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História Sweet Paradise - HIATUS - Tudo o que vivemos ficou no passado.


Escrita por: misse

Capítulo 14 - Tudo o que vivemos ficou no passado.


Fanfic / Fanfiction Sweet Paradise - HIATUS - Tudo o que vivemos ficou no passado.

Charlotte

O homem à minha frente encarou meus olhos com uma intensidade impossível de não ser sentida. Entortou a cabeça para o lado e exibiu uma careta confusa. A primeira coisa que passou pela minha mente, focando no par de olhos atento a mim, foi tentar entender por que ele estava me encarando daquela forma, como se… como se não me reconhecesse. Como seria possível meu ex-namorado não me reconhecer? Como seria possível o Oscar não me reconhecer?

– O que aconteceu, querido? – escutei uma voz feminina atrás dele.

– Está tudo bem, amor – ele falou gentilmente com ela, mas não desviou seu olhar intenso do meu.

Meu corpo gelou ao ouvir a palavra amor. 

– Eu ouvi gritos – a voz disse novamente.

Estava perto, e eu sabia que ela estava se aproximando.

Uma parte de mim queria vê-la, mas outra parte dizia para eu ir embora antes que eu a visse e não deixasse a imagem dele com outra pessoa gravada em minha memória.

Oscar continuou seu olhar atento sobre mim e tudo o que fiz foi tentar acalmar minha respiração acelerada e fazer com que meu coração não saísse pela boca. O jogador se levantou e deu espaço para que ela aparecesse. Então eu ergui o meu olhar e a vi. O cabelo ruivo me chamou atenção; parecia brasas. Seus olhos verdes me olhavam timidamente, ainda sem saber o que havia acontecido.

– Oscar… – a mulher tocou no ombro do rapaz, chamando sua atenção.

Logo tratei de me levantar e sorrir para a moça.

– Está tudo bem. Um homem estava me agarrando e ele apenas me ajudou – expliquei a situação.

– Meu Deus! Sei como é isso, e é horrível – ela falou, demonstrando… pena de mim. 

– É, pois é – eu disse as poucas palavras.

– Que bom que Oscar te ajudou! – a ruiva abriu um sorriso largo para o homem ao seu lado. Ele finalmente deixou de olhar para mim e balançou a cabeça para o par de olhos verdes. – E que você está bem – ela concluiu, direcionando seu olhar em mim novamente.

– Charlotte? O que aconteceu? – percebi Chloe chegar ao meu lado, juntamente à Logan.

– Nada, Chloe, está tu…

– Não acredito – minha irmã sussurrou assim que seus olhos pararam em Oscar. Não, por favor! – Oscar? É você mesmo?

– Err… sim – ele coçou a cabeça. A mulher ruiva ao seu lado voltou com sua expressão de não-estou-entendendo-nada.

– Charlotte! – Não! Odiava quando ela exclamava meu nome assim. – Se esbarrou com ele aqui e nem me chamou para vê-lo? Sua ridícula! – Chloe me empurrou de leve e abraçou Oscar.

– Como vai, Chloe? – Oscar perguntou gentil. A mulher ao seu lado fulmina minha irmã com o olhar.

Precisava dar um jeito de sair dali.

– Vou muito bem – a jornalista sorriu. – Quem é essa do seu lado, hum? – revirei os olhos, me sentindo péssima com a situação.

– Ângela – Oscar respondeu –, min-minha namorada – ele abaixou a cabeça e colocou a mão na cintura da mulher ao seu lado.

– Ah… namorada – Chloe exibiu um sorriso falso e desconfortável. – Bom…

– Chloe – apesar de não saber como, consegui pronunciar algo –, será que podemos ir? Estou cansada e… – nenhuma desculpa a mais veio na minha cabeça e então olhei para Logan, que estava ali parado também com a expressão de não-estou-entendendo-nada. – Creio que Logan também esteja.

– Ok, vamos embora. Até mais, Oscar! – ela disse, percebendo todo o desconforto e puxou Logan com a mão, não dando a chance de Oscar se despedir de volta.

Segui os dois e, juntando todas as forças, não olhei para trás.

[...]

Abri a porta do apartamento de Chloe sem pressa, quase me sufocando nas minhas próprias lágrimas. Adentrei o ambiente – que estava escuro pelo fato de não ter ninguém – e fechei a abertura atrás de mim. Andei pelo corredor e entrei no meu quarto, me jogando na cama logo em seguida. Ameacei chorar outra vez e não me importei em deixar as lágrimas falarem por mim o quanto estou decepcionada.

Não esperava que meus soluços quase audíveis cessassem tão cedo. Tudo o que vi no pub foi muita informação para mim. Até cada palavra pareceu soar como um insulto, o que deixa tudo mais melancólico. Não me arrependi de não ter dito muitas palavras e saído sem me despedir. Acho que por um momento ele mereceu. E talvez... ela.

Ângela.

Era um nome tão bonito. Fiquei encantada com seus cabelos ruivos, que se destacavam entre seu rosto branco e macio que parecia ser seda. Os olhos verdes como esmeraldas me fizeram, por um momento, odiar a cor azul dos meus. Ela parecia ser tão frágil, tão doce como um anjo. Será que Oscar se apaixonou por ela por causa de todas essas características?

