algo do passado, ficou por trás da porta, trancado á sete chaves. - Suspirei tentando quebrar a sensação de tensão. 

:- As vezes o tempo pode ser crucial, se é que me entende. - Pegou seu chá gelado, Ally sabia que era do agrado da morena. - O que me refiro, é que retiramos uma boa grana daquele senhor, não tão idoso quanto imaginávamos naquela época. - Molhou seu lábios finos com a bebida alaranjada, deixou que pequenos goles corroessem sua garganta. - Tem noção? 

:- Pensando nessa hipótese, qual seria o motivo para querer minhas informações? 

:- Buscar mais do que ele já sabia. 

Franzi o cenho. 

:- Como assim? - Deixei que minhas feições confusas me entregassem por completo. 

:- Lembra de Siope? - Perguntou como se fosse óbvio.

Realmente era.

:- Como me esquecer daquele canalha? - Respirei fundo deixando que o ar dilatasse minhas narinas no ritmo das bufadas curtas.

:- O que ele carrega em semelhança a isso? 

:- O sobrenome, ele é filho de Somers, eu não deveria ter confiado tanto. - Me lamentei enquanto meu olhar se tornava baixo.

Até o mais seguro dos homens e a mais confiante das mulheres já passaram por um momento de hesitação, por dúvidas enormes e dúvidas mirins, que talvez nem merecessem ser chamadas de dúvidas, de tão pequenas. 

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela. O aconselhável é nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por hipótese algum é por precisar de alguém.

As pessoas não se precisam, elas se completam, não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos.

O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

:- Faça as pazes com seu passado, assim ele não atrapalhará o seu presente. - Elevei meu olhar á morena que encarava um ponto fixo. 

:- Isso é algum tipo de sinal? Sabe que algo á mais? - Reprimi meus lábios com dúvida. 

:- Não, apenas vi em um livro. - Saiu do transe contínuo e me fitou. - Dinah, aquele cara sabia muito de você, nunca pensou na possibilidade de dar todas essas informações ao próprio pai? 

Maneei com a cabeça em um modo repentino de negação. 

:- Parece óbvio. - Girei a poltrona branca na qual tinha meu corpo suspenso, podendo observar a paisagem que tanto idolatrava, era de tirar o fôlego. - Mas... - Lutei contras hipóteses que martelavam repetidamente em minha cabeça. - Por que ele buscaria mais informações? Ele perdeu dinheiro em uma aposta, não roubamos ou furtamos á sangue frio. Não matamos ninguém, queríamos justiça, bem, eu queria, você estava de cúmplice. - Riu. - Mas não fizemos nada de errado, fizemos? 

Ela se calou por longos minutos, fazendo-me repensar se realmente estava por ali, ou era uma alucinação. Optaria por um pesadelo, querer acordar era o que mais desejava.

Era impossível quando a realidade lhe cerca ao mundo. 

:- Não fizemos. Porém os nomes abaixo do emblema da empresa de Cowell, pode muito bem destacar o sobrenome daquela família, quem sabe...vingança? - Insistiu no assunto. 

:- Vingança? Sabe com o que ele está metido? - Embora de costas, sabia que estaria afirmando com sua feição séria de sempre. - Sabe? - Franzi o cenho girando a poltrona novamente, para agora lhe encarar.

Ela voltou sua atenção a tela de seu notebook, agora lendo em voz alta. 

:- Seu nome é Félix, porém sempre o tratam pelo sobrenome, Somers. - Comentou levando sua mão direita ao mouse apoiado sobre a mesa envidraçada. - Está foragido na Espanha, Canadá, Afeganistão, Brasil, Honduras, Escócia, África do Sul e...mais alguns outros países. 

:- Mas o que ele fez para ser tão procurado assim? - Torci o nariz levemente por mania.

Uma mania estranha. 

:- Golpes em empresas multimilionárias, lavagem de dinheiro, estuprou em torno de 30 mulheres nos últimos dois anos apenas no seu país origem, vulgo Canadá. - Dizia enquanto descia a tela do aparelho, era possível total visão refletida pela lente de seus óculos. - E foi pego por tráfico de drogas no México. 

:- Assassinou alguém? - Pousei o copo de cristal, agora pela metade, sobre a mesa plana.

 Ela negou e umedeceu seus lábios passando a ponta da língua sobre eles. Também na esperança de retirar qualquer vestígio do seu chá, que havia terminado em grandes goles recentemente.

 Meu olhar caiu sobre os mesmos, porém voltou-se para a face pálida a minha frente.

:- Ele está falido, quer ganhar as custas de seus furtos. - Revirou os olhos. - É provável que a quantia que retirou dele naqueles jogos, provavelmente era ilícita do bolso de Somers.

:- Isso significa que...

:-  A grana era roubada. 

