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História Do I Wanna Know!? - Norminah - Breaking The Rules


Escrita por: FarofeiraHansen

Capítulo 56 - Breaking The Rules


Fanfic / Fanfiction Do I Wanna Know!? - Norminah - Breaking The Rules


Normani Kordei Hamilton Point Of View
Terça-Feira, 07 de Junho de 2016 │ Miami, Flórida, Estados Unidos. │ Miami Cancer Institute│06:45pm.
"Enquanto você for o que os outros querem que você seja, você não será ninguém". 

Dizem que o amor é cego, mas eu torço todos os dias para a ver chegar. A amo bem mais que ontem, e muito menos do que amanhã, isso vinha tornando-se rotineiro e jamais estaria para abrir minha boca e reclamar. 

Costumam dizer também que flores tem um curto período de tempo, que na ausência da água são praticamente impossibilitadas de seguir a rotina em fotossíntese e logo ser um grande e belo ramo para alegrar as manhãs de primavera. Assim como as borboletas, em pequenas lagartas, acobertadas por seu casulo e soltas ao mundo por determinado - e curto -  tempo, sozinhas e inocentes de toda a maldade em seu cotidiano. Era também o mesmo processo com aquele mesmo sentimento que nos faz senti-las em nosso estomago.
Talvez por ali seja seu casulo, e ela apenas espera para bater suas asas, conforme esteja por abrir sua boca e liberá-las a belas borboletas, como faz dizendo sobre seus sentimentos.

O que poderia ser mais belo? 

Era impossível conter o sorriso que estava a fazer seu trabalho de curvar meus lábios, era incrível que nem mesmo em minhas folgas desgrudava de meu melhor passatempo. Era reconfortante o sorriso daquelas pequenas crianças perante o momento que estava a passar. Diante acontecimentos passados, havia de cinco dias semanas, reduzido por três e incansavelmente estabelecer um equilíbrio econômico e menos desgastante a mim. 

Era apenas início de uma nova fase, tudo tem seus altos e baixos. 

Entretantp o girar dos tutus de múltiplas cores a rodar eram o que preenchiam meus vivos olhos a querer mais e mais. Após a morte de minha progenitora, havia de tentar ajudar aqueles de sua mesma dependência nos dias atuais, e nesse mesmo ponto de vista, a felicidade daquelas crianças me motivava mais e mais.

Sabia que estava ajudando de alguma forma. 

E me alegrava mais ainda saber que a pequena Daisy, em alguns dias estava liberada daquelas descomunais e incontáveis seringas e fios em seu corpo, estando cem por cento. 

Maravilhoso, não?. 

Estive por beijar o topo da cabeça de ralos cabelos negros da garotinha que de modo cativante estava entretida com suas sapatilhas observando-as perante o espelho daquele ateliê que havia de ter sido abandonado pela falta de uso. O que de modo nos cabia muito bem naquele mesmo momento. 

Mas o que de forma petulante de seu jeito atrevido e espoleta de agir, aclamando meu em seus gritinhos histéricos e finos, Kristen, minha afilhada, teve por correr em direção aos meus braços abraçando-me fortemente pelo pescoço enquanto estava a tagarelar embolada o quanto sentia saudades. 

Oh, eu também sentia!

Surpresa estive atenta a cada palavra que soava de forma arrastada por sua boca acariciando-lhe as douradas madeixas rente a pele bronzeada mas ao mesmo tempo tão clara quanto a do pai, seus claros olhos eram o que me fascinavam apagando e deixando sem foco tudo ao nosso redor. 

Como citado em outros momentos, Kristen é uma miniatura da mãe com os gostos e personalidade extrovertida do pai.
Bem, quase tudo, se não a inconfundível e irônica voz por apurar meu sentido de audição quando a mesma soada um tanto distante, fazendo-me sorrir em instantâneo. 

Efeitos! 

:- Qual é? Isso não é esporte. - Fitei o másculo corpo parado na batente da grande porta, esse distraído ao fitar cada pequeno rostinho ali presente, antes de encarar-me os olhos. - Futebol! Isso é esporte.

Aproximei-me com o mesmo sarcástico sorriso a brincar com meus lábios enquanto de forma firme suspendia o corpo magro de minha afilhada que parecia um tanto atenta as feições de seu pai, com uma careta nada boa esboçada em seu jovial rosto. De tal modo levando-me a pequenas risadas. 

:- Quem vê pensa que é hétero, Josh. - Brinquei beijando-lhe a bochecha, que ao estalar sua língua retribuiu no mesmo instante com seu típico hálito aromando canela. 

:- Só vim trazer, Kristen para... - Olhou aos arredores gesticulando fingindo suas falsas expressões. - Isso. - Riu nasalmente. 

Rolei meus olhos preguiçosamente descansando meus braços quando a pequena insistiu em ir ao chão, na presença das demais garotas, mesmo leve, tinha meus membros inferiores cansados. Portanto mentalmente estava a agradecer, enquanto fisicamente minhas reações prosseguiam neutras e sem certa profundidade no assunto. 

:- Olha, isso aqui é uma escola de balé, não uma creche. E quando assumimos o compromisso com uma aluna, pedimos aos pais para que assumam o compromisso com a escola. Ou seu projeto paterno só serviu entre quatro paredes? - Arqueei sugestivamente minhas sobrancelhas enquanto estava a questionar o rapaz. 

- Ah, claro. - Gargalhou sonoramente fazendo com que minhas reações fossem as melhores possíveis.

Somente acompanha-lo, porquê não? 

:- Com certeza com toda sua beleza masculina era provável de se importar mais com sua vida do que com a dos outros. - Cerrei meus olhos perante aos seus enquanto estava a me aproximar apontando meu indicador até pairar em seu peito apenas coberto pelo fino tecido de suas vestes.

:- Tia Mani. - Aclamou a menor em seus vibrantes olhos claros. 

:- Ah meu amor. - Relaxei recompondo-me a ponto de recuar os passos que havia avançado. - Seu pai estava me dizendo que ele está emocionado por cumprir o compromisso com suas aulas, tenho um papel ótimo para ele na primeira fileira de nossa próxima apresentação. - Sorri satisfeita sentindo minhas pernas serem aquecidas por seus finos braços.

:- Legal! - Sorriu e em resposta ao incrédulo rosto de meu amigo, apenas arqueei as sobrancelhas de forma rápida e convencida. 

:- Estarei para cuidar dos figurinos de suas amadas alunas. - Forçou-me um sorriso. 

