História Do you remember me? - Lembranças l

27/06/2010 – Wednesday

O sinal da escola havia tocado, estava chovendo e todos já guardavam seus materiais.

— Okay classe, não se esqueçam de me entregar o trabalho de História semana que vem. Estão dispensados! – A professora Tsunade disse por fim, antes de se retirar da sala.

Eu organizava o meu material na mochila quando dei falta do meu precioso guarda-chuva.

— Droga! Eu esqueci o meu guarda-chuva... – Resmunguei baixo. Porém, audível o suficiente para Sasuke Uchiha ouvir, o garoto que se sentava atrás de mim, que por sinal, era o garoto mais cobiçado do colégio, e por mim também, confesso.

— Naruto. – Ele se aproximou, sorrindo. Eu gelei, oh meu Deus, Sasuke Uchiha sorriu pra mim. Sim, ele sorriu pra mim. Ele finalmente sorriu pra mim. De todos os anos que eu o observava de longe, ele nunca havia direcionado um sorriso sequer para mim, somente para as garotas que conversavam com ele, ou até mesmo os professores.

— S-sim? – Droga, eu gaguejava fitando seus olhos negros, quase babando.

— Percebi que você esqueceu o seu guarda-chuva. – Sim, eu esqueci o meu guarda-chuva, mas porque ele... será que? Não, isso seria impossível, ele nunca iria me levar até minha casa.

— B-bem, sim... mas, não se preocupe, a minha casa não é muito longe daqui. – Alguém me enforca, as minhas pernas estão tremendo, pareço uma garotinha falando com o Senpai pela primeira vez. O pior de tudo é que, na situação que me encontro nesse exato momento, eu sou uma garotinha falando com o Senpai pela primeira vez!

— Mas você vai se molhar. Venha comigo, eu acompanho você até a sua casa. Não me importo. – Ele pedia com um semblante de como se eu tivesse que ceder e acompanha-lo de qualquer maneira.

— Você não precisa Sasuke, você vai se atrasar se for comigo, está tudo bem. – Eu queria acompanha-lo, mas a vergonha era maior que tudo. Eu ia saindo, quando ele agarrou meu braço levemente. Eu olhei para trás e me deparei com um meigo sorriso forçado.

— Eu quero acompanha-lo Naruto, por favor. Eu não ligo de me atrasar, aliás, eu moro sozinho, não tem ninguém a minha espera. É que eu quero retribuir um favor que você me fez.

— U-um favor? Eu não me lembro disso... – Na minha linha de raciocínio lógico nós nunca havíamos conversado antes, então não havia favor nenhum. Certo?

— É que, na última prova, eu colei de você sem você saber... E eu acabei tirando mais nota que você. – Ele soltou meu braço, levando a mão até a boca rindo e desviando seu olhar para o lado.

— Que? – Eu ri sem perceber.

— Não ria, eu me sinto mal com isso. – Brincou. – Mas então, você vem comigo, não vem?

— Sim. – Concordei com a cabeça. Ah, droga, meu coração está pulsando mais rápido novamente. Se eu pudesse falar com ele, eu diria para não ter muitas esperanças. Sasuke só estava sendo gentil comigo, por causa de uma cola na prova, não é? Por mais que minha mente diga que isso é uma desculpa para estar ao meu lado, eu prefiro pensar na primeira opção, só por precaução de um coração não partido.

— Então vamos! – O lindo sorriso de Sasuke se fazia presente em seu rosto novamente.

— Certo. – Eu caminhava o seguindo até a saída do colégio.

Chegamos até a saída, não havia mais ninguém além do zelador que ficava todos os dias depois das aulas para limpar o colégio. Trocamos os sapatos, colocamos os casacos e estávamos prontos para ir. Sasuke abriu o guarda-chuva e começamos a caminhar em direção as ruas vazias do bairro.

— Escuta, Naruto... – Eu podia ver o ar quente saindo de seus lábios rosados.

— Huh? – Questionei baixo.

— Você vai se molhar se continuar tão longe. – Ele agarrou minha cintura com uma das mãos, me puxando para perto de si, em questão de segundos meu rosto tomou uma cor avermelhada. – Não precisa ter vergonha, somos homens, afinal. – Ele riu.

— Sim... somos... homens... – Comentei fraco. Você não precisa me lembrar disso, não precisa me lembrar que esse é mais um fato que contribui para minha infelicidade de não tê-lo pra mim.

