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História Do Outro Lado - Capítulo Único


Escrita por: yoonghostx

Notas do Autor


Olá!

Então, essa é minha primeira OneShot, espero que gostem.
Tenho mais duas fanfics, vou deixar os links lá no final caso alguém queira ler.
Desculpem se algo não fizer sentido, eu usei minha criatividade e conhecimentos próprios para fazer a história.

Boa leitura, espero que gostem!

P.S.: O nome do ex do KyungSoo é um nome aleatório, não é ninguém em particular!

Capítulo 1 - Capítulo Único


23 de Maio de 2016 – 01h38 AM

- Eu já te disse, Jongdae. Estou em pura e sã consciência. – falei para meu amigo que me ouvia através de seu celular, do outro lado da linha.

- Você passou três horas bebendo sem parar. Você não pode sair dirigindo por aí nessa situação, ainda mais a noite! – falou – E se há algo que você não está, este algo é em sã consciência! – continuou a falar irritado ao telefone, e devo ressaltar que faltava pouco para que ele não fosse o único perdendo a paciência ali.

- Olha, Chen. Obrigada por se preocupar, mas eu já estou na estrada, ok? Vou apenas continuar o meu caminho e voltar para minha casa. Fique tranquilo, eu estou bem. – falei mantendo a calma, até porque ele tinha o direito de se preocupar.

- Por favor, Kyung. Me diga onde você está, eu posso ir até aí e você não precisará voltar sozinho bêbado desse jeito. – ouvi seu pedido desesperado através do viva voz do celular.

“Eu vou pegar o carro”, pude ouvir Luhan falando ao fundo.

- Ah, Chen... – pude sentir meu nariz arder e as lágrimas começarem a invadir meus olhos – Eu preciso dele...

- Não chore, Kyung! – Chen disse com dó evidente na voz – Vamos, onde você está?

Meus olhos já encharcados por lágrimas ardiam. Enquanto eu secava meu rosto molhado, minha mão esquerda segurava o volante com força. Minha raiva achara um jeito de se libertar do meu peito e ela havia decidido fazer isso logo na viagem de aniversário de JunMyeon.

Nós havíamos viajado para uma cidade no interior onde a família de Suho possui uma casa de campo, que foi utilizada para que comemorássemos o aniversário de JunMyeon. Havíamos chego no dia 20 e iríamos embora dois dias após o aniversário, no dia 24 para ser mais exato, e os planos teriam corrido bem se, uma semana antes da viagem, o meu namorado não houvesse me trocado por outro.

ShinWoo e eu namorávamos há mais de 2 anos. Em uma noite como qualquer outra, ele havia me chamado para ir ao seu apartamento dizendo que queria conversar. Não neguei, mesmo notando sua voz séria. Fui até lá ignorando o fato de ele estar frio como nunca fora, a fim de evitar as minhas famosas crises de ansiedade, mas não adiantou, para ser sincero. Eu era capaz de sentir o nervosismo transbordar dentro de mim e sair por cada parte do meu corpo. Enquanto o esperava sair do banho, fui até seu quarto em busca de um isqueiro – uma vez que o vício horrível de fumar que eu carregava desde os 17 anos era a única coisa que diminuía o nervosismo, evitando as crises de ansiedade –, e tudo o que encontrei foram papeis da empresa e uma caixinha preta, que rapidamente me chamou a atenção. Curioso, não pude evitar inspecionar o objeto aveludado, e eu não precisei de isqueiro para acender uma chama dentro de mim ao ver o anel de noivado. Fingindo não ter descoberto nada, voltei para a sala, dessa vez deixando o nervosismo de lado e sendo tomado de felicidade.

Mas ela não durou muito ali.