:- Algo de errado? - Aproximou-se Jilly, essa bebendo de uma transparente garrafa de água, que mais parecia ter sido derramada por sobre seu corpo.

Esse completamente suado. 

:- Papai disse que balé não é um esporte. - Ao auge de sua curiosidade infantil, Kristen aclamou arrancando risadas de sua mãe, essa que mais parecia ocupada o suficiente em retirar os rebeldes fios loiros que estavam a grudar por sua testa. 

:- Não deve ser tão ruim. - Concluiu analisando o corpo de sua ex mulher, essa pouco se importando somente ruim curvando-se para pegar a filha que logo reclamou do corpo de sua progenitora. 

Mas também seu melhor refúgio para a tensão pré-apresentações. Ah sim, ela sempre estivera nervosa. 

:- Olha, bailarinas conseguem saltar tão alto quanto você. - Iniciou Jillyan, sabendo quanto o rapaz a nossa frente, ainda apoiado a porta, gostava de futebol americano em seu tempo de folga e descanso. Como um orgulho nacional esbanjado aos olhos de uma hipócrita sociedade cegueta rente a novas oportunidades. - Mas quando elas descem, elas descem com calma e suavidade. 

:- E elas ficam em plie, ficam e ficam. - Completei sorridente, afinal, amava minha profissão. - E só então elas se erguem em eleve, por horas e horas. - Suavemente forcei meu sotaque ao francês, que confesso não ter bons resultados. - Então, se o Ballet fosse fácil, se chamaria futebol. 

:- E deve ser nessas horas e horas que incentivam suas alunas a tornarem-se pequenas aberrações por gostarem do mesmo sexo. - Cruzou os braços em frente ao seu peitoral definido. - Afinal, sua professora entende muito bem do assunto, não? 

:- Quanto escrúpulos saem por sua boca, Levi. - Protestou Jilly claramente exaltada, essa que tornou a tomar posse do assunto. - Vai me dizer então que as bolas que costuma pegar em seus joguinhos medíocres fora o que lhe tornou em homossexual? - Queixou-se. 

:- Eu realmente não nego. - Deu de ombros. 

:- Escute Josh. - Prossegui antes que a situação saísse de meu próprio controle, uma assistente do próprio instituto já estava por recolher as pequenas garotinhas agradecidas que seguiam aos seus respectivos quartos e vidas opacas. Correspondi aos sorrisos acenando brevemente por instantes. - Sua filha tem de tudo para ser uma bailarina profissional: talento, paixão, disciplina. - Ri contraindo meus ombros de forma breve. - Acho que ela herdou muito mais do que o seu charme. 

:- Se a professora uma mera Lésbica, e o pai um pacato Gay assumido, quem não garante que ter uma filha bissexual seja maravilhoso? Ela jamais estaria encalhada! - A intrusa voz compenetrou meus ouvidos quando a figura alta e loira esteve por trás do desajeitado corpo de Josh, que apenas riu nasalmente.

Indiferente de mim, que por minha vez estive por jogar-me aos braços da mulher que abraçando-me a cintura me contemplou aos meus melhores momentos.

Finais de tarde.

Ou quando meus olhos se encontravam aos seus. 

A  razão pela qual intolerância, sexismo, racismo, homofobia existem é o medo. As pessoas têm medo de seus próprios sentimentos, medo do desconhecido. E que nesse medo, meu melhor refúgio seja o farol que se expande nos castanhos olhos e os braços sempre prontos para apertar-me. 

...

Estar na presença de Dinah poderia ser considerado a oitava maravilha do mundo, se bem que acreditava a primeira ser algo o suficiente para o momento clichê que me encontrava. Mas o que me impedia de ser uma trouxa indomável?. Ela tão facilmente me fazia rir, que sorrir a cada momento era rotina, quando essa ao seu lado, eram outras expectativas, sem esperanças pois tudo vindo da mulher relativamente alta perante a mim, era o suficiente para me ter realizada. 

Encontrava-me ao seu lado em meio ao movimentado supermercado onde na esperança de fazer suas vontades, estava a fitar as embalagens dos incontáveis salgadinhos, de forma que as mais inanimadas marcas e tipos poderiam ali estar presentes. Coloquei uma mecha do cabelo para trás da orelha enquanto fitava o interior do mediano carrinho fornecido pelo estabelecimento, o mesmo já estava com certa quantidade de besteiras que havíamos colocado conforme cruzávamos os corredores, tal modo que se Seth não estivesse tão vulnerável no pequeno e aconchegante assento, o mesmo estaria possivelmente  a transbordar, pois perante Dinah não era muito diferente.

Ao menos acredito assim. 

Observei Dinah que manteve-se concentrada em apenas passar seus olhos seguidas e seguidas vezes naquelas embalagens coloridas que apenas chamavam mais a sua atenção. Aquela era uma das mais difíceis decisões a serem tomadas. 

:- Cheetos ou Doritos? - Questionei uma segunda vez.

Como alguém de coração tão puro como o meu poderia fazer tal pergunta? Ela ainda deve ter sentimentos! 

Deixou com que o silêncio continuasse, afinal, não queria se atrapalhar ali. Suspirou fundo, arqueando seu olhar para o lado, onde um garotinho a olhava como se tivesse mais maturidade que a mesma, e acredito que sim, já que entre aquelas baboseiras optou por pegar uma bolacha integral. Negou com a cabeça, pegando seu hot cheetos e jogando-o sobre o carrinho metálico, cruzando então seus braços para logo fazer também um biquinho manhoso. Meus olhos seguiram cada movimento da polinésia com extrema atenção, dos pontos negativos aos positivos ria nasalmente de tal forma que a atraia a mim de uma maneira inexplicável. Era como uma manteiga derretida quando minha criança - digo, mulher - estava em seus momentos mais deploráveis de forma que me derreter de amor era como sorvete ao sol escaldante de Miami no verão.  

Inquieta com seu silêncio. Afastei uma mecha que insistia em cair sobre sua face, assim beijando-lhe a maçã do rosto suspirando profundamente seguindo seu olhos semicerrando meus olhos. Porque não os dois?. Correspondeu com um súbito selar em meus lábios logo tornando a segurar sobre a barra de ferro e por fim empurrar o carrinho para longe de tanto sódio e gorduras.

 Mal estava ela a se importar com o quão gorduroso e calórico eram aqueles alimentos, já que não os comeria esfomeadamente.

Ao menos creio assim. 

Às vezes acreditava estar lidando com uma criança, embora fosse o meu decair esse seu jeitinho. Talvez realmente estava a lidar com uma criança em corpo de mulher, mas o que eu poderia fazer? Sabia que esse seu jeito me atraía do mesmo modo em que os outros também faziam de tal trabalho meu delírio. 

