O líquido vermelho que deveria correr por minhas veias, jorra em abundância pelos pulsos que outrora estavam intactos. Imersos numa quantidade significativa de sangue, observo-os com atenção como se eu pudesse enxergar além das pequenas partículas ali presentes; e, de fato, da maneira como me encontrava, eu poderia.
Antes do ocorrido a maçã adocicada ao meu lado com um enorme pedaço já arrancado ocupava grande parte de minha palma, sendo agarrada por meus dedos, impedindo-a que caísse e levasse consigo minha sanidade.
Era estranho e anormal o fato de um simples fruto poder significar tanto; o pecado, por exemplo, que era aquele que adornava a maior parcela de meu ser.
Você, Yoongi, mostrou-me que com mentiras somos formados, com mordidas em maçãs envenenadas criamos nossas personalidades, e, mais que isso, que te amar é tão fácil quanto mastigar e engolir.
Na quinta-feira de manhã você me visitou com um sorriso lindo nos lábios. Disse que iria viajar, seguir seu sonho e suas vontades; iria me esquecer.
E você não mentiu.
Eu sabia que não era mentira.
E eu sabia também que as lágrimas fariam parte da minha vida a partir daquele momento.
Noutro dia suas bagagens já estavam dentro do porta-malas do seu carro, assim como o meu coração que foi pego por uma das suas mentiras.
Sua partida deixou que a solidão me assolasse e que eu percebesse, enfim, que meu amor era para com suas mentiras.
E então você deixou de mentir; e eu deixei de existir.
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