Quando ShinWoo saiu do banho veio direto conversar comigo e, sem mais nem menos, jogou a bomba em cima de mim. Ele estava apaixonado por outro cara há quase um ano, e eles estavam saindo por quase cinco meses. Quando os dois se beijaram pela primeira vez, foi quando ele teve certeza de que o nosso amor não existia mais. Sem conseguir expressar nenhum tipo de sentimento, perguntei sobre o anel em sua escrivaninha, e mesmo que surpreso por eu ter achado aquilo, respondeu com sinceridade dizendo que iria pedir a mão do outro cara em namoro assim que se resolvesse comigo. Eu sempre fui alguém bom, no meu ponto de vista. Nunca havia feito mal a ninguém, nem mesmo a um inseto, enquanto todos usavam e abusavam de mim e da minha bondade – que eu insisto em chamar de “ser trouxa”. Os únicos que achavam aquilo uma virtude eram meus amigos e a minha família, mas eles não sabiam como aquilo era um castigo. Foi por isso que tudo o que fiz foi desejar felicidade a ele e sair dali – mas não sem jogar a aliança em seu peito, pois um pouco de cena não faria mal.

Lembrar daquilo fazia meu coração acelerar, não de tristeza, não de raiva. Mas sim de ansiedade. Minhas crises se tornaram constantes depois de quase dois anos de controle – ou apenas um pouco mais de controle. Os remédios não faziam mais efeito, graças ao tanto de álcool que eu havia voltado a consumir, e aquilo estava acabando comigo.

Meu peito subia e descia rápido, graças à falta de ar que eu já começava a ter. Minhas mãos tremiam e meus olhos não conseguiam mais focar na estrada a minha frente. A voz de Jongdae e Luhan no telefone ecoavam na minha cabeça, ainda que eu não entendesse mais o que eles estavam falando.

Graças às minhas lágrimas, à minha crise repentina, à bebida que eu havia ingerido e à chuva – que eu mal havia percebido que caía lá fora –, perder o controle do carro não fora uma tarefa difícil, e não demorou para que eu entrasse na pista ao lado – essa sendo contramão para mim. Não teria ocorrido nada, já que a pista estava deserta, mas como a sorte é algo ausente na minha vida, tudo o que aconteceu depois durou cerca de um segundo na minha cabeça. Na direção do carro, um caminhão bem grande vinha no sentido contrário ao meu. Sua velocidade era um tanto quanto alta, ainda mais para uma pista molhada. Minha única reação foi virar o volante para o lado, mas isso foi uma ação atrasada. O caminhão havia batido na traseira do carro, o que o fez girar e capotar na ladeira que havia ali. O carro pode ter dado três ou quatro voltas, mas bastou uma para que eu batesse com força a cabeça no volante, ouvindo as vozes de desespero de Chen e Lu pela última vez aquela noite.

25 de Maio de 2016 – 16h26 PM

Meus olhos pesavam tanto que abri-los foi um desafio. Os fracos raios de sol que passavam pelas cortinas do quarto de hospital não me incomodavam, mas isso não me impediu de virar o rosto para o outro lado. Eu me lembrava do que havia acontecido para eu parar ali, ou pelo menos me lembrava da maior parte da história.

Com facilidade e nenhuma dor – por mais incrível que pareça –, botei os pés para fora da cama, me espreguiçando. O quarto estava vazio, o que achei normal, em vista que horários de visita tinham um limite. Ou talvez ninguém viesse me visitar. Vai saber.

A porta estava aberta, tudo o que precisei foi dar um passo para fora para ver a movimentação ali. Médicos, enfermeiras, pessoas visitando outras e até mesmo alguns pacientes. Chamei por uma enfermeira, que passou reto por mim. Irritado com a falta de educação, ainda mais com um paciente, exclamei por outra enfermeira que passava junto a uma médica. Nenhuma das duas me deu atenção.

- Aish... Que hospital é esse em que as pessoas ignoram os pacientes? – perguntei para mim mesmo – Eu poderia estar morrendo.

Saí do quarto e não tentei falar com mais ninguém, apenas desviava das pessoas que pareciam nem me ver. Parei em frente à recepção, onde pude ver que aquele era o andar três do hospital, a ala de internações.

- Com licença? – chamei o moço que estava sentado lá.

Ignorado com sucesso. Qual é? Só pode ser brincadeira.

Dei alguns passos até uma área com cadeiras e sofás, provavelmente algo como uma sala de espera. Eu não esperava, mas lá estavam os meus amigos e minha família. Minha mãe chorava e todos tentavam consolá-la, ainda que suas expressões fossem de sofrimento.

- Ei gente, o que foi? – falei em vão, já que não recebi atenção, o que me fez gritar perdendo a paciência com todos – Gente! 