Negou com a cabeça, dando de ombros então. Novamente olhou aqueles salgadinhos, despedindo deles mentalmente e em acenos, para que possamos então sair daquele setor e ir até os danoninhos. Esperava ela que desta vez não mais a impeça de pegar quantos ela desejar, já que vina dizendo que Seth havia pego os seus escondido.

Estava mesmo lidando com uma mulher?. 

Repousei minhas mãos sobre a cintura enquanto analisava seu corpo mais afastado, de forma um tanto desconfiada, tudo bem, eu poderia estar exagerando, mas não era algo considerado normal a mim.  Balancei minha cabeça negativamente ao ter a mesma afastando seus passos como o carrinho metálico de minha presença cada vez mais. Desfazendo minhas ações novamente estando na ponta dos pés, tornei em mãos mais algumas das embalagens coloridas e psicodélicas aos olhos de uma criança... e dos de Dinah. Apressando meus passos estava a chegar próxima a loira despejando as embalagens para dentro do carrinho sem antes fitar seus olhos impedindo que contrariasse.

Sorri satisfeita cruzando meus braços abaixo dos seios onde estavam mais elevados justamente ao decote da camiseta na  qual vestira assim acompanhando seus passos com certa calma enquanto em certos momentos observava aos arredores direcionado muitos deles a área de frios onde estaria os desejos de minha namorada.

Em compensação, o frio de tornaria maior do que o já sentíamos pelo simples fato do arejado estabelecimento arrepiando a ambas.

Deu-me a língua, fazendo com que tal ação completasse mais meu interior de mulher criança, enquanto ainda empurrava o carrinho até os diversos e diversos frios. Como tanta insensibilidade em uma única pessoa? Questionei enquanto suspirava pesadamente  arqueando minha cabeça travando meus passos enquanto resmungava com os olhos fechados algo um tanto sem nexo perante tal situação.  Ah, aquelas embalagens plásticas coloridas que chamava a atenção de qualquer criança que por ali passava - e a de Dinah, claro -.

A loira estava agora atenta a fitar cada mínima embalagem. Céus, eram tantas opções. 

:- Olha aquele caramelado ali.... Não lembro dele da última vez. - Lá estava ela novamente, com a mesma expressão e semblante que antes nos salgadinhos. Seu indicador estava em meu queixo e seus olhos passavam constantemente por todas aquelas opções. Dinah, é só escolher. Quantos anos você tem mesmo? - Mufasa, me ajuda. Olha aquele com pedaços de morango, mas também tem esse com sabor de baunilha e aquele com sabor de torta de limão... Também tem esse aqui de banana... Senhor!

Não estava eu acreditar que aquilo seria ainda mais difícil que escolher entre seus salgadinhos preferidos: doritos e cheetos.

Libertei-me  a deixar escapar uma breve risada, essa audível rente a situação de forma mediana porém um tanto irônica de minha parte. Meu bebê era realmente eu bebê nessas ocasiões. Fitei suas expressões posicionando uma das mãos sobre a nuca coçando-a, por maiores opções ficava um tanto difícil já que todos aparentavam deliciosos, de fato nesse quesito não a reprenderia. 

:- Faça um favor a humanidade e seu estômago, porque não leva um de cada para Seth e o dobro para si? Talvez até mais... Isso não é um problema.- Sussurrei de forma que soassem como murmúrios de forma que tentasse encontrar uma solução em tal "problema".

Era um grande problema! 

Seu olhar  fora o suficiente para impedir quaisquer indícios, portanto a simultânea forma de prender o riso a ponto de ter as bochechas vermelhas. A conhecia o suficiente para declarar que estava realmente irritada naquela situação, por mais que lhe apoiava, de fato que escolher entre uma alimentação saudável e produtos integrais perante seus salgadinhos esbanjando sódio e gorduras, provavelmente escolheria a segunda opção. 

Sorriu agora relaxada dando-me as costas para então caminhar até os danones escolhidos por si, onde pegou apenas seis unidades que vinham umas aos lados das outras, multi sabores. Por que mais que seis? Isso era é o suficiente para todos, não? Um garotinho de mais ou menos sete anos não poderia ser mais saudável que uma mulher já madura.

:- Não será necessário, ninguém a não ser nosso querido Seth comerá esses iogurtes. Temos quantos anos mesmo, querida? Acho que minha maravilhosa Normani não se prestaria a comer produtos infantis.- Sorriu cínica, voltando então ao ,eu encontro. 

Mandou beijinhos no ar para os danettes que ficavam, para os pudins, os iogurtes com bolinhas de chocolate, os de torta de limão, maçã, banana. Amava-os. 

Esboçando-lhe um sorriso, apenas a observava silenciosamente, não tinha motivos para discordar, afinal aquilo era uma maravilha, não?!. Não hesitei em rir de forma leve e descontraída assentindo a suas palavras.

Aproveitando a brecha, elevei minhas mãos as laterais de seu rosto comprometendo-as a apertar suas bochechas, sabia o quanto odiava tais atos. Mas quem disse que eu me importava?. Suspirou de forma profunda, encarando aquelas minhas íris negras com um olhar furioso. Contou então, mentalmente, até dez, pausando em cada número para soltar um lufada de ar. 

Era visível mesmo rente ao seu silêncio. 

:- Ao menos Dinah tem uma alimentação, quando foi mesmo a última vez que me viu com algo na boca, querida?. Pois recordo-me de queimar seu jantar noite passada, mesmo ainda sendo melhor que você na cozinha.

Ao sentir o apertar de minhas mãos cada vez mais, ela suspirou novamente. Antes mesmo que saísse andando, eu não perderia a oportunidade. Percebia sua forma desconfortável e havia perdido a conta de quantas vezes estava a dar-me a língua, se bem que poderia usa-la em outras ocasiões. Apertei-as novamente usando meu polegar rente a sua bochecha direita e os dedos restantes em sua esquerda de forma mediana a ponto de formar um biquinho em seus lábios em forma de "peixinho" esse que prontamente selei.

Colocou as mãos nos bolsos largos de seu moletom cinza - o que questionei já que ela havia saído do seu turno de trabalho - , se não a qualquer hora sua mão voaria automaticamente em meu rosto, apertando cada canto dele fortemente. Umas marquinhas nem farão diferença, não é mesmo? Riu baixo diante de meus olhares levando-me a arquear as sobrancelhas, passando seus olhos pelos produtos que já estavam em nosso carrinho. 