— Mas eu não me importo, sabia?

— Não se importa? – Eu o olhei sem entender.

— Sim, não me importo, Naruto. Não me importaria de me apaixonar por um homem.

— H-hein? Como assim Sasuke? – Meu coração acelerou. Não pode ser, não, impossível, Sasuke Uchiha não gostava de garotos, de jeito nenhum, eu sei disso, eu o conheço, o venho observando desde que vim para esse colégio, e sei muito bem que por trás dos sorrisos que Sakura lançava pra ele tinha algo.

— Eu só acho que se você gosta de uma pessoa, independentemente de tal ser homem ou mulher, você não deve se importar. Me entende, Naruto? – Ele me olhava calmo, porém sério.

— Não estou entendendo onde você quer chegar, Sasuke... – Meus lábios tremiam, e meu olhar era direcionado à rua molhada.

— Eu quero saber de algo, Naruto.

Eu me calei. Será que ele sabia? Será que ele sabia que eu o observava todos os dias, desde que vim para cá? Não, ele não podia saber. Eu escondia muito bem. Eu me escondia muito bem.

— Bom, pela sua expressão eu suponho que você já saiba o que eu quero perguntar.

— Olha! É a estação de trem! A minha casa não é muito longe daqui! Eu posso ir agora, Sasuke. Muito obrigado! – Me desprendi de seu braço sobre minha cintura e apressei os passos para sair dali. Porém, fui impedido por sua mão em meu antebraço me puxando para seu lado. Ele me beijou. Meu corpo estremeceu, seus lábios eram macios como eu sempre sonhei, sua língua invadiu minha cavidade bucal, explorando cada parte de tal com gosto. Nos encontrávamos no meio da estrada, Sasuke soltou o guarda-chuva e agarrou minha cintura, involuntariamente meus braços rodearam seu pescoço e ficamos nos beijando por um tempo, até interrompermos o ósculo pela falta de ar.

— Eu... – Ele me olhava surpreso. – Me desculpe...

— Não se desculpe. – ele selou meus lábios rapidamente. – Eu gosto de você, Naruto. Desde que você se mudou para esse colégio, eu reparava quando você me observava por trás das estantes da biblioteca, quando você pedia para o treinador do time da escola o deixar fazer o trabalho no meu lugar quando era a minha vez, quando você respondia a chamada no meu lugar enquanto eu dormia, ou fingia que estava dormindo, enfim, eu sabia de tudo Naruto. Desde as pequenas até as grandes coisas que você fazia pra me ver bem. De tudo. Porém, eu estava meio receoso em relação a esses meus pensamentos, talvez você fazia isso porque queria ser meu amigo, quem sabe. Eu preferia pensar que você queria realmente ter uma amizade comigo, mas, você continuou fazendo essas coisas e, você chegou a se machucar por mim. Eu fiquei confuso. E o pensamento de que você estava apaixonado por mim crescia mais dentro da minha cabeça, então eu queria confirmar isso. E, eu acho que você não precisa nem responder se gosta ou não, suas ações já disseram tudo.

— E-eu não sei o que dizer, Sasuke... na verdade, eu não sei o que fazer... – Eu não podia acreditar, ele se confessou pra mim. Eu testei morder a minha língua na tentativa de estar sonhando. Mas, não, Sasuke Uchiha gostava de mim.

— Bom, eu sei o que podemos fazer. Eu esperei um bom tempo por isso, e por sorte, a minha casa é logo ali. Vamos trocar nossas roupas e depois... – Ele sorriu de canto. – Venha. – Segurou em minha mão, e com a destra livre recolheu o guarda-chuva que estava caído no chão e me puxou até sua “humilde residência”. Pegou as chaves em seu bolso e abriu a porta. Jogou seus pertences no chão e pegou minha mochila, fazendo o mesmo.

— Eu vou pegar toalhas para nos secarmos, suba até o meu quarto, é a segunda porta à esquerda. — Disse, indo até um armário, enquanto isso, eu resolvi obedecer, não estava entendendo muito bem tudo aquilo, mas, eu subi até seu quarto. Sentando-se em sua cama.

Logo depois Sasuke chegou me jogando uma toalha. Ele estava sem camisa. Imediatamente corei e na tentativa falha de esconder o rosto, olhei para baixo. Ele se aproximou, se ajoelhando em minha frente, levou o indicador e o polegar ao meu queixo, levantando meu rosto, selou meus lábios e eu só conseguia retribuir.