- Ei, você! – ouvi uma voz atrás de mim.

Ao me virar, me deparei com um menino vestindo as mesmas roupas que eu, uma camiseta e calça do hospital. Seu cabelo era escuro e estava penteado para trás, ainda que fosse um pouco bagunçado. Seus olhos, assim como a cor de seu cabelo, eram escuros e penetrantes. Sua pele levemente bronzeada o dava um ar... Sexy. Mas seu rosto era quase fofo, o que o dava um equilíbrio perfeito. Os lábios carnudos não esboçavam um sorriso, mas eu podia ver que ele estava um pouco nervoso e querendo sorrir, pois seu leve eye smile não o abandonava.

- Está falando comigo? – perguntei.

- Sim... – ele disse.

- Pelo menos alguém não está me ignorando. – falei e ele finalmente sorriu se aproximando um pouco, já que estava há uns dez passos de mim.

- Qual o seu nome? – ele me perguntou.

Pude perceber que sua altura era consideravelmente maior do que a minha quando ele ficou a três passos de mim, aquilo me deixou nervoso, mas não por muito tempo. Ser mais alto que eu nunca fora uma dificuldade.

- Do Kyungsoo. E você, como se chama?

- Kim Jongin, prazer em conhecê-lo, Kyungsoo. – sorri de leve e me curvei, assim como ele.

- O prazer é meu. – falei – Deixe-me perguntar algo. O que acontece nesse hospital que estão todos me ignorando?

- Ninguém está te ignorando. – ele riu de leve – Só não estão te vendo, te ouvindo...

- Oi? – perguntei espantado.

- Oi, tudo bom? – ele riu mais um pouco com a própria brincadeira – Desculpe, é que há um bom tempo eu não tenho contato com ninguém.

- Eu não estou entendendo. – falei ignorando a brincadeira.

- Me leve até o seu quarto, vai ser mais fácil de explicar.

O levei até a porta de onde antes saí, mas dessa vez vi algo que eu juro não ter visto antes.

Eu mesmo.

Lá estava eu deitado na cama com alguns fios e oxigênio ligados a mim. A máquina ao lado da cama mostrava meus batimentos cardíacos, minha pressão, e o barulho de “pi” que fazia era constante, a cada um segundo. Cheguei mais perto vendo meus olhos fechados e alguns cortes em meu próprio rosto, assim como minha perna esquerda que estava coberta por um gesso.

- O-o que... – tentei perguntar.

- Esse aí é você. – Jongin falou ao meu lado – Você está em coma.

- Como... – ainda não consegui terminar a frase.

- Não sei como ficou em coma, mas você está, e por isso está aqui. – ele parou e pensou no que disse – Quer dizer, o seu corpo físico está em coma, é por isso que o seu espírito está aqui.

- Meu espírito? – perguntei olhando para meu próprio corpo, esperando ver algo transparente, mas não vi – Mas eu pareço tão...

- Normal? – o mais alto me perguntou risonho.

- É. – respondi.

- Claro. O que achava? Que seria transparente? – perguntou rindo de mim.

- Eu não sei. Não esperava nada, porque eu nunca acreditei em coisas assim.

- Nunca acreditou na existência de espíritos e essas coisas? – ele perguntou e eu neguei, concordando – Bom, mas você está aqui, então existe.

- Afinal, o que seria esse "aqui" que você tanto fala? – perguntei curioso.

- Em outro plano, ou plano espiritual, se preferir. De qualquer forma, você está do outro lado.

[...]

Kai, como havia pedido para eu o chamar, havia me explicado um pouco mais sobre minha situação. Assim como algumas pessoas fazem enquanto dormem, a chamada projeção astral, durante o tempo em que o meu corpo está adormecido – em coma –, o meu espírito se “desconectou” dele. Eles continuam ligados, e enquanto meu corpo estiver vivo assim continuará. Eles apenas se desconectarão de verdade se o meu corpo morrer. Ótimo.

- Como sabe dessas coisas? – perguntava a ele enquanto andávamos pelo hospital.

- Eu lia muitos livros e sites sobre religiões, crenças e tal. Já que minha família nunca acreditou em nada, eu nunca soube das coisas, então eu leio bastante sobre. – ele deu uma pausa – Eu lia, quero dizer.