:- O que estás querendo insinuar, querida Kordei? - Resmungou. - Recordo-me de meus seios em sua boca, e confesso, era uma bela visão e... - Aproximou-se podendo sussurrar então em meu ouvido. - Sensação também. - Bateu levemente contra minha nádega direita antes de afastar-se. 

Suspirei, afinal, com tal naturalidade e de forma normal estava a comentar em um ambiente movimentado e público!

Empurrando então em passos lentos o carrinho para frente. Ainda estava a escolher mais iogurtes. Estava acreditando mesmo que ela deixaria essas gostosuras aqui? Pegou então aquele iogurte de torta de limão, que a tempos prendia sua atenção. 

Sua risada de minha incredulidade fora o que chamou-me maior atenção, apenas o movimentar de seus suculentos lábios. 

Ela sabia perfeitamente que deixa-me para trás não iria resolver seu caso, já que  a qualquer momento estaria novamente ao seu lado, como se eu não amasse. Foi o que aconteceu, deixei que meus braços envolvessem em sua cintura, trazendo com tal ato um largo sorriso em seu rosto, que logo foi desfeito para que eu não soubesse, mas sabia que ele existia naquelas circunstância. Estive por afundar meu rosto contra suas largas costas suspirando, até ali havia de seu perfume impregnado. Eu gostei de tal ato, mas o amor de minha vida não precisava saber, embora quisesse ficar ali por um longo tempo. Em um ato como automático, ela deixou que suas mãos repousarem sobre meus braços, acariciando-os até que meu corpo se desvinculou do seu, deixando seu semblante decaído. 

Teve seu olhar encarando meus olhos negros, onde um biquinho quase que involuntário se formando em seus lábios. Novamente em minhas estruturas quebradas, estava por beijá-lo. 

:- Do que estavas rindo, uhn?- Revirou preguiçosamente seus olhos. -O que te faz pensar que estás falando algo sensato? 

Beijou-me a bochecha deixando com que um de seus braços repousassem sobre meu ombro, trazendo mais de meu corpo junto ao seu, onde afundou seu rosto na curva de meu pescoço, causando os comuns suspiros e arrepios em ondas involuntárias por meu corpo. Deixando-a sem respostas.

 Ah, aquele cheiro!

 Soltei rapidamente seu corpo quando percebi que estava a atrapalhar a passagem de alguns carrinhos por ali. Em uma fraca e pausada risada, se por a arrastar aquele nosso carrinho para outro local, agora adentrando a fileira de cereais e coisas do gênero.

:- Então, meu bem, o que mais compraremos? Das minhas guloseimas, nada mais falta. - Murmurou voltando então a andar, colocando então um pacote de cereais dentro do carrinho.

Falando de tal modo era como se fossemos parceira á anos.

Bem, nada que podemos fugir dessa realidade, uh? 

Sem que antes pudesse responde-la, Seth incomodado estava por fitar-nos com seus marejados olhinhos, vê-lo de tal modo me partia o coração. Remexeu-se sobre o assento um tanto desconfortável - creio eu - para dormir, pois era o que o menor fizera até então. 

:- Mama, Seth pode leva um blinquedo? - Questionou o menor com suas piedosas expressões levando a mais velha a suspirar antes de encarar-me. 

:- Outro? Você tem vários, meu amor. - Resmungou deslizando seu polegar por sobre a testa do garotinho retirando vestígios de seu suor ali acumulado em gotículas.

Ele ainda encontrava-se febril. 

:- Mommy vai lhe dar um brinquedo, o que acha? - Impulsivamente estive a perguntar, arrancando atenção de Dinah e um sorriso do menor que assentiu. Aproximei-me tornando-o em meus braços ainda sonolento, por fim fitando a mulher com sérias expressões ao meu lado. - Enquanto isso procure por alguma fila, devem estar todas lotadas. 

:- Mas eu não disse...

:- Tchau, Dinah. - Dei-lhe as costas antes de rumar meus passos a outro corredor com agora meu filho - ainda estranho em citar - nos braços. 

Cada passo meu adiante era uma empolgação maior ao pequeno que animadamente estava a comemorar, afinal, que criança não gosta da sensação de abrir um brinquedo novo?. Sorri antecipadamente enquanto cruzava o extenso e longo corredor onde as mais diversas embalagens nos eram apresentadas. Agachei-me presente a área mais neutra e de cores mais levadas ao azul, deixando que firmemente estivesse ao chão, afim de escolher o que queria levar.

E quase como uma miniatura viva da mãe - se não como tal - estivera a espalmar seus dedinhos contra seu queixo, tendo um semblante enrugado e duvidoso, analisando cada brinquedo daquela sessão. 

Aqueles olhinhos perdidos ofuscaram os meus aclamando silenciosamente, juntando as sobrancelhas estive por encará-lo por míseros segundos antes que enfim pudesse se pronunciar: 

:- Mommy. - Fitou por uma última vez tais prateleiras antes de finalmente virar em minha direção curvando seus rosados e molhados por sua saliva, lábios. - Tem que se calinhos? - Questionou manhosamente. 

Tais atitudes fariam a mim aperta-lo a ponto de resmungar de dor, mas não o fiz. Suportei tamanha fofura entre suspiros um tanto audíveis ao negar. 

:- Claro que não, você pode escolher, bae. - Sorri brevemente sem que antes estivesse por rumar seus pequenos e acelerados passos na direção contrária.

Por intuição estive por levantar e o seguir com certa pressa, talvez na esperança de escolher alguma pelúcia ou algo daquele mesmo gênero. Mas meus avoados pensamentos se tornaram cinzas ao encarar o sorriso presunçoso do pequeno, estando a fitar uma boneca. Uma boneca!. Mais confusa ainda fiquei ao perceber o quanto admirava seus artificiais cabelos loiros e seu rodado vestido em azul e branco. Tão delicada como porcelana. 

Ele parecia realizado. 

Sem muitos esforços - já que em sua altura - tornou em seus pequenos braços a mediana caixa e assim sorridente esteve por me fitar, sem que antes desfeito perante sua preocupação evidente apenas baguncei-lhe as madeixas antes de sorrir em sua direção ajudando-o com tal brinquedo. 

Porque estaria a questionar? 

Crianças costumam ter o espírito livre, na inocência plena e simples gestos para uma personalidade desejada a qualquer um anos mais tarde. Ele parecia feliz assim, e não seria eu capaz de impedi-lo. 

Bem, esse certo alguém estava previsto ao olhar de Dinah rente a embalagem rondada pelos braços de nosso filho, que sorria abertamente na esperança de mostrar a mãe, que no mesmo instante teve por encarar-me friamente.

