História Doce sedução - Capítulo 23

Enquanto eu saía do trabalho, Benjamim me esperava do lado de fora. 

Isso era raro de acontecer, ele sempre passava horas em seu escritório, após sair da empresa. 

Quando me aproximei, senti um frio na barriga, notando sua expressão rígida. Ele me abraçou, beijando minha testa.

-Precisamos conversar. –anunciou.

Não gostei do tom que ele usou, o que quer que fosse, não poderia ser bom. 

-Você está muito estranho. É algo ruim? 

Ele acariciou meus cabelos, olhando-me nos olhos. –Venha comigo, conversamos quando chegarmos em casa.

Soltei um suspiro dramático concordando. –Ok. 

A viajem demorou uma vida. Estava tão curiosa, e ao mesmo tempo apreensiva, pedindo em silêncio que não fosse algo ruim. Mas pelo jeito que Benjamim segurava o volante, podia prever que o assunto era delicado. 

Ficamos calados até entrarmos em seu apartamento. Meu coração batia acelerado, conseguia escutá-lo no silêncio da sala. 

Benjamim se sentou no sofá e eu o segui. 

-Eu não sei por onde começar, pois sei que é um assunto delicado para você. –ele fez uma pausa. -Você confia em mim?

-Claro que sim. Não há outra pessoa em que eu confie mais. 

-Então preciso que você me escute. Você sabe que eu não deixaria ninguém magoá-la, não sabe? 

Balancei a cabeça afirmativamente. 

Ele continuou. –Célia me contou uma história, que você deveria saber. Ela cometeu erros no passado, e agora se arrepende amargamente.

-Benjamim, você pode ser mais direto, por favor. 

-Tudo bem. Quando você nasceu, sua mãe era muito jovem e não podia cuidar de você, não é mesmo? 

-Sim. –respondi, querendo saber onde ele queria chegar com essa conversa.

-A parte principal de toda essa história, foi escondida de você e sua mãe.  Seu pai não a abandonou, Célia impediu que ele se aproximasse de vocês porque o culpava pelo seu nascimento. Ela não o queria por perto, e usou de todos os seus meios para afastá-lo definitivamente.

-Você não sabe o que está dizendo. –consegui dizer.

Sentia que a qualquer momento iria explodir em lágrimas.

-Meu amor, eu nunca falaria algo se não tivesse certeza. Célia me contou tudo o que aconteceu quando você nasceu. Ela cometeu um grande erro, e está arrependida. Ela quer concertar tudo o que fez. Seu pai apareceu no hospital quando soube, era uma oportunidade de se aproximar de você. 

-Ele deveria ter lutado para ficar comigo, ele não se esforçou, Benjamim. Nem um pouco. Eu sempre senti um grande vazio, minha mãe estava longe, e meu pai nunca se importou comigo. Eu só tinha minha vó. Minhas colegas da escola, sempre falavam de seus pais, e eu ficava calada, apenas escutando, desejando que um dia, magicamente ele aparecesse. Esse dia nunca chegou, Benjamim. Eu já cresci, e todos esses desejos tolos, foram esquecidos. É tarde demais.

-Eu falei com ele. Sei que está arrependido. Você precisa abrir seu coração, e falar com ele. Dê uma oportunidade de se aproximar de você, de ser seu pai. 

Escondi meu rosto entre as mãos. As lágrimas já escorriam, não pude controlá-las. 

Aquela conversa era demais para mim. Era meu ponto fraco, a ferida que nunca tinha se cicatrizado. Era algo que eu reprimia, mas sempre que o assunto vinha à tona, não era capaz de controlar as emoções. 

Senti os braços de Benjamim em torno de mim. –Dê uma chance a ele. Apesar de tudo, ele ama você.

-Não... posso. –disse entre os soluços.

-Você pode, você também o ama, por isso dói tanto. Por isso seu coração está tão ferido. Porque no fundo você se importa e ainda deseja ter um pai. 

O abracei. –Dói tanto. 

-Eu sei, meu amor, eu sei. 

Continuei chorando, até a dor em meu peito cessar.