- Como entrou em coma? – perguntei.

- Eu andava com pessoas erradas... Eles eram valentões covardes que se aproveitavam dos mais fracos. Usavam drogas quase o dia inteiro. Eu comecei a fumar algumas coisas também, mas houve um dia em que eles quiseram que eu experimentasse algo na veia, não sei o que era. Eu neguei, mas eu já estava muito alterado e fora de mim, quando eles seguraram o meu braço e injetaram, eu mal me esquivei, apenas permiti. Eu não ouvi direito a história depois que acordei fora do meu corpo, mas parece que eu desmaiei e não acordei mais, então eles fugiram por medo de eu estar morto. Algumas horas depois, um outro grupo que também frequentava o lugar me encontrou e chamaram uma ambulância... E agora eu estou aqui. – ele sorriu.

- Nossa... Eu não sei o que dizer. – ele apenar riu de leve – E há quanto tempo você está aqui?

- Quase duas semanas. – ele disse – Eu perguntaria “e você?”, mas vi quando chegou aqui, todo quebrado.

- Todo quebrado? – perguntei espantado – Aish... Que merda.

- Sua cabeça sangrava e os seus arranhões estavam piores. Com você estavam dois meninos muito desesperados, e estão aqui ainda, acho que você os viu. Enfim, foram te atender e algum tempo depois te levaram para o quarto, já que você estava em coma. Alguns meninos com cara de ressaca chegaram, e de manhã sua família apareceu também. Alguns mal foram para casa se trocar ou dormir, estão aqui desde que chegaram.

- Você não tinha nada pra fazer, por isso ficou me vigiando? – perguntei sem notar a grosseria.

- Você acha que eu tenho algo pra fazer estando preso neste plano? – ele riu.

- É, tem razão... – falei – O que fazia antes de ter alguém pra conversar?

- Eu via TV ali na recepção, ficava assistindo a algumas cirurgias, são bem mais interessantes ao vivo... – ele fez uma pausa e riu fraco – Ou ao espírito. Eu também ouvia a conversa dos médicos, e digo uma coisa, eles não são tão bonzinhos como parecem.

- Cirurgias, é? – perguntei interessado.

- Tudo bem, ignore a parte dos médicos corruptos, vamos lá assistir uma cirurgia. – ele disse divertido.

Ri da sua animação, mas aquele riso se foi quando sua mão, ao tentar agarrar o meu pulso, me atravessou como se ali só houvesse ar. Nós nos olhamos por alguns segundos.

- Por um tempo – ele começou a falar –, aqui com você, até me esqueci de que somos espíritos e não conseguimos nos tocar, ou tocar nas coisas... – ele riu, ainda que houvesse desapontamento em sua voz – Mas de qualquer forma, me siga!

O vi se afastar em passos rápidos, o que me fez dar uma pequena corrida para alcançá-lo, mas eu ainda era capaz de sentir a tristeza que a voz do mais novo deixou no ar. Ele estava em coma há duas semanas sem ter com quem conversar, com quem se divertir... Neste plano ele não tinha ninguém, e ao vê-lo triste daquela forma, naquele momento, tudo o que eu queria era poder abraça-lo e dizer que eu não o deixaria sozinho ali.

2 de Junho de 2016 – 21h04 PM

Passar uma semana e meia com Kai fora, sem dúvidas, algo revigorante. Nós éramos espíritos? Sim. Mas aquilo não nos impediu de nos divertirmos, na verdade pode ter sido até uma vantagem. Ninguém nos via ou nos ouvia e, se fizéssemos uma forcinha, até conseguíamos assustar algumas pessoas – fazendo coisas como bater a porta, derrubar um copo, usando a força do pensamento. Normalmente, sorrir não era um hábito, mas com Kai aquilo era quase natural. Cada coisa que fazíamos era como experimentar algo novo, e aqueles dias com ele foram suficientes para que a dor que a falta de ShinWoo trazia fosse esquecida, sendo substituída por algo também novo.

Kim Jongin.