Confesso estremecer com tal ato, tão... singelo. 

:- Uma boneca, Seth? - Questinou analisando tal embalagem que fora entregue em suas mãos, ela parecia mais confusa que a mim. 

Não enxergava certos problemas. 

:- Sim. -Respondeu simples.

E de forma fracassada estava a suspirar. 

:- Porquê uma boneca? - Queixou-se estupefata. 

Claramente perdida atônita e ao mesmo tempo espantada devido ao assunto certamente delicado que havia de se intrometer. 

:- Meninos são papais também. - Deu de ombros tentando pegar a boneca de volta. 

E fora em mais e mais suspiros que convencida ela sorriu. Afinal, o quão certo estava o menino?!. 

Certamente toda a rota das ruas até nossa casa, digo, casa de Dinah, estive por observar o repousado corpo de Seth naquela cadeirinha. De olhos fechados e sua mente longe, um leve cochilo se fez presente sobre o pequeno, onde nenhum barulho se quer era capaz de fazer com que seus olhos se abrissem para examinar o que afinal é.  Algumas das vezes peguei-me a cerrar meus olhos ao ouví-lo a murmurar diante as buzinas de alguns carros. Afinal, qual seria o motivo de buzinar em um pleno semáforo? Talvez estavam com uma enorme pressa e vontade de chegar em casa, assim como todo o meu eu estava. Já podia sentir minhas costas a serem arremessadas sobre o estofado também macio do sofá, local onde estávamos antes mesmo de sair de casa pelo início da tarde. 

Será que eu não me cansava?

Eu não mais sabia que se ao chegar em casa, o cansaço pelo qual ele estava iria se fazer presente, já que os poucos ou talvez longos minutos que seus olhos se encontravam fechados e partes de si descansavam-se fossem o suficiente para que seu sono fosse embora. Ajeitou-se algumas vezes irritavelmente sobre o banco, tendo uma das vezes sua cabeça acertando ao vidro da janela de seu lado, trazendo com tal ato um murmúrio em seus lábios, que logo virou um baixa risada. Talvez baixa o suficiente para que nem a Dinah a frente escutasse.

Mas diante ao meu cansaço eu não deixei de notar nas poucas vezes em que desviei o ofuscar de meus olhos o modo como a concentração de minha namorada fazia-me sorrir. O jeito como seus olhos fixavam no trânsito, sem deixar uma faísca de desconcentração a atrapalhar era extremamente sexy. Sim, Dinah Jane era sexy até mesmo em um volante.

Finalmente percebi que estávamos novamente em suas dependências quando em um simples toque o portão de cor creme de ergueu e logo nosso veículo adentrou a garagem, fazendo com que como se fosse automático, eu tirasse o cinto que antes traçava o meu corpo, podendo então relaxar-me e esticar aos braços espreguiçando-me. Abri a porta carro, piscando os olhos algumas vezes para logo deixar com que os passos me levassem para proximo da loira, trazendo para mim algumdas das sacolas em mãos, ajudando-a com as mesmas. Esteve por fechar o porta malas enquanto a mim restava asseurar Seth sonolento repousando sua cabeça em meu ombro. Pegando então o conjunto de chaves que no caso eram as das portas, tanto como as dos fundos como as da frente e também a do automóvel esteve por abrir a porta da garagem que nos levaria a cozinha.. Segui a morena, adentrando ao cômodo da cozinha, onde também coloquei sobre ao mármore gélido as diversas sacolas de cores brancas. Um leve arrepio se fez presente em meus braços quando os mesmos encostaram naquela fria bancada.

:- Mommy... - O pequeno resmungão que fora sentado sobre a mesma, agora estendia-me sua boneca fora da embalagem com um sorriso um tanto presunçoso. 

Beijei-lhe o topo de sua cabeça para então poder analisar as manchas em seu pescoço, o que Dinah vinha suspeitando o perfume que a avó havia lhe borrifado, causando certos efeitos na sensível pele do garotinho. 

:- Você gostou? - Perguntei um tanto animada com suas reações ao prontamente assentir de modo ligeiro e frenético. - Ótimo, vai brincar que logo Mommy vai até você, tudo bem? - Tornei-o em meus braços pressionando meus lábios sobre sua testa antes de vê-lo sumir de meu campo de visão correndo na presença de seu cachorro que em latidos escandalosos estava por chamá-lo. 

Encostei minhas costas no balcão, já esperando as perguntas exatas que a loira sempre fazia quando algo estava a lhe incomodar, e isso era claramente visível. Nada passava por meus olhos, nem mesmo um simples desconforto. Tentar esconder algo de mim, era como deixar em vista mesmo, já que uma hora ou outra descobriria. 

:- Nós podemos conversar? - Ressoou despreocupada enquanto estava atenta em abrir as acinzentadas portas de sua geladeira. 

:- Claro. - Disse eu já me a desvencilhando em tal atenção da mulher.

Assim tirando os produtos das sacolas, tais esses eram partes de alguns de seu salgadinhos, que escondidamente pegou e os joguei dentro do carrinho. Ora, nunca deveria fazê-la escolher entre doritos e cheetos. Até fandangos ela pegou. Provavelmente no momento que havia pedido a mim pegar algo em outro corredor, coisa qual não me lembro agora, assim aproveitou para pegar mais daquelas embalagens coloridas que destacavam-se no nosso carrinho de compras. Engraçados mesmo foram os olhares das pessoas mais sensatas, que ao invés de pegarem salgadinhos, optaram por legumes e frutas. Mas quem a importa?

:- É sobre Seth. - Ela suspirou profundamente. 

Ao erguer meu olhar, tive em minha frente a mais bela cena, onde minha garota abaixava-se para colocar ali na parte baixa da geladeira os diversos iogurtes para nosso pequeno garotinho comer. Só espero que não coloque todos, já que a metade era para seu próprio consumo. Neguei com a cabeça, voltando a fitar seu enorme volume traseiro, onde em gestos com as mãos, fiz com que as mesmas batessem ali, mesmo estando a metros de distância. Foi entre meu ato que tive seus olhos voltados a mim, onde engoli em seco. 

:- Aconteceu algo? - Questionei de forma rouca devido ao suposto bolo formado em minha garganta de forma crucial para afetar minha voz. 