Entreabri meus lábios diversas vezes tentando absorver as palavras que eu temia serem ilícitas, negava bruscamente em movimentos rápidos com a cabeça, com as mãos na cabeça, as unhas envolvendo minhas madeixas loiras deslizando sobre as mesmas jogando-as para trás dos ombros. Qualquer barulho sonoro que saísse por meus lábios seria em vão, estava intácta, apenas ouvia a redor, mas não procurei ouvir a mim mesma. 

A vida nos prega peças interessantes e só agora eu percebi. Minha sorte é que nunca é tarde demais e a porta que eu não tinha percebido anos atrás ficou muito clara pra mim agora.

Costumam dizer que o silêncio destroça mais que granadas, silêncio interno era o pior das feridas, aquele caos interior. Pois era cometida por aquele no qual pertencia. A si próprio.

Quando achamos que tudo está indo bem acontece alguma coisa para dar uma balançada em nosso psicológico, ou talvez para testar se realmente estava tudo indo bem mesmo. 

O conformismo e a rotina nos tranquilizam e dão uma sensação de que tudo está bem, mas, era certo? Se coincidências não existem e se o destino está escrito por que fugir dos sinais que aparecem na nossa frente mostrando um novo caminho para a felicidade? Para uma vida nova com milhões de possibilidades, novos conhecimentos, novas tentativas, novos erros e acertos? Por que fugir?
Pode parecer que vários sinais são enviados para nos alertar, mas, na verdade são poucos e às vezes não notamos e não notamos justamente pela comodidade, se está tudo bem pra que vou mexer? Pra que começar um novo capítulo quando já sabemos o final do livro?

Será que talvez seja o medo do desconhecido? De não saber o que vai encontrar do outro lado da porta? Pode ser o passado se voltando para cobrar as dívidas, devolver na mesma moeda, ou até mesmo atormentar seus sonhos reais. 

Aqueles que sempre sonhou viver. Não era como contos açucarados, não era, como uma bela história, com seu maravilhoso roteiro clichê e sua abominável falta de senso de realidade. Contra qualquer princípio de família feliz, a mesma fadada a bancarrota. Evoluímos conceitos e fundamos o nosso respeito. Eu não me definiria única sem alguém capaz de me fazer sorrir todas as manhãs, é como uma grande parte de mim. Talvez meloso e idiota de mais, todavia animador. Surreal! Teríamos nosso perfeito encaixe, como peças de um quebra cabeça. Eu viveria com seu fragmento de perfume, com sua abundante felicidade  e sorriso.

Sonhos surreais, a ponto de me ver sozinha. Afinal, as dores que levo no peito, são as responsáveis por demonstrar tão facilmente os sentimentos e afetos.

De sentir o amor, se é que um dia foi sentido.

A resposta é simples, se um sinal te fisgou, se uma das peças da vida te pegou, é por que estava na hora de uma mudança. Pode até ser que você não queira aceitar, mas, a hora chegou e não adianta lutar contra, outras evidencias aparecerão para confirmar os primeiros sinais.

Se a porta não for aberta, os pensamentos começam a ficar confusos e o mundo começa a girar mais rápido. Vai ser um eterno conflito interno, aquela voz na cabeça perguntando se você fez a coisa certa, perguntando por que não aproveitou talvez a única chance de alcançar a felicidade total, um estágio emocional nunca antes experimentado?

Ouvi a porta ser aberta, devido ao sonoro "ranger" da dobradiça fazendo seu próprio papel. Não era o passado por trás dela, muito menos uma nova chance, se é que eu ainda merecia.  Alonguei meu pescoço levemente enquanto remexia meu corpo sobre o couro branco, a ponto de grudar em minha pele, uma sensação de incomodo. 

Deveria ter ficado naquela posição a tanto tempo, que podia sentir dores no corpo. Tempo o suficiente para não ter mais Lauren naquele aposento. 

:- Ally? Aconteceu algo? - Deixei a forma aveludada de minhas palavras soarem pelo comodo enquanto olhava de relance para a grande janela de vidro, estava anoitecendo. 

Ela me entregou meu celular, sabia o vício que tinha, e optava por tomar conta do aparelho durante todo o dia, tinha confiança o suficiente para isso. A foto de dona Milika ocupava o visor por completo, fazendo-me sorrir rapidamente. 

Seu pigarreio conhecido por mim, tomou conta de meu aparelho auditivo, a menor acenou brevemente saindo pela porta de entrada. Havia terminado seu turno, acenei como retribuição elevando o celular ao ouvido enquanto arrumava a poltrona devidamente por baixo da mesa. 

:- Dinah?! - Ri baixo, mania de me manter calada por segundos torturantes. - Preciso de um favor. 

Podia ouvir alguns barulhos de buzinas ao seu redor, o trânsito em Miami era pior aos fins de tarde. Sempre assim.