Sempre me achei trouxa – como já comentei uma vez –, e me apaixonar rápido pelas pessoas era o que sempre comprovava minha teoria, mas deixar de gostar de alguém sempre fora um desafio. Eu passava semanas enfiado no quarto apenas ouvindo músicas tristes, até eu começar a sentir que já não choraria na frente de todos e voltasse a deixar que meus amigos me levassem a festas. Mas não era isso que mais me era estranho, digo, o fato de eu esquecer tão rápido ShinWoo. O mais estranho é que eu estava apaixonado por um espírito.

Eu não diria nada a Jongin, é claro, mas vê-lo sorrindo para mim, ou ver seus olhos brilharem ao assistir uma cirurgia, cada coisa feita por ele, ou vinda dele, fazia meu coração acelerar, ainda que naquele plano eu não tivesse realmente um. Ele era feliz por me ter ali com ele, por não estar mais sozinho, mas na verdade era eu quem estava completo por tê-lo comigo. Eu chegava a ser egoísta ao desejar não acordarmos, só para não nos afastarmos. Exagero? Talvez. Mas apesar do meu jeito fechado, nunca soube gostar ou amar pouco.

- No que pensa, Soo? – Kai falou ao meu lado, enquanto eu olhava para o corpo do mesmo desacordado na cama de hospital.

- Em você. – falei sem pensar, o que me fez arregalar os olhos.

- Em mim? – o vi sorrir sem mostrar os dentes – No que, exatamente?

- Fico feliz em saber que você não está mais sozinho aqui desse lado, e... E... – tentei encontrar mais coisas para dizer, mas fui cortado pela risada do outro.

- Também fico. – ele disse – Ainda mais por ser você a minha companhia.

- Oi? – perguntei o olhando.

- Oi, tudo bom? – fez a mesma brincadeira de antes, de quando nos conhecemos – Eu também penso em você, bastante até. Sua presença me deixa feliz.

- A sua presença também me deixa feliz... – falei baixo, esperando que ele não entendesse o duplo sentido.

- Eu queria poder te tocar... – virei assustado com o que ele havia dito, e percebi que estávamos bem próximos – Para poder te dar um abraço bem forte e agradecer o fato de você estar comigo.

Ah, se ele soubesse que eu desejo muito mais do que um abraço.

- Um abraço, huh? – falei, novamente sem pensar.

- Por quê? Você quer outra coisa? – vi seus lábios se curvarem em um sorriso sacana.

- Eu só quero o que você quiser. – falei tomado por coragem, já que o desejo já transbordava dentro de mim.

- Tem certeza? Pois eu quero muitas coisas. – ele disse e se aproximou mais – Eu gosto muito de você, Kyungsoo.

- Eu também gosto muito de você, Jongin. – confessei olhando em seus olhos.

- Quando nós acordarmos, a primeira coisa que eu farei é te abraçar e te beijar. Já estou esperando de mais por isso. – falou olhando para a minha boca.

- Eu não vou impedir. – respondi.

Ele sorriu e continuou ali, me olhando, assim como eu fazia. Olhei seu rosto por minutos, a fim de guardar na memória cada detalhe dele, mesmo acreditando que quando acordássemos nos lembraríamos um do outro. Infelizmente, esse é um dos fatos que Jongin não podia me dizer ao certo se iria acontecer ou não, já que não havia relato algum garantindo 100% que nos lembraríamos, mas nos gostávamos de acreditar que sim.

Pi... Pi... Pi...

O som alto ecoou na minha cabeça, me fazendo sentir tontura.

- Kyungsoo? O que houve? – Kai falou se aproximando.

- Um barulho alto. Você não ouviu? – perguntei.

- Barulho? Não ouvi nada.

Pi... Pi... Pi...

- Aish! – coloquei as mãos na cabeça, ajoelhando-me no chão.

- Soo, você está ficando transparente, o que está acontecendo? – Kai perguntou desesperado.

- Você que entende disso, sou eu quem te pergunto. – falei respirando com dificuldade.

Pi... Pi... Pi...

Soltei um grito de dor, ao mesmo tempo em que Jongin soltava um gemido de frustração.

- Você deve estar acordando... – falou baixo.

- O que? – perguntei levantando o rosto.

- Kyung... Você está acordando. – ele disse com lágrimas nos olhos – Não vá. Por favor, não me deixe!