Rapidamente desviei meu olhar para o chão, passando então a contar quantas linhas paralelas haviam ali. Uma, duas, três... Sinceramente, quem colocou aquela cerâmica totalmente torta ali. Ri fracamente com meus pensamentos e desejos carnais ali mesmo, o que consequentemente fez com que em cascata alguns cachos encobriram meu rosto incomodando-me levando a franzir o nariz de leve, meus pés nunca foram tão interessantes perante meus pensamentos mais propícios e o passar do tempo crucialmente sobre nós. 
Outra vez a loira estava em minha frete, assim suspirei fundo, dando-lhe um sorriso de lado. E como se fosse uma visão do futuro, era se pronunciou, falando da mesma forma pelas quais meus pensamentos pensaram. Negar talvez não faria com que ela mudasse de ideia, então restava-me apenas concordar.

:- Nada que lhe preocupe. É sobre sua convivência com ele.

Assim estive por suspirar profundamente desvencilhando meus passos em direção aos altos armários questionando o fato de terem os feito alto o suficiente para sempre me ter na ponta dos pés. Que diabos fiz para merecer isso?. Bufei meramente irritada fazendo poucos dos cacheados fios por sobre meu rosto, assim avançarem antes de voltar a sua normalidade arrancando de mim uma fraca e nasal risada. 

:- O que exatamente? Eu realmente não queria de ter a intenção, mas ele insistiu na boneca, e não vejo problema nisso. - Comentei. Não conseguia me irritar por muito tempo, e isso já era comum.

Abri as portas de madeira podendo então alcançar devidos ingredientes principais para um chocolate quente deixando então para Dinah, essa que já havia de ter pego o necessário na geladeira minutos mais cedo. Um tanto aérea tive meus olhos por alcançarem am embalagens que se destacavam ainda esparramadas sobre a bancada, que logo organizadas em certa dificuldade aos compartimentos certo daquele mesmo armário. Subitamente me certifiquei de que nada estava fora de ordem ou fosse necessário para tal bebida, afinal não queria o esforço de ter que me manter na ponta dos pés novamente. Embora anos de treinos me rendesse flexibilidade e equilíbrio necessário, amava minha profissão e querendo ou não fora daquela academia também fazia efeitos em atividades diárias. Nada melhor, uh?.

Meus olhos ofuscaram a mesma lavando suas mãos na água corrente, o que anteriormente estava por repor a vasilha de ração para o filhote que devia estar em algum canto com o pequeno. Ele estava a melhorar aos poucos. Sorriu brevemente negando sem que antes eu pudesse suspender meu corpo sentando na gelada bancada observando-a levar seus passos em direção ao fogão. 

:-  O fato de você ser menina ou menino muda muita coisa na sua vida, mas não vejo problema algum, Seth parece gostar e gênero fala muito mais que convenções sociais de como ele realmente deveria agir a partir do sexo dele. Se ele gosta, não o faria uma garota por brincar de boneca, o faria feliz. 

:- E faz. - Concluí tombando minha cabeça para o lado. - Gosto da sua forma de pensar. 

:- Você me ama, é diferente. - Ressoou convencida rindo de tais palavras consigo mesmo.

E prontamente equivocando a mim também. 

:- Mas diga, o que realmente quer... - Hesitei. 

:- Sobre sua convivência com ele, sabe, ele precisa de sua presença e não só com o pouco tempo aos fins de tarde, quando você está disponível. - Sorriu sem graça levando a mim assenti calmamente. - Algo sobre, morar conosco. - Murmurou em baixo tom.

Mas o suficiente para ouvi-la. 

:- Não poderia aceitar, Dinah.

:- Não irei lhe forçar a nada, mas é para o bem dele, de Seth e bem... Meu também. - Riu de forma corada. Fofa! 

:- Podemos... Ir com calma. 

:- Tudo bem, Moni. Pense bem, você não precisa mais cuidar daquele apartamento... Sozinha. E terá isso tudo. - Mostrou-me ao manear suas mãos, seu corpo. - Todas as noites, somente para seu proveito! - Mordeu os lábios levando-me a mais risadas e socar seu ombro levemente negando. 

Foram questão de minutos para ter a bebida pronta, essa fervente e um tanto aromada com os ingredientes ali misturados em quantidades certas. Ao menos presumo assim. Suspirei observando-a despejar o mesmo líquido por dentro uma caneca de porcelana de tamanho suficiente para tal quantidade coubesse perfeitamente. Provavelmente para Seth não piorar seu estado, mais tarde estendeu-me um copo de limonada pré preparada, o que me fez sorrir e agradecer silenciosamente, podendo então tornar em minhas mãos o vidro gélido, transparecendo frio as mesmas. Essas que mais agradeciam já que era frio o suficiente para resfriá-las, já que Miami estava em sua devida temperatura natural de todos os dias naquela calorosa estação. Havia me acostumado com a brusca mudança comparada a Houston.

Nostálgica estive por sorrir de canto ignorando a força física e mental para descer de tal bancada, afinal, estava exausta, mas o incentivo em deferir leves tapas em meu bumbum fora o suficiente para me fazer levantar e fugir de suas mãos. 

Nós sabíamos que estávamos a agir como mães - sim mães - exageradas, mas era muito melhor evitar do que vê-lo cada vez pior. 

:- Mommy. - Anunciou Seth batendo contra o sofá indicando que sentasse ao seu lado, ato que prontamente fiz. Questionando o quão independente estava por já se encontrar de pijama. Mesmo que esse desalinhado. - Pode conta um segledo? 

:-Claro, meu amor. - Sorri suavemente deslizando minha mão por sobre suas onduladas madeixas beijando-lhe o topo da cabeça. 

:- Eu bati no Dylan. - Revelou ele em sussurros, esses que até mesmo a vizinha com problema de audição era capaz de ouvir.

Até mesmo Dinah, que enquanto estava a desabotoar alguns botões de sua camiseta, esteve atenta aos brilhantes e atentos olhos... Como?!. Encarei-o em declínio franzindo meu cenho, diferente de Dinah que parecia fazer uma festa em seu interior. 

:- Bateu? Por quê? Ele bateu em você? 

:- Seth bateu no Dylan, sim. 

:- Ok, entendi. - Atreveu-se Dinah praticamente se debruçando sobre mim - que entre ambos - para entregar-lhe o chocolate quente. - Mas por que você bateu nele? - Sorriu abertamente. 

Espera, ela estava apoiando-o? 

:- Eu não bati no Dylan, não. 

:- Você acabou de dizer que bateu. Bateu nele ou não bateu? - Insisti sem antes observá-lo bebericar de sua fervida bebida, essa que o fez lamber os lábios gostosamente. 

E um tanto exagerado. 

:- Eu bati no Dylan, sim. 