Por um instante, eu cessei o choro e me lembrei que não devia estar lamentando por isso. Ele seguiu a vida dele. Isso foi o certo a se fazer. Aos poucos ele foi conquistando o mundo com seu trabalho, e olhar para o passado nunca deve ter sido uma opção. O que realmente me magoou foi que não tínhamos terminado, definitivamente, nosso relacionamento. Simplesmente passamos uma última noite juntos e na manhã seguinte ele foi embora. Eu sabia que reclamar disso era bobeira, afinal, ele deixou claro que não existia mais nada depois que parou de telefonar, mas doía. Apesar de ser uma dor suportável, machucava.

– Lottie? – ao escutar Chloe, limpei as últimas lágrimas ainda presentes no meu rosto. – Tem certeza que não quer comer? – ela perguntou e entrou no quarto.

– Tenho – respondi. Ela e Logan, após sairmos do pub, pararam em um lugar para comer, mas eu decidi ir direto para o apartamento. – Chegaram rápido.

– Amanhã eu e Logan temos que trabalhar. Sem moleza, meu bem – Chloe exibiu uma careta preguiçosa.

– Logan te deixou aqui? – perguntei.

– Sim. Ele é tão… tão… – ela abriu um sorriso enorme e soltou um suspiro.

Me senti feliz pelos dois estarem tentando algo.

– Nem precisa continuar, já entendi tudo – falei, não querendo ouvir melação.

– Tudo bem, mas… como você está? Digo, em relação ao que aconteceu lá no pub.

– Estou bem, ué – dei de ombros. – Por que não estaria?

– Bom, é que…

– Chloe, não vou mentir que fiquei surpresa ao ver o Oscar, mas não tem o porquê disso ser tão preocupante. Tive a oportunidade de revê-lo e conheci sua atual namorada. Não tem nada para pensar, lembrar, lamentar… Nada. Eu e Oscar somos um casal de ex-namorados que acabaram se encontrando aqui em Londres. Tudo o que vivemos ficou no passado. E é isso, sem mais nem menos.

– Eu sei, Charlotte, é só que…

– Já entendi, Chloe. Agora será que você pode ir? Quero tomar um banho e depois pegar logo no sono – me permito dizer para não falar mais daquele assunto.

– Tudo bem, agora eu já entendi – ela me deu um beijo na testa e antes de eu seguir para o banheiro, a olhei fechar a porta do quarto.

[...]

Apertei meus olhos com força, desejando nunca sair da cama macia e acolhedora. Subi minha mão para o emaranhado dos meus cabelos, enfiando os dedos entre os fios e coçando o couro cabeludo com as minhas unhas medianas. Os raios frios do sol atravessavam a janela e me atingiam em cheio, encontrando a pele da minha face, mas não impedindo minha visão. Fitei o teto por alguns instantes e demorei um pouco para levantar.

A sola dos meus pés tocaram o chão gelado e todo o meu corpo se arrepiou, mas não me importei, de certa forma gostava dessa sensação. Caminhei em passos lentos, porém firmes, até o banheiro. Acendi a luz, tornando o ambiente completamente iluminado. Minha higiene matinal não demorou mais do que o necessário e logo estava procurando por uma roupa para passar o dia organizando minha volta para o Brasil.

Saí do quarto e fui direto para a cozinha. Abri a porta da geladeira e curvei meu corpo para frente, percorrendo meu olhar por todas as prateleiras em busca de algo comestível, que não me fizesse ganhar dois quilos em apenas uma colherada. Em um passe de mágica, um pote branco surgiu à minha frente, e imediatamente sei que seja lá o que tivesse dentro dele, seria a minha salvação.

Peguei o pote com a mão direita e, quando pensei em fechar a geladeira, observei a lata de Coca-Cola brilhando em um canto ao lado dos sucos naturais. De maneira inexplicável, ela fez com que eu me lembrasse do pote de sorvete sabor creme, no freezer, e graças a um malabarismo impressionante eu consegui equilibrar todos esses itens mais a calda de chocolate, usando apenas minhas mãos e os antebraços. Estava se tornando um belo café da manhã, certo?

Deixei tudo no balcão e primeiro abri o pote, vendo o que sobrou do último jantar feito por minha irmã: um strogonoff de carne. Todas as minhas esperanças de comer foram embora quando um cheiro, no mínimo desagradável, adentrou minhas narinas e fez com que eu torcesse o nariz. Já devia fazer dias que minha irmã jantou pela última vez no apartamento – ela costuma sempre comer fora – e aquele strogonoff estava ali.

– Eca! – minhas sobrancelhas se juntaram involuntariamente.

Coloquei o strogonoff velho dentro de uma sacola plástica e a joguei no lixo da cozinha. Voltei para o balcão onde estava o sorvete – meu café da manhã. A campainha tocou no exato momento em que enfiei a colher no pote de lactose. Suspirei frustrada, mas não deixei isso me deter. De forma gulosa, eu tirei um pedaço do sorvete e o levei até minha boca, ignorando o quão gelado ele estava.

Caminhei até a porta, roçando minha língua contra o pedaço gelado e diminuindo seu tamanho aos poucos. Abri a porta do apartamento de minha irmã e levei um susto, ficando surpresa ao ver a pessoa que ali estava.



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