- Eu nunca vou te deixar... – fui interrompido pelo barulho e pela dor, novamente.

Pi... Pi... Pi...

- Você está sumindo! – Kai gritou – Não me deixe sozinho, Kyungsoo!

- Eu não quero te deixar, Kai... – falei baixo, graças a falta de ar.

- Eu preciso de você aqui... Eu amo você. – olhei para Jongin quando o mesmo disse isso, e aquela foi a última vez que eu o vi.

2 de Junho de 2016 – 21h33 PM

Meus olhos se abriram lentamente, assim como demorei a processar o lugar em que eu estava. Um quarto de hospital? Porque diabos eu estaria ali?

Ao meu lado, uma maquina que marcava minha pressão e meus batimentos cardíacos apitava indicando estabilidade, mas por alguma razão aquele barulho me incomodava, assim como os fios ligados à mim e o tubo de oxigênio em meu rosto. Perto do meu dedo havia um botãozinho vermelho que, provavelmente, servia para chamar a enfermeira ou o médico. Sem hesitar, o apertei, já que eu havia acordado e mal lembrava o porquê de estar ali, mas na mesma hora a porta foi aberta, revelando dois dos meus melhores amigos, Kris e Chanyeol. Ambos sorriram e gritaram meu nome, o que me assustou, mas logo os dois foram enxotados dali por uma médica e uma enfermeira, que foram logo checando a minha situação.

Algumas horas depois de certificarem a minha estabilidade, elas permitiram que eu recebesse visitas. Primeiro encontrei com a minha família. Minha mãe não poupou lágrimas, assim como meu irmão, e meu pai, apesar de sério, me abraçou forte, e assim percebi o quanto ele estava preocupado comigo. Conversamos por um tempo, até meus amigos trocarem de lugar com eles. Lágrimas de mais para um dia só, é isso que eu achava. A maioria dos meus amigos – lê-se: Luhan, Baekhyun, Tao, JunMyeon e Sehun – choravam, enquanto os outros se seguravam e apenas diziam o quanto estiveram preocupados comigo.

Após me contarem o que havia acontecido para eu estar ali, flashes daquela noite se passaram pela minha mente me causando uma leve dor, mas logo fui obrigado pelos meninos a pensar em alguma outra coisa. O mais surpreendente é que ao pensar naquela noite, ShinWoo foi logo voltando aos meus pensamentos, mas aquilo não me deixou triste. Ele não me deixou triste. Tudo o que eu senti foi um puro e belo nada. Meu coração não acelerou de saudades, raiva ou tristeza e eu não comecei a ter um ataque de ansiedade. Eu apenas estava ali, rindo mais do que nunca com meus amigos.

Pela primeira vez desde que ShinWoo havia terminado comigo, eu estava totalmente bem.

Ou pelo menos eu achava que aquela era a primeira vez.

9 de Junho de 2016 – 8h25 AM

Uma semana após acordar, tirando a perna quebrada, eu estava muito melhor, e isso possibilitou a minha alta. Eu só não poderia fazer esforço, ou passar por estresse, então se eu permanecesse em repouso logo estaria novo em folha. Não seria difícil pra mim, já que dormir e passar o dia deitado vendo filmes e séries sempre foi uma das minhas coisas favoritas.

Ao sair do quarto acompanhado por Sehun, Yixing e Minseok, que eram os únicos que não trabalhavam naquele horário e poderiam me acompanhar para casa, passamos por um quarto que me chamou a atenção. Não parei nem nada, apenas olhei o menino deitado na cama de olhos fechados. Seu cabelo escuro estava bagunçado, mas penteado para trás. Sua boca era carnuda e a cor de sua pele era linda e bronzeada. Olhá-lo fez meu coração acelerar, mesmo que pouco, mas ignorei a sensação. Fomos até a recepção entregar e assinar os papeis da alta, e saímos do hospital.

- Hyung... – Sehun, que estava ao meu lado no bando de trás do carro, me chamou – Quando você estava desacordado eu pesquisei algumas coisas. É verdade que nosso espírito sai do corpo quando estamos em coma? Você se lembra de sair do seu corpo?