Aquela conversa começou a me enervar, enquanto a cada afirmação, Dinah parecia querer explodir em alegria a ponto de faíscas e fogos de artifícios estourarem em seu mundinho particular. Mas como?!

:- Mas ele fez por merecer?

:- Se fez, me fala que eu vou lá mostrar pra ele como realmente se faz. 

:- Dinah! - Fuzilei-a. 

:- Eu não vejo um arranhão, deve ser desgastante observar uma briga entre os dois. 

:- Ele só tem três anos! - Anunciei como se fosse óbvio. E era. - E porque quer tanto Seth batendo em alguém? - Meramente confusa estive a juntas as sobrancelhas intercalando meu olhar entre ambos. - Você quer torná-lo uma pessoa violenta? 

:- Mas o mundo é violento. - Defendeu-se bebericando sua limonada, Miami estava exageradamente quente. - Eu só quero que ele aprenda a se defender, Dylan é um garoto terrível que sempre fica rebaixando Seth, Lauren me disse e Seth confirma. - Encarei o baixinho encolhido contra o sofá enquanto estava a beber mais do chocolate. - Violência vai sempre existir e...

:- Violência é o que eu quero fazer com você agora, na sua cara, nesse exato momento. - Entre dentes estive a resmungar. 

:- Daqui a um tempo, quando algum engraçadinho vier pra cima de Seth, ele vai ter todo o direito de bater para se defender. as se ele ficar dando porrada com essa mãozinha, vão acabar com nosso ilho. Você quer isso? Quer que ele vire um picadinho de pirralha? -

Negou estalando a língua repetidas vezes em conjunto. - Ele precisa de boas aulas, garanto que será bom no futuro. 

:- Porrada? - Arqueei as sobrancelhas. 

:- Mas porrada é palavrão? - Alcançou então o controle sobre a mesinha de centro, sendo acompanhada pelos olhos negros de Cometa, esse deitado sobre a poltrona ali perto. Ligou o televisor de médio porte metros de nossa presença. - Porrada é uma palavra tão comum, é coisa que todo mundo fala, o tempo todo, e eu não to falando pra ele meter porrada em todo mundo o tempo todo, porrada é só...

:- Para com isso, Dinah!

Assim tendo atenção de Seth também que sorriu por instantes, instantes o suficiente para fechar a cara quando sua progenitora esteve de mudar seus desenhos favoritos para um canal de esportes. 

:- Porrada! - Gritou Seth, subestimando a capacidade de aos poucos melhorar suas pronuncias, embora estivesse a me chatear.

:- Satisfeita? - Reagi encarando-a em ira. 

:- Normani, porrada não é pal...

:- Poderia parar de repetir essa palavra? - Pedi, quer dizer, ordenei.

Era a palavra mais apropriada. 

Dinah mirava-me pensativa. Com uma expressões que até o momento não consigo descrever, muito menos distinguir. Poderia ser ódio ou desprezo, repugnância ou instinto assassino e ao mesmo tempo manhoso e insistente. Ou tudo junto. Sei que ela ficou em silêncio, por muito tempo. O que para ela era raríssimo, praticamente uma cena inédita. Dois minutos inteirinhos sem a emissão de uma palavras. Achei até que tinha acontecido alguma coisa, e confesso estar a me preocupar, e se sua língua tivesse travado?. 

Costumam dizer que quando sonamos alto, o tombo é maior ao acordar.

E seria assim, se não Seth a pronunciar-se antes de forma antecipada aos lábios entreabertos da mãe.

Naquele instantes estávamos a encará-lo, bebendo de nossa limonada ou apenas aproveitando de sua inocência para os singelos atos seguintes.

:- Bate é feio! Não pode bate em ninguém, e também não pode falar porrada, é nome feio. O que Seth gosta é de beijinhos. - Fez biquinho em seus lábios rosados jogando muitos deles no ar. - Muitos beijinhos! - Comemorou beijando sua boneca inocentemente. 

Ao lado observando a cena, sem conseguir tirar o sorriso do rosto, continuávamos estáticas. A única coisa que conseguimos fazer foi voar para cima do pequeno e agarrá-lo enchendo-o de beijinhos, abraços, cócegas e muitos mimos.

Quem disse que só adultos ensinam coisas? Crianças estão anos-luz à nossa frente. E eu agradeço por isso. 

Em meio a suas roucas gargalhadas e beijos molhados por nossas bochechas, o pequeno estava a histérico balançar suas perninhas querendo escapar das cócegas da mãe, prontamente agarrando-me pelo tronco e repousando sua cabeça em meu peito. Sorrindo estive por acolhe-lo enquanto a Dinah beijar sua cabeça antes de aconchegar-se ao nosso lado deixando ambos os copos - e caneca - sobre a mesa de centro. 

:- ROCKETS! - Gritamos em uníssono ao observar os uniformes avermelhados e os gigantescos jogadores devidamente posicionados, deveria ser mais algum campeonato nacional. 

Com certeza o orgulho de Houston. 

:- Não era você que insistiu em Ballet ser melhor que Futebol? - Queixou-se a loira que estava um tanto inerte da animação de Seth, esse batendo palmas incansavelmente como em conjunto a torcida retratada na tela em imagens coloridas. 

:- Estamos tratando por basquete, Dinah. - Sorri levemente, provavelmente já teria as pupilas dilatadas em vivacidade apenas por simples gestos e arremessos certeiros. 

:- Seth, qualquer dia te levarei para a arena torcer para os Lakers, vou te ensinar a xingar os juízes e ainda todos os gritos de torcida, hein? - Comentou a polinésia. 

:- Não! - Atento a televisão o enfezado garotinha a respondeu. 

:- Tá bom filho, se não quiser xingar não tem problema. Muito educado de sua parte, sinto que fiz um bom trabalho. 

:- Nããão! - Insistiu ele. 

:- Tá, a gente espera mais um pouco, mas você já está com três anos, não podemos demorar! -Curvou manhosamente seus lábios analisando o pequeno meses de completar quatro anos. 

:- Dinah, deixa de ser insistente. - Murmurei alisando as madeixas bagunçadas do pequeno em meu peito, assim entretida com a maciez e forma sedosa de seus cabelos negros como os olhos. - Ele é pequeno demais para tanta gritaria, amor. - Tombei a cabeça para trás ofuscando meus olhos aos seus assim que no encosto do sofá estive por repousar minha cabeça.

:-Mas, meu amor, ele precisa sentir a vibração da torcida, sentira a beleza dos papéis em amarelo e roxo caindo pelas arquibancadas.

:- Não! 

:- Filho, mamãe te conhece, você é daquele tipo que não vai querer saber de outra coisa em dia do jogo. Vai ter camiseta e vai todo uniformizado a arena. Se bobear, até pinta essa carinha linda de amarelo e roxo. - Sorriu orgulhosa.

Ah suas raízes californianas. 

:- Não, não quelo!

:- Chega, Dinah, está irritando o menino. - Resmunguei beijando seu pescoço na intuição de desviar seus atentos olhos da criança desfalecida. Foi falho, incrivelmente e duvidoso falho. 

:- Tá bom, Sunshine, mamãe espera você fazer cinco aninhos. Com cinco, você já vai ser um mocinho. Meu lindo torcedor dos Lakers. 

:- Não quero, Lakers! É bobo, mama. Seth gosta de Rockets! 

Admito que por suas expressões provavelmente estaria sem ar, ou ficando sem ele cada vez que o puxava com mais força. 

:- Filho, Rockets não estão com nada! - Estava a explodir de rir provavelmente aumentando o pulsar da veia saltada em seu pescoço, e lhe deixando cada vez mais irritada. - Rockets é o pior time do mundo. Seth, ele é...

:- Lindo! - Disse ele com um sorriso irritante, mas radiante ao meu ver. 

:- Não! Os Rocketes são...

:- Mais bom que os Lakers. 

:- Mais bom não existem, Seth! Os Rockets é melhor, melhor que os Lakers. - Corrigi o pequeno que atentamente esteve a me encarar antes de sorrir em concordância.

Seus melhores sorrisos! 

:- Os Rockets é melho que os Lakers! - Repetiu animado. 

:- Nãão filho! - Fez manha, uma mulher crescida!. - Não, não diz um absurdo desses! Os Rockets nunca vai ser melhor que os Lakers! Eles são uns...

:- Lindos! - Ele gritou e o acompanhei.  

:- A gente não escolhe time assim. E tudo o que mamãe já te contou sobre os Lakers? Os jogadores, torcedores famosos, campeonatos e as quatorze vitórias em um único campeonato? Quatorze! 

:- Ele tem três anos, Dinah. Pare de encher a cabeça do menino. - Resmunguei. 

:- Normani, ele tem quase quatro! Precisa saber o histórico do time dele. 

:- Os Rockets é mais bonito e legal, mama. 

:- Concordo. - Fiz Hi5 com o pequeno apenas entre risadas para ter Dinah mais vermelha que um pimentão ao nosso lado. 

:- Filho, times não são bonitos, nem legais. Times são bons e ruins, e os Rockets são ruins, mais que ruim, são péssimos! 

:- Seth não gosta de lalanja. 

:- É amarelo, Sunshine. Amarelo é diferente, é ainda mais bonit...

:- Dinah! - Exaltei-me entre contadas lufadas e mais lufadas de ar preguiçosas e calmas. Apenas para não acertá-lhe a cara por discutir com uma criança. - Não acredito que vai querer explicar a diferença entre amarelo e laranja para nosso filho. 

:- O que disse? 

:- Que não acredito que você...

:- Não! - Balançou suas mãos gesticulando animadamente. - Antes disso. - Sorriu.

:- Eu gritei com você. - Franzi o cenho. 

:- Não, você disse nosso... Nosso filho. - Se fosse possível, seus lábios já estariam dilacerados ao romperem da forma aberta e súbita que sorria. 

:- Sim, eu disse... - Comentei levemente corada percebendo seus lábios a deferirem seus incontáveis e romanticos beijos em minha face, levando-me a rir e agarrar-lhe o tronco com cuidado rente ao pequeno entre nós. 

:- Seth, você ouviu? - Claramente feliz o ergueu balançando-o no ar gerando gargalhadas do mesmo e olhares preocupados de mim, esse que o abraçou comentando repetidas vezes sua felicidade em ouvir tais palavras. - Normani é sua mommy, filho! 

Comemorou afastando-o de seu tronco segurando-o por debaixo de seus bracinhos finos, esse suspenso a encarou com os brilhantes amendoados olhos enquanto estava a balançar seus pezinhos, esses pareciam formigarem devido sua forma inquieta. E por sua boca nenhuma outra melhor palavra havia de sair:

:- Yeah! Mommy disse que os Rockets são lindos! 

E como imagino deixou a polinésia que antes alegre, agora cabisbaixa e a surpresa cravada em cada poro de sua face. Seth parecia ter tomado uma decisão, a primeira grande decisão da vida do Hamilton-Hansen, seria fã do time avermelhados e raízes texanas.

O quão babona eu poderia ser? Era uma mãe orgulhosa!

E Dinah tinha que entender, o jogo estava perdido. Paciência, precisava lidar com a maturidade e decisão de seu pequeno. Mães devem ser sábias e compreender que estão no mundo para dar apoio aos filhos, sempre.

:- Quer sofrer, sofre, Seth. Vai ser sofredor para o resto da vida! - Brincou enchendo em marcas avermelhadas de seu batom, o rosto branquelo do garotinho risonho. 

:- O qle é sofledola, mommy? 

:- Nesse caso, a pessoa que torce muito para um time, mas sempre está triste com o desempenho dele. - Admirei-o que logo esteve em meus braços reatando posições anteriores.

E Jane ao nosso lado agarrando-me pelo quadril. Não negaria, era bom. Bom até demais. 

:- Então sofledola é você, mama! - Rebateu sinceramente. 

E do coração alaranjado, ela estava a admitir encantada aos desacreditados olhos e minhas gargalhadas escandalosas: ele não errou tanto assim. 

Poderia acrescentar que ainda continuaríamos uma família feliz? Enquanto via ambos trocando carícias e cócegas, os olhinhos pensativos e beijos trocados formulando possivelmente as próximas perguntas, pelo visto, seriam muitas. Mas ao fim sabíamos que seja qual seja sua decisão, estaríamos ali, apoiando-o. 

"No final das contas, você vai achar não quem estava procurando, mas quem estava procurando você".



Notas Finais


Bitches!

Deixa eu esclarecer umas coisinhas, essa interação entre Normani e Seth será fundamental daqui para frente, portanto, coletes posicionados? Pois quero mesmo é tiro! E vão ter... rs :)

But, perante os assuntos que venho retratando (feminismo, homofobia entre outros) são fundamentais para o complemento da estória, que além de ficção, não é mais que a nossa realidade, então gostaria da opinião de vocês sobre os fatos acima, já que alguns deles ali estavam!

Acho que é isso por hoje.
All The Love, M. 🌸🍃


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