:- Pode mandar. - Disse andando de um lado para o outro naquela sala, apagando todas as luzes até ficar em completo opaco.

:- Regina começou hoje com algumas aulas de danças e bem... - Suspirou. - Estava para buscá-la e em seguida, aproveitaria para buscar Seth, embora os caminhos sejam contrários. Porém fui pela avenida, esqueci daquele atalho comum por nós. - Riu da própria desgraça.

Balancei a cabeça negativamente, apoiando o aparelho entre o ombro esquerdo e o ouvido, peguei minha bolsa sobre o pequeno sofá ainda dentro do cômodo, seguindo para a saída. 

:- Okay, buscarei a pirralha. - Ela riu. - Apenas isso? - Girei a chave contra a fechadura certificando-me que a porta estava devidamente fechada. 

Assim feito, girei o objeto metálico entre os dedos, percorrendo sem pressa pelo extenso corredor, com muito pouca movimentação. Adentrando do elevador enquanto ouvia sua respiração pesada ao outro lado da linha. 

:- Buscarei Seth e o levarei para sua casa, assim, espero que chegue com Regina. Pode ser? 

Afirmei em um sinal sonoro transmitido nasalmente. A mais velha despediu-se logo em seguida, havia saído da empresa após deixar as chaves na secretaria, ao térreo. As escadarias não tão movimentadas como da ultima vez vistas, tinha por fim o manobrista, aguardando ao meu encontro, entregou-me as chaves do veículo devidamente estacionado á frente do arranha-céu no qual saíra minutos atrás. 

As ruas tranquilas. - Sinais o atalho no qual pegará, conhecia Miami como a palma de minha mão. - Sendo iluminadas pelo alaranjado dos postes de luz, que adentravam pelos vidros peliculados e fechados do carro, pelo retrovisor, checava se tudo estava em ordens, seguindo o caminho retido pelo endereço. 

Tinha a sorte de ser próximo á onde morava. 

Com o veículo estacionado um pouco distante do estabelecimento, fechei a porta com certa força, um pequeno deslize. Deixei meus saltos tilitando sobre a calçada por breves minutos, parando em frente a faixada bem localizada em um bairro nobre um pouco distante do centro da cidade. Ao adentrar, dei as caras com uma senhora que aparentava ser simpática, apenas aparentava, pois simplesmente ignorou minha presença quando procurava por: 

"Hamilton's Dance Academy"

Movimentei meus ombros tentando manter equilíbrio nas estribeiras bem recaídas por tantos "tombos" diários, não suportaria. Mas relevei, deixei fluir e segui os breves extintos, de degrau em degrau, me encontrei no segundo andar, e o emblema em frente a porta de vidro não negava, estava certa. 

Levei minha mão direita a maçaneta girando-a podendo assim abrir a porta. Destrancada, não estava sozinha, ou estava!? 

:- Alguém aqui? - Elevei meu tom de voz, devido ao silêncio sem resposta alguma, o ambiente estava completamente escuro, fazendo-me girar os calcanhares e partir para longe dali. 

Porém uma voz pouco conhecida pode ter minha atenção, sua silhueta por fim. O rosto iluminado por minhas memórias, pois apenas via o escuro, suas curvas pouco destacadas pela falta de luz e o volume de seus cachos, aqueles visíveis em meio a escuridão.

Um sorriso largo varria meus lábios. 

Pude pressentir seus movimentos, enquanto apalpava o papel de parede plano, podendo assim alcançar o interruptor e iluminar o local por completo, adiantei alguns passos adentrando sem pudor ou receio.

Normani, como havia se apresentado a alguns dias, era uma mulher imprevisível. Ela é intensa, intimidade. Todavia ainda é doce e suave, sua personalidade é forte, ela tem seus princípios e eu admiro isso. Com todos seus sorrisos consegue ser a garota mais delicada, contudo ao mesmo tempo forte. Traçada de silhuetas psicodélicas, pele macia e negra, tendo a fronte marcada em contornos angélicas ao mesmo tempo que sensuais, lábios medianos e carnudos, preenchidos sempre pintados de um batom intenso. Cada traço era somente dela. 

De alguma forma gostava de sua presença, com poucas palavras, horas e olhares. Normani ganhou uma certa confiança, e eu, não me arrependia nem um pouco. 

:- Me concede uma dança, Jane? - Sussurrou próxima ao meu ouvido, fazendo meu corpo estremecer completamente. 

Novamente, tinha um sorriso podendo romper meus lábios.

Atiramos o passado ao abismo, mas não nos inclinamos para ver se está bem morto.
 


Notas Finais


O que acharam?

Estou pensando em criar uma nova Fanfic, gostaria da opinião de vocês sobre o caso. Devo prosseguir com a ideia?

Voltarei logo. XoXo 💙💜


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