Parei para pensar em sua pergunta, sentido algo em meu peito. Seria verdade? Bem, eu não me lembrava de nada, então não, não poderia ser verdade.

- Isso é besteira, Sehun. – falei rindo – Eu não deixei meu corpo, foi como... Dormir.

Sehun apenas fez uma cara de criança que havia acabado de aprender algo novo e voltou sua atenção a musica que tocava no carro, mas eu continuei com sua pergunta em minha mente.

16 de Junho de 2016 – 10h47 AM

- Aqui estão os exames, senhor Do. – a enfermeira que ficava na recepção falou me entregando os papeis.

- Muito obrigada, tenha um bom dia. – falei sorrindo.

Eu havia voltado ao hospital para pegar alguns exames, já que na próxima semana voltaria para falar com o médico e ver se está tudo bem.

Distraído lendo os papeis, mal notei que havia alguém atrás de mim, também com sua atenção em alguns papeis que estavam em suas mãos. Olhei para cima, a fim de pedir desculpas por não prestar atenção, mas minha fala continuou presa na garganta quando nossos olhos se encontraram. Por alguns segundos nada aconteceu, mas então fui tomado por imagens e sentimentos. Cheio de memórias, o meu coração bateu rápido. Senti minhas pernas fraquejarem e minhas mãos tremerem, tudo por causa do repentino reencontro que me encheu que alegria.

Olhar em seus olhos foi o que me fez lembrar. Ver seu sorriso direcionado a mim, o que indicava que ele também se lembrou, fez minhas lágrimas se sentirem livres para rolarem.

Ali estava ele, dessa vez em carne e osso.

Kim Jongin.

29 de Outubro de 2078 – 19h25 PM

Olhando pela janela do hospital, eu era capaz de ver a noite caindo e trazendo consigo uma brisa gélida que me fazia sorrir. Sempre havia gostado de brisas frias.

- Meu bem? – ouvi a voz de Jongin – Pediu para me chamarem?

- Sim. – falei e o vi se aproximar – Vou ser direto, amor. Você sabe que eu não vou aguentar por mais tanto tempo assim, não é? – vi que ele iria me repreender, mas eu o cortei – Estou falando sério, Jongin. Você sabe, não sabe?

Ele não disse nada, apenas concordou com a cabeça.

- Pois bem. Eu estou sentindo que não tenho mais tanto tempo neste plano, como você o chama, mas antes de ir eu preciso me despedir. – vi lágrimas se formando em seus olhos, da mesma forma que havia acontecido na primeira vez que eu o deixei para trás – Lembre-se de dizer aos nossos amigos o quanto eu os amo, ok? Mesmo que alguns já tenham partido, para estes eu mesmo falarei. – ri sem graça e ele apenas fechou os olhos chorando – Diga o mesmo aos nossos filhos, lembre-os disso sempre, huh? – falei e ele apenas assentiu – E a você eu mesmo digo. Eu te amo, Kim Jongin. E vou te amar em qualquer lugar em que eu estiver, em qualquer vida que eu viver.

- Eu te amo mais do que tudo, Kyungsoo... – ele disse segurando minhas mãos e deitando sua cabeça em meu peito – Não me deixe...

- Eu já falei que nunca te deixarei, não se lembra? – o olhei e ele sorriu – Nos vemos do outro lado, meu amor.

Ele me selou e eu fechei meus olhos pela última vez, enquanto segurava as mãos do amor da minha vida. 


Notas Finais


Acabou! hehe
Espero que tenham gostado c:

Não tenho muito o que falar, mas obrigado à quem leu, deu um bom trabalhinho fezer (apesar de não parecer), pois minha imaginação não é lá essas coisas.

Qualquer erro, ignorem por favor, eu admito que fiquei com preguiça de revisar ksksksks mas vou fazer isso assim que eu conseguir.

Enfim, se quiserem deixar aí a opinião de vocês, eu iria amar ler! E se quiserem favoritar a história, eu também vou amar hehehe sz

Beijinhoooos c:

Fanfic (terminada) Lost In Paradise - Sehun: https://spiritfanfics.com/historia/lost-in-paradise-6571883

Fanfic (em andamento) Witch Hunt - Hoseok (BTS): https://spiritfanfics.com/historia/witch-hunt